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Como ser sábio a respeito da liberdade

cristã
Referência: 1 CORÍNTIOS 10:1 -33

INTRODUÇÃO

Desde o capítulo oito o apóstolo Paulo vem tratando da questão da liberdade cristã. No
capítulo oito ele mostrou que o conhecimento deve ser balanceado com o amor. No
capítulo nove, Paulo cita o seu exemplo para mostrar de forma positiva como ele usou
sua liberdade cristã. Mesmo tendo o direito de receber o sustento financeiro da igreja,
ele abriu mão desse sustento por amor ao evangelho, por amor aos pecadores e por amor
a si mesmo. Agora, no capítulo dez o apóstolo vai citar um exemplo negativo da
liberdade cristã, que é o exemplo de Israel.

I. EXPERIÊNCIA DEVE SER BALANCEADA COM A PRECAUÇÃO – V. 1-22

O apóstolo Paulo adverte sobre o grande perigo de auto-confiança (1012). Paulo usou a
nação de Israel como exemplo para advertir os crente de Corinto que eles deveriam
conjugar a experiência com a precaução. Paulo faz três advertências básicas:

Paulo adverte que privilégios não são garantia de sucesso – v. 1-4

O povo de Israel recebeu muitas bênçãos do Senhor: proteção, orientação, sustento,


perdão. Mas, a despeito desses privilégios o povo pecou contra Deus e pereceu no
deserto.

Israel tinha sido libertado do Egito pelo poder de Deus da mesma forma que os crentes
têm sido redimidos do pecado (5:7-8). A Páscoa é um símbolo da cruz.

O povo de Israel tinha se identificado com Moisés no Mar Vermelho (batismo) da


mesma forma que os cristãos tinham se identificado com Cristo pelo batismo.

O povo de Israel comeu e bebeu alimentos espirituais e sobrenaturais do mesmo jeito


que os cristãos se alimentam do corpo e do sangue de Cristo na Santa Ceia (João
6:63,68; 7:37-39). Tanto Israel quanto a igreja haviam experimentado dois sacramentos
profundamente significativos: ser batizado numa demonstração de lealdade ao guia
designado por Deus; e ser regularmente nutrido com alimento e bebida “sobrenaturais”.

Contudo, esses privilégios não pouparam Israel de cair em pecado. O grande problema
foi a exagerada auto-confiança. Eles caíram porque confiaram que eram fortes.

Paulo adverte que um bom início não é garantia de um final feliz – v. 5-12

2.1. Os pecados
Aquela geração que saiu do Egito viu grandes milagres. Foi o povo que mais viu os
prodígios de Deus, mas de toda aquela multidão que saiu do Egito, apenas dois homens
entraram na Terra Prometida. Os demais ficaram prostrados no deserto (Número 24:26).

Os crentes de Corinto estavam cometendo os mesmos pecados que levaram o povo de


Israel a ficar prostrado no deserto: 1) Cobiça (10:6); 2) Idolatria (10:7) – Êxodo 32; 3)
Imoralidade (10:8) – Números 11:4ss; 4) Por Deus à prova (10:9); 5) murmuração
contra Deus (10:10; 2 Coríntios 12:20-21). Paulo certamente estava se lembrando de
alguns acontecimentos ocorridos com o povo no deserto: o bezerro de ouro, o anseio
pelas comidas do Egito, a imoralidade geral com as filhas dos moabitas e a história da
serpente de bronze.

Estes tipos de pecados eram tão sérios que alguns morreram por causa deles (1
Coríntios 11:29-31), e que aqueles que neles permanecerem não entrarão na Terra
Prometida. Paulo não está falando da perda da salvação, mas na desqualificação (9:27),
na desaprovação de Deus que lhes impossibilitaria de receber qualquer recompensa.

Os pecados da igreja são mais sérios do que os pecados dos israelitas que estavam sob a
lei: primeiro, porque temos o exemplo deles para nos advertir; segundo, porque estamos
debaixo da graça.

2.2. O castigo

As consequências do pecado de Israel são resumidas em três frases dramáticas e


trágicas: ficaram prostrados (v. 5); caíram (v. 8); foram destruídos pelo exterminador (v.
9-10).

Paulo diz que as mesmas causas que levaram o povo de Israel a cair derrubam os crentes
hoje. Esses fatos foram registrados para a nossa advertência (10:11).

2.3. A advertência

Paulo adverte sobre o perigo da superespiritualidade (10:12).

Na vida passamos por tentações peirasmos (prova). Mas as provas estão sob o controle
de Deus. Deus mesmo provê o livramento ekhasis (êxodo).

Paulo adverte que Deus pode capacitar-nos para vencermos as tentações se nós
permanecermos firmes na sua Palavra – v. 13-22

Deus permite que sejamos tentados (provados), porque ele sabe até quando podemos
suportar. Deus é fiel. Ele já passou por esse caminho em Jesus e ele sempre provê
livramento e um caminho de escape quando nele confiamos (10:13).

Paulo fala três coisas sobre as tentações ou provas no verso 13: Primeiro, A tentação ou
prova é um fato para todos. Segundo, As tentações que nos sobrevem não são únicas.
Outras pessoas já passaram por elas. Terceiro, Deus sempre provê uma saída para a
tentação.
Paulo já tinha advertido os crentes de Corinto a fugirem da fornicação (6:18). Agora ele
os adverte a fugirem da idolatria (10:14). Ele explica porque: o ídolo de si mesmo é
nada, mas ele pode ser usado por Satanás para levar você ao pecado. Idolatria é
demoníaca (Deuteronômio 32:17; Salmo 106:37). Sentar-se à mesa do ídolo significa
ter comunhão com os demônios. Paulo está novamente enfatizando a necessidade da
separação do pecado (2 Coríntios 6:14-7:1).

Paulo usou a Ceia do Senhor como ilustração. Quando o crente participa do pão e do
vinho ele está mantendo comunhão com o corpo e com o sangue de Cristo. Através da
recordação da morte de Cristo, o crente entra em comunhão com o Cristo ressurreto. A
aplicação é clara: Um crente não pode se tornar participante da comida do Senhor
(sacrifícios no VT e ceia no NT) e da comida dos demônios (a mesa dos ídolos) sem
expor a si mesmo a grande perigo e sem provocar o Senhor (10:18).

Todos os que participam do cálice da bênção na celebração da ceia (10:16), participam


dos resultados da morte expiatória de Cristo. Calvino disse que a alma tem uma
comunhão tão verdadeira no sangue, quanto o vinho em contato com a boca. Mas quem
participa da mesa de ídolos oferece seus sacrifícios aos demônios (10:20), estão
associados aos demônios (10:20), bebem o cálice dos demônios (10:21) e participam da
mesa dos demônios (10:21) e como resultado, participam das maldições de tal
comunhão. Portanto, se um cristão envolve-se em festas idólatras, está expondo a si
mesmo e a comunidade cristã aos demônios (10:21).

É um grande perigo se julgar um crente forte para participar da mesa do ídolo sem se
contaminar. Você pode se considerar mais forte que os crentes fracos, mas é você mais
forte do que Deus? É arriscado brincar com o pecado e tentar a Deus. Esse contato com
as forças demoníacas provoca zelos no Senhor, ou seja, provoca a sua ira (10:22).

O conselho de Paulo é categórico: Fugi da idolatria (10:14).

II. LIBERDADE DEVE SER BALANCEADA COM RESPONSABILIDADE – V. 23-


33

Em momento algum Paulo negou a liberdade do crente maduro para desfrutar dos seus
privilégios em Cristo. Mas Paulo diz: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas
convêm” (6:12). Todas as coisas são lícitas, ms algumas atividades podem causar
tropeço para os irmãos mais fracos (8:11-13). O que Paulo está dizendo é que é uma
marca de maturidade quando balanceamos nossa liberdade com a responsabilidade. Do
contrário, nossa liberdade torna-se anarquia. Paulo fala sobre três tipos de
responsabilidade do crente:

Nós temos responsabilidade com os nossos irmãos na igreja – v. 23-30

a. Nós temos a responsabilidade de edificar nossos irmãos na fé e procurar o bem deles.


Filipenses 2:1-4 dá a mesma admoestação. A nossa liberdade em Cristo não nos dá o
direito de ferirmos os nossos irmãos.

Paulo fala que comer carne é um assunto amoral. Porém, em três circunstâncias comer
carne poderia se tornar um ato prejudicial à consciênicas dos irmãos mais fracos: 1)
Comer carne no templo do ídolo (8:10); 2) Comer carne vinda do mercado, sabendo que
a mesma era sacrificada ao ídolo (10:25); 3) Comer carne na casa de um amigo, sabendo
que a carne era sacrificada ao ídolo (10:27-28). Pecar contra um irmão é o mesmo que
pecar contra Cristo (8:12).

Nós temos responsabilidade de glorificar a Deus em todas as coisas – v. 31

a. Por que eu não poderia desfrutar gostosamente da comida que eu dou graças? Por que
minha liberdade seria limitada pela consciência do irmão mais fraco? A resposta de
Paulo é que não podemos glorificar a Deus sendo um tropeço para os nossos irmãos.
Não temos o direito de usar nossa liberdade cristã, se em nome dela, estamos ferindo a
comunhão fraternal.

Nós temos a responsabilidade de procurar ganhar os perdidos – v. 32-33

Nós não apenas não podemos ser impedimento para os gentios, para os judeus e para os
cristãos, mas também devemos lutar para ganhar os perdidos para Cristo. Nós não
devemos viver para satisfazer os nossos próprios interesses, mas buscar o interesse e a
salvação dos outros (10:32-33).

Quando Paulo diz que ele procurava “em tudo, ser agradável a todos”, ele não está
querendo dizer que ele vive para agradar as pessoas em vez de a Cristo (Gálatas 1:10).
Ele está afirmando o fato de que sua vida e ministério estão centrados no propósito de
ajudar outros em vez de promover a si mesmo e satisfazer os seus próprios desejos.

CONCLUSÃO:

Como temos usado nossa liberdade cristã? TODAS AS COISAS ME SÃO LÍCITAS,
MAS…
1) Elas me levarão à liberdade ou à escravidão (6:12)?
2) Elas me faraão uma pedra de tropeço ou uma pedra de passagem (8:13)?
3) Elas irão me edificar ou destruir (10:23)?
4) Elas irão apenas me agradar ou irão glorificar a Deus (10:31)?
5) Elas irão ajudar a ganhar os perdidos para Cristo ou afastá-los dele (10:33)?

Paulo encerra esta sessão sobre liberdade cristã, dando algumas orientações positivas:
1) Façam tudo para a glória de Deus (10:31) – não para determinar a minha liberdade;
2) Procurem em tudo serem agradáveis a todos (10:33) – sem reclamar os meus direitos;
3) Busquem o interesse de muitos (10:33) – não o meu bem-estar ou a minha satisfação
pessoal;
4) Busquem a salvação de muitos (10:33) – sem ficar preocupado com a minha salvação
pessoal;
5) Sejam imitadores de Cristo (11:1) – sem promover a minha reputação.

Isso é liberdade cristã: livrar-se de si mesmo para glorificar a Deus, tornando-se


semelhante a Cristo.

Rev. Hernandes Dias Lopes.

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