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Curso de Controle de Qualidade Microbiológico

Profa. Juliana Possatto Fernandes Takahashi (M.Sc.)

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Sumário

1 Introdução.............................................................................. 1
1.1 Classificação taxonômica.............................................................1
1.2 Nome científico...........................................................................1
2 Morfologia das bactérias........................................................5
2.1 Estruturas bacterianas.................................................................7
2.1.1 Pili de conjugação.........................................................7
2.1.2 Parede Celular..............................................................8
2.1.3 Cápsula ou Glicocálix....................................................8
2.1.4 Fímbrias ou Pili.............................................................9
2.1.5 Flagelo.........................................................................9
2.1.6 Filamento Axial.............................................................9
2.1.7 Taxia...........................................................................9
2.1.8 Cílios..........................................................................10
2.1.9 Endósporo..................................................................10

3 Fases de crescimento...........................................................10
3.1.1 Fase Lag (fase de adaptação)......................................10
3.1.2 Fase Log (fase exponencial)........................................11
3.1.3 Fase Estacionária........................................................11
3.1.4 Fase de Declínio.........................................................11

4 Divisão Bacteriana................................................................12
4.1 Fatores que afetam o crescimento bacteriano.............................15
5 Meios de cultura...................................................................15

6 Técnicas de semeadura........................................................16
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7 Conservação de culturas......................................................17

8 Técnicas de coloração...........................................................17
8.1 Método da coloração de Gram...................................................18
8.2 Método de Ziehl-Neelsen...........................................................19
9 Biossegurança...................................................................... 20
9.1 Nível de biossegurança I...........................................................20
9.2 Nível de biossegurança II..........................................................21
9.3 Nível de biossegurança III.........................................................22
9.4 Nível de biossegurança IV.........................................................24
10 Fase pré analítica...............................................................25

11 Critérios de rejeição para amostras biológicas..................28

12 Amostras consideradas inadequadas na Microbiologia


28

13 Fase analítica..................................................................... 29
13.1 Temperatura.............................................................................30
13.2 Umidade...................................................................................31
13.3 Tempo.....................................................................................31
14 Fase pós analítica...............................................................33

15 Laudo................................................................................. 33

16 Indicadores de qualidade na Microbiologia.......................35

17 Controle de processos automatizados...............................36

18 Controle de qualidade interno...........................................38

19 Ensaios de proficiência......................................................41

20 Requisitos para o ensaio de proficiência...........................42


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21 Controles alternativos........................................................47

22 Análise crítica dos resultados............................................48

23 Causas de falhas................................................................49
23.1 Participação..............................................................................49
23.2 Processo...................................................................................50
24 Planos de ação...................................................................51

25 Referências Bibliográficas...........................................................53

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1 Introdução

1.1 Classificação taxonômica


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Divide-se em 7 níveis:

Reino

Divisão

Classe

Ordem

Família

Gênero

Espécie

1.2 Nome científico

Gênero (1ª maiúscula)

Espécie (1ª minúscula)

Ex: Pseudomonas aeruginosa, Candida albicans, Giardia lamblia.

Bactérias clássicas: se reproduzem assexuadamente por fissão

binária, não possuem núcleo típico como os Eucariontes. As paredes

células são rígidas (algumas exceções como micoplasmas);

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Clamídias: são parasitas celulares obrigatórios q são capazes de se

reproduzir em certas células humanas e são encontradas em 2


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estágios;

Riquétsias: são parasitas celulares obrigatórios, em forma de

bacilo ou cocobacilo, que se reproduzem por fissão binária;

Micoplasmas: não possuem a parede rígida das bactérias e são

encontradas em grande variedade de formas, sendo mais comum

em forma de coco;

Fungos: eucariontes, de parede celular rígida, heterótrofos e

utilizam vários substratos orgânicos como nutrientes;

Protozoários: microrganismos de vários tamanhos e formas e

podem ser parasitas ou de vida livre. Eucariontes e podem ser

transmitidos por vetores;

Helmintos: vermes parasitas que pertencem ao Reino Animal. São

divididos em Trematódos, Cestodos e Nematodos (clinicamente

importantes);

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Artrópodes: possuem esqueleto externo de quitina, segmentos

corporais, juntas nas patas e outras características. Grande


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importância como vetor de doenças.

Figura 1. Diferenças entre células procariontes e eucariontes.

Fonte:http://www.apoioescolar24horas.com.br/salaaula/estudos/biol

ogia/130_origem_vida/comparacao.htm

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Figura 2. Representação da célula eucarionte. Fonte: Madigan et

al., 2004.

Figura 3. Representação da célula procarionte. Fonte: Madigan et

al., 2004.

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Figura 4. Representação de tamanho em relação aos vírus,

procariontes e eucariontes. Fonte: Madigan et al., 2004.

2 Morfologia das bactérias

As bactérias podem ter morfologias variadas, como segue

abaixo:

 Cocos
 Cocobacilo
 Bacilo
 Espirilo
 Espiroqueta
 Vibrião
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Os cocos são redondos podendo ser ovais, alongados ou

achatados em uma das extremidades. Quando algumas bactérias


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em forma de cocos se dividem, as células podem permanecer

unidas uma às outras surgindo cocos aos pares.

 Diplococos (pares)
 Estreptococos (cadeias)
 Estafilococos (cachos)

Menos frequentes e podendo se dividir em dois ou três planos

e permanecem unidos em 8 indivíduos temos a Sarcina.

Os Bacilos ao contrário dos cocos são poucos seus arranjos ou

agrupamentos:

 Diplobacilos (pares)
 Estreptobacilos (cadeias)

Alguns bacilos se assemelham aos cocos, e com isso são

chamados de cocobacilo, lembrando que sua maior parte são

Bacilos isolados. O termo Bacilos significa determinada forma e o

termo Bacillus significa o gênero escrito com letra Maiúscula e em

itálico.

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Figura 5. Ilustração de alguns tipos de arranjos de bactérias.

2.1 Estruturas bacterianas

2.1.1 Pili de conjugação

Utilizada na transferência de plasmídeos conjugativos.

Importante estrutura para a variabilidade genética das bactérias.

2.1.2 Parede Celular

Estrutura rígida presente na maioria das bactérias.

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Funções: - manutenção da forma bacteriana; proteção osmótica da

bactéria
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Bactérias Gram-positivas - peptideoglicano (90%) - ácidos teicóicos

(parede) e lipoteicóicos (membrana citoplasmática)

Funções: - antígenos bacterianos - regulação das autolisinas -

ligação às células do hospedeiro

Bactérias Gram-negativas - espaço periplasmático - membrana

externa: impede a saída de proteínas periplasmáticas fosfolipídios.

2.1.3 Cápsula ou Glicocálix

Composição: polissacarídeos ou polipeptídios → Substâncias

poliméricas extracelulares

Funções:

- adesão celular (biofilme): receptores específicos

- aumento da capacidade invasiva: escapam da fagocitose

Ex: Streptococcus pneumoniae

- reservatório de água e nutrientes: proteção ao dessecamento.

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2.1.4 Fímbrias ou Pili

Presente na maioria das bactérias Gram-negativas


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Funções: adesão às células do hospedeiro e outras superfícies

Ex: Neisseria gonorrhoeae, E. coli - fímbria F: conjugação.

2.1.5 Flagelo

A maioria dos bacilos possuem flagelos; cocos raramente.

Funções: - motilidade: rotação helicoidal (saca-rolha).

2.1.6 Filamento Axial

Propulsão em espiral → invasão de tecidos Ex: Treponema pallidum.

2.1.7 Taxia

Movimento direcionado por um sinal químico (quimiotaxia) ou físico

(fototaxia) - a favor ou contra as substâncias;

2.1.8 Cílios

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São formados por tubulina e envoltos pela membrana

citoplasmática, apresentando movimento ondulante.


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2.1.9 Endósporo

São formas de resistência bacteriana formado por Gram-positivos,

como por exemplo, Bacillus subtilis. Consideradas estruturas de

resistência que podem ser altamente desidratadas e resistentes ao

calor, agentes químicos e radiação. Importante saber que não são

estruturas de reprodução.

3 Fases de crescimento

3.1.1 Fase Lag (fase de adaptação)

É o período que ocorre pouca ausência de divisão celular. Durante

esse tempo, as células se encontram em um estado de latência.

Esta população está passando por um período de intensa atividade

metabólica, principalmente síntese de enzimas e de moléculas

variadas.

3.1.2 Fase Log (fase exponencial)

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A partir de um determinado momento, as células iniciam seu

processo de divisão entrando no período de crescimento. Durante


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esse período, a reprodução celular encontra-se extremamente ativa,

e o tempo de geração atinge um valor constante, é o período de

maior atividade metabólica da célula.

3.1.3 Fase Estacionária

Em determinado momento a velocidade de crescimento diminui, o

número de morte celular é equivalente ao número de células novas,

e a população se torna estável. A atividade metabólica de cada

célula também decresce nesse estágio, há pouco nutriente e

acúmulos de produtos de degradação.

3.1.4 Fase de Declínio

Em determinado momento, a população microbiana entra na fase de

morte celular, pois o número de células mortas excede o de células

novas. Essa fase continua até que a população tenha diminuído para

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uma pequena fração do número de células da fase anterior, ou até

que tenha desaparecido totalmente. Não há nutriente.


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Figura 6. Fases de crescimento microbiano. Fonte:

http://essaseoutras.xpg.uol.com.br/fisiologia-e-crescimento-

bacteriano-resumo/

4 Divisão Bacteriana

É considerado o aumento do número de indivíduos e não do

tamanho celular;

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Tempo de geração: intervalo de tempo p/ que cada microrganismo

se divida, ou p/ que a população em uma cultura duplique em


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número;

Brotamento: < nº de bactérias (forma um broto que quando

atinge o tamanho da célula parental se separa);

Fissão Binária:

(1) Alongamento da célula e a replicação do DNA

cromossomal;
(2) Início da invaginação da parede celular e da

membrana plasmática;
(3) Em um determinado momento, as duas seções da

parede celular se encontram;


(4) Produção de duas células individuais idênticas à célula

mãe;

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Figura 7. Esquema de fissão binária.

Fonte:http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAx_EAA/microbiologi

a-geral?part=2

Fragmentação: filamentos fragmentam em células pequenas

cocóides ou em forma de bastão. Cada 1 delas dá origem a um

novo crescimento;

Formação de exósporo: desenvolvem septos nas terminações das

hifas e cada exósporo pode desenvolver um novo organismo.

Acontece nos actinomicetos;


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4.1 Fatores que afetam o crescimento bacteriano
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Fatores físicos: pH, temperatura, pressão hidrostática, oxigênio,

umidade e pressão osmótica.

Fatores nutricionais: fontes de carbono, fontes de nitrogênio,

enxofre, fósforo, oligoelementos e vitaminas.

5 Meios de cultura

• Meio seletivo - Favorece o crescimento de alguns organismos,

mas suprime o crescimento de outros;

Ex: ágar Sabouraud.

• Meio diferencial - Possui um constituinte que causa uma

mudança observável no meio quando ocorre uma reação bioquímica

específica;
Ex: ágar Mac Conckey.
• Meio de enriquecimento - Contêm nutrientes especiais que

permitem o crescimento de um organismo específico que não deve

estar presente em número suficiente para permitir ser isolado e

identificado, mas não suprime outros microrganismos de crescerem;


Ex: Ágar BHI.

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• Meios redutores - Meios com reagentes, como o tioglicolato de

sódio, que é capaz de se combinar com o oxigênio dissolvido


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eliminando este elemento do meio de cultura (específico para

microrganismos anaeróbicos).

6 Técnicas de semeadura

Quantificação direta:

- Contagem em placas;

- Filtração;

- Método do número mais provável (NMP);

- Contagem direta ao microscópio;

Quantificação indireta:

- Turbidimetria;

- Atividade metabólica;

- Peso seco;

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7 Conservação de culturas

• Culturas podem ser refrigeradas (4 a 10ºC);


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• Mantidas em nitrogênio líquido (-196ºC);

• Em freezers (-70ºC a -120ºC);

• Desidratadas e fechadas a vácuo (Liofilização);

8 Técnicas de coloração

Colorações simples: usa um único corante, ñ distinguem organismos

ou estruturas através de diferentes reações de coloração.

Ex: azul de metileno, safranina, cristal violeta.

Colorações diferenciais: Usa-se 2 ou mais corantes que reagem de

maneira diferente a diversos tipos ou partes de bactérias permitindo

que essas sejam diferenciadas.

Ex: Gram e álcool ácido-resistente.

Colorações especiais: Identificam diversas estruturas especializadas.

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Ex: Coloração para flagelos (aparecem escuros c/a prata ou

vermelhas com carbol-fucsina);


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Ex: Coloração para esporos de Schaeffer-Fulton (endósporos retêm

o verde-malaquita, células vegetativas coram safranina e aparecem

vermelhas);

8.1 Método da coloração de Gram

• Cobrir toda a lâmina com solução cristal violeta (corante roxo),

aguardar um minuto;
• Lavar rapidamente em água destilada;
• Cobrir a lâmina com solução de Iugol (mordente) por um

minuto;
• Lavar em água destilada;
• Inclinar a lâmina e gotejar álcool-acetona ou álcool

absoluto (cerca de 15 segundos).


• Lavar a lâmina rapidamente em água corrente;
• Cobrir com fucsina de gram e aguardar 30 segundos;
• Lavar a lâmina em água destilada e secar (sem esfregar);
• Colocar uma gota de óleo de imersão sobre a lâmina e

observar em objetiva de imersão (IOOX).

8.2 Método de Ziehl-Neelsen

• Lâmina fixada pelo calor;

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• Cobrir o esfregaço com fucsina fenicada;
• Aquecer em chama até emitir vapores. A partir disto, iniciar a

contagem de cinco minutos; 14


• Lavar a lâmina em água, suavemente;
• Colocar álcool-ácido, até que não se desprenda mais corante

(cerca de dois minutos);


• Lavar a lâmina com água;
• Cobrir o esfregaço com azul-de-metileno (durante trinta

segundos);
• Lavar a lâmina com água;
• Deixar secar e observar ao microscópio com a objetiva de

imersão.

9 Biossegurança

9.1 Nível de biossegurança I

• É adequado ao trabalho que envolva agente com o menor

grau de risco para o pessoal do laboratório e para o meio ambiente;

• O trabalho é conduzido, em geral, em bancada. Os

equipamentos de contenção específicos não são exigidos;

• O pessoal de laboratório deverá ter treinamento específico nos

procedimentos realizados no laboratório;

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• O laboratório deve ser desenhado de modo a permitir fácil

limpeza e descontaminação;
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• É recomendável que a superfície das bancadas seja

impermeável à água e resistente a ácidos, álcalis, solventes

orgânicos e a calor moderado;

• Os espaços entre as bancadas, cabines e equipamentos

devem ser suficientes de modo a permitir acesso fácil para limpeza;

• Cada laboratório deve possuir uma pia para lavagem das

mãos;

• São agentes biológicos que não demonstraram capacidade

comprovada para causar doenças no homem e animais sadios;

• Ex: Lactobacillus spp;

9.2 Nível de biossegurança II

• O pessoal de laboratório deve ter treinamento técnico

específico no manejo de agentes patogênicos e devem ser

supervisionados por cientistas competentes;

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• O acesso ao laboratório deve ser limitado durante os

procedimentos operacionais;
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• Determinados procedimentos nos quais exista possibilidade de

formação de aerossóis infecciosos devem ser conduzidos em cabines

de segurança biológica ou outro equipamento de contenção física;

• Uma autoclave deve estar disponível para descontaminação

no interior ou próximo ao laboratório de modo a permitir a

descontaminação de todo material previamente ao seu descarte;

• Ex: Escherichia coli;

9.3 Nível de biossegurança III

• É aplicável aos locais onde forem desenvolvidos trabalhos com

agentes infecciosos Classe 3, que possam causar doenças sérias e

potencialmente letais, como resultado de exposição por inalação;

• O pessoal do laboratório deve ter treinamento específico no

manejo de agentes patogênicos e potencialmente letais;

• Todos os procedimentos que envolverem a manipulação de

material infeccioso devem ser conduzidos dentro de cabines de

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segurança biológica ou outro dispositivo de contenção física. Os

manipuladores devem usar roupas de proteção individual;


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• O laboratório deverá ter instalações compatíveis para o NB-3.

• Para alguns casos, quando não existirem as condições

específicas para o NB-3, particularmente em instalações

laboratoriais sem área de acesso específica, ambientes selados ou

fluxo de ar unidirecional, as atividades de rotina e operações

repetitivas podem ser realizadas em laboratório com instalações NB-

2, acrescidas das práticas recomendadas para NB-3 e o uso de

equipamentos de contenção para NB-3;

• Devem ser usadas máscaras faciais apropriadas ou

respiradores nas salas onde são manipulados animais de

experimentação;

• Os sistemas convencionais de caixas só poderão ser usados

quando todo o pessoal utilizar dispositivos e roupas protetoras.

Esses dispositivos devem incluir roupa completa do tipo escafandro

e respiradores;

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• As linhas de vácuo devem estar protegidas com filtro de ar

com elevada eficiência (filtros HEPA, High Efficiency Particulated Air)


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e coletores com líquido desinfetante;

• Ex: Mycobacterium tuberculosis

9.4 Nível de biossegurança IV

• Para agentes exóticos e perigosos que exponham o indivíduo a

um alto risco de contaminação de infecções que podem ser fatais,

além de apresentarem um potencial relevado de transmissão por

aerossóis;

• A equipe do laboratório deverá ter um treinamento específico

e completo direcionado para a manipulação de agentes infecciosos

extremamente perigosos e deverá ser capaz de entender as funções

da contenção primária e secundária, das práticas padrões

específicos, do equipamento de contenção e das características do

planejamento do laboratório;

• Os trabalhadores deverão ser supervisionados por cientistas

competentes, treinados e com vasta experiência no manuseio destes

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agentes. O acesso ao laboratório deverá ser rigorosamente

controlado pelo diretor. A instalação deverá ser em um edifício


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separado ou em uma área controlada dentro do edifício, que seja

totalmente isolada de todas as outras;

• As manipulações com agentes de classe de risco 4, conduzidas

no laboratório, devem ser realizadas em cabine de segurança

biológica Classe III, ou cabines Classes I ou II, neste caso usadas

em associação com roupas de proteção pessoal com pressão

positiva, ventiladas por sistema de suporte de vida;

• Ex: Vírus Ebola;

10 Fase pré-analítica

• Suspeita clínica, escolha do teste microbiológico mais

adequado, a determinação do melhor sítio (evitando ao máximo a

contaminação por agentes da microbiota residente);

• Melhor momento clínico para a obtenção da amostra são

importantes para a acurácia dos testes. Evita o desperdício com

amostras não representativas do processo infeccioso;

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• A suspeita do potencial agente etiológico influi na escolha do

melhor método de coleta e meio de transporte específico. Por


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exemplo, na suspeita de infecção por bactérias anaeróbias, o

material deve ser coletado através de punção do sítio clínico,

inoculação em meio apropriado e transporte imediato ao laboratório

de microbiologia;

• A coleta deve sempre ser realizada previamente à introdução

de terapia antimicrobiana ou de sua modificação;

• O volume de amostra interfere na sensibilidade dos testes

microbiológicos e deve ser suficiente para a execução dos diversos

procedimentos solicitados. Amostras insuficientes podem levar a

resultados falso-negativos;

• Informar claramente ao paciente os procedimentos

necessários à coleta da amostra microbiológica;

• Todas as informações sobre coleta, técnicas de assepsia e

transporte de amostras para o diagnóstico microbiológico devem ser

disponibilizadas pelos laboratórios de microbiologia clínica. São

fundamental que sejam utilizados frascos estéreis, com ou sem

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meio de transporte, tampados, para evitar contaminação e

vazamentos;
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• A identificação do frasco de coleta nunca deve estar na tampa

ou sobre rótulos;

• A rapidez no transporte das amostras microbiológicas, assim

como na semeadura e execução dos procedimentos microbiológicos,

é fundamental para a manutenção da viabilidade dos

microrganismos;

• Algumas bactérias são especialmente sensíveis às condições

ambientais, incluindo Singela spp., Neisseria gonorrhoeae, N.

meningites, Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae e

anaeróbios;

• Comprometimento da eficácia do exame microbiológico:

informação incompleta, requisição inadequada, coleta e transporte

inadequados da amostra clínica, falhas técnicas no processamento

da amostra, demora na liberação do resultado e má interpretação

dos resultados;

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• O treinamento específico e reciclagem periódica da equipe

responsável pela coleta das amostras microbiológicas devem ser


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incentivados;

• Toda amostra clínica é potencialmente infectante e deve ser

manuseada com cuidado, utilizando-se os equipamentos de

proteção individual (EPI) preconizados;

11 Critérios de rejeição para amostras biológicas

• A identificação incorreta da amostra;

• A quantidade de material insuficiente para o processamento

dos testes microbiológicos;

• O transporte inadequado em frasco não estéril, não

compatível com o sítio informado, /ou frascos fechados

inadequadamente;

• Amostra incompatível com os exames solicitados.

12 Amostras consideradas inadequadas na Microbiologia

• Material clínico recebido em solução de fixação (formalina);

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• Ponta de cateter de Foley;

• Material conservado inadequadamente com relação à


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temperatura (urinas colhidas há mais de 24 horas, que ficaram

guardadas em geladeira, ou colhidas há mais de duas horas, sem

refrigeração);

• Frascos não estéreis;

• Presença de vazamentos, frascos quebrados ou sem tampa,

com contaminação na superfície externa;

• Mais de uma amostra de urina, fezes, escarram, ferida colhida

no mesmo dia e da mesma origem;

• Swab único com múltiplas requisições de testes

microbiológicos;

• Swab seco;

• Culturas para anaeróbios recebidas em condições não

apropriadas.

13 Fase analítica

• Troca de amostras;

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• Vidrarias e recipientes mal lavados;

• Reagentes: contaminados, mal conservados, com validade


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vencida, erros no preparo dos reagentes, concentração errada;

• Equipamentos: não calibrados, erros no protocolo de

automação;

• Tipos de semeadura;

A incubação deve seguir alguns parâmetros determinados.

• Para bactérias não exigentes em secreções, urina, fezes, etc.

incubar em estufa em atmosfera ambiente;

• Para bactérias exigentes tais como: pneumococos, hemófilos e

Neisserias ou fastidiosos incubar em microaerofilia (modo a obter 3-

5% de CO2);

• Para Campylobacter é necessária tensão de 5 a 10% de CO2 e

restrição de O2 sendo conveniente o uso de geradores específicos;

• Para bactérias anaeróbias, incubar em sistema de anaerobiose

estrita;

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13.1 Temperatura

• 36°C +/- 1°C é a temperatura para a grande maioria das


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bactérias da rotina, incluindo os anaeróbios e micobactérias;

• Fungos podem ser cultivados a 30°C ou 25 e 35°C;

• Temperatura a 42°C pode ser necessário para isolar espécies

de Campylobacter, Acinetobacter baumannii, e algumas espécies de

Pseudomonas;

13.2 Umidade

• Bactérias fastidiosas e exigentes (Neisserias patogênicas e

hemófilos) crescem melhor se forem incubadas num recipiente com

tensão de 5% de CO2 com um chumaço de algodão embebido em

água estéril;

13.3 Tempo

• 1° leitura é realizada com 18 a 24 horas de incubação;

• Para anaeróbios é recomendável a primeira leitura com 48 a

72 horas de incubação;

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• Bactérias exigentes ou de crescimento lento o período de

incubação pode ser bastante prolongado: Micobactérias de 3 a 45


14
dias; Nocardia, 4 a 7 dias; Brucella 3 a 7 dias (hemoculturas até 45

dias).

• Muitas vezes é impossível definir o significado clínico de um

isolado sem conhecer sua identificação;

• Todo crescimento deve ter evidências microbiológicas, clínicas

e epidemiológicas

• Conhecer os principais patógenos esperados para cada

material biológico;

• Os componentes da microbiota residente (Micrococcus,

Estafilococos coagulase negativo, etc) apresentam menor valor

como agentes infecciosos, sendo de fácil interpretação na maioria

dos casos. Porém, em condições específicas podem participar como

agentes patogênicos;

• Observar se a cultura é pura ou se existem diferentes tipos de

colônias, neste caso, se há predomínio de um tipo;

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• As culturas puras apresentam maior valor para diagnóstico,

especialmente em sítios intensamente colonizados;


14
• Detectar falhas nas condições de coleta e/ou processamento

laboratorial e uso de antimicrobianos;

• Caracterização de infecção por anaeróbios – cultura negativa

com bacterioscopia revelando microrganismos com características

morfológicas de anaeróbios;

• Quantificação – em culturas quantitativas os achados da

bacterioscopia direta devem coincidir com as contagens obtidas em

cultura (urocultura, BAL...)

14 Fase pós analítica

• Análise de consistência dos resultados;

• Liberação dos laudos;

• Transmissão e arquivamento dos resultados;

• Consultoria técnica;

• Armazenamento da amostra do paciente;

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15 Laudo

• Do laboratório – nome, endereço completo, número do


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registro no conselho profissional, responsável técnico com seu

registro no conselho profissional;

• Do paciente – nome, número do registro no laboratório;

• Do médico solicitante – nome, número do registro no conselho

profissional;

• Da amostra do paciente – tipo, data, hora da coleta ou

recebimento, quando aplicável;

• Do resultado do exame – nome do microrganismo, resultado,

unidade, nome do método, unidade de referência, data da

liberação;

• Do responsável técnico – nome, número do registro no

conselho profissional, assinatura;

• Identificação errada do paciente;

• Transcrição de dados incorreta;

• Resultado ilegível;

• Unidades erradas;

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• Não identificação de substâncias interferentes;

• Especificidade, sensibilidade e precisão dos testes não


14
adequado;

• Erros na interpretação do resultado;

16 Indicadores de qualidade na Microbiologia

• Representatividade: representar o processo e demonstrá-lo de

forma clara;

• Simplicidade: deve ser de fácil obtenção e ter baixo custo;

• Disponibilidade: além do seu acesso fácil, deve também estar

disponível a tempo;

• Estabilidade: permitir a análise histórica e sua evolução;

• Rastreabilidade: ser possível verificar a origem dos dados que

o gerou;

• Adaptabilidade: ter capacidade de respostas às mudanças;

• Periodicidade dos indicadores = criticidade do processo,

desempenho e melhora contínua do processo;

• Implantar e implementar indicadores da qualidade = grande

desafio para os gestores;

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• Necessidade de ampliar conhecimentos nessa área, as

definições e harmonização dos indicadores e as metas a serem


14
alcançadas;

• Implantação da cultura na medição de indicadores como uma

ferramenta para a melhoria contínua na gestão dos processos no

laboratório;

• A identificação, a análise e a avaliação dos perigos e riscos

existentes, incluindo:

• Aqueles que impactam na segurança do paciente;

• A monitoração da ocorrência de erros, falhas, eventos

adversos (incluindo os do tipo near miss*) e sentinela, acidente e

incidente;

• A definição de ações de contenção e minimização dos riscos;

• A monitoração dos erros, falhas, acidentes e eventos adversos

por meio de indicadores;

• A avaliação qualitativa ou quantitativa da efetividade da

gestão do risco;

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17 Controle de processos automatizados

• Melhoria na relação custo-benefício, precisão, confiabilidade,


14
flexibilidade e menor tempo de resposta;

• Necessidade de automação na Microbiologia  aumento no

número de amostras recebidas;

• Investigações epidemiológicas, aumento do número de

microrganismos multirresistentes, novos mecanismos de resistência;

• A automação pode estar presente desde fase pré analítica até

pós analítica;

• O uso de código de barras permite rastrear as amostras

desde a recepção até a liberação do resultado;

• 50 a 70% do tempo gasto pela equipe técnica podem ser

substituído pela automação;

• A decisão da implantação de um sistema automatizado nos

laboratórios depende  tamanho do laboratório, volume de

amostras recebidas diariamente, orçamento disponível, espaço e

metas estabelecidas;

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• O mercado apresenta vários tipos de equipamentos para

diversas análises microbiológicas;


14

Verificação: é o processo que determina ou confirma o

desempenho esperado do teste antes da implementação na rotina

clínica.

Validação: é o processo de monitoração desse teste, procedimento

ou método, que garante a continuidade do desempenho esperado.

Ela pode ser alcançada por meio de:

• Controle interno da qualidade;


• Testes de proficiência;
• Calibração dos equipamentos;

18 Controle de qualidade interno

• O laboratório deve assegurar a qualidade de todos os insumos

e equipamentos utilizados no processamento na microbiologia;

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• Fundamentado em POPs (Procedimento Operacional padrão) –

detalhamento de procedimentos de coleta, transporte, liberação de


14
laudos, critérios de rejeição, entre outros;

• Planilhas de controle de qualidade para todos os processos

executados no laboratório;

• Insumos: devem ser avaliados diariamente, a cada troca de

lote ou de marca;

• Meios de cultura: se fabricados deve ser realizado testes de

performance (pH, esterilidade, etc); se comprados o desempenho

com crescimento e inibição. Em ambas as verificação da validade;

• Cepas padrão: devem ser adquiridas cepas ATCCs ( American

Type Collection) para controle de insumos e processos. As cepas

devem ser armazenadas em freezer a -80°C e usadas no máximo

até a 5ª passagem;

• Bacterioscopia: desempenho dos corantes, tempo empregado

na coloração pelo colaborador e os laudos emitidos, utilizando

lâminas preparadas a partir de um pool de micro-organismos ou

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obtidas de amostras clínicas. Em caso de divergências, os

treinamentos são obrigatórios.


14
• Discos de antibióticos: devem ser testados em cepas ATCCs e

analisadas com tabelas do CLSI. Os controles devem ser testados

nas trocas de lotes, troca de fabricante, novo antibiótico em rotina;

• Equipamentos: controle diário de temperatura anotado em

planilhas visíveis aos colaboradores. Qualquer alteração do valor do

intervalo aceitável deve ser comunicada ao supervisor;

• As autoclaves devem ser testadas semanalmente com cepas

de G.stearothermophilus e posterior cultivo em caldo à temperatura

de 55 a 60°C. A ausência de crescimento indica uma corrida estéril;

• As jarras de anaerobiose devem ser testadas a cada uso com

tiras indicadoras de azul de metileno;

• As cabines de segurança devem ser inspecionadas e

controladas pelo fabricante, semestral ou trimestralmente. As datas

em que foram praticados esses controles devem ser anotadas e

afixadas no equipamento, bem como as datas das próximas

revisões;

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• Os equipamentos automatizados de identificação bacteriana e

de teste de suscetibilidade devem ser testados a cada novo lote de


14
cartões, placas ou painéis serem utilizados, empregando-se as

mesmas cepas padrão mencionadas anteriormente. As manutenções

preventivas devem ser realizadas e seus registros armazenados;

• Os equipamentos automatizados de hemocultura em geral não

necessitam de controle de qualidade porque o fabricante envia a

cada lote de frasco um certificado que deve ser armazenado;

19 Ensaios de proficiência

• Compõem a garantia da qualidade, ao lado de controle

interno, controle de processos e outras medidas de gestão;

• Monitoram integradamente processos e ambiente de melhoria

contínua;

• Objetivo: identificar desvios sistematizados do processo e

desvios que não são percebidos facilmente por outras ferramentas

de controle;

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• Concentração na fase analítica: processamento, inicial da

amostra, realização do ensaio e interpretação de resultados;


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• Regulamentação no Brasil: RDC 302/2005;

• Comparações interlaboratoriais --> múltiplos laboratórios

recebem amostras idênticas ou similares e realizam

simultaneamente suas análises.

• O provedor do programa compila todos os resultados e

disponibiliza para os participantes relatórios que permitem identificar

o nível de acerto e/ou de afastamento do resultado esperado;

• Comentários que ajudam na análise dos dados e na avaliação

de possíveis causas de desvios;

• Não pode ser utilizado como substituição a controles internos

e outras ferramentas de controle de processo;

• Estão vinculados a desvios sistêmicos, vícios do processo que

não são ou não foram percebidos pelas demais formas de controle;

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20 Requisitos para o ensaio de proficiência

• Cobertura: para abranger o maior escopo possível, o


14
laboratório deve selecionar os programas conforme seu menu de

exames, modelos de programa e formas de inscrição disponíveis.

Existem programas modularizados e outros com inscrição por

pacote. Entretanto, há também programas específicos, como:

• Bacteriologia ambulatorial e hospitalar da ControlLab, cujo

formato difere para atender às demandas específicas do público do

laboratório.

• Frequência: esse requisito é composto pela quantidade de

rodadas anuais, quantidade de materiais distintos oferecidos a cada

rodada e quantidade de dosagens realizadas em cada material. A

análise de um único material em rodadas mensais difere da análise

de três materiais a cada trimestre, embora ambos somem 12

análises anuais. Enquanto o primeiro mantém um fluxo mais

frequente na rotina, o segundo dá mais subsídios para a

identificação. de desvios sistêmicos. De maneira análoga, a análise

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repetida de um mesmo material permite avaliar imprecisão e, em

alguns casos, estimar a incerteza.


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• A análise repetida é menos usual no segmento clínico, uma

vez que são adotados controles internos com maior eficiência para

esse fim.

• Informações disponíveis: o participante deve ter a sua

disposição informações do programa, instruções detalhadas sobre

armazenagem, manuseio e análise dos materiais, restrições e

características específicas do programa (que podem impactar no

manuseio, análise e na interpretação dos resultados), instruções

para registro de dados e resultados, prazos relacionados e descrição

do tratamento estatístico dos resultados, critérios e métodos de

avaliação de desempenho.

• Logística de distribuição: o modelo de distribuição e a

embalagem são fundamentais para garantir estabilidade e

segurança durante o transporte.

• Qualidade dos materiais: a matriz deve ser similar à analisada

na rotina, buscando-se sempre um equilíbrio com o risco à

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segurança e à estabilidade do material. Os materiais precisam ser

homogêneos (não variar entre participantes) e estáveis. As


14
concentrações e os elementos analisados devem variar conforme a

rotina. O provedor deve abranger as cepas de maior relevância na

rotina, no que se refere à frequência de ocorrência, grau de

dificuldade e importância clínica, por exemplo. No caso de análises

quantitativas, é necessário abranger o intervalo de resultados que

ocorrem na rotina e, para os positivos e negativos, devem-se variar

os resultados de forma não previsível para o participante. O volume

fornecido para o participante deve ser compatível com sua

demanda.

• Tratamento de dados e modelo estatístico: o tratamento de

dados e modelos estatísticos adotados devem ser claramente

identificados. Algumas normas internacionais descrevem métodos

consolidados para esse fim, como a ISSO 13528 e o Protocolo

Harmonizado da IUPAC. Se nenhum modelo descrito na literatura se

aplicar, o provedor deve descrevê-lo e embasá-lo.

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• Critérios de avaliação e de determinação de desempenho: a

própria ISO/IEC 17043, assim como as demais normas citadas para


14
o tratamento dos dados, apresenta modelos para a determinação de

desempenho. Enquanto para ensaios quantitativos comumente se

determinam critérios pautados no valor de tendência central obtido

pelos participantes (média ou mediana), para ensaios qualitativos, o

resultado aceito é comumente definido já no preparo de controle de

qualidade do material, mediante qualificação prévia da matéria-

prima e ensaios de controle (homogeneidade e estabilidade), e

validado pelo consenso com os participantes ou laboratórios de

referência.

• Relatórios e prazos: os relatórios devem ter todas as

informações necessárias à análise e interpretação de resultados

para o participante, abrangendo sua avaliação individual, um

resumo estatístico de todos os participantes e discussões técnicas

pertinentes.

• Política de sigilo: exceto se definido de maneira diferente por

alguma legislação do país, os dados individuais são comumente

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disponibilizados apenas para o próprio. Para terceiros, apenas

quando autorizado pelo laboratório. Tal política é comumente


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declarada pelo provedor na fase de contratação.

• Custo: esta característica tem relação direta com o modelo do

programa, dos ensaios relacionados, da qualidade do material

envolvido e com a estrutura operacional dedicada pelo provedor. O

custo deve ser ponderado diante do benefício que a ferramenta

agrega.

21 Controles alternativos

• Análises não contempladas por ensaio de proficiência;

• Complexidade da sua organização e a dificuldade de definir

resultados esperados (ou de referência) ajudam na compreensão de

porque eles não devem ser vistos como substitutos do ensaio de

proficiência;

• Comparação interlaboratorial: similar ao ensaio de proficiência,

na qual o laboratório troca amostras com laboratórios que adotam

metodologias similares. Deve-se definir o resultado de referência

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com cautela (p.ex., algum laboratório com maior experiência) e

proceder discussões produtivas entre os participantes em caso de


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discordância de resultados.

• Simples cego: introdução na rotina de material com resultado

esperado já determinado, como cepa controle, materiais de

pacientes já analisados, para comparação dos resultados diante do

previamente definido.

• Duplo cego: introdução simultânea na rotina de duas ou mais

amostras de uma mesma origem para comparação de

compatibilidade de resultados.

22 Análise crítica dos resultados

• Reproduzir exatamente a rotina ao analisar os itens do

programa;

• Ter pleno do conhecimento do programa utilizado;

• Análise em tempo hábil os relatórios do programa;

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• Envolvimento da equipe no processo para a identificação de

causas de desvio e desenho de um plano de ação para corrigi-lo


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(correção) e evitar sua repetição (ação corretiva);

• Ideal não existirem falhas nos ensaios de proficiência;

• Dois grupos para causa de falhas: participação e de processo;

23 Causas de falhas

23.1 Participação

• Armazenagem e manuseio impróprio do material;

• Falha na reconstituição ou diluição do material, ou uso de

fator matemático errado;

• Uso de pipetadores com calibração imprópria para

reconstituição ou diluição;

• Reporte em unidade ou formato diferente do solicitado pelo

provedor;

• Dados (p.ex., sistema analítico) informados errados ou

incompletos;

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• Falha na transcrição dos resultados: digitação, troca de

resultado, etc;
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• Propagação de erro por troca de informação com outro

participante;

23.2 Processo

• Inadequação do corante: precipitação, contaminação ou

performance;

• Ineficiência da sistemática de controle do corante:

periodicidade ou ausência;

• Ineficiência da sistemática de controle do meio: ausência de

controle de esterilidade ou de performance a cada lote diante da

capacidade de crescimento do microrganismo relevante e/ou de

inibição – meios seletivos;

• Ineficiência da sistemática de controle de reagentes e

soluções: ausência ou ineficiência do controle de esterilidade, da

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positividade/negatividade a microrganismos específicos, da resposta

da absorbâncias da turvação, etc;


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• Ineficiência da sistemática de controle de testes bioquímicos:

ausência ou ineficiência do controle de esterilidade e performance;

• Falha na preservação e no controle de microrganismos em

armazenagem, procedimento de reativação, manuseio, testes de

viabilidade, identificação, características primárias e pureza;

• Procedimento ineficiente de limpeza das lâminas (sujeira e

gordura);

• Má qualidade do esfregaço a respeito de espessura, forma e

comprimento;

• Fixação pelo calor: sub aquecimento com perda do esfregaço

ou superaquecimento provocando destruição das células;

• Descoloração excessiva: pode gerar falso Gram-negativo;

• Espessura do meio fora do padrão: pode gerar falsa

sensibilidade;

• Alça microbiológica fora da especificação de volume;

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• Manutenção preventiva ineficiente, incompleta ou inexistente

do microscópio;
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• Treinamento aquém do microscopista em alguma etapa do

processo ou na leitura;

24 Planos de ação

• Análise conjunta de todos os resultados reportados para o

ensaio que apresentou falha: no caso de um programa com

múltiplos materiais na rodada, mesmo para ensaios qualitativos, os

dados devem ser analisados de forma comparativa para avaliar

tendência;

• Análise de resultados passados: a análise conjunta de

resultados passados ajuda a verificar recorrência ou possíveis

indícios do início da falha a partir de comportamentos tendenciosos.

No caso de recorrência, aponta para a possibilidade de não se ter

agido sob a causa raiz ou de as ações corretivas não terem sido

efetivas;

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• Definição da causa raiz: a análise da causa deve ser profunda

para garantir a eficácia das ações a serem definidas;


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• Análise de impacto em resultados da rotina e ações

decorrentes: é importante que o laboratório avalie a propagação do

erro em resultados de paciente e avalie essas situações quanto às

suas possíveis consequências para o diagnóstico e tratamento;

• Definição de ações corretivas: as ações devem agir na causa

raiz para eliminá-la e evitar que ela volte a ocorrer. A definição das

ações deve incluir prazos e responsáveis (gravidade da falha e risco

de propagação);

• Controle e verificação de eficácia das ações: respeitar os

prazos estimados e da verificação da eficácia das ações. O não

cumprimento do planejado ou de identificação de ineficácia, é

fundamental determinar o possível impacto e traçar um novo plano

de ação. A verificação da eficácia pode ocorrer pela análise de novo

material do ensaio de proficiência ou aguardar uma nova rodada do

programa;

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25 Referências Bibliográficas

Agência Nacional VISA. Módulo de Procedimentos Laboratoriais: da


14
Requisição do Exame à Análise Microbiológica. [acesso em 2016

nov 05]. Disponível em:

http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/microbiologia/m

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Kayser FH , Bienz KA, Eckert J, Zinkernagel RM. Medical

Microbiology.10th Ed., Ed.Thieme. 2005.

Madigan MT, Martinko JM, Bender KS, Buckley DH, Stahl DA.

Microbiologia de Brock. 14ª Ed. Artmed Editora. 2016.

Sociedade Brasileira de Patologia Clinica e Medicina Laboratorial.

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Disponível em: file:///C:/Users/npq/Downloads/Microbiologia

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Tortora GJ, Funke BR, Case CL. Microbiologia. 19 Ed.Art Med. 2003.

Trujillo LM, Castejón MJ, Yamamoto LSU, Oshiro M, Bastos LT,

Carvalho MDFH, Carvalho ML. Temporality of biological samples

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and products at the Instituto Adolfo Lutz. Revista do Instituto

Adolfo Lutz (Impresso). 71(2):400-404, 2012.


14

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