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III ENCONTRO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICANÁLISE: TEORIA

E CLÍNICA DA PUC-MINAS EM POÇOS DE CALDAS

Psicanálise e Infância - psicopatologias?


- Roberta Ecleide

Bom dia a todos. Estamos aqui novamente para dar conta da empreitada das
articulações teórico-clínicas – porque não dizer teórico-práticas – que a
Psicanálise proporciona. De todos os temas, elenco a questão da infância e suas
psicopatologias (indiretamente, da adolescência).
Em tempos de rotulagem desenfreada, vê-se que também as crianças estão sendo
classificadas. E medicadas. Mas sabemos as consequências disso para todos?
Esta comunicação traz, em breve formato, algumas considerações acerca das
reflexões que a Psicanálise pode acrescentar. E a partir de tais considerações,
avaliar qual intervenção se orienta pela constituição do sujeito – norte da teoria
psicanalítica – e as que disso se afastam.
É necessário, para tanto, começar por conceituar o sujeito e suas condições de
constituição. Sujeito é um conceito advindo da perspectiva lacaniana. Como
indica Mezan (2015), faz parte de uma das matrizes que decorrem de Freud,
nomeada de matriz subjetal.
"Do tempo infantil até a adolescência há um percurso a ser transcorrido para
que alguém saia da posição de objeto e construa um saber sobre o lugar que
ocupa para o Outro" (GIONGO, 2011, p. 18). Isto é a constituição do sujeito.
Sujeito é e não é o que concerne a uma pessoa. Refere-se ao que Lacan
(1976/1977) estabeleceu como falasser. É da linguagem que emerge a condição
de sujeito que suporta sua real identidade, como falasser.
Tal estabelecimento se sustenta na neotenia humana, no vazio a que todos os
seres humanos estão destinados por serem humanos, pré-maturos, antecipados
pelo olhar de seus genitores, que lhe adiantam uma história, um nome, uma
perspectiva, uma expectativa. Assim, neotênicos estão fadados a serem ab alio,
“feitos pelos outros”.
O outro, que Lacan grafa em duas versões, com a minúsculo e com A maiúsculo,
é o que direciona e condiciona através de um desejo inconsciente. Desejo que
demarca a partir de que lugar o recém-nascido será configurado para vir a ser
mais um no Laço Social. Desejo que é inconsciente, que não é vontade, pois se
orienta pela busca de algo que possa dar marcas de distensão, marcas que sejam
registradas e acessadas quando a enormidade de excitações lhe atacar.
O desejo inconsciente pode, vez ou outra, apresentar-se como vontades, como
quereres ou como quererias... Mas é preciso atenção para não se perder nestes
formatos, já que o que alivia a tensão do desejo inconsciente não se conforma nas
coisas, nos objetos, manufaturados, fabricados ou imaginados. Antes, o desejo
inconsciente se conforma e se alivia no percurso metonímico-metafórico da
linguagem.
Portanto, anuncia Dolto (1999): que não se trate desejo como necessidade!
Necessidade é o que condiciona os animais e, na extremidade, os humanos. Se as
necessidades nos condissessem, ninguém seria anoréxico, nem insone, nem teria
prisão de ventre nas viagens. Ora, há algo além que se apoia (Anlage, no dizer
freudiano) em um pretenso organismo, mas o supera.
Esta superação se dá pelo apoio que cada recém-nascido traz da própria história –
como mencionamos acima – e que produz um processo de nascer humano
(MEHLER & DUPOUX, 1994). Humanização que precisa ser operacionalizada
pelo outro do bebê que cumpre a função de Outro para dar conta de modular e
mediar sua chegada ao mundo de excitações intensas, variadas e simultâneas.
Na passagem/apoio do organismo ao corpo (corpse do falasser), há falhas,
advindas do (des)encontro entre a pulsão e o corpo – corpo que é efeito das
marcas, das inscrições e das cifras que as excitações impõem à representabilidade
pulsional. Diz Lacan (1976/1977, p. 144) que “a relação com o corpo não é uma
relação simples em homem nenhum... o corpo tem furos”. Furos que convocam à
enunciação para dizer deles. Furos da recepção e da concepção que se faz desta
recepção.
Tudo o que se oferta aos sentidos (tato, audição, visão, olfato, paladar e
propriocepção) perpassa a condição de concepção imagética da pulsão
(Vorstellung é a palavra que Freud em 1915 usa para designar a pulsão –
concepção de uma imagem). Receber estas excitações incomoda – por isso, a
propriocepção – e exige trabalho.
Nem todas as excitações marcam e são concebidas imageticamente para delas se
dar conta o inconsciente. Há excessos não representáveis, que indicam que a
relação que cada um de nós tem com o corpo é da ordem da ignorância, da
estranheza, do estranho-familiar, mas que nos intim(id)a.
A intimidade das excitações é mediada pelo Outro, dissemos acima. E
moduladas, já que o bebê pouco pode oferecer de solução para dar conta desta
situação. O outro é o para-raios. Mas este outro, também Outro, traz outras
excitações; dentre elas, as palavras na forma de fala e de uma série de “coisas”
(Dinge) para-linguísticas: olhares, caretas, tons de voz, risadas, etc.
Do Outro, então, o palavrório se destaca. Por que? Porque traz, no significante
(sons das palavras), o enigma de significados não representáveis, da ordem da
intenção, do voto e da aposta – feitos pelo Outro em relação à criança – mas de
fonte Inconsciente. Estes significados são irrepresentáveis, por isso, enigmáticos,
incitando o bebê (ou a criança) a imaginarizar o que o Outro deseja dele/dela.
O aparelho psíquico deve dar conta das excitações seja de que forma forem, sem
distinguir as que são proprioceptivas (que viriam de “dentro”) e as que vêm de
“fora”. Demarco aspas em dentro e fora já que esta diferenciação não é, de fato,
possível.
O Outro modula/media/mapeia através de nomes, de palavras, de sons, que
inscrevem e codificam a criança enquanto um suporte de Sua aposta. Toda
criança é, então, adotiva de outro humano desejante. Os laços de filiação são
criações culturais, artifícios para a humanização. A humanização é artificial.
Cada criança, no seu início de infans, está dada ao Outro. Outro da linguagem, da
cultura, da função de apostar e sustentar a garantia da virtualidade de ser. Dada
ao Outro e às demandas que d’Ele vêm, o infans resta no silêncio de Seu gozo. A
criança é manejável, a partir do empréstimo simbólico do Outro que o
imaginariza. É do indizível Real que o bebê advém no corpo imaginário. Por
isso, é essencial que o bebê se constitua sujeito, alienando-se e se separando,
acedendo à possível liberdade significante que o palavrório da linguagem
permite.
Na alienação, a criança se oferta ao Outro, para ser pela primeira vez: ser-para-o-
Outro. As demandas do Outro em relação ao bebê o situam, então, em uma
encruzilhada de sensorialidades que afetam e o assujeitam a inscrevê-las (como
sinais perceptivos) e transcrevê-las (em Representações de Coisa) para suportar
seu impacto. O que sobra em gozo (Genuss) permanece na repetição, não
cessando de não se inscrever.
A série prazer-desprazer se instala para dar conta tanto destes excessos como do
encaminhamento daquilo que, por ser de afetação proprioceptiva, não permite
escape simples ou mesmo motor (FREUD, 1895; 1920). Todo o trabalho do
aparelho psíquico é de elaboração e nomeação.
Se o aparelho psíquico fosse tomado pela intensidade continuamente, a
elaboração seria inviável. Não se poderia pensar nem aprender. Para dar conta da
imensa gama de investimentos e entrecruzamentos de demandas advindas do
Outro (outra forma de dizer acerca das afetações), a montagem recém-humana
deve se desdobrar em tolerância. E esta tolerância, segundo Freud (1895), se faz
na criação da memória, do registro dos acontecimentos em traços mnêmicos.
A modelagem entre o aparelho psíquico recém-feito e o Outro acontece em um
interjogo que implica disposições e disponibilidades de parte a parte. A arena
deste embate é o corpo que, à medida que é anunciado pelo encadeamento
significante, corporifica-se. Na dimensão empírica do corpo, o significante se
entranha, afetando e produzindo gozo (DUNKER, 2010).
A distância entre as imagens constituídas pelas ideias e os acontecimentos que
permitem alguma satisfação abre o hiato do desejo. Assim, na lógica da
economia do desejo, o aparelho psíquico se orienta em busca de objetos que,
outrora, dariam conta do zeramento da tensão; embora miticamente. Refere
Dunker (2010) que se paga pelo desejo (e sua economia) com um pedaço da
experiência corporal. Tal experiência se presentifica pelas marcas de
afeto/sentimento, dando a noção imaginária de unidade no corpo. Logo, um
corpo é sua dimensão imaginária (MILLER, 2004).
Voltamos ao ponto de partida: a operação da linguagem (significantes e
significados) faz surgir, do ser vivo/organismo, um sujeito. A despeito do
organismo e de qualquer história, surge um si mesmo que pensa e aprende de
acordo com suas próprias condições e conduções. Aprender e pensar depende
das vivências dentro e fora do corpo, do investimento das zonas erógenas, a
observação do mundo, os ditos e falas sobre os corpos humanos ou os corpos
vivos. É do embate com os excessos (restos incômodos) que emergem os traços
em si.
Algo surge de novo a cada criança, entre a transmissão do Outro e a criação que
ela faz disso n’Isso. E, dessa hiância, extrai-se, renovado no si mesmo, a
possibilidade significante. Para além da transmissão, portanto, a assunção
subjetiva.
Podemos chegar ao tema central de nossa fala: as patologias da infância e à
pergunta que passou na cabeça de muitos aqui – que coisa complicada... aonde
essa mulher quer chegar com tanto conceito? Bem, é preciso pensar as patologias
através dos conceitos, para entendê-las como construções e não como dados reais
ou enquadres naturais. Elenquei três: Transtorno do Déficit da Atenção com/sem
Hiperatividade (vulgo Hiperatividade), Autismo e Transtorno Opositor
Desafiante.
Se, e somente se, dependemos do Outro para virmos a ser, as patologias não
podem ser da infância – com o da sublinhado... devem ser produtos da inter-ação
crianças-adultos. Assim, adultos também estariam, na sua condição de
moduladores/mediadores/mapeadores das sensações e excitações que a criança
recebe e para as quais não há anteparo que não seja da ordem humana, adoecidos.
Isento as crianças de suas condições e questões congênitas? Em absoluto!
Remeto ao importante trabalho de Saint-Georges et al. (2015), que indica que é a
interação entre pais e autistas que se conduz de forma a dificultar a interação –
não é uma questão da criança nem dos pais, mas da forma como chegam a esta
interação. Cada lado com as próprias questões, mas é na interação que se falha.
Por isso, a intervenção ser priorizada na presença dos adultos responsáveis pela
criança.
Vale pensar o mesmo em TDA/H, em que o cerne está no déficit de atenção.
Atenção, como as outras funções psíquicas é socialmente construída. Isto é,
construída com os outros-em-relação com a criança. Inserida na clínica do
déficit, esta categoria arrasta toda e qualquer agitação.
Os excessos diagnósticos, massificantes, não permitem a construção do saber
sobre o que está em causa naquele sujeito. O diagnóstico conduz a tratamentos
na perspectiva de “reeducação, adaptação e normalização” (VIDIGAL, 2013, p.
100).
A este respeito, Jerusalinsky (2011) retoma a perspectiva lacaniana em que as
crianças apresentam estruturas não decididas. Clinicamente, portanto, estão em
condições de ainda-apostar, de ainda-mover-se. A criança está em movimento
quanto à constituição de sujeito e a atuação, a intervenção e, novamente, a
mediação dos adultos enquanto Outro são fundamentais.
Justamente aí nossa contemporaneidade falha. Aponta Kamers (2013, p. 154):
1) a escola tem se tornado o dispositivo regulador da inclusão/exclusão da criança no
domínio do saber médico-psiquiátrico; 2) o saber e a intervenção médica e
farmacológica são assegurados pelos dispositivos sociais disciplinares, tais como as
escolas, as unidades de saúde e as clínicas privadas; 3) a medicação tornou-se a
principal forma de tratamento utilizada pela medicina para responder às demandas
sociais realizadas, fundamentalmente, pelas instituições de assistência à infância.

Da parte dos adultos, parecem-me ressaltar duas situações que são causa e
consequência desta falha contemporânea:
a) Ou estão siderados, encantados com as crianças (principalmente na
primeira infância), olhando-as com o afã de que sejam o que não foram –
que consigam viver eternamente na fruição do princípio de prazer.
Impossível acontecer sem graves consequências para a humanização das
crianças. Voluntariosas, tornam-se adolescentes entediados e adultos
desorientados, cativos de quaisquer referências...
b) Ou as crianças são apresentadas aos adultos como objetos de consumo que
não demandariam trabalho da construção. Como se as crianças viessem
prontas e acabadas. Engano apresentado e admirado no formato midiático
da Dora, a aventureira – menina sozinha, cujos acompanhantes não são
humanos (macaco, mapa e raposo).
As situações indicadas mostram o quanto as crianças têm sido capturadas pelo
gozo do Outro em dimensão não castrada. Ou seja, o Outro se serve da criança
sem limites. Laznik (2013) acentua que a mãe comum, ou quem cumpre a função
materna, respeita os limites do gozo. Por ser Outro, a mãe pressupõe sentidos em
tudo o que o bebê faz, vendo nele e em seus sussurros, gritos e balbucios, um
endereçamento a ela, já lhe adianta ser sujeito antes mesmo que se coloque
assim. O Outro fala para o bebê e a partir dele, ocupando os dois lados da
locução, presumindo interlocução.
Quando o Outro silencia, resta ao bebê ficar em “gozo fechado e estranho à
mãe” (LAZNIK, 2013, p. 25). Nos dias de hoje, assiste-se ao silenciamento de
todos, na forma de fixação em aparelhos eletrônicos. Agora, calam-se as crianças
também, com tablets e celulares, na esquiva de contato, de estar junto, de
construir com o outro. Rompe-se a possibilidade de particularização, do cada um,
de si mesmo, em nome da estandardização que favorece a destituição do estatuto
de escolha e liberdade, colocando em risco a constituição do sujeito.
No Transtorno Opositor Desafiante, algumas vezes Opositivo, veem-se crianças
maiores e adolescentes urrando a atenção prometida na dimensão gozosa, mas,
por serem maiores, agora lhes é recusada. Com o horror de quem vê esta situação
sem limites, as alternativas de medicamentos, de internações (estranhíssima
escolha em tempos de luta antimanicomial, como pensamos ontem...), de
exclusões...
Pré-adolescentes e adolescentes estão orientados para a conclusão entre o que o
Outro deles demandou (e toda demanda é de amor) e o que podem oferecer que
não seja se oferecerem. Oferecer-se ao outro é o lugar da criança. Agora, é o
tempo de dar o que se tem, mas antes é preciso achar isso ou confeccionar esta
oferta. E o Outro, castrado, deve suportar esperar, orientar e responsabilizar.
No desafio que se opõe, há uma chance de se dizer e de se oferecer, mas é
preciso que o Outro, como alteridade, do outro lado, tolere e aguarde. A agonia
de vir a ser si mesmo tem um doloroso tempo de metamorfosear-se. Tal como a
lagarta que tem que se diluir, em processo autofágico, para vir a ser borboleta i. O
que se faz diante disso: apoia, espera e acolhe o bebê, a criança, o adolescente
que virou si-mesmo.
Para tudo isso, com o filtro ou não dos conceitos, é preciso estar junto, sendo os
humanos os mediadores e não os aparelhos ou os dispositivos midiáticos. Juntos
no tempo, não significa que as patologias não existirão, já que são os sinais do
mal-estar de estar na cultura, como diz Freud (1930) que assumem a forma de
cada situação e época histórica.
Sendo assim, é essencial que se compreendam as patologias como produções
culturais, que se usem as medicações como estratégias de exceção com crianças e
adolescentes; já que não sabemos os resultados e consequências em médio e
longo prazo.
Mas também precisaremos ser mais ousados, no cuidado e na insistência pela
permanência dos adultos em sua função de educadores e transmissores de cultura
para com as crianças e jovens.
Novas questões e perspectivas derivam destas colocações...
Novas elaborações e mais trabalho.
Muito trabalho...
Mas isso é sempre.

Obrigada.

Referências Bibliográficas
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Contra Capa Livraria, 2003.

DOLTO, F. Tudo é Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

DUNKER, C. I. L. Uma distinção preliminar a toda teoria da corporeidade em Lacan: paixões e


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FREUD, S. Projeto para uma Psicologia. In: GABBI JR., O. F. Notas a Projeto. Rio de Janeiro:
Imago, 1995 [1895].

_______. Artigos sobre Metapsicologia. Obras Psicológicas Completas. Edição Standard


Brasileira. Rio de janeiro: Imago, 1980 [1915].

_______. Além do Princípio de Prazer. Obras Psicológicas Completas. Edição Standard


Brasileira. Rio de janeiro: Imago, 1980 [1920].

_______. O Mal-estar na Civilização. Obras Psicológicas Completas. Edição Standard Brasileira.


Rio de janeiro: Imago, 1980 [1930].

GIONGO, A. L. (2011, maio). Da latência à adolescência: impasses diante do infantil. Correio da


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JERUSALINSKY, A. Para compreender a criança: chaves psicanalíticas. São Paulo: Editora


Instituto Langage, 2011.
KAMERS, Michele. A fabricação da loucura na infância: psiquiatrização do discurso e
medicalização da criança. Estilos clin., São Paulo , v. 18, n. 1, p. 153-165, abr. 2013 .
Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
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MEHLER, J. & DUPUX, E. Nascer Humano. Instituto Piaget, 1994.

MEZAN, R. O Tronco e os Ramos. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

MILLER, J.-A. Biologia lacaniana e acontecimentos de corpo. In: Opção Lacaniana. Revista
Brasileira Internacional de Psicanálise (41): 7-67, 2004.

SAINT-GEORGES, C. et al. Sinais precoces do autismo: De onde vêm? Para onde vão? In:
BUSNEL, M.-C. & MELGAÇO, R. G. O bebê e as palavras – uma visão transdisciplinar sobre o
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VIDIGAL, C. O que agita o corpo não é fácil dizer: caso de uma criança agitada, voraz e
agressiva, que põe em questão o diagnóstico e a medicação. In: SANTIAGO, A. L. & MEZÊNCIO,
M. A Psicanálise do hiperativo e do desatento... com Lacan. Belo Horizonte: Instituto de
Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais/ Scriptum, 2013.

i
Primeiro, a lagarta se “digere”, libertando enzimas para dissolver todos os seus tecidos. Se
você abrisse um casulo ou uma crisálida no momento certo, uma “sopa” de lagarta
escorreria para fora. Mas o conteúdo da pupa não é inteiramente uma massa amorfa. Certos
grupos de células altamente organizadas, conhecidas como discos imaginais, sobrevivem ao
processo digestivo. Antes de eclodir, quando uma lagarta ainda está se desenvolvendo
dentro de seu ovo, ela desenvolve um disco imaginal para cada uma das partes do corpo
adulto de que necessitará como borboleta ou mariposa madura: para seus olhos, asas,
pernas e assim por diante. Em algumas espécies esses discos imaginais permanecem
dormentes durante toda a vida da lagarta; em outras, os discos começam a tomar a forma
de partes do corpo adulto antes mesmo que a lagarta forme uma crisálida ou um casulo.
Algumas lagartas se locomovem por aí com diminutas asas rudimentares enfiadas em seus
corpos. Mas isso é algo que você nunca saberia só olhando para elas.
(http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/a_transformacao_da_lagarta_em_borboleta_implica
_autofagia.html).

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