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5.1 – Generalidades
È interessante mencionar que alguns autores, como Einstein, por exemplo, são da
opinião de que não existe uma condição distinta para a caracterização do início do
movimento. Einstein não utiliza este conceito na análise do transporte sólido.
O método desenvolvido neste capítulo, conhecido como “critério de Shields”,
enquadra-se no segundo grupo. Trata-se de um método amplamente aceito e consagrado.
Outros exemplos de métodos pertencentes aos dois grupos supracitados são apresentados
no final do capítulo.
r r
Em 2.4.2, foram vistos os significados de F e G , de onde tirou-se a relação:
F ρ ⋅ v *2 v d
= ⋅ ΓF * (5.1)
G γ sd υ
onde:
ΓF - função de Re*
r
F - cresce com v*
r
G - o peso da partícula permanece constante
r r
R - a resultante cresce com F , sendo que a extremidade do vetor percorre a reta S’//S.
Se a extremidade do vetor R estiver entre os pontos de apoio A e B, o grão estará
em equilíbrio e não se movimentará.
Considerando-se que:
F G F sen(ψ + φ )
= → = (5.2)
sen(ψ + φ ) sen β G sen β
e que
Π
β = − (φ + ψ − θ ) (5.3)
2
a condição para início de movimento fica
F sen(ψ + φ )
≥ (5.4)
G cos(θ − (φ + ψ ))
onde:
ψ - ângulo de repouso, depende da geometria e forma.
φ- ângulo que depende inteiramente da geomeria do grão, e do meio ambiente em que este
repousa (ponto de contato)
θ- ângulo que depende da geometria e do número de Reynolds do grão Re*.
O ângulo φ, do ponto de contato pode definir a condição de equilíbrio instável
(figura 5.3.a) ou estável (figura 5.3.b)
Instável grão livre
Π
Se α r < 0 φ < −ψ
2
A partícula rolará.
5.3 – Caracterização do início de movimento com o uso de adimensionais
A esta relação denomina-se função de Shields, por ter sido este o pesquisador, que
pela primeira vez, em 1936, apresentou este tipo de relação com dados experimentais. A
curva representada na figura 5.5, foi obtida por Yalin (1977), com diversos tipos de
materiais.
Neste caso, a viscosidade µ deixa de ser uma grandeza característica. Desde que µ
está presente somente em Re*cr, isso significa que a sua exclusão implica também na
exclusão de Re*cr. Portanto:
τ *cr = φ b (Re *cr ) = const (b) (5.11)
No caso de material uniforme, é válido dizer que ks≈2d, a influência da rugosidade
ks desaparece nos casos em que o regime é laminar ou turbulento liso, enquando que a
influência de µ desaparece quando o escoamento é turbulento rugoso. De acordo com isso,
pode-se limitar estes valores “pequenos” em Re*cr <5/2 =2,5 para os regimes laminar e
turbulento liso e “grandes” em Re*cr >70/2=35 para o regime turbulento rugoso
v d v ks
(Re*cr = * = * ).
υ 2υ
No caso particular do gráfico de Shields, obtido por Yalin (1977) a partir de dados
experimentais, pode-se observar na figura 5.5 que a reta decrescente para pequenos valores
de Re*cr está limitada pelo valor 1,5 < 2,5, com a constante const(a) = 0,1.
Para os “grandes” valores de Re*cr, a constante é τ *cr = const b ≅0,05, limitada
inferiormente em Re*cr≅100.
A utilização direta do gráfico de Shields apresenta o inconveniente de obrigar a
resolução por meio de aproximações sucessivas. Este inconveniente pode ser eliminado,
introduzindo-se o adimensional R’e*cr:
Re 2 *cr γ s d 3
R ' e*cr = = (5.12)
τ *cr ρ ⋅υ
ou
Re *cr = Re'* τ *cr (5.13)
τ *cr = φ (Re *cr ) = φ ( R' e*cr ⋅ τ *cr ) = φ * ( R' e*cr ) (5.14)
onde φ * ( R' e*cr ) é uma função transformada de
φ ( R' e*cr ⋅ τ *cr )
Esta função é apresentada na figura 5.6, e permite o cálculo direto sem iterações.
5.5 – Critério de utilização da velocidade crítica, para a caracterização do início de
movimento
Inúmeras outras formulações deram seqüência a esta, nos anos que se seguiram, sem
contudo apresentarem grandes mudanças, em especial no tocante à sua forma.
Num trabalho realizado em 1950, Schoklilsch realizou um grande número de dados,
e propôs que fossem utilizadas duas equações de tensão crítica, que estão representadas na
figura 5.8. Para d > 6,0 mm:
τocr = 0,076 γ’s.d (kg/m2) (5.17)
ou
τ*cr = 0,076 (5.18)
para 0,1 mm< d< 3,0 mm
τ*cr=0,000285.d-2/3 (5.20)
As equações 5.18 e 5.20 foram desenvolvidas por Krey e Schoklitsch,
respectivamente.
É interessante observar a semelhança entre a forma da figura 5.8 e do diagrama de
Shields, figura 5.5.