Professional Documents
Culture Documents
http://www.bndes.gov.br/bibliotecadigital
Meio Ambiente
BNDES Setorial 34, p. 203-238
Marcos H. F. Vital
Frederico C. Carvalho
Marco A. C. Pinto*
Resumo
*
Respectivamente, economistas do Departamento de Meio Ambiente da Área de Meio Ambiente;
coordenador do Departamento de Comércio Exterior II, da Área de Comércio Exterior, e professor
adjunto da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF).
204 gunda seção, discutem-se técnicas de análise econômica e metodologias
que incorporem variáveis ambientais. Na terceira seção, são analisados
Metodologias e técnicas para análise ambiental...
Introdução
A incorporação das questões socioambientais nas decisões dos di-
ferentes agentes econômicos torna premente o surgimento de técnicas
financeiras e econômicas para valoração de impactos socioambientais de
projetos de investimento. Os estudos de impacto ambiental (EIA) podem
ser utilizados como ponto de partida para a quantificação dos impactos
biofísicos de um projeto. Por sua vez, espera-se que esses impactos sejam
monetizados e incorporados na análise econômico-financeira dos projetos,
principalmente aqueles de maior risco de dano ambiental.
A ciência econômica distingue com clareza os seguintes conceitos: ava-
liação financeira e avaliação econômica de projetos. Enquanto a avaliação
financeira compara benefícios privados pecuniários diretos de dado projeto
com seus custos monetários diretos,1 a avaliação econômica considera,
usualmente, externalidades e efeitos indiretos. Na análise econômica,
externalidades positivas devem ser incorporadas aos benefícios dos pro-
jetos, enquanto externalidades negativas são incorporadas a seus custos.
Impostos arrecadados também costumam diferenciar taxas de retorno
privadas das sociais.
Durante certo tempo, a teoria microeconômica tradicional tratou a
disponibilidade de recursos naturais como infinita, dado que a substitubi-
lidade entre fatores de produção era, por vezes, considerada perfeita, para
um dado estado tecnológico. De acordo com a microeconomia tradicional,
a crescente escassez de dado recurso natural levaria ao aumento de seu
preço, à consequente criação de incentivos para inovação tecnológica e à
introdução de um bem substituto. Se a terra se torna escassa e seu preço
se eleva, as atividades agrícolas intensificam o uso de tecnologia para
compensar a elevação do preço, por exemplo. Já, segundo a ecologia e a
escola conhecida como economia ecológica, certas alterações ambientais
são consideradas irreversíveis, e recursos naturais (água, terra e fauna
1
Por meio de técnicas discutidas adiante (fluxo de caixa descontado, valor presente líquido, taxa
interna de retorno privado, análise de custo-benefício etc.).
marinha, entre outros) não podem ser simplesmente substituídos ou fa- 205
bricados pela humanidade. Seria impossível, ao atual estado tecnológico,
Meio Ambiente
trazer de volta certas espécies de flora e fauna já extintas, por exemplo.
Contribuições recentes em macroeconomia procuram incorporar o
estoque de recursos naturais no total de ativos de dada economia, uma
vez que diversos bens e serviços podem ser obtidos na natureza (madeira,
hidreletricidade e agricultura).
As all economic development depends either directly or indirectly
on the available supplies and quality of natural resources, stocks
of natural capital should be preserved, conserved, expanded,
rehabilitated, restored or improved to support long-term economic
development. If natural capital is not properly managed, the pros-
pects for long-term development may be limited [James (1994)].
De acordo com tal visão, o produto potencial seria limitado pela dispo-
nibilidade não apenas de capital e mão de obra, mas também de todos os
bens e serviços naturais que o ecossistema pode oferecer.
O objetivo do presente estudo é verificar a hipótese de existência de
diferenças significativas entre as avaliações financeira e econômica sem a
introdução de variáveis ambientais e as metodologias que buscam incor-
poração de variáveis ambientais. A hipótese de existência de discrepâncias
entre valores encontrados no emprego de diferentes metodologias é testada
com base em exemplos numéricos hipotéticos.
Meio Ambiente
Indicador Fórmula
VPL
Payback Pb = Investimentos/receitas
TIR
Benefício/custo
Meio Ambiente
Co: valor dos custos indiretos e secundários5
Como exemplo de custos de proteção do meio ambiente, podem-se
citar o cumprimento de condicionantes de licenças ambientais, a obe-
diência ao código florestal e o custo de implementação de sistemas de
gestão ambiental. Em muitos casos, são fixados alguns indicadores e
padrões ambientais a serem atingidos pelo empreendedor. Tais padrões,
muitas vezes expressos por meio de resoluções do Conselho Nacional
de Meio Ambiente (Conama), requerem investimentos específicos em
tecnologias de melhoramento das condições ambientais de determinados
empreendimentos.6 De modo geral, alguns custos de proteção ambiental
estão associados à operação do projeto, enquanto outros já se encontram
explícitos no bojo do plano de negócios, como ações mitigatórias.
Como exemplo de benefícios ambientais, tem-se a utilização de resídu-
os da produção ou do consumo com emprego para gerar renda ou diminuir
custos. De modo geral, tais benefícios ambientais não são contemplados
em propostas de investimento (novamente, pela presença de economias
externas ou males públicos).7
Como exemplo de custos dos danos ambientais residuais, há os custos
de reparação ou de relocalização (os postos de gasolina são exemplos de
terrenos com elevados custos residuais). Nesse caso, entrariam, ainda, a
resolução e/ou a remediação de passivos ambientais.
Já os custos e benefícios indiretos e secundários são impactos não
contabilizados no fluxo de caixa do projeto de investimento.
Sendo assim, o método do valor presente líquido pode ser utilizado
nos casos em que preços para bens e serviços ambientais possam ser
estimados e/ou quando os direitos de propriedades são bens definidos.8
5
No entanto, diferentemente de James (1994), propõe-se que entre na equação apenas variáveis que
tenham custos e benefícios que possam ser apropriados internamente pelo empreendedor. Na prática,
nessa fórmula só entrará variáveis que possuam preço de mercado. Além disso, a diferença para as
fórmulas tradicionais é o enfoque nas variáveis Cp, Be e Ce.
6
Resolução Conama 357, que determina a qualidade dos efluentes líquidos a serem lançados em
corpos hídricos nacionais.
7
Em contraposição ao conceito de bem público (não rival e não excludente).
8
É possível também a inclusão de bens e serviços ambientais que ainda não tenham preços, mas
que provavelmente serão internalizados no futuro, como a cobrança pelo uso da água e os impostos
sobre a emissão de gases de efeito estufa.
210 O Exemplo 1, na terceira seção, ilustra a utilização da fórmula citada
anteriormente para uma floresta com fins comerciais.
Metodologias e técnicas para análise ambiental...
Meio Ambiente
Avaliação contingente Entrevista: objetivo de descobrir preferência
em relação a determinado bem ou serviço
ambiental
Ranqueamento contingente Entrevista: ranqueamento das preferências
por diversos bens e serviços ambientais
Preços hedônicos Pi = P (Qi, X1, X2,...,Xn)
Custo de viagem V = f (CV,X1,X2,..,Xn)
Custos de reconstrução Soma de todos os custos necessários para
repor o bem ou serviço afetado na qualidade
original
Gastos defensivos Soma de preços de bens substitutos perfeitos
Produtividade marginal Mensuração da variação na função de
produção, quando o bem ou serviço ambiental
é um fator de produção
Transferência de benefícios Adaptação de estimativas de bens e serviços
ambientais para situações semelhantes
Capital humano ou produção sacrificada Estimativa da renda ou produção presente
perdida em decorrência de uma morte
Fonte: Elaboração própria.
decision making…”12
Arrow (1951), um dos fundadores da teoria da escolha pública, de-
monstra que, em determinadas hipóteses relacionadas ao formato de
curvas de produção (formas de tecnologias) e consumo (preferências dos
consumidores) e, portanto, de oferta e demanda agregadas, os sistemas
econômicos poderiam, em tese, alocar eficientemente os recursos de dado
país. Arrow (1951) demonstra que, em tais hipóteses, o sistema de preços
(incentivos) tenderia a ser suficiente para induzir agentes individuais a
tomar decisões de consumo e investimento que tenderiam a igualar ofer-
ta e demanda agregada. Em tais condições, nenhuma outra alocação de
recursos poderia levar a sociedade a um nível de bem-estar social (lucros
máximos e utilidades máximas) comparativamente melhor que o natural-
mente estabelecido pelas escolhas individuais (firmas e famílias). Essa
ideia foi formalizada mais tarde por Pareto (1909) e é conhecida como
situação “ótima de Pareto”. Vale relembrar, ainda, o que se conhece por
primeiro e segundo teoremas do bem-estar-social.
Simonsen (1969) assim define o primeiro teorema fundamental da
teoria do bem-estar: “na ausência de externalidade, bens públicos, com
funções de custo convexas, preferências convexas, todo equilíbrio com-
petitivo é um ótimo de Pareto.” Diferentemente da teoria, na dinâmica da
economia real são previstas situações em que não são satisfeitos os axio-
mas de Debreu e Arrow (e, de forma equivalente, de Marshall, Ricardo,
Walras ou Jevons). Em tais casos, em que há “falhas de mercado”, certos
bens tendem a ser subofertados e outros superofertados.
12
Grande parte da literatura em escolha pública discute as possibilidades e impossibilidades de agregar
preferências individuais no sentido de construir uma “curva de bem-estar social”. As discussões
são amplas e um ponto ressaltado é a não satisfação do axioma da transitividade, conhecido como
“paradoxo da escolha pública” ou “teorema da impossibilidade”, de Arrow (1951).
cas de agentes econômicos (sejam eles empresas, consumidores ou o 213
próprio governo).
Meio Ambiente
Choque tradicional de oferta: o excedente do consumidor, o excedente
do produtor e uma análise de alteração de bem-estar em modelo de
equilíbrio parcial
A presente análise de equilíbrio parcial mostra os efeitos sobre o merca-
do de alimentos em uma economia que sofre um desastre natural (inunda-
ção, geadas, furacões, secas etc.). Supõem-se as seguintes características:
i) a curva de oferta no curto prazo é muito inelástica, dado que existe
um prazo de tempo para crescimento de alimentos; e
ii) a curva de demanda, por sua vez, também é relativamente inelástica,
dada a necessidade premente da alimentação para sobrevivência.
Supõe-se que um choque de oferta tenha atingido apenas a região
especializada na produção de arroz, sem afetar a oferta dos demais ali-
mentos no país.
alimentos é dada.
Condição de equilíbrio: oferta = demanda
M/2p1 = b
p1= M/2b
x1 = M/2p1
Supõe-se a curva de oferta pelo bem 2 dada por:
Oferta = 2p2 +10
Parametrizando as funções anteriores, encontra-se o seguinte:
Meio Ambiente
que têm peso relevante na cesta dos consumidores, é reduzido o exceden-
te do consumidor e, por sua vez, o seu nível de bem-estar. Com o maior
preço dos alimentos, por outro lado, o excedente do produtor continua o
mesmo. O efeito final é perda de bem-estar da sociedade, refletida na perda
do excedente total.
13
De acordo com Viner (1931), existem externalidades diretas e indiretas ou pecuniárias.
216 vizinhança em plantações de cana-de-açúcar, assim como metano emitido
por atividades pecuárias.
Metodologias e técnicas para análise ambiental...
Meio Ambiente
análogo, porém, é possível construir curvas teóricas de bem-estar que
considerem o grau de aversão da sociedade a danos e desastres ambientais.
Em curvas de indiferença social, a sociedade ordena preferências com
relação aos bens, serviços e outras variáveis que julga relevante. Apesar
das dificuldades práticas e teóricas e considerando-se axiomas relacio-
nados às preferências e tecnologias, encadeia-se debate sobre a forma
funcional adequada, bem como sobre critérios específicos de melhoria
de bem-estar social (justiça social) [Arrow (1951)].
Uma função bastante utilizada na literatura e passível de ser aplicada
a situações de análise ambiental é a função de bem-estar de Atinkinson
(1969):
W = 1/(1- e) ∑ (Ui )1-e
Onde e é o grau de aversão da sociedade às desigualdades sociais
ou, alternativamente, a danos ambientais. Assim sendo, uma sociedade
(como a alemã) tem maior grau de aversão a risco ambiental que a fran-
cesa, no que concerne à exposição a risco nuclear, por exemplo. Somente
sabendo qual a preferência da sociedade, é possível afirmar se, em de-
terminadas condições específicas, a implantação de um projeto levará à
melhora ou à piora do bem-estar da sociedade.
15
De acordo com o Código Florestal Brasileiro, o empresário deve manter 20% de reserva legal e
áreas de preservação permanente (APP).
16
O conceito de externalidade e suas implicações econômicas são discutidos na segunda seção.
Tabela 1 | Componentes de custo e receitas produzidas por um projeto florestal*
Cultura: Eucalipto Produtividade: 245 m³/ha no 7º ano
Espaçamento: 3,0 m x 3,0 m = 1.111 plantas/ha
Sistema de produção: Áreas motomecanizáveis com alta tecnologia
Período Total
Itens de custo (R$) 1o ano 2o ano 3o ano 4o ao 6o ano 7o ano Quant. Valor
Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor
1. Insumos 1.493,12 13,20 6,60 13,20 6,60 1.532,72
Total insumos
Período Total
Itens de custo (R$) 1o ano 2o ano 3o ano 4o ao 6o ano 7o ano Quant. Valor
Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor
2. Serviços 1.267,50 1.10,00 110,00 330,00 6.120,00 7.937,50
Subtotal serviços
Fonte: BNDES.
*Baseado em um raio de 80 km entre o ponto de colheita e o local de entrega da madeira.
219
Meio Ambiente
220 As variáveis socioambientais citadas no enunciado do Exemplo 1 são
introduzidas e analisadas nos Exemplos 1.1 (Plantio com recuperação de
Metodologias e técnicas para análise ambiental...
Meio Ambiente
é mais fácil pela existência de direitos de propriedade e de mercado que
transaciona títulos certificados de emissões de carbono. Assim sendo, o
sequestro de carbono foi calculado multiplicando-se o fator de conver-
são de 105 toneladas equivalentes de carbono sequestrada por hectare
de plantio após 10 anos de crescimento florestal, de acordo com Lemos,
Vital e Pinto (2010), pelo preço do carbono cotado na Chicago Climate
Exchange (CCX).18 Assumiu-se entre US$ 7 e US$ 14 por tonelada de
carbono equivalente sequestrada.
Juntos, a melhoria do solo (R$ 247 por hectare) e o sequestro de car-
bono (R$ 1.500 por hectare) somariam cerca de R$ 1.747 por hectare após
10 anos, os quais, caso não precificados, distorceriam o valor da floresta
de eucalipto.
17
A quantidade estocada de carbono abaixo do solo, em raízes e outras formas de decomposição
fossilizada, costuma ser equivalente à quantidade estocada na parte superior das árvores [Lemos et
al. (2010)].
18
Para fins de cálculo de precificação de biodiversidade, pode-se, de forma equivalente, observar as
cotações apresentadas pela European Climate Exchange.
19
Para mais informações, ver Iniciativa BNDES Mata Atlântica, disponível em: <http:www.bndes.gov>.
222 Vale notar que estimar o preço do hectare de mata atlântica apenas pelo
custo de reposição certamente subestima o real preço (e valor) da floresta,
Metodologias e técnicas para análise ambiental...
Desfrute (%) 33 a 49
Meio Ambiente
Item Tempo (anos) Valor (R$)
Derruba e destoca 0 510,00
Aração e gradagem 0 292,50
Aplicação de corretivos e nutrientes 0 142,50
Plantio pastagem 0 112,50
Cerca elétrica 0 78,00
Saúde e nutrição do animal 1a4 94,80
Manutenção de pastagem 1a4 30,00
Mão de obra 1a4 1,44
Aquisição de animais 1a4 1.140,00
Aplicação de nutrientes 4 144,00
Fonte: Embrapa (2006).
*Esses números foram baseados em exercício para 1 hectare. No exemplo deste artigo, deve-se
multiplicá-los por 1.000.
20
Na Região Norte, a área que deve ser mantida com floresta é elevada. O Novo Código Florestal,
instituído em 1965, define os conceitos e tamanhos (MP 2.166-67/01) das áreas de preservação
permanente (APPs) e das reservas legais (RLs). Segundo o código, o tamanho equivale a, no mínimo,
80% da propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal.
21
Nesse caso, a visita ao parque é apenas um dos objetivos da viagem. Segundo exemplo de May,
Lustosa e Vinha (2003), identifica-se também a possibilidade de realização de compras em Ciudad
del Este (Paraguai), de visita à usina hidrelétrica de Itaipu Binacional e de participação em outros
eventos, tais como seminários, feiras e exposições.
Tabela 2 | Valor de uso recreativo anual do Parque Nacional do Iguaçu 225
(em US$)
Meio Ambiente
Média anual Brasileiros e Mercosul Estrangeiros não Total
visitantes1 Mercosul
485.678 316.697 802.375
Excedente Valor Excedente Valor
do de uso do de uso -
consumidor consumidor
Destino único sem
13,40 6.508.085 19,50 6.175.591 12.683.676
substituto
Destino único com
14,12 6.857.773 17,95 5.684.711 12.542.484
substitutos2
Destinos múltiplos3 39,24 19.058.004 30,68 9.716.263 28.774.267
Modelo básico 4
42,70 20.738.450 44,31 14.032.844 34.771.294
Fonte: Ortiz (2003).
1
Média anual de visitantes do PNI entre 1980 e 1998 (dados de bilheteria). Foram aplicados os
percentuais de visitas observados na pesquisa de campo, por grupo de turistas.
2
Considera turistas que visitaram apenas o PNI na viagem a Foz do Iguaçu.
3
Trata o problema dos destinos múltiplos.
4
Ignora o problema dos destinos múltiplos.
22
Além disso, a melhoria na alimentação faz com que o animal chegue na idade de abate em período
de tempo menor, reduzindo-se a quantidade de metano por quantidade de carne produzida.
226 emissões de metano. A introdução da nova dieta gera dois efeitos: em
primeiro lugar, observa-se elevação do custo de produção da carne, e,
Metodologias e técnicas para análise ambiental...
Meio Ambiente
tecnologia alimentar para redução de emissões de metano. Sendo assim,
busca-se explicitar o efeito sobre o lucro pela incorporação de externali-
dade em preço.
Y = Qc (x1, x2) = 3/2x11/2 + 1/2x21/2
c(x1, x2) = p1x1 + (p2+p3)x2
L(x1, x2) = pc(3/2x11/2 + 1/2x21/2) – p1x1 – (p2+p3)x2
23
Ver subseção “A análise microeconômica tradicional”.
228 definir grau de aversão da sociedade a danos ambientais ou a emissão de
particular tipo de gás.
Metodologias e técnicas para análise ambiental...
Equilíbrio da indústria A
A indústria A busca maximizar lucro produzindo-se QA, além de certa
quantidade de poluição que gera a redução de e(QA) sobre a produtividade
da oferta de peixes na região B. Suponha-se ainda que o rio tem capaci-
dade de suporte de recebimento de efluentes situada em entre QA = 100 e
QA - 200.
Quando a produção da indústria excede a capacidade de suporte do
rio, a produtividade do rio começa a diminuir até a capacidade máxima
de suporte, em que QA = 200. Nessa situação, a reprodução já não permite
a atividade de pesca.
24
São exemplos: (1) redução da produtividade florestal (ao se desmatar, reduz-se o capital natural
de cunho florestal, diminuindo as curvas de possibilidade de produção de toda a nação); (2) redução
da fertilidade da terra (e, portanto, da produtividade na agrícola) pela desertificação; e (3) poluição
(que aumenta problemas de saúde e reduz a produtividade da mão de obra).
A economia da região B 229
Meio Ambiente
hora de trabalho. A comunidade tem dez pescadores e a curva de oferta de
peixes é limitada pela produtividade natural máxima ou pela capacidade
de suporte do rio (suposta em 1.000 peixes por dia). A jornada é suposta
em oito horas diárias.
Como a receita da pesca é função do preço e do volume pescado,
reduções na população de peixes geram reduções no volume de pesca,
piorando-se o nível de renda da população da região a jusante afetada
pela poluição.
A solução de Pigou
A introdução de imposto sobre a quantidade gerada de efluentes leva-
ria a indústria A a reduzir sua produção, até que a geração de efluentes
dela não excedesse os limites de capacidade de suporte do rio (Figura 2 –
linha pontilhada).
800 1.000
200 3.000
3.000
Fonte: Elaboração própria.
Meio Ambiente
Preços 27,41 4,44
Demandas
Bens de luxo Alimentos
Grupo 1 9,122 56,250
Grupo 2 24,324 75,000
Grupo 3 82,095 168,750
116 300
Fonte: Elaboração própria.
Conclusão
A questão ambiental insere-se na análise econômica tradicional no
bojo do arcabouço da análise da “escola da escolha pública”. De modo
232 geral, a questão ambiental se transveste em um problema relacionado à
existência de externalidades (positivas e negativas) e/ou bens públicos.
Metodologias e técnicas para análise ambiental...
Meio Ambiente
desenvolverá, mas também da sociedade e da sustentabilidade dos ecos-
sistemas (e, consequentemente, de seus próprios sistemas econômicos,
no longo prazo).
Referências
A RROW K. J.; D EBREU , G. The Existence of an Equilibrium for a
Competitive Economy. Econometrica, v. XXII, 265-90, 1954.
ARROW, K. J. Social Choice and individual values. Nova York: Wiley, 1951.
ATIKSON, A. On the measurement of inequality. Faculty of Economics and
Politics, University of Cambridge, November 17, 1969.
AZEVEDO, A. L. V.; CARVALHO, P. G. M. Meio ambiente: o que vira caso
de polícia? Anais do VII Encontro da Sociedade Brasileira de Economia
Ecológica. Fortaleza, nov. 2007.
BAUMOL, W. J.; OATES, W. E. The Theory of Environmental Policies.
Cambridge: Cambridge University PresS, 1993.
BOULDING, K. The economics of the coming spaceship earth, 1966. Dis-
ponível em: <http://earthmind.net/earthmind/docs/boulding-1966.pdf>.
Acesso em: jun. 2011.
BRASIL. Lei de crimes ambientais. Lei 9.605/98. Brasília, 1998.
CASTRO, P. Ibama não recebe 99% das multas. Gazeta do Povo, 16 jul. 2010.
Disponível em: <www.gazetadopovo.com.br>. Acesso em: jun. 2011.
DALY, H. On economics as a life science. Journal of Political Economy,
76 (3) (May-Jun): 392-406, 1968.
EMBRAPA. Criação de bovinos de corte no estado do Pará, 2006. Dispo-
nível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/
BovinoCorte/BovinoCortePara/paginas/coeficientes.html>. Acesso em:
2 jun. 2010.
EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL. Criação de bovinos de corte no estado do
Pará. Sistemas de produção, n. 3, dez. 2006.
FAUSTMANN, M. The determination of the value which forest land and
immature stands possess for forestry, 1849, reimpresso em Gane M. (ed.).
Oxford Institute Paper 42, 1968.
234 INTERNATIONAL FINANCE CORPORATION. Procedure for environmental, and
social review of projects, Nova York, dez. 1998.
Metodologias e técnicas para análise ambiental...
Meio Ambiente
SOUSA, R. M. Externalidades. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa,
Instituto Superior de Economia e Gestão, 2000.
V INER J. (1931): Cost curves and Supply Curves: Zeitschrift fur
Nationaloknomie, 111, (1931-1), 23-46, In Baumol & Oates (1993).
WALRAS, L. Compêndio dos Elementos de Economia Política Pura. São
Paulo: Nova Cultural, 1988.
Metodologias e técnicas para análise ambiental...
236
Apêndice
Tabela 1 | Estrutura de custos de um plantio de eucalipto
Cultura: Eucalipto Produtividade: 245 m³/ha no 7º ano
Espaçamento: 3,0 m x 3,0 m = 1.111 plantas/ha Variedade: Urophylla grandis e Hibrido urograndis
Sistema de produção: Áreas motomecanizáveis com alta tecnologia
Fertilizantes
Continua
Continuação
Itens de custo Unidade Valor Período Total
unitário 1o ano 2o ano 3o ano 4o ano ao 6o ano 7o ano Quant. Valor
Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor
2. Serviços
Limpeza da área d/H 25,00 8 200,00 8 200,00
Marcação de linhas de plantio d/H 25,00 1,5 37,50 1,5 37,50
Marcação de covas d/H 25,00 1 25,00 1 25,00
Coveamento d/H 25,00 9 225,00 9 225,00
Transporte interno de insumos d/H 25,00 1,5 37,50 1,5 37,50
Calagem e adubação de cova d/H 25,00 4 100,00 4 100,00
Aplicação de herbicida pré-plantio d/H 35,00 1 35,00 1 35,00
Plantio e replantio d/H 25,00 8 200,00 8 200,00
Aplicação de gel d/H 25,00 1 25,00 1 25,00
Combate a formigas d/H 35,00 2 70,00 1 35,00 1 35,00 3 105,00 1 35,00 8 280,00
Aplicação de herbicidas aos 90 dias d/H 35,00 1,5 52,50 1,5 52,50
Aplicação de herbicidas aos 10 meses d/H 35,00 1 35,00 1 35,00
Capina manual de d/H 25,00 4 100,00 4 100,00
coroamento ou na linha
Construção/manutenção de aceiros d/H 25,00 5 125,00 3 75,00 3 75,00 9 225,00 20 500,00
Corte e toragem d/H 25,00 18 450,00 18 450,00
Baldeio d/H 25,00 23 575,00 23 575,00
Carregamento d/H 25,00 26 650,00 26 650,00
Transporte da colheita até o depósito* m3 18,00 245 4.410,00 245 4.410,00
Subtotal serviços R$ 1.267,50 110,00 110,00 330,00 6.120,00 7.937,50
Total R$ 2.760,62 123,20 116,60 343,20 6.126,60 9.470,22
Fonte: BNDES.
* Baseado em um raio de 80 km entre o ponto de colheita e o local de entrega da madeira.
237
Meio Ambiente
238 Tabela 2 | Fluxo de caixa de projeto pecuário
Período (anos) Custo acumulado Receita acumulada Saldo acumulado
Metodologias e técnicas para análise ambiental...