Analisando-se os autos verifica-se que a embarcação utilizada pelo
vitimado era um caiaque tipo trimarã, empregado em esporte e recreio, não sendo necessária sua inscrição pela Autoridade Marítima, bem como habilitação para conduzi-la. Um caiaque, que trata-se de equipamento para proporcionar lazer individual em praias, não está classificado como embarcação, de acordo com a definição contida na Lei n° 2.180/54 e nas Normas da Autoridade Marítima. Assemelha-se ao kite-surf, stand up paddle e tantos outros equipamentos para o lazer em praias e destinados à prática de esportes radicais. Na verdade, como em seu depoimento, o ora Representado, montou o caiaque, com suas velas e mastros e pôs-se a navegar, não se tratava, portanto, de um veleiro, que é uma embarcação construída por estaleiro, em série ou não, e dotada de velas e motorização, e deslocamento muito superior ao de um caiaque, até porque esta embarcação permitia não só a sua montagem como também desmontagem na praia. Por não se enquadrar o referido caiaque como um artefato de habitual locomoção, eis que eventualmente, o seu proprietário o coloca para navegar somente em ocasiões de deleite especial, esta embarcação tipo caiaque não se enquadra na definição contida no art. 11, e por isso o Tribunal Marítimo não exerce jurisdição sobre ela, sendo assim incompetente para julgar o fato da navegação em apreço.
GERALDO DE ALMEIDA PADILHA
Juiz Relator
Assinado de forma digital por COMANDO DA MARINHA
DN: c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA MARINHA Dados: 2018.11.26 14:55:58 -02'00'