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agir de Deus
teologiacarismatica.com.br/1a-corintios-1420-25-profecia-e-linguas-como-sinais-do-agir-de-deus
26 de setembro de 2016
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F. Bruce diz que a profecia é para crentes “no sentido de que produz
crentes”, fazendo com que a passagem inteira, na realidade, fale sobre
descrentes. H. Conzelmann acrescenta à explícita declaração de Paulo
sobre línguas como um sinal para descrentes sua própria convicção de
que línguas também são um sinal para crentes. C. K. Barrett, por sua
vez, enxerga línguas e (o abuso coríntio delas) profecia como sinais de
juízo, enquanto R. Lenski diz que ali “nós vemos Deus usando dois
sinais: um de julgamento para descrentes e um de graça para crentes.”
“Faça com que o sentido de Deus não tenha sentido, e obterá seu
preenchimento desde a Assíria.” Neste ponto de vista, os vv. 9-10
simplesmente funcionam como prólogo para introduzir os vv. 11-13,
cujo significado é o mesmo. Assim, as “outras línguas” em Isaías 28.11
são a predição do profeta acerca do discurso estrangeiro que o Senhor
traria aos samaritanos como forma de punição.
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2. O uso de Isaías 28.11 por Paulo
Paulo compreende muito bem que quando Deus fala numa língua
incompreensível, é uma forma de punição pela incredulidade. Um
discurso incompreensível não guiará, mas confundirá e levará à
destruição. Esta é uma das últimas repreensões, contudo nenhuma
destas produziu o arrependimento e a obediência desejados (“Nem
mesmo nesse caso me obedecerão”). Então Derek Kidner, comentando
Isaías 28, pode dizer: “A citação do verso 11 em 1Co 14.21 é, desta
forma, uma lembrança, verdadeira neste contexto, de que línguas
estranhas não são uma saudação divina a uma congregação crente,
mas sua repreensão a uma congregação obstinadamente incrédula.”
(ii) Nesta visão, a partícula δὲ tem uma função adversativa muito clara,
e as duas condições formam um balanço simétrico de ideias iguais,
mas contrastantes. Com a grande visão alternativa, compreendendo os
dativos como simples dativos de vantagem sem um εἰς σημεῖόν
elíptico, as sentenças lidam com dois temas bastante distintos: na
primeira parte, Paulo discute sinais, no entanto, na parte dois, discute os
beneficiários mais adequados de um dom particular. (Então a KJV
traduz “Desse modo, as línguas são um sinal, não para os crentes, mas
para os incrédulos. A profecia, entretanto, não é um sinal para os não
crentes, mas para todos os cristãos.”, enquanto a NEB traduz:
“Claramente, então estas “línguas estranhas” não pretendem ser um
sinal para os crentes, mas para os incrédulos, ao passo que a profecia
não se destina para os incrédulos, mas para os que seguem a fé.”)
(iii) Dizer que a profecia (KJV e NEB) é projetada para crentes e não
para descrentes, não explica adequadamente o “Por essa razão” com o
qual Paulo introduz os vv. 23-25. Nestes versículos Paulo argumenta
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especificamente que a profecia tem uma função positiva para os
descrentes, mas esta leitura faz o argumento de Paulo se tornar o
seguinte:
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elas. Portanto, ἀπίστος no v. 22 deve referir-se a descrentes em geral,
ainda que o exemplo especifico no v. 21 lide com descrentes
endurecidos em particular.
Esta parece ser uma resposta muito apropriada, pois são apenas
línguas incompreensíveis que têm esta função negativa em direção a
descrentes, tanto em Is 28.11 e em 1Co 14.23. Quando um discurso em
línguas é interpretado, não é mais incompreensível e não mantém mais
esta ameaçadora função de sinal.
É por isto que é a profecia (em vez de um outro dom) que Paulo chama
de “sinal para crentes.” A distinção da profecia é que esta deve ser
baseada em uma revelação (1Co 14.29), e uma revelação
(ἀποκαλυφις) como ela funciona na profecia é sempre algo que,
segundo Paulo, vem espontaneamente (como em 1Co 14.29) e
procede unicamente da parte de Deus. Onde está a profecia, está
então, um inconfundível sinal ou indicação da presença e benção de
Deus na congregação — é um “sinal para crentes” — e até mesmo um
visitante de fora conseguirá reconhecer isto. (Grifo do editor)
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Se a análise anterior está correta, 1Co 14.20-25 pode ser entendida
como uma razoável e consistente declaração de Paulo: Línguas não
interpretadas são um sinal para descrentes, que denunciam o
desprazer de Deus e seu iminente julgamento (vv. 21-22a); e Paulo, não
querendo que os Corintios dessem aos descrentes este sinal,
desencoraja o infantil (v.20) uso das línguas não interpretadas na
reunião da igreja de Corinto (v.23). Profecia, no entanto, é um claro sinal
da presença e benção de Deus com e sobre os crentes (v. 22b), e assim
Paulo naturalmente encoraja seu uso quando descrentes estão
presentes, de forma que eles vejam este sinal e assim cheguem à fé
Cristã (vv. 24-25).
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