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Geoturismo: Conceptualização,
Implementação e Exemplo de Aplicação ao
Vale do Rio Douro no Sector Porto-Pinhão
Outiubro de 2005
Escola de Ciências
Geoturismo: Conceptualização,
Implementação e Exemplo de Aplicação ao
Vale do Rio Douro no Sector Porto-Pinhão
Outubro de 2005
Agradecimentos
Este trabalho foi realizado com o apoio e a ajuda de várias pessoas, algumas das quais
merecem especial destaque e a quem quero expressar a minha gratidão.
Ao Professor Diamantino Ínsua Pereira quero deixar aqui expresso o meu muito obrigado, pelo
acompanhamento prestado desde o início, pela disponibilidade demonstrada, pela sua
paciência, pelos seus ensinamentos, pela sua leitura crítica, pelas correcções, pelas suas
sugestões, concedendo-me sempre a liberdade necessária para eu expôr as minhas ideias e
opiniões, pela simpatia e boa disposição. Quero também agradecer o encorajamento dado ao
longo destes dois anos.
Ao Professor José Brilha quero agradecer o facto de me ter facultado material de apoio,
nomeadamente sobre a temática do património geológico e do geoturismo, sempre que o
solicitei para tal.
Ao Professor Espinha Marques o meu agradecimento por ter-me enviado artigos sobre o seu
trabalho em Caldas do Moledo, bem como pela disponibilidade demonstrada para esclarecer as
minhas dúvidas.
À Professora Graciete Dias agradeço os artigos que me facultou sobre os granitóides.
Ao Paulo pelo seu incentivo e pelos seus ensinamentos sobre o Photoshop.
Aos operadores turísticos Douro Acima e Via D`Ouro que me ofereceram cruzeiros no rio
Douro para que fosse possível realizar o guia geoturístico que apresento.
Aos meus pais e à minha irmã, o meu especial agradecimento, não só pelo incentivo, mas
também pela sua compreensão e apoio nos momentos mais difíceis.
Para o Rui Silva o meu profundo agradecimento por todos os momentos em que disponibilizou
o seu tempo para me ajudar nas mais variadas tarefas, por me ter substituído em actividades da
minha responsabilidade e pelo seu incentivo incondicional.
Para os meus amigos, o meu obrigado pelo incentivo, apoio e compreensão em todos os
momentos.
A todos aqueles, que apesar de aqui não serem citados, contribuíram de alguma forma para
a realização deste trabalho, o meu sentido agradecimento.
iii
Geoturismo: conceptualização, implementação e exemplo de
aplicação ao vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
Resumo
A área abrangida pela presente dissertação está enquadrada na região do vale do rio Douro,
no sector Porto-Pinhão. Pretende-se com a abordagem da geologia deste sector e da
temática do geoturismo a valorização geoturística da sua geodiversidade e do seu Património
Geológico. Com a crescente preocupação da preservação da natureza surgiu o conceito de
desenvolvimento sustentável, que deve ser considerado em todas as actividades humanas,
incluindo o turismo. O sector do turismo, muitas vezes apontado como prejudicial para a
natureza de diversas regiões, deve operacionalizar o conceito de sustentabilidade em todas as
suas actividades, contribuindo assim para um desenvolvimento sustentável global. O interesse
crescente dos turistas pela realização de actividades ao ar livre ou pela mera contemplação
da natureza contribuiu para o aparecimento do turismo baseado na natureza. O ecoturismo,
uma das modalidades do turismo da natureza, integra o geoturismo, que surge assim como
uma actividade importante na conservação, valorização e divulgação do Património
Geológico, parte integrante do Património Natural. O geoturismo é uma forma de turismo
sustentável que pode contribuir para o desenvolvimento económico de muitas regiões,
respeitando os critérios de sustentabilidade. O vale do rio Douro proporciona uma paisagem
única e grandiosa que milhares de turistas contemplam anualmente através da realização de
cruzeiros fluviais com duração variável, dependendo do percurso que é efectuado, bem como
das múltiplas actividades complementares que são propostas aos turistas, para além da mera
viagem de barco. Ao longo do seu vale, muitos são os aspectos geológicos que contribuem
para a singularidade da paisagem. No seguimento deste pressuposto caracteriza-se a geologia
do vale do rio Douro, no sector Porto-Pinhão. É apresentada uma descrição da estratigrafia e
das litologias que afloram no sector referido, cuja idade vai desde o Précâmbrico/Câmbrico
até ao Carbonífero e do Pliocénico ao Holocénico. Os recursos minerais, como as minas de
ouro e as águas termais, e energéticos, como as minas de carvão e as barragens, são também
aspectos geológicos de destaque nesta região. É feita a aplicação do conhecimento
geológico da região através da apresentação de uma proposta de guia geoturístico do
percurso fluvial Porto-Pinhão. Neste guia faz-se referência aos aspectos geológicos mais
relevantes, bem como à cultura e história da região duriense, através de um conjunto de
pontos de interesse desde a cidade do Porto à vila ribeirinha do Pinhão.
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Geotourism: concept, implementation and application example
to Douro river valley in the Porto-Pinhão sector
Abstract
keywords: Douro river, sustainable development, sustainable tourism, tourism of the nature,
ecotourism, geological heritage, geotourism, fluvial cruises, geology, geotouristic guide.
The area included by the present work is integrated in the area of the valley of the Douro river, in
the sector Porto-Pinhão. With the approach of the geology of this sector and of the theme of the
geotourism this work aims to contribute for the geotouristic valorization of his geodiversity and
Geological Heritage. With to growing concern of the preservation of the nature the concept of
sustainable development appeared that it should be considered in all of the human activities,
including the tourism. The sector of the tourism, a lot of times appeared as responsible by the
destruction of the nature in several areas, should put in action the sustainability concept in all
their actividades, contributing like this to a global sustainable development. The tourists growing
interest for the outdoor activities or for the pure contemplation of the nature contributed to the
appearance of the tourism based on the nature. The ecotourism, one of the modalities of the
tourism of the nature, integrates the geotourism, that appears as an important tool in the
conservation, valorization and popularization of the Geological Heritage, integral part of the
Natural Heritage. The geotourism is a form of sustainable tourism that can contribute to the
economic development of a lot of areas, respecting the sustainability criteria. The Douro valley
provides an only and magnificent landscape that thousands of tourists annually contemplate
through the fluvial cruises, whose duration is variable, depending on the boat that realize them,
as well as of the multiple complemental activities that are proposed to the tourists, for besides
the mere boat trip. Along Douro valley, there are many geological aspects that contribute to
the singularity of the landscape. Continuing this presupposition the geology of the valley of the
Douro river is characterized, in the sector Porto-Pinhão, referring the stratigraphy of this sector. It is
presented a description of the litologies that exist in the referred sector, whose age is going from
Precambrian/Cambrian to the Carboniferous and of Pliocene to Holocece. For besides the
litologies, the mineral resources, as the gold mines and the thermal waters, and energy, as the
coal mines and the dams, are relevant geological aspects in this area. It is made the application
of the geological knowledge of the area through the presentation of a proposal of geotouristic
guide of the fluvial course Porto-Pinhão. In this guide, is made reference to the more relevant
geological aspects, as well as to the culture and history of the Douro region, through a group of
points of interest from the city of Porto to the riverine town of Pinhão.
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Índice Geral
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3.4 Modelo evolutivo no contexto dos Ciclos Varisco e Alpino ..................................................................
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3.4.1 Deposição e evolução do Grupo do Douro ................................................................................
90
3.4.2 A bacia no Paleozóico inferior ........................................................................................................
91
3.4.3 A tectónica varisca ..........................................................................................................................
92
3.4.4 A génese e evolução da Bacia Carbonífera do Douro (BCD) e
a instalação de granitóides sin D3 ..................................................................................................
93
3.4.5 A evolução Meso-Cenozóica .........................................................................................................
94
98
4.1 Introdução ....................................................................................................................................................
4.2 Recursos minerais .......................................................................................................................................
98
4.2.1 Ouro ...................................................................................................................................................
98
4.2.2 Termas ................................................................................................................................................
100
4.3 Recursos energéticos ..................................................................................................................................
103
4.3.1 Carvão ...............................................................................................................................................
103
4.3.2 Aproveitamentos hidroeléctricos ...................................................................................................
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Bibliografia ............................................................................................................................
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Eugénia Araújo Cap. I - Introdução
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Eugénia Araújo Cap. I - Introdução
No quinto capítulo é feita uma breve referência às cheias do rio Douro, fenómeno
que afecta frequentemente a população ribeirinha.
No sexto capítulo é apresentada uma proposta de guia geoturístico, onde são
apresentados vários pontos de interesse não só geológicos, mas também culturais e
históricos, no percurso fluvial Porto-Pinhão.
No sétimo e último capítulo são feitas algumas considerações finais, sendo
apresentadas conclusões e sugestões para futuros trabalhos.
A região do vale do rio Douro caracteriza-se por ser uma região com um baixo
nível de desenvolvimento, apesar da constante referência ao seu forte potencial
económico. O reduzido investimento público dificulta a valorização e divulgação da
riqueza do património natural, cultural e histórico que possui. Reconhecidas as suas
potencialidades turísticas, o turismo surge como a actividade económica capaz de
impulsionar o desenvolvimento económico, social e cultural da região do Douro. Uma
das actividades turísticas que mais tem crescido nos últimos anos são os cruzeiros
fluviais. Estes cruzeiros, apresentando várias modalidades e sendo realizados em vários
tipos de embarcações, trazem para a região muitos turistas. No entanto, os cruzeiros
potenciam outras actividades, a sua maioria relacionadas com a viticultura, como as
visitas às quintas e a prova de vinhos. De uma forma geral, o turismo que se
desenvolve na região está direccionado para a história secular da cultura da vinha e
para os vinhos de grande qualidade que aí são produzidos.
No entanto, a geologia e a geomorfologia são igualmente aspectos de grande
relevância nesta região, tendo um papel essencial na beleza e atractividade turística
da paisagem duriense. Na ausência de documentação de suporte no âmbito da
Geologia constatada na realização dos cruzeiros fluviais, elaborou-se um guia do
percurso fluvial Porto-Pinhão em que são abordados os aspectos geológicos mais
importantes, integrando-os sempre que possível com a história e cultura dos locais. A
abordagem da geologia nos cruzeiros no rio Douro contribuirá para aumentar a
qualidade e o interesse deste produto turístico bem como para uma maior satisfação
dos turistas, na medida em que lhes é proporcionada uma experiência mais
enriquecedora. A região do Douro apresenta potencialidades para que o geoturismo
possa constituir uma nova vertente turística, constituindo uma opção alternativa viável
ou explorando a sua associação com o turismo direccionado sobretudo ao produto
Vinho do Porto.
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Eugénia Araújo Cap. I - Introdução
Neste trabalho pretende-se, numa primeira fase, que sejam atingidos os seguintes
objectivos:
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Eugénia Araújo Cap. I - Introdução
necessidades e desejos dos turistas, assim como dos que trabalham nesta actividade
turística.
A informação a disponibilizar ao público foi dividida em três níveis: o primeiro nível
que ocupa a página frontal em cada ponto de interesse; o segundo nível que se
encontra no verso da folha nos pontos de interesse em que tal foi considerado
necessário; o terceiro nível de informação, mais detalhado, pode ser encontrado nos
restantes capítulos do presente trabalho, nomeadamente nos terceiro, quarto e quinto
capítulos.
Na elaboração do guia procuramos utilizar uma linguagem acessível, passível de
ser compreendida por quem tem uma reduzida cultura geológica e em introduzir,
sempre que possível, imagens, gráficos ou esquemas ilustrativos que auxiliassem na
compreensão da informação transmitida.
Numa segunda fase, com o guia quase terminado, a realização de mais um
cruzeiro serviu para testar na prática a sua aplicação, para posteriormente fazer os
ajustamentos necessários, nomeadamente no que diz respeito ao volume de
informação fornecida, verificando se era ajustado ao tempo que separa pontos de
interesse consecutivos.
Adicionalmente aos cruzeiros fluviais, realizaram-se saídas de campo pelas
margens do rio Douro, com o objectivo de conhecer e observar com o pormenor que
não é possível a quem viaja de barco, as litologias que afloram nas duas margens.
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Eugénia Araújo Cap. I - Introdução
Introdução
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Eugénia Araújo Cap. I - Introdução
Ém território português a BHD é delimitada a norte pelas bacias do rio Leça, Ave, e
Cávado e a Sul pelas bacias dos rios Tejo, Mondego e Vouga (Figura 2).
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Eugénia Araújo Cap. I - Introdução
Geologia
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Geomorfologia
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Eugénia Araújo Cap. I - Introdução
O carácter encaixado do rio Douro nesta região justifica o reduzido registo sedimentar
quaternário, evacuado em sucessivos ciclos de encaixe, ocorrendo associado às
apertadas curvaturas, controladas por alinhamentos tectónicos (Pereira et al., 2000). O
perfil tranversal do rio e das vertentes sofre algumas alterações devido à natureza e
resistência diferencial das litologias. O profundo encaixe no Douro Internacional, onde
dominam os granitos, contrastam com o vale mais aberto e vertentes menos
inclinadas nas zonas onde predominam as unidades metasedimentares do Grupo do
Douro (Figura 5).
A maioria da área da BHPD, 63239 Km2 , o que equivale a 65% da área total,
encontra-se compreendida entre as cotas de 600 e 1000m, correspondendo à parte
central da bacia. Cerca de 22252 Km2 (23%), encontra-se entre os 1000 e os 1600m,
correspondente aos limites Norte, Sul e Oeste da bacia (Figura 6). A altitude média é
de 891m (PBHD, 1999).
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Eugénia Araújo Cap. I - Introdução
O rio Douro corre a cerca de 115 m de altitude em Barca de Alva, a 200 Km da foz,
e o desnível entre a peneplanície e o fundo de alguns vales chega a atingir, em alguns
casos, 300 a 400 m (Ferreira, 1981). A sul e a norte do rio Douro existem elevações com
mais de 1000 m de altitude, como as Serras do Marão, do Alvão, do Barroso-Cabreira,
da Nogueira, de Bornes, do Larouco e do Montesinho, a norte, e as Serras de
Montemuro e de Arada, a sul.
Clima
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Eugénia Araújo Cap. I - Introdução
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Eugénia Araújo Cap. I - Introdução
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Capítulo II
Conceptualização e implementação do
Geoturismo
Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
Turismo
Ecoturismo Vida selvagem Campismo
aventura
Para além dos quatro nichos de mercado identificados no turismo da natureza por
Eagles (1995a), outras sugestões são apresentadas, como a subdivisão deste tipo de
turismo em apenas dois nichos de mercado, sendo eles o ecoturismo e o turismo de
aventura (Figura 11). Nesta perspectiva, o ecoturismo, bem como o turismo de
aventura, são submercados do turismo da natureza, embora só o ecoturismo
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
estabeleça ligações com o turismo rural e cultural, o que não sucede com o turismo
de aventura (Wood, 2002). Utilizando, tal como Eagles (1995a), o critério da motivação
na distinção dos nichos de mercado enquadrados no turismo da natureza, Wood
(2002) refere que enquanto no ecoturismo a principal motivação é a observação e
apreciação dos elementos naturais e culturais, no turismo de aventura é o exercício
físico e as situações de desafio em ambientes naturais.
Turismo
Turismo
Ecoturismo aventura
Viagens de negócios
Turismo
sustentável
Formas de turismo não
Turismo Praia
sustentável
Turismo Rural
Turismo da Natureza
Ecoturismo
Turismo Cultural
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
Muito tem sido escrito sobre o ecoturismo, mas não existe consenso sobre o seu
significado, em parte devido às variadas formas em que são oferecidas as actividades
por um largo número de operadores e pelo facto de ser praticado por um número
ainda maior de turistas (www.world-tourism.org, 2004). Em 1991, a Sociedade
Internacional de Ecoturismo (TIES – The International Ecotourism Society) definiu
ecoturismo como a visita responsável a áreas naturais, que conserva o ambiente e
promove o bem-estar da população local. Esta definição enfatiza o facto de que
deverá haver um impacto positivo quer na conservação quer na comunidade local.
A IUCN, actualmente designada por Organização Mundial para a Conservação,
realçando tal como na definição anterior a importância da conservação da natureza
e da melhoria da qualidade de vida da comunidade local, definiu em 1996, o
conceito de ecoturismo como viagem responsável e visita a áreas naturais
relativamente imperturbáveis, para desfrutar e apreciar a natureza (e algumas
particularidades culturais), promovendo a sua conservação, proporcionando um
benefício sócio-económico para as populações locais e evitar os impactos negativos
dos turistas. Também a WTO partilha da ideia patente na definição de ecoturismo da
IUCN, de que os turistas para além de apreciarem a natureza também contactam
com aspectos culturais das áreas naturais e de que o ecoturismo deve acarretar
benefícios para as comunidades locais. Segundo esta, o ecoturismo é um turismo
baseado na natureza, em que a motivação principal dos turistas é a observação e
apreciação da natureza, bem como os aspectos culturais das áreas naturais,
minimizando os impactos negativos no ambiente natural e sócio-cultural, gerando
benefícios económicos, sociais e ambientais para as comunidades locais, gerando
postos de trabalho e promovendo a consciencialização da população local e dos
turistas para a importância da conservação dos recursos naturais e culturais
(www.world-tourism.org, 2004). Para Weaver (2001), a sustentabilidade do ecoturismo
não deverá verificar-se apenas a nível ambiental mas também a outros níveis,
alegando que o ecoturismo é uma forma de turismo baseado na natureza, que se
esforça para ser ecológica, sócio-cultural e economicamente sustentável, ao mesmo
tempo que cria oportunidades para apreciar e aprender acerca da natureza ou de
alguns dos seus elementos específicos como um animal ou uma planta. De acordo
com Reimold (2001), o ecoturismo é o turismo focado na capitalização do ambiente,
que satisfaz o turista ao mesmo tempo que sustenta o ambiente. Para este autor estas
duas funções têm de andar unidas, caso contrário o recurso colapsará, talvez depois
de ter provido ganhos económicos a curto prazo. Salienta-se nesta definição, para
além do papel do ecoturismo no desenvolvimento sustentável, a satisfação do turista,
que nas definições anteriores não foi referida. Embora seja dado muito enfoque à
preservação da natureza, não podemos esquecer que o ecoturismo, como sector do
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
turismo que é, tem de cativar os seus clientes e não há melhor forma do que fazer com
que fiquem satisfeitos e contentes com o que lhes é proporcionado. Este conceito
alberga uma grande diversidade de actividades, tendo sido proposto um espectro de
actividades, onde nos extremos se encontram o ecoturismo activo e o ecoturismo
passivo (Weaver, 2001). No ecoturismo passivo (variante do turismo de massas) são
reconhecidas algumas das características do turismo de massas, nomeadamente no
que diz respeito ao volume e objectivo da viagem (Weaver, 2001). Este mesmo autor
estabelece relações de benefício mútuo entre o ecoturismo e o turismo de massas. O
ecoturismo beneficia o turismo de massas na medida em que contribui para a
diversificação do produto turístico, oferecendo ao turista a oportunidade para
aprender acerca das atracções naturais. O ecoturismo é atractivo para o aumento do
mercado “verde” do turismo de massas e permite uma maior adequação aos
princípios e práticas da sustentabilidade. O turismo de massas também beneficia o
ecoturismo, trazendo mais clientela, nomeadamente ecoturistas passivos. Segundo
Shores (2001), o conceito de ecoturismo deve ser o mais rigoroso possível para que se
estabeleçam as metas e os desafios dos operadores turísticos, dos parques e dos
turistas. Salienta ainda que as definições precisas permitirão comunicar com precisão
entre todos os que estão envolvidos no ecoturismo, podendo as definições latas
transmitir a falsa ideia de que uma viagem é, em termos ambientais, ecológica,
quando na verdade é destrutiva para o ambiente local, regional e global. O termo
tem sido usado com tamanha liberdade que quase todas as viagens se podem
encontrar ao abrigo deste conceito. Na indústria turística, muitos são aqueles que
utilizam o termo ecoturismo para promover os seus destinos sem, no entanto, tentarem
implementar os mais básicos princípios do ecoturismo (Wood, 2002). Bien (2003) vai
ainda mais longe, quando refere que para além da utilização frequente do termo
ecoturismo por parte da indústria turística para parecer ser ecológica sem na
realidade ser sustentável, prática conhecida por “greenwashing”, muitas vezes actua
mesmo em contradição com estes conceitos. Para Wood (2002) trata-se de um grave
problema que deita por terra a legitimidade do termo ecoturismo, mas que é o
resultado de uma lacuna na compreensão dos princípios mais básicos do ecoturismo,
apesar das conferências internacionais, dos Workshops e das publicações
promoverem avanços significativos na educação sobre o ecoturismo. Os negócios
que falsamente utilizam o termo ecoturismo representam uma competição injusta,
danificando a credibilidade de toda a indústria turística. Existem muitos tipos de turismo
sustentável que não são baseados na natureza e também existe turismo da natureza
que não é sustentável, no entanto, nenhum destes deve ser considerado ecoturismo
(Bien, 2003). Uma das soluções apontadas para este problema passa pela
certificação, assegurando a verdadeira prática do ecoturismo, com o cumprimento
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
utilizações parecem ter sido na Tansmânia (Austrália), em estudos que alguns autores
realizaram sobre geoconservação. Gray (2004) também faz referência a uma
conferência sobre geoconservação, realizada em 1993, em Malvern, no Reino Unido.
Relativamente à definição de geodiversidade, são vários os autores que têm dado
a sua contribuição. Nieto (2001) definiu geodiversidade como sendo o número e
variedade de estruturas e materiais geológicos que constituem o substrato físico
natural de uma região, sobre qual assenta a actividade orgânica, incluindo a
antrópica. A Sociedade Real para a Conservação da Natureza do Reino Unido in
Morris & Parkes (2004) refere que a geodiversidade consiste na variedade de
ambientes geológicos, fenómenos e processos activos que originam as paisagens, as
rochas, os minerais, os fósseis e outros depósitos superficiais que possibilitam a vida na
Terra. Esta definição é mais abrangente do que a anterior, na medida em que inclui,
para além das estruturas e materiais geológicos, os fenómenos e processos que estão
na sua origem. De acordo com Gray (2004), a geodiversidade é a variedade natural
de aspectos geológicos (rochas, minerais e fósseis), geomorfológicos (formas de
relevo, processos) e do solo. Inclui as suas colecções, relações, propriedades,
interpretações e sistemas. Conclui-se que para alguns autores o conceito de
geodiversidade é mais restrito, incluindo quase apenas rochas, minerais e fósseis, e
para outros o conceito é mais alargado, integrando para além dos aspectos
anteriores os processos que estão na base da sua génese e que actualmente
continuam a actuar. Apesar das diferenças na abrangência do conceito, salienta-se o
facto de todas as definições apresentadas integrarem no conceito de geodiversidade
os seres vivos. Assim, a geodiversidade não inclui apenas a componente abiótica do
nosso planeta mas também a biótica.
À geodiversidade são atribuídos vários valores (Gray, 2004):
• valor intrínseco ou existencial, valor associado à simples existência das coisas (neste
caso da geodiversidade) e não à utilidade que podem ter para o Homem;
• valor cultural, valor colocado pela sociedade em algum aspecto do ambiente físico
devido ao seu significado cultural e comunitário;
• valor estético, valor associado à atractividade visual do ambiente físico;
• valor económico, relacionado com a dependência da sociedade na utilização de
materiais geológicos;
• valor funcional, relacionado com o valor utilitário que a geodiverisdade pode ter no
seu contexto natural e com o seu valor no suporte dos sistemas físicos e ecológicos;
• valor científico e educativo, na medida em que a geodiversidade é imprescindível
para a investigação científica e para a educação em Ciências da Terra.
Os valores atribuídos à geodiversidade são diversificados, mas as ameaças à sua
integridade são mais ainda. As ameças podem estar relacionadas com a ocorrência
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
Dado o valor inegável de alguns geossítios, as ameaças que podem pôr em causa
a continuidade da sua existência e a impossibilidade de conservar toda a
geodiversidade, surgiu a necessidade de conservar esses locais. Daí, adveio a
utilização do termo Geoconservação. Como sinónimo deste termo é também utilizada
a expressão Conservação do Património Geológico. A implementação de um
programa de conservação dos geossítios justifica-se na medida em que esses locais
(Uceda, 1996):
• constituem uma base imprescindível para formar geólogos e outros profissionais das
Ciências da Terra;
• possibilitam às gerações futuras aprender acerca da história geológica da Terra;
• são um instrumento de ensino essencial para os ensinos básico e secundário;
• servem para estabelecer a ligação entre a história da Terra, a história do Homem e a
evolução biológica, na medida em que constitui o substrato sobre o qual evoluiu a
actividade biológica e humana, sendo impossível a história do Homem ser
reconstruída sem a base geológica;
• podem ajudar a reconduzir o coleccionismo destrutivo, etc.
De acordo com o mesmo autor, estas razões devem ser amplamente divulgadas,
a fim de que seja reconhecida, considerada útil, necessária e apoiada. De acordo
com Sharples (2002) o objectivo da geoconservação é a “preservação da diversidade
natural (ou geodiversidade) de significativos aspectos e processos geológicos
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
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desta ideia está Gordon et al. (2004), onde se salienta que promover a sensibilidade e
apreciação para o Património Geológico e o envolvimento na sua conservação é a
chave para a protecção de todo o Património Natural e para a gestão das nossas
paisagens de uma forma sustentável. Assim, consciencializar e educar o público em
geral é a principal prioridade para o sucesso da Geoconservação, o que é um grande
desafio por várias razões: o conhecimento do público sobre Património Geológico,
geodiversidade e Geoconservação é reduzido; tem de haver um profundo
conhecimento da audiência e a mensagem tem de ser efectivamente comunicada
(Dias & Brilha, 2004).
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está a ser desenvolvido pelo grupo ProGeo, Associação Europeia para a Conservação
do Património Geológico, nomeadamente pelos grupos de trabalho de cada país
(Wimbledon et al.,1998; Fredén et al., 2004; Theodossiou-Drandaki et al., 2004). Para os
geossítios, Wimbledon et al. (2004) referem a importância da prévia existência de um
plano que permita aplicar uma metodologia de gestão e conservação coerente
destes locais. O plano de gestão constitui uma ferramenta interna essencial na gestão
diária destes locais e deve incluir a monitorização, de forma a manter os geosítios em
boas condições, possibilitando o seu uso científico e educativo (Wimbledon et al.,
2004).
O grupo português da ProGeo, criado em finais de 2000, tem vindo a promover a
inventariação, classificação e conservação de locais com interesse geológico
(www.geopor.pt, 2004). Em Janeiro de 2002, decidiu estabelecer categorias temáticas
para o Património Geológico em Portugal, sendo propostos três locais de relevância
internacional que melhor representassem cada categoria, com vista à integração no
Projecto Geosites da IUGS referido anteriormente (www.geopor.pt, 2004). Como prova
da vitalidade destas actividades, a ProGeo-Portugal juntamente com o Centro de
Ciências da Terra da Universidade do Minho organizou o IV Congresso Internacional da
ProGeo, que se realizou na cidade de Braga, em Setembro de 2005
(www.dct.uminho.pt, 2004). Para captar a atenção dos media para o Património
Geológico, o grupo português da ProGeo, decidiu em Fevereiro de 2004, que no dia
22 de Abril, consagrado internacionalmente como o Dia da Terra, se comemorasse
também o Dia Nacional do Património Geológico (www.geopor.pt, 2004;
www.geopor.pt, 2004). Neste dia é atribuído anualmente o Prémio Geoconservação à
autarquia que se tenha distinguido na salvaguarda e promoção do Património
Geológico do seu concelho (www.geopor.pt, 2004). O Prémio Geoconservação, ao
qual se associou a National Geographic Portugal, foi entregue, em 2004, à Câmara
Municipal de Idanha-a-Nova pelo trabalho desenvolvido na conservação dos fósseis
de Penha Garcia, e em 2005, à Câmara Municipal de Valongo, pela sua dedicação
na criação e desenvolvimento do Parque Paleozóico de Valongo (www.geopor.pt,
2005). Com esta iniciativa, a ProGEO-Portugal e a National Geographic Portugal
pretendem sensibilizar o público e os responsáveis políticos para a necessidade de
desenvolver estratégias para a conservação do Património Geológico
(www.geopor.pt, 2004).
O Programa Geoparques da Unesco, adoptado em Novembro de 1997, visa
salvaguardar em todo o mundo áreas caracterizadas por possuírem um Património
Geológico extraordinário, mas também arqueológico, ecológico, histórico e cultural,
integrando a sua preservação na estratégia de desenvolvimento económico regional
(Patzak, 2001). Um Geoparque é um território que compreende um determinado
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
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Figura 24 – Parque Natural Psiloritis: 1 - Falhas de Kroussonas; 2 - Dobras de Vossakos;
3 - Kamariotis Karst ; 4 - Caverna de Sfentoni.
(Fonte 1 e 4: Barbara Koziol e Martin Koziol in European Geoparks Magazine, issue 1, November,
2001; Fonte 2 e 3: C. Fassoulas)
35
Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
26), onde se acredita que Zeus, o rei dos deuses gregos, terá crescido e que a este
local chegariam muitas pessoas para oferecer sacrifícios e adorar Zeus (Koziol e Koziol,
2001; Kaloust, 2003; www.psiloritis.net.gr, 2004).
Nos EUA existem muitos parques nacionais, que embora não pertencendo à rede
mundial de geoparques, possuem uma forte componente geológica. Talvez um dos
mais conhecidos internacionalmente seja o Parque Natural de Yellowstone. Criado em
1872, foi o primeiro Parque Nacional dos EUA. Possuidor de uma grande diversidade e
riqueza natural, é o parque dos EUA que recebe mais visitantes. Ocupa uma área de
28 000 metros quadrados, onde é preservada uma grande variedade de espécies de
vida selvagem e os processos naturais que os sustentam (www.nps.gov/yell, 2004).
Existindo na área do parque evidências da ocorrência de extensas erupções
vulcânicas (Figura 27) e da presença de glaciares, os aspectos que mais se destacam
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
neste parque são os géiseres, a vida selvagem, os lagos, o canhão do rio Yellowstone
e as árvores petrificadas (www.nps.gov/yell, Setembro, 2004).
1 2
Figura 28 – Géiseres do Parque Natural de Wellowstone: géiser Steamboat (1)
e géiser Fountain (2).
(Fonte: http://volcanoes.usgs.gov/yvo/gallery, 2004 e www.geyserstudy.org, 2004)
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
.
Figura 29 – Canhão do rio Yellowstone.
(Fonte: http://volcanoes.usgs.gov/yvo/gallery, 2004)
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
nestes parques poderá desempenhar um papel importante, pelo exemplo que poderá
constituir quanto à importância do Património Geológico nas políticas de conservação
da natureza destes parques, na medida em que é a geodiversidade que suporta a
biodiversidade que os caracteriza (Dias & Brilha, 2004; Alves et al., 2004; Pereira et al.,
2004). Este trabalho tem vindo a promover a defesa da geoconservação e sua
integração na conservação da natureza. O Departamento de Ciências da Terra da
Universidade do Minho destaca-se ainda por ser pioneiro na estruturação de uma pós-
graduação em Património Geológico e Geoconservação, que teve início em Outubro
de 2005. Segundo a brochura promocional, este visa o desenvolvimento de
capacidades em geoconservação, aumentar a consciência dos professores na
educação para temas de sustentabilidade, permitir trocas de experiências,
desenvolver pesquisa nesta área, etc.
O Museu Nacional de História Natural tem desempenhado também um papel
importante na defesa do Património Geológico português. A título de exemplo cita-se
o projecto de criação de um Exomuseu da Natureza, que inclui um Exomuseu
Geológico (Carvalho,1999). Este corresponde a um conjunto de geossítios localizados
em várias regiões do território português, que constituem pólos do Exomuseu com
elevado valor científico, pedagógico e cultural. Sendo assim, as peças geológicas do
museu serão observadas em contexto natural, integradas na paisagem de que fazem
parte.
A Associação Portuguesa de Geólogos (APG) e o IGM (actualmente integrado no
INETI) são entidades que se têm destacado, nomeadamente pela promoção de
congressos e seminários. Salienta-se o I Seminário sobre Património Geológico,
realizado em Junho de 1999, em Alfragide, e o Congresso Internacional sobre
Património Geológico e Mineiro, realizado em Outubro de 2001, em Beja, para além
dos congressos nacionais de Geologia, onde tem sido feita uma abordagem à
conservação e valorização do Património Geológico.
2.5 Geoturismo
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
40
Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
Indústria
Exploração
de recursos para serem utilizados na
minerais e
Turismo
energéticos Produção sustentável
de energia
o seu valor económico pode conduzir à
Ecoturismo
Património Geoturismo
deve ser Geoconservação
Geológico conservado
Geossítios
pode promover
pode ameaçar a
educativo
constituem os
científico ou outro
Geodiversidade
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
disso foi a diminuição da frequência turística em algumas regiões dos Alpes, depois
das avalanches ocorridas em Fevereiro de 1999 (Reynard et al., 2003).
Apesar de ser mais comum o desenvolvimento do geoturismo em áreas afastadas
das cidades, destaca-se a sua aplicação em centros urbanos, através da criação de
itinerários geoturísticos. Estes itinerários integram os locais mais importantes,
proporcionando a compreensão da sua história geológica e a forma como ela
condicionou o desenvolvimento urbano (Auteri, 2004). O mesmo autor refere que a
promoção do geoturismo em centros urbanos é uma forma de sensibilizar o público
para a evolução natural e antrópica das cidades e que pode servir de catalizador
para o desenvolvimento do turismo sustentável.
São muitas as regiões que têm a possibilidade de promover o geoturismo. Estas
regiões, devidamente geridas, podem gerar emprego e novas actividades
económicas, especialmente nas regiões onde são importantes as fontes de
rendimento adicionais (Patzak, 2001). O programa Leader é um programa da União
Europeia que teve início em 1991 com o programa Leader I, ao qual se seguiu o
Leader II, encontrando-se agora em vigor o Learder +. Este visa promover o
desenvolvimento económico das zonas rurais do território europeu e onde o turismo,
nomeadamente o geoturismo, pode surgir como um instrumento importante para o
desenvolvimento económico sustentável dessas zonas.
2.6.1 Os intervenientes
A implementação do ecoturismo não é uma tarefa fácil, mas para que seja
facilitada deverá existir a cooperação entre os vários intervenientes, nomeadamente
entre as entidades governamentais, a indústria turística, os operadores turísticos, as
agências de viagens, as organizações não governamentais e as comunidades locais
(Wood, 2002). Para além da cooperação entre os muitos intervenientes neste
processo, que é essencial, a forma como é efectuada a planificação e a gestão de
um local que se pretende que seja um destino ecoturístico, determinará a forma como
o ecoturismo poderá aí prosperar.
Os gestores do ecoturismo nos diversos países estão dependentes dos governos,
nomeadamente dos Ministérios do Turismo e do Ambiente, para desenvolver políticas
que protegerão e administrarão as áreas naturais, e da indústria turística, para
transportar e acomodar os ecoturistas (Wood, 2002). Por isso, os governos e os
ministérios são actores cruciais para estabelecer o reconhecimento do seu país como
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
compreender o valor do património que tem, que para ela é trivial, mas pode ser
receptiva e encorajada a valorizá-lo. Assim, as entidades públicas e privadas devem
considerar a colaboração com a comunidade local e compreendê-la, pois é o seu
ambiente, é ela que trabalha com e na paisagem, é preciso dar-lhe a capacidade
para gerir o seu ambiente e os meios para o fazer, senão de outra forma não o farão
(Faulkner, 2004). Deverá por isso, nos procedimentos para a implementação do
ecoturismo, estar incluída uma avaliação realizada com as comunidades locais
acerca dos benefícios e dos potenciais impactes negativos que o projecto pode
acarretar (Wood, 2002). As comunidades locais devem ter o poder de escolher o seu
próprio destino e para isso, devem possuir toda a informação necessária para decidir
se os impactes negativos do projecto não excedem as vantagens, antes de se realizar
um novo projecto (Wood, 2002). Neste processo com as comunidades locais é
aconselhável utilizar intermediários qualificados com o intuito de facilitar a
comunicação entre ambas as partes (Wood, 2002). Se o projecto for aceite pela
comunidade, os seus representantes deverão então ser integrados nos processos de
tomada de decisão em todas as fases do projecto (Wood, 2002). A realização de um
acordo escrito entre a comunidade e o projecto ecoturístico pode ajudar ambos ao
lados a sentir-se mais seguro, uma vez que todas as regras e responsabilidades ficam
claramente definidas desde o início (Wood, 2002). Para que o projecto se torne um
sucesso, a comunidade local tem de investir nele, utilizando os recursos que têm
disponíveis como o seu trabalho, os recursos renováveis locais e a terra (Wood, 2002).
Podem ainda estabelecer parcerias, convidando grupos ambientalistas para
trabalharem em conjunto e encontrarem as soluções e o capital necessário para as
concretizar (Shores, 2001).
Para além dos actores atrás referidos, cujo papel desempenhado no ecoturismo já
foi salientado, não se pode esquecer de maneira alguma quem procura ou poderá
procurar este sector do turismo, os turistas. O desafio do ecoturismo depende muito
dos turistas, pois estes podem mudar a forma como a indústria turística trata as áreas
naturais (Shores, 2001). O mesmo autor defende que os turistas antes de viajar devem
ser encorajados a informar-se acerca do local que pretendem visitar, bem como
acerca dos operadores turísticos, para que ao serem confrontados com uma oferta
variada de turismo da natureza, a tarefa de seleccionar uma viagem e um operador
turístico esteja facilitada. A progressiva adesão dos turistas a operadores que seguem
os parâmetros do ecoturismo, promoverá a adesão dos restantes às boas práticas
(Shores, 2001).
A identificação dos turistas é fundamental para a planificação e gestão do
turismo. Alguns estudos foram feitos no âmbito da tipologia dos turistas, que incluem a
identificação dos ecoturistas, fazendo a distinção entre estes e outros tipos de turistas.
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
Como a grande maioria das pessoas vive nos grandes centros urbanos, não tendo
muitas oportunidades para estar em contacto com a natureza, a interpretação
ambiental tem um papel muito importante num roteiro ecoturístico (Chávez, 2004). A
importância atribuída à interpretação ambiental advém do facto, e de acordo com
Wood (2002), do ecoturismo permitir aos turistas em primeiro lugar compreender
melhor os ambientes naturais e culturais únicos que existem no nosso planeta. Netto
(2000) distingue a interpretação ambiental de educação ambiental, salientando que
a educação ambiental promove o desenvolvimento do conhecimento e um
comportamento positivo perante o ambiente, perseguindo objectivos educativos
muito específicos, ao passo que a interpretação ambiental é provocação, revelação,
enriquecimento da experiência do visitante, com respeito pelo lugar ou objecto que é
interpretado, desenvolvendo também atitudes positivas para a conservação do
património. Desta forma, os principais objectivos da interpretação ambiental são
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
mesmos autores, assiste-se hoje a uma tentativa de largar esta abordagem muito
científica para a interpretação e veiculação de informação aos turistas utilizando
vários tipos de abordagem, com meios específicos, dependendo da audiência,
baseadas em princípios de interpretação. Uma das maiores dificuldades com que se
deparam é a transformação da linguagem científica numa linguagem acessível e
compreensível para o público em geral, embora compreender a informação seja
apenas o primeiro passo no processo de interpretação (Bini & Poli, 2004). No entanto, a
transformação do complexo, a linguagem científica, em simples, a linguagem clara
para toda a gente, é segundo Summermatter (2003) um processo com uma
metodologia, que implica a observação das técnicas utilizadas e uma profunda
reflexão sobre os processos usados ou a ser adoptados, para que se possa descobrir
um caminho através da nébula que é a vulgarização científica. Os geólogos têm a
fama de serem uma classe que não comunica muito bem entre si e muito menos com
o público, mas esta situação tem-se alterado e há um desejo crescente dos geólogos
partilharem com as pessoas o conhecimento que possuem acerca da evolução das
paisagens (Monro, 2004).É importante que os geólogos continuem a trabalhar de perto
com os profissionais da interpretação, de forma a assegurar que a mensagem
transmitida seja clara e compreensível para a audiência e que é transmitida de uma
forma atractiva (Gordon et al., 2004).
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
protegidas a fazer o melhor uso do turismo, sem provocar danos (World Comission on
Protected Areas (WCPA), 2000). O modelo de gestão dos parques, em que a
administração está a cargo dos governos de cada país, não é normalmente
problemático quando o governo central providencia anualmente um orçamento
suficiente (Eagles, 2001). De acordo com o mesmo autor, quando tal não acontece, e
existe um poderoso sector privado que pressiona para atingir os seus objectivos
individuais, ocorre geralmente a degradação ambiental, na medida em que a falta
de orçamento conduz à incapacidade da administração em controlar as pressões de
turismo. No entanto, os governos de muitos países apesar de não financiarem os
parques com verbas adequadas também não vêem com bons olhos o turismo em
parques públicos, na medida em que se geram lucros privados com base em
financiamentos públicos (Buckley, 2002). Os parques e as empresas de turismo têm
objectivos diferentes. Para as empresas o principal objectivo é o lucro, enquanto que
para os responsáveis pelos parques um dos principais objectivos é a conservação. Sem
os princípios adequados podem ocorrer alguns conflitos entre os gestores dos parques
naturais públicos e os interesses comerciais privados. Por isso, foram criados alguns
princípios adequados para a categoria II (Área Protegida para conservação de
ecossistemas e recreação) das Áreas Protegidas da IUCN (Buckley, 2002). Alguns
destes princípios referem que:
• o objectivo primordial dos parques é a conservação e o objectivo secundário a
recreação;
• o turismo não tem um direito especial nos parques;
• o impacte provocado pelo turismo tem de ser mínimo;
• os operadores turísticos devem pagar uma taxa pelo usufruto dos parques nas suas
actividades, entre outros.
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
O Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros disponibilizam ainda outros percursos
pedestres, onde são integrados aspectos biológicos, culturais e geológicos,
destacando-se para além das pegadas de dinossáurios do Pedreira do Galinha,
aspectos variados da morfologia cársica (www.icn.pt/areas_protegidas, 2004).
Segundo uma brochura deste parque, o calcário é a litologia dominante que devido à
acção erosiva da água foi moldado tendo originado diversas formas cársicas como
dolinas, uvulas, polje, lapas, grutas, lapiaz, etc.
O Património Mineiro pode também ter valor turístico, e um exemplo disso é o caso
do Parque Mineiro Cova dos Mouros, localizado na Serra do Caldeirão, próximo de
Vaqueiros, no concelho de Alcoutim, no Algarve, encontra-se aberto ao público
desde 1998 (http://minacovamouros.sitepac.pt, 2004; Guia Didáctico Parque Mineiro
Cova dos Mouros). De acordo com Martins et al. (2001) e com a página web do
Parque Mineiro Cova de Mouros este é o primeiro e único parque mineiro temático
deste género em Portugal, onde os visitantes podem efectuar um percurso de 750 m a
céu aberto e conhecer a evolução da história da mineração e da metalurgia. Neste
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
Figura 35 – Trincheira a céu aberto onde se podem observar escravos e a reprodução de uma
grua que representam a época romana.
(http://minacovamouros.sitepac.pt, 2004)
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
Para além dos aspectos de carácter geológico, é também possível visitar moinhos
hidráulicos em funcionamento, a aldeia rústica de Couce, observar exemplares
representantes da fauna e flora endémicas e ainda praticar desportos radicais, como
alpinismo e escalada (brochura; www.paelozoicovalongo.com, 2004). Existe ainda um
Centro Interpretativo, onde é possível observar uma maqueta representativa da
evolução geológica e geomorfológica da área do Parque, consultar publicações
científicas numa biblioteca temática, visitar uma exposição de exemplares fósseis,
outra exposição sobre os recursos minerais da região, consultar mapas geológicos e
topográficos, etc (Couto et al., 2000; brochura; www.paelozoicovalongo.com, 2004).
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
Na área em estudo, o vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão, cerca de 125,8 Km,
vários operadores turísticos privados sedeados na sua maioria nas cidade do Porto e
Gaia, realizam cruzeiros turísticos de subida e descida do rio Douro. No entanto, estes
cruzeiros são realizados para além do sector referido, nomeadamente até Barca
d`Alva, a cerca de 209 Km da cidade do Porto. Os cruzeiros apresentam várias
modalidades, associando por vezes à viagem de barco uma viagem de comboio na
Linha Ferroviária do Douro, uma viagem no Comboio Histórico do Douro, uma
passagem por caves do vinho do Porto de algumas quintas com prova de vinhos,
excursões a outras localidades fora do âmbito ribeirinho, alojamento e realização de
passeios e de algumas refeições. A duração dos cruzeiros também é variável,
podendo durar um ou mais dias, estando condicionada pelo tipo de embarcações
que realizam os cruzeiros. Estas, podem ter a forma de barcos rabelos, inspirados nos
tradicionais barcos que faziam o transporte do vinho ou embarcações mais modernas,
de maiores dimensões e mais luxuosas que oferecem aos turistas maior conforto. Estas
proporcionam dormidas a bordo e funcionam como verdadeiros hóteis flutuantes
(Figura 39).
1 2
Figura 39 – Embarcações que realizam cruzeiros no rio Douro: rabelo (1) e barco-hotel (2).
(Fonte: www.douroazul.com/Main/MainFS.asp, 2004)
A oferta é feita sob a forma de pacotes mais ou menos rígidos, que incluem todo o
apoio logístico necessário, nomeadamente para as refeições que são realizadas a
bordo dos barcos. A realização dos cruzeiros fluviais desde 1986 tornou-se possível
graças à prévia construção das barragens, quer porque regularizaram o leito do rio e
melhoraram a navegabilidade, quer devido ao facto com segurança e ao facto de
todas elas possuirem eclusas de navegação, que funcionam como um elevador de
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
O número de passageiros dos cruzeiros fluviais no rio Douro, tem vindo a registar um
aumento significativo nos últimos anos (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Evolução do nº de passageiros dos passeios fluviais no rio Douro, 1997-2003 (Fonte:
RTDS/GAI em PDTVD)
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
comparando com ano de 2002. Em 2005, até 14 de Outubro tinham realizado cruzeiros
no rio Douro 156000 turistas, estimando-se que até ao fim da época este número
aumente até aos 190000. De acordo com Francisco Lopes, responsável pela
delegação do Douro do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM), esta
actividade turística irá continuar a crescer, como resultado de investimentos que os
operadores turísticos estão a fazer, sendo os cais mais visitados os da Ribeira, Gaia,
Régua e Pinhão.
O apoio e a informação que é fornecida ao longo dos cruzeiros varia com o
operador turístico em que se viaja. Existem cruzeiros onde não é dada qualquer
informação, outros em que é veiculada alguma informação, nomeadamente sobre as
pontes construídas sobre o rio, as barragens e algumas das localidades localizadas nas
margens do rio Douro. Esta informação é essencialmente sobre dados históricos, como
por exemplo as datas de construção das barragens e das pontes. Nas subidas que
realizámos não foi feita qualquer referência à paisagem magnífica do vale do rio
Douro, respeitante quer a aspectos de natureza cultural, biológica ou geológica
(Figura 41).
1 2
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
Para valorizar toda a riqueza da região diriense, foi criada em 1996 a Rota do
Vinho do Porto. Esta organização é constituída por 49 locais, ligados em rede e directa
ou indirectamente relacionados com a produção do Vinho do Porto e Douro
(www.rvp.pt, 2004). Para atingir o seu principal objectivo, que visa o desenvolvimento
regional, é proposto aos turistas a realização de um conjunto de itinerários pela região,
possibilitando-lhes o contacto com a cultura da vinha e produção dos Vinhos do Porto
e Douro, bem como com as suas gentes e costumes (www.rvp.pt, 2004). Os visitantes
podem realizar provas de vinhos nas quintas produtoras, saborear a gastronomia
tradicional tendo a possibilidade de ficarem alojados nas belas quintas existentes na
região do Douro (www.rvp.pt, 2004).
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
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Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
Sem dúvida que o conhecimento destes dados são essenciais na definição das
estratégias de desenvolvimento turístico a implementar, na medida em que ao
conhecer os potenciais turistas podemos desenvolver um produto que melhor
responda às suas expectativas. Salienta-se o facto de Portugal ser o país que
apresenta menor percentagem de turistas com motivações Vale do Douro, apesar da
região apresentar características de eleição do mercado português, em que a
paisagem é apontada como a principal preferência de 30% dos turistas. No entanto,
assiste-se desde 1994 a uma procura crescente por parte dos turistas portugueses pelo
turismo fluvial no rio Douro, tendo sido entre Janeiro e Setembro de 2004 os que mais
procuraram esta actividade (cerca de 125 mil). Do conjunto de medidas incluídas no
PDTVD, destaca-se a medida relacionada com o Património Natural e Ambiental, que
inclui um conjunto de projectos que visam requalificar, preservar e valorizar o
Património Natural e Ambiental. Enquadrados nesta medida, são considerados
prioritários projectos relacionados com a sensibilização dos agentes regionais e locais,
das populações residentes e dos turistas para a preservação do Património Natural
bem como com estudos e inventários do Património Natural. São referidos ainda nesta
medida, embora considerados não prioritários, os projectos da construção do Centro
de Interpretação e Animação das Arribas do Douro e o Centro de Interpretação e
animação do Parque do Alvão, promovidos pelo Parque Natural do Douro
Internacional e Parque Natural do Alvão, respectivamente. Para além da medida
anterior, existe uma outra, intitulada “Itinerários turístico-culturais e
informação/sinalização turística” que deverá promover percursos temáticos (rotas e
itinerários) que deverão assentar num conjunto de valores histórico-patrimoniais,
culturais, naturais e vitinícolas, representativos do potencial endógeno do Vale do
Douro. Os projectos enquadrados nesta medida estão relacionados na sua maioria
com o vinho e as vinhas, mas incluem também a execução de uma rede de
miradouros. Do PDTVD, destaca-se o elevado número de projectos relacionados com
as acessibilidades, nomeadamente rodoviárias, ferroviárias, fluviais e aéreas, quando
comparados por exemplo com o número de projectos no âmbito do Património
Natural. No entanto, nem sempre um vasto leque de infra-estruturas de comunicação
é sinónimo de desenvolvimento turístico. A sustentabilidade surge neste plano como
condição essencial no desenvolvimento turístico no vale do rio Douro, assegurando a
preservação do Património Natural, Cultural e Ambiental, contribuindo assim para um
desenvolvimento turístico ambientalmente sustentado. Com todas as alterações
previstas para a região, nomeadamente em termos de infra-estruturas, a tarefa de
fazer cumprir os critérios de sustentabilidade não vai ser fácil e os possíveis impactos
negativos destas alterações na qualidade da paisagem podem pôr em causa a razão
pela qual os turistas visitam o Vale do Douro. Esperemos então que para se valorizar
63
Eugénia Araújo Cap. II - Conceptualização e implementação do Geoturismo
64
Capítulo III
3.1 Introdução
3.2 Estratigrafia
66
Figura 33 – Extracto da carta geológica de Portugal à escala 1:500 000 (Oliveira et al., 1992b).
Legenda:
Carbonífero Quartzodioritos
e granodioritos
biotíticos
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
69
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
- Formação de Bateiras
- Formação de Ervedosa
- Formação Rio Pinhão
- Formação Pinhão
- Formação da Desejosa
- Formação de S. Domingos
Grupo do Douro
Faz-se em seguida uma descrição sucinta das seis Formações com base em Sousa
(1982, 1985) e Sousa & Sequeira (1989).
Formação de Bateiras
70
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
constituídos por cristais de calcite e dolomite, encontrando-se por entre estes cristais
grãos de quartzo, moscovite e plagioclase. Os metagrauvaques são feldspáticos, com
clastos de quartzo, plagioclase e mais raramente moscovite. Os clastos apresentam
dimensões mais pequenas no Membro Inferior. Nos conglomerados, os clastos são
essencialmente de quartzo e a matriz é quartzítica, por vezes carbonatada. A
espessura desta Formação é de cerca de 900m. O limite desta Formação é marcado
quando os filitos escuros, listrados, do topo da Formação, passam a uma sucessão
finamente estratificada de cor verde.
71
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
Formação de Pinhão
Formação da Desejosa
Formação de S. Domingos
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Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
e biotite. Observam-se nos conglomerados figuras de erosão nas base das bancadas
e estratificação positiva, com diminuição do tamanho dos clastos. Os
metaquartzarenitos apresentam uma cor clara e granulometria grosseira, sendo os
minerais principais o quartzo, plagioclase, moscovite, clorite e biotite. A espessura
desta Formação é de 50 m.
73
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
74
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
Para Teixeira (1981), o CXG na região do Porto tem uma idade précâmbrica
superior. Uma outra indicação advém da presença de rochas granitóides caledónicas
próximo da fronteira da ZCI com a ZOM (granitos de Figueiró dos Vinhos, Pedrógão,
Vila Nova, Coentral, etc.) de idades compreendidas entre os 500 Ma e os 530 Ma, que
metamorfizaram o CXG, factos que sugerem uma idade precâmbrica superior para
uma parte do CXG (Pereira & Macedo, 1983 in Sousa, 1985). Na Carta Geológica de
Portugal à escala 1:500 000 (Oliveira et al., 1992b) e na Folha 1 da Carta Geológica de
Portugal na escala 1:200 000 (Pereira & Ribeiro, 1992) é atribuída ao CXG/Grupo do
Douro uma idade câmbrica inferior. Após uma indicação para limite Precâmbrico-
Câmbrico que se poderia situar intra F. Bateiras (Sousa, 1985), foi posteriormente
indicado que a passagem ao Câmbrico poderá estar localizada entre a deposição
das Formações de Ervedosa e de Pinhão (Sousa & Sequeira, 1993 in Sequeira & Pereira,
2000).
75
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
Xistos de Fânzeres
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Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
3.2.3 Ordovícico
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Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
Formação de Valongo
78
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
inferior esta sequência é conhecida por Formação Xistenta e no Marão por Formação
de Pardelhas (Oliveira et al., 1992a). Em termos litológicos esta formação é constituída
por siltitos de cor rosada, seguidos por siltitos cinzentos e xistos. Os fósseis abundantes
existentes nestas rochas indicam uma idade de Lanvirniano a Landeiliano (Couto et
al.,2000). Esta formação encontra-se metamorfizada dando origem a corneanas
pelíticas e quartzo-pelíticas e xistos quiastolíticos, mosqueados, granatíferos,
cordieríticos (Medeiros, 1964).
Formação de Sobrido
Esta unidade foi designada por Nery Delgado (1908) por “Grauvaques de Sobrido”,
sendo mais tarde redefinida por Romano & Diggens (1974) (Pereira & Ribeiro, 1992). Na
carta geológica à escala 1/50000 do Porto e de Castelo de Paiva, esta unidade não
tinha esta designação, sendo referida como xistos e grauvaques com quartzitos. A
Formação de Sobrido é composta por dois membros: no inferior ocorre uma bancada
de quartzitos do Caradociano, que forma relevos ou pequenas cristas; o membro
superior é formado essencialmente por grés argilosos ou grauvaques de tons claros,
micáceos e com níveis de diversos materiais detríticos de variadas dimensões e
também concreções carbonatadas ricas em matéria orgânica (Pereira & Ribeiro,
1992). No Anticlinal de Valongo, o membro superior é constituído por arenitos e siltitos,
sendo-lhe atribuída a idade provável de Ashgiliano superior ou Silúrico inferior (Oliveira
et al., 1992a). De acordo com Couto (1993,1995), na base da Formação de Sobrido
ocorre um horizonte ferruginoso, que coincide com uma descontinuidade
estratigráfica, pondo em contacto materiais do Ashgiliano com materiais do
Landeiliano.
3.2.4 Silúrico
Apesar do Silúrico não cortar o vale do rio Douro no sector em estudo, encontram-
se sedimentos datados desta idade na região do anticlinal de Valongo e do Marão.
No anticlinal de Valongo, o Silúrico, que se encontra em duas faixas extensas, uma de
cada lado da dobra, é constituído por três unidades: Unidade dos Xistos Carbonosos
Inferiores, Unidade dos Xistos Carbonosos Superiores e Formação de Sobrado (Pereira
& Ribeiro, 1992). Na região do Marão encontra-se a Formação de Campanhó, onde
predominam xistos grafitosos e liditos, ocorrendo na parte superior calcários e um nível
quartzítico de espessura métrica no topo. Nesta Formação foram encontrados
graptólitos de Venloquiano Superior (Oliveira et al., 1992a).
79
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
3.2.5 Devónico
3.2.6 Carbonífero
80
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Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
82
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
3.2.7 Cenozóico
3.2.7.1 Pliocénico
Estes depósitos que foram genericamente considerados por Oliveira et al. (1992b),
na Carta Geológica de Portugal à escala 1/500 000, e nas cartas geológicas à escala
1/50 000 por “plio-plistocénicos” (PQ) ocupam a plataforma litoral e as áreas
aplanadas na proximidade do vale do rio Douro (Araújo et al., 2003). A plataforma
litoral corresponde a uma faixa aplanada existente ao longo do litoral português,
limitada para o interior por um relevo alinhado, o “Relevo Marginal”, com orientação
NNW-SSE, que contrasta com a área aplanada. Outra interpretação feita acerca da
plataforma litoral considerava que os depósitos que ela suporta correspondem a níveis
de praias antigas que se encontravam organizados em patamares e que eram
testemunho das variações eustáticas, sendo limitados para o interior por uma arriba
fóssil. A definição destes depósitos tinha por base exclusivamente critérios altimétricos
não considerando possíveis desnivelamentos por acção da tectónica devido ao
desconhecimento de acidentes tectónicos recentes (Teixeira, 1979). Em estudos
posteriores onde se efectuou uma comparação destes depósitos no que respeita à
altitude, cor, alteração do substrato, calibragem e onde se considera a influência da
tectónica, veio-se comprovar que alguns depósitos da plataforma litoral são de
origem continental e não marinha, ou seja, praias levantadas, como foram
considerados por Ribeiro et al. (1943) e por Teixeira (1979) (Araújo, 1997, 2000; Araújo et
al., 2003). No seguimento dos estudos referidos, estes depósitos foram agrupados
(Araújo, 1991) em (Figura 53):
83
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
84
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
onde funcionou uma exploração de caulino, constituía o local onde era possível
observar a sequência das unidades da fase I, que apresentava de baixo para o topo:
- base de blocos que podem ser de granito alterado ou de quartzo filoniano;
- camada rica em elementos micáceos, com cor cinzenta esverdeada;
- camada mais grosseira (areão e seixos) com estratificação entrecruzada. No topo do
depósito surge frequentemente um forte encouraçamento, com uma cor
avermelhada/acastanhada, que contrasta com a cor branca das unidades inferiores
do depósito. O substrato apresenta-se intensamente caulinizado e daí as exploração
de caulino. A base deste depósito encontra-se basculado para este (Ribeiro et al.,
1943), cuja génese poderá estar relacionada com actividade tectónica pós-
deposicional. O afloramento de Aldeia Nova de Avintes encontra-se na margem
esquerda do rio Douro, desenvolvendo-se ao longo de uma faixa, com cerca de 4Km,
embora com algumas interrupções, desde Cabanões, em Avintes, até Arnelas,
reaparecendo em Lever (Figura 44). Estes depósitos, quando comparados com o
anterior, apresentam algumas diferenças, nomeadamente um maior calibre dos
blocos da base, uma composição litológica com quartzo e quartzitos, um
encouraçamento mais intenso e a existência de níveis finos cinza-esverdeados menos
espessos, que se encontram inclinados para oeste, o que sugere também actividade
tectónica pós-deposicional (Araújo, 1997, 2000, 2003). O depósito da Gandra,
localizado na margem direita do rio Douro (Figura 44), apresenta elementos muito
grosseiros e fenómenos de intenso encouraçamento, que conduzem à existência de
arenitos e conglomerados ferruginosos, com uma espessura superior a 1,5 m. Em
Medas, encontram-se dois depósitos escalonados, em que o mais alto encontra-se a
162 m (Figura 44). Da observação que efectuámos destes depósitos sobressai o
carácter grosseiro, com blocos de cerca de 30 cm e o carácter subanguloso da
maioria dos clastos, grande parte de quartzitos e quartzo (Figura 54).
85
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
86
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
3.2.7.2 Pleistocénico
3.2.7.3 Holocénico
87
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
3.3 Granitóides
Nas cartas geológicas à escala 1/50 000 mais antigas fazia-se uma descrição
exaustiva das características petrográficas e mineralógicas dos granitos (Medeiros,
1964; Teixeira et al., 1967; Teixeira et al., 1969). No entanto, com o aparecimento de
novos métodos de estudo, nomeadamente geoquímicos e isotópicos é possível ir para
além dessa descrição e propor modelos explicativos detalhados para a sua génese.
A instalação dos granitóides que afloram no vale do rio Douro está
maioritariamente associada à orogenia varisca, nomeadamente à terceira fase de
deformação dúctil, tendo ocorrido grande parte do plutonismo durante e após a 3ª
fase de deformação (D3). O facto mais marcante na distribuição geográfica das
principais fácies graníticas da Península Ibérica é a sua concentração segundo zonas
de cisalhamento dúctil, como é o caso do cisalhamento do Sulco Carbonífero Dúrico-
Beirão (SCDB) e do cisalhamento Vigo-Régua e de zonas de falha, como a falha
Régua-Verin (Ferreira et al., 1987) (Figura 55). Trata-se de plutonismo granítico, por
vezes associado a rochas de composição básica e intermédia, definindo alinhamentos
em estreita relação com zonas de cisalhamento (Ferreira et al., 1987).
Os granitóides existentes ao longo do vale do rio Douro, enquadram-se na Zona
Centro Ibérica, onde ocorre um importante volume de granitóides, instalados na
etapa pós-colisional da orogenia Hercínica (sin a pós-D3, a última fase de deformação
dúctil) e caracterizam-se por uma forte variabilidade composicional e tipológica (Dias,
2001). A caracterização dos reservatórios envolvidos na génese destes granitóides é de
significativo interesse na reconstrução geodinâmica da Cadeia Hercínica Ibérica,
fornecendo o estudo isotópico destes granitóides importantes indicações
relativamente ao papel da reciclagem crustal e dos processos de acreção (Dias,
2001). Instalaram-se granitóides que se enquadram no grupo dos granitóides sin-D3
(320-310 Ma), tardi- D3 (310-305 Ma) e dos granitóides tardi a pós-D3 (300 Ma). Nos
primeiros predominam leucogranitos de duas micas fortemente peraluminosos e
monzogranitos/granodioritos biotíticos fraca a moderadamente peraluminosos, nos
segundos monzogranitos/granodioritos essencialmente biotíticos, fraca a
moderadamente peraluminosos, por vezes associados a rochas de decomposição
básica a intermédia e nos terceiros leucogranitos de duas micas fortemente
peraluminosos (Ferreira et al., 1987; Dias et al., 1998). Os granodioritos e os
monzogranitos biotíticos são as rochas graníticas mais abundantes na ZCI, por vezes
associados a encraves microgranulares máficos e a rochas de composição básica a
88
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
intermédia (Dias, 2001; Dias et al., 2002). Os granitos biotíticos tardi-F3, são porfiróides
de grão muito grosseiro e distribuem-se em largas faixas lateralmente aos
cisalhamentos correspondentes aos sulcos Carbonífero Dúrico-Beirão e Vigo-Régua
(Ferreira et al., 1987). Os granitóides biotíticos tardi a pós-F3 constituem uma série
intrusiva na anterior, ocupando a parte mais interna entre as zonas de cisalhamento
mais importantes como as do SCDB e de Vigo-Régua (Ferreira et al., 1987).
Figura 55 - Distribuição dos granitóides Hercínicos sin a pós-tectónicos da Zona Centro Ibérica,
Norte de Portugal (Ferreira et al., 1987 modificado). A- Cisalhamento do SCDB; B- Cisalhamento
Vigo-Régua; C-Cisalhamento Moncorvo-Bemposta; D- Cisalhamento Traguntia-Penalva do
Castelo; I- Falha Gerês-Lovios; II- Falha Régua-Verin; III- Falha da Vilariça; D3- Última fase de
deformação dúctil.
89
Eugénia Araújo Cap.III - Geologia do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
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96
Capítulo IV
4.1 Introdução
4.2.1 Ouro
98
Eugénia Araújo Cap.IV - Recursos Minerais e Energéticos do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
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Eugénia Araújo Cap.IV - Recursos Minerais e Energéticos do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
4.2.2 Termas
100
Eugénia Araújo Cap.IV - Recursos Minerais e Energéticos do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
101
Eugénia Araújo Cap.IV - Recursos Minerais e Energéticos do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
enquadrado a norte pela serra do Marão e a sul pela serra das Meadas (Marques et
al., 2003). Em termos litológicos, ocorrem fundamentalmente rochas
metassedimentares, de idade câmbrica inferior, pertencentes ao Grupo do Douro. Foi
também identificado um afloramento granítico, junto da localidade de Cidadelhe,
que não se encontra assinalado na cartografia geológica publicada. Ocorrem ainda
numerosos filões e massas aplitopegmatíticas instaladas em zonas de fractura dos
terrenos pertencentes ao Grupo do Douro. As principais estruturas tectónicas da região
são a falha Penacova-Régua-Verin, com a direcção NNE-SSW e a zona de
cisalhamento de Vigo-Régua. orientada segundo WNW-ESE. Salientam-se ainda as
fracturas com orientação NNE-SSW a NE-SW e as descontinuidades de orientação E-W,
paralelas à falha do Douro. O fluxo de água mineral é fortemente controlado pela
geomorfologia, pela tectónica e pelas litologias presentes, entre a zona de recarga e
a zona de descarga. No modelo de circulação proposto por Marques et al. (2003)
(Figura 58), o cisalhamento Vigo-Régua, tem um papel fundamental, sendo através
dele que deverá ocorrer a maior parte da recarga e fase inicial do fluxo hidromineral.
102
Eugénia Araújo Cap.IV - Recursos Minerais e Energéticos do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
4.3.1 Carvão
103
Eugénia Araújo Cap.IV - Recursos Minerais e Energéticos do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
104
Eugénia Araújo Cap.IV - Recursos Minerais e Energéticos do vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão
que significa que em situação de grandes cheias as comportas são elevadas acima
do nível das águas, ficando apenas os pilares a obstruir a corrente.
O aproveitamento hidroeléctrico de Carrapatelo foi o primeiro a ser construído no
troço nacional do rio Douro e localiza-se junto do lugar de Mourilhe, no concelho de
Cinfães, a cerca de 8 Km desta vila. Entrou em funcionamento em 1971, com a
potência instalada de 180 MW e uma produção média anual de 949 GWh. Dos
aproveitamentos hidroeléctricos do troço nacional é o que tem maior desnível, cerca
de 36 m. A sua albufeira tem uma extensão de 40 Km e uma capacidade total de 148
milhões de metros cúbicos, no entanto a sua capacidade útil é de apenas 16 milhões
de metros cúbicos.
O aproveitamento hidroeléctrico da Régua (Bagaúste) entrou em exploração no
ano 1973. A potência instalada é de 156 MW e a produção média anual de 738 GWh.
Localiza-se a montante da cidade de Peso da Régua, próximo da povoação de
Bagaúste. A albufeira estende-se por cerca de 43,5 Km e a sua capacidade total é de
95 milhões de metros cúbicos, sendo no entanto utilizados apenas 13 milhões em
exploração normal.
Os três aproveitamentos hidroeléctricos referidos estão equipados com eclusas de
navegação (Figura 60), não impedindo que o rio Douro deixasse de ser uma via de
comunicação e de transporte, e com eclusas de peixes do tipo “Borland”.
105
Capítulo V
Figura 61 – Cheias históricas na Régua acima do limiar 10000m3/s com sobreposição das cheias
no último decénio (Rodrigues et al., 2003).
Pode-se concluir que houveram anos sucessivos em que ocorreram cheias de grande
magnitude (1909 e 1910) (Figura 62) e longos períodos sem a ocorrência de cheias
dessa magnitude (por exemplo, de 1910 a 1962). Salienta-se também o facto que
desde 1989 não ocorrem cheias de magnitude igual ou superior a 10000 m3/s. Os
valores de ponta de cheia registados em Janeiro de 2003 (com cerca de 7400 m 3/s)
foram inferiores quer aos da cheia de Janeiro de 2001 (com 8550 m3/s) (Figura 63), ou
108
Eugénia Araújo Cap.V - Cheias do rio Douro
mesmo Março de 2001 (com cerca de 7600 m3/s), que coincidiu com a queda da
Ponte Hintze Ribeiro, quer aos da cheia de 1996 (com cerca de 8900 m3/s).
109
Eugénia Araújo Cap.V - Cheias do rio Douro
Figura 64 – Altura das cheias do Douro no cais da Ribeira, a apartir de 1727; estimativa da altura
atingida para cheias com período de retorno de 20 anos (Rt20), 50 anos (Rt50) e 100 anos
(Rt100) (Pereira, 1999).
110
Eugénia Araújo Cap.V - Cheias do rio Douro
O elevado valor das pontas de cheia atingidas no rio Douro em território português
deve-se à combinação de vários factores: intensidade de precipitação, forma da
bacia hidrográfica (pouco alongada em relação aos seus afluentes), inclinação do
leito do rio e dos seus afluentes e a constituição geológica da bacia (Aires et al.,
2000a, 2000b). De acordo com a classificação das cheias em função dos seus efeitos,
no Douro designam-se por extraordinárias as cheias que ultrapassam a cota dos + 6,00
m, medidos junto à ponte de D. Luis, na margem direita, por serem aquelas que
galgam o cais da ribeira (Aires et al., 2000b). Na cidade de Peso da Régua, são
consideradas cheias extraordinárias aquelas que inundam a Avenida João Franco, o
que implica uma subida do nível do rio de 13 m (caudal ! 6000 m3/s). As cheias
extraordinárias caracterizam-se por apresentarem um grande volume, rápida
propagação, grande elevação do nível das águas, curta duração de 2 a 3 dias, uma
vez que a descida do nível das águas é relativamente rápida (Aires et al., 2000b).
Segundo os mesmos autores, o regime hidrológico do rio Douro em território nacional é
do tipo pluvial oceânico, ocorrendo as cheias essencialmente no Inverno e as
estiagens no Verão(Figura 65).
As cheias no rio Douro são agora menos frequentes, tendo-se registado um aumento
do período de retorno para caudais entre os 4000 e os 8000 m3/s (Rodrigues et al.,
2003) (Figura 66). Assim, para caudais de 6000 m3/s ou superiores, que ocorriam em
média três vezes em cada dez anos, ocorrem agora duas vezes em cada dez anos.
Este aumento da recorrência deve-se ao incremento da capacidade de
armazenamento em Espanha, que deixa de ter influência a partir de períodos de
retorno entre os 10 e os 20 anos. As cheias com caudais superiores a 10000 m3/s
continuarão a decorrer com a recorrência anteriormente sentida.
111
Eugénia Araújo Cap.V - Cheias do rio Douro
Figura 66 – Aumento do período de retorno das cheias na Régua nos últimos 30 anos
(Rodrigues et al., 2003).
112
Eugénia Araújo Cap.V - Cheias do rio Douro
113
Eugénia Araújo Cap.V - Cheias do rio Douro
114
Capítulo VI
O vale do rio Douro proporciona aos seus visitantes paisagens magníficas onde se fundem os
aspectos culturais, históricos e geológicos. O que hoje observamos no vale do rio Douro resultou da
acção conjunta das suas gentes ao longo de gerações, da forma como povoaram e fizeram o
aproveitamento do solo, bem como das caracteríticas geológicas desta região, que influenciaram a
forma como a acção humana decorreu. É nesta região que é produzido o Vinho do Porto, onde a
geologia, entre outros factores naturais, contribui para a excelência deste vinho.
A geologia é a ciência que estuda a Terra e tem grande relevância nesta região, tendo um
papel essencial na beleza e atractividade turística da paisagem duriense. Do conjunto de temas ou
disciplinas que são tratadas no âmbito da Geologia, a Geomorfologia merece destaque nesta região,
pois estuda as formas de relevo e a sua interpretação.
Neste guia, ao longo do percurso fluvial Porto-Pinhão, são abordados os aspectos geológicos
mais importantes, relacionando-os sempre que possível com a história e cultura dos locais. Para uma
melhor compreensão e enquadramento desta região única e particular do Douro, a Geologia será
abordada num contexto mais amplo, em especial do Norte de Portugal. Faz-se referência à formação
das rochas que existem no vale do rio Douro e à sua evolução ao longo do tempo geológico.
Pretende-se que todos os visitantes compreendam o que estão a observar e ir além da mera
contemplação, suscitando-lhes um papel mais activo na interpretação da paisagem duriense, pois um
conhecimento mais profundo desta região, nomeadamente no âmbito da geologia, resultará
certamente numa maior satisfação. Conhecer a história geológica do vale do rio Douro é um desafio
mas de certeza que o vai surpreender!
Este guia está integrado num trabalho de tese de mestrado em Ciências do Ambiente,
efectuado no Departamento de Ciências da Terra da Universidade do Minho e constitui o capítulo VI
desse trabalho. Assim, se pretender obter informação mais detalhada sobre os aspectos geológicos da
região, bem como sobre a temática do Património Geológico e do geoturismo, poderá consultar o
referido trabalho intitulado “Geoturismo: conceptualização, implementação e exemplo de aplicação
ao vale do rio Douro no sector Porto-Pinhão”.
Considerações iniciais - formato do guia (layout)
Os textos e informações que integram este guia resultam de um trabalho de pesquisa de campo
efectuado pelo autor e de um trabalho de pesquisa bibliográfica. Por uma questão de simplicidade e
facildade de leitura são em geral evitadas essas referências ao longo dotexto. No fim do guia existe
um glossário de alguns termos geológicos.
121
Tempo: 00h:00 min
Local: Ribeira
Tema: Enquadramento
geográfico do percurso
Partida
O percurso fluvial que se irá efectuar é realizado no rio Douro, cuja bacia hidrográfica se
localiza na Península Ibérica, abrangendo por isso quer território português, quer território
espanhol (Figura 69). O trajecto será efectuado apenas em território português,
especificamente entre a cidade do Porto e a vila do Pinhão, numa extensão de cerca de
125,8 Km (Figura 70).
A bacia hidrográfica do rio Douro corta longitudinalmente a Península Ibérica com uma
orientação dominante Este-Oeste. A sua área é de 97603 Km2, sendo 78960 Km2 em
Espanha (80,9%) e os restantes 18643 Km2 (19,1%) em Portugal. A bacia hidrográfica do rio
Douro é a que possui maior área, quando comparada com as restantes bacias
peninsulares. O rio Douro é um dos rios mais extensos da Península Ibérica (o terceiro maior,
depois do Tejo e do Ebro) e do seu percurso total, 927 Km, 208 Km (22%) situam-se em
Portugal, 122 Km (13%) servem de fronteira (Douro Internacional) e 597 Km, situam-se em Hidrologia
Espanha. O rio Douro nasce a cerca de 1700 m de altitude, na Serra de Urbion em Espanha
e desagua no Oceano Atlântico, junto à cidade do Porto.
123
A
124
Tempo: 00:05 min
Local: Ribeira
1
Nas margens do rio Douro, junto à sua foz, estão implantadas duas importantes cidades, a
cidade do Porto, na margem norte, e a cidade de Vila Nova de Gaia, na margem sul. Daí,
existir nesta zona um denso povoamento que assenta em rochas designadas por granitos. Tectónica
Ao contrário da maioria dos rios e apesar da proximidade da foz, o leito do rio Douro
encontra-se bastante encaixado o que origina margens muito inclinadas, como nos
revelam as escarpas dos Guindais, a norte, e da Serra do Pilar, a sul.
A escarpa granítica dos Guindais tem revelado alguma instabilidade, tendo ocorrido num
passado recente queda de blocos e escorregamentos de terrenos. Este comportamento
relaciona-se com a intensa fracturação do granito. As fracturas são o resultado de esforços
tectónicos que afectaram a rocha. Estes incidentes conduziram à tomada de medidas
para a sua estabilização que culminou com a construção de muros de protecção (Figura
71). Esta medida correctiva promove a segurança dos que utilizam e passam neste local,
prevenindo acidentes que podem causar danos humanos e materiais.
125
Tempo: 00h:10 min
Tema: As pontes
O leito encaixado do rio Douro desde sempre dificultou a comunicação entre as duas 2
margens, cuja ligação se foi tornando ao longo do tempo essencial. Por isso, foram sendo
construídas várias pontes (Quadro I). Actualmente, existem seis pontes a ligar a cidade do
Porto e de Vila Nova de Gaia: ponte da Arrábida, ponte de D. Luís I, ponte do Infante D.
Henrique, ponte D. Maria Pia, ponte de S. João e ponte do Freixo. Daqui adveio a
designação de “Cidade das Pontes” para a cidade do Porto. Embora estas sejam as
pontes que actualmente podemos observar na cidade do Porto, outras existiram em
tempos mais remotos, como é o caso da Ponte das Barcas (Figura 72) e da Ponte Pênsil
(Figura 73). História
Quadro I – Pontes sobre o rio Douro que ligam e ligaram a cidade do Porto à cidade
de Vila Nova de Gaia.
A montante existem ainda outras pontes que permitem a ligação entre as duas margens
do rio Douro.
Figura 72 – Pintura antiga onde é retratada a Figura 73 – Pintura antiga onde é retratada a
Ponte das Barcas. Ponte Pênsil.
127
Quadro II – Algumas particularidades das pontes que ligam e ligaram a
cidade do Porto à cidade de Vila Nova de Gaia.
Nome Particularidades
128
Tempo: 00h:22 min
Local: Campanhã
129
Museu da Ciência
Figura 76 – Museu da Ciência e da Indústria na margem direita do rio Douro, junto ao Palácio do Freixo.
130
Tempo: 00h:32 min
Local: Avintes
A praia fluvial de Avintes na margem sul (Figura 77) resulta da acumulação de areia que 4
ocorre neste local. São várias as praias fluviais existentes no percurso que será efectuado e
ocorrem normalmente associadas à face interna da curvatura do rio, ou seja, à parte
convexa dessa curvatura. Nas zonas do rio onde o trajecto é curvo, a erosão ocorre
preferencialmente na parte côncava e a acumulação dos materias erodidos na zona
convexa, onde podem formar-se as praias fluviais, se a quantidade de sedimentos
acumulados for considerável (Figura 78). O canal navegável está assim deslocado no
sentido da margem côncava como podem constatar ao longo do percurso.
Hidrologia
Figura 78 – Nas curvaturas de um rio ocorre erosão (E) na parte côncava e acumulação
de sedimentos (S) na parte convexa, onde podem surgir as praias fluviais
(Carvalho, 2003).
131
Tempo: 00h:57 min
Local: Arnelas
5
Na margem norte encontra-se a foz do rio Sousa, um dos afluentes importantes do rio
Douro. O rio Douro recebe ao longo do seu percurso os caudais de vários rios. Na margem
norte, para além do rio Sousa destacam-se o rio Tâmega, o rio Corgo e o rio Pinhão. Na
margem sul destacam-se o rio Arda, o rio Paiva, o rio Varosa e o rio Távora (Figura 79).
Na margem sul encontra-se a povoação de Arnelas, uma das mais características vilas
ribeirinhas do rio Douro, que tal como outras vilas ribeirinhas, teve uma forte tradição de
pesca fluvial. Esta, foi em tempos, uma actividade importante das povoações ribeirinhas.
Bogas, barbos, escalos, muges e enguias eram as espécies mais comuns, para além da
História
lampreia e do sável que subiam o rio Douro para desovar. No entanto, esta actividade
entrou em declínio aquando da construção das barragens, que impossibilitaram, por
exemplo, a subida do rio Douro pela lampreia e pelo sável.
As pessoas eram atraídas pela proximidade da água e pelo facto do rio poder constituir
uma via de comunicação. Não foram muitas as populações que se fixaram mesmo junto
ao rio, pois quer as cheias quer as condições extremamente secas que se fazem sentir no Hidrologia
Verão ou ainda o relevo acidentado (Figura 80) funcionaram como factores de repulsão
das populações para fora das margens do rio Douro. Desta forma, os núcleos
populacionais mais antigos da região surgiram no alto das encostas, onde o clima era
mais húmido e onde a terra era mais fácil de cultivar. Só mais tarde, o cultivo da vinha
atraíu a população, originando núcleos populacionais, ainda que raros, nas margens e
uma crescente humanização do vale. As povoações ribeirinhas caracterizam-se por serem
geralmente pequenas e com as habitações concentradas.
Escala
0 10Km
133
Figura 80 – Mapa hipsométrico do norte de Portugal
(Fonte: Atlas do Ambiente).
134
Tempo: 1h:02 min
Os xistos que observamos têm origem em sedimentos depositados num mar primitivo
durante o Câmbrico, o primeiro período da Era Paleozóica (Figura 81). Salienta-se assim
que estas rochas tiveram origem há cerca de 500 Milhões de anos (Ma) (Para a idade das
rochas é utilizada uma escala do tempo específica, a Escala do Tempo Geológico (Figura
72). Nesta escala o tempo encontra-se dividido em períodos, que por sua vez se agrupam
em eras).
Idade
Era Período (Milhões de
anos – Ma)
Neogénico 23.03
Cenozóico
Paleogénico 65.5
Cretácico 145.5
Triássico 251.0
Pérmico 299.0
Carbonífero 359.2
Paleozóico Devónico 416.0
Silúrico
443.7
Ordovícico
488.3
Câmbrico
542.0
Pré-Câmbrico
4600
135
Nota: O termo xisto será genericamente utilizado para rochas com as características referidas,
apesar de em algumas situações e numa análise mais detalhada não ser o mais correcto.
Tempo geológico
Os processos geológicos não ocorrem à escala do tempo humano e têm estado activos
desde a formação do planeta Terra, à cerca de 4600 Ma. Por isso, como na Geologia não se
pensa no tempo em horas ou semanas mas antes em muitos milhões de anos, os geólogos
criaram a escala do tempo geológico. A definição dos períodos geológicos é baseada na
ocorrência de particulares eventos geológicos, no predomínio de animais e plantas
característicos ou, mais frequentemente, pela combinação de ambos. O Paleozóico inferior,
do qual faz parte o Câmbrico é caracterizado pela abundante ocorrência de trilobites, fóssil
encontrado frequentemente em rochas desta idade e em particular nesta região (Figura 82).
Local: Crestuma
Tema: Barragens
7
Entre a cidade do Porto e a vila do Pinhão existem três barragens (Figura 84). A primeira
a surgir neste percurso é a barragem de Crestuma-Lever.
Esta barragem foi a última a ser construída no troço nacional do rio Douro, tendo
entrado em funcionamento em 1986. Apresenta um desnível de 13.20 m e tem uma
potência instalada de 105 MW. Na sua albufeira, com uma capacidade total de 110
metros cúbicos, encontram-se as captações para abastecimento de água potável às
cidades do Porto e de V. N. De Gaia.
Escala
0 10Km
Figura 84 – Localização das barragens no percurso Porto-Pinhão. A barragem do Torrão está localizada no
rio Tâmega, um dos afluentes do rio Douro.
137
Os três tipos de rochas referidos anteriormente relacionam-se entre si através de um ciclo,
denominado ciclo das rochas ou ciclo litológico (Figura 85). Este ciclo sintetiza o conjunto de
processos sofridos pelas rochas ao longo do tempo que ocorrem no interior e à superfície da
Terra.
1. Meteorização
e Rochas
Erosão sedimentares 3
2
2. Transporte
Sedimentação
Diagénese
Rochas
metamórficas
Sedimentos 1
3. Metamorfismo
3
1
4. Fusão 4
5. Arrefecimento
Rochas Magma
magmáticas 5
e
solidificação
2. Estes depois de transportados pela água e pelo vento, depositam-se - sedimentação. São
exemplos as areias das praias fluviais já observadas. Os sedimentos podem ser depois
compactados e ligados entre si – diagénese – originando as rochas sedimentares.
138
Tempo: 1h:43 min
Local: Broalhos
Tema: Central
Termoeléctrica
8
Na margem norte encontra-se o edifício da Central Eléctrica da Tapada do Outeiro. Foi
Utilizava como combustível o carvão extraído das minas de S. Pedro da Cova e do Pejão.
O transporte do carvão explorado nas minas de S. Pedro da Cova para a central era
assegurado por um cabo aéreo com cestos metálicos, que estabelecia a ligação entre as
minas e esta central. Muito perto do antigo edifício foi construída uma nova central História
eléctrica (Figura 86). Esta central, que entrou em funcionamento em 1998, produz energia Recursos
Energéticos
eléctrica a partir de gás natural e tem uma capacidade instalada de 990 MW.
139
Tempo: 1h:57 min
Local: Medas
Tema: Xistos
9
Na margem sul é possível observar afloramentos de xistos (Figura 87), pertencentes ao
designada por Grupo do Douro, à qual é atribuída uma idade entre o Pré-Câmbrico
superior e o Câmbrico inferior. O Grupo do Douro é constituído por uma sequência de Rochas
Metamórficas
rochas metamórficas derivadas de rochas sedimentares. Os sedimentos resultantes da
erosão das rochas superficiais acumularam-se num mar primitivo, há cerca de 550 milhões
141
Formação dos xistos
Modelo evolutivo
142
Tempo: 2h:12 min
Local: Lavercos
Tema: Quartzitos
10
143
Modelo evolutivo
Figura 90 – Mar primitivo onde se depositaram os sedimentos no Ordovícico por cima dos sedimentos do
Câmbrico depositados anteriormente (modificado de Pereira et al., 2004).
Esta depressão marinha foi evoluindo por alargamento, até se formar no Silúrico um
oceano, caracterizado pela formação de uma nova crusta mais densa – crusta oceânica
(Figura 91). No Devónico, a bacia oceânica começou a fechar o que provocou a colisão dos
continentes que a limitavam (Figura 92). As rochas aí formadas foram então dobradas e
fracturadas devido ao efeito da compressão.
Legenda:
Expansão do fundo
oceânico
Ascensão de magma
Falha
Legenda:
Obducção
Falha
Colisão
Subducção
Local: Melres
11
Em Melres observa-se uma praia fluvial, onde são visíveis níveis de terraço acima do nível
das areias da praia. Estes níveis de teraço resultam da sedimentação correspondente a
momentos intermédios durante o encaixe do rio Douro, que decorreu desde à cerca de 2
Ma (Figura 93). À medida que o rio se foi encaixando foi deixando acumulados alguns
sedimentos, correspondentes a praias antigas e que hoje se encontram suspensos a cotas
mais elevadas, devido a um actual maior encaixe do rio.
Salienta-se neste local o contraste entre os depósitos de areia da praia fluvial e os relevos
que se observam por detrás, correspondentes aos quartzitos.
Hidrologia
145
Tempo: 2h:25 min
Local: Germunde
O Couto Mineiro do Pejão estende-se desde Germunde, na margem sul do rio Douro, até
Paraduça, numa distância de cerca de 9 Km. Ao longo desta extensão ocorreu a 12
extracção de carvão nos xistos datados do Carbonífero, formados há cerca de 300 Ma
(Figura 94). O carvão é uma rocha sedimentar, sendo também designado por combustível
fóssil por ser utilizado para a obtenção de energia e por resultar da transformação, ao
longo de milhões de anos, de restos de plantas.
No Couto Mineiro do Pejão, a mina de Germunde suspendeu a lavra em 1994. A mina do
Pejão foi posteriormente integrada num projecto de recuperação de minas abandonadas,
de modo a evitar o impacte ambiental negativo das suas escombreiras. O carvão
explorado foi utilizado como combustível na Central Termoeléctrica da Tapada do Outeiro,
sendo para aí transportado através de teleférico a partir de Germunde, e nas cimenteiras,
Recursos
para o fabrico de cal hidráulica e de cimento. Energéticos
A extracção de carvão ocorreu em afloramentos do Carbonífero superior na designada
Bacia Carbonífera do Douro (BCD), que se prolonga por cerca de 90 Km, cortando o vale
do rio Douro próximo de Medas. O carvão surge em leitos intercalados nos xistos e é do tipo
antracite. Existem outros tipos de carvão como a turfa, a lenhite e a hulha. A antracite é de
todos os carvões o que possui um maior poder calorífico e é geralmente o que demora
mais tempo a formar-se.
Escala
0 10Km
147
Génese do carvão
Modelo evolutivo
Os restos vegetais que originaram os carvões foram depositados, juntamente com outros
sedimentos, em depressões intramontanhosas formadas na sequência de movimentos
tectónicos (Figura 96). O aumento da temperatura que promoveu a formação dos carvões,
deveu-se para além do afundamento dos sedimentos à ascensão de magmas que ocorreu
nesta altura.
Legenda:
Ascensão de magma
Obducção
Falha
Falha provável
Dobras
Figura 96 – Deformação das rochas devido à compressão tectónica com consequente formação de
uma cadeia montanhosa no Paleozóico superior. Deposição de sedimentos em depressões
intramontanhosas em simultâneo com a ascensão de magmas .
148
Tempo: 2h:27 min
Local: Pedorido
Recursos
Minerais
149
Origem dos jazigos minerais
150
Tempo: 2h:42 min
Local: Abitureira
Tema: Quartzitos do
Anticlinal de Valongo
14
Nas proximidades da povoação de Abitureira observam-se, agora mais de perto, os
relevos pronunciados correspondentes às cristas quartzíticas do Ordovícico e que já há
algum tempo se vinham a destacar no horizonte. A alternância de camadas de quartzo
com alguns níveis de xistos destaca estruturas do tipo dobras, formadas por acção de
compressão tectónica. Estas dobras encontram-se por sua vez integradas numa grande
Rochas
dobra conhecida por Anticlinal de Valongo (Figura 99). Metamórficas
Salienta-se a quase inexistência de vegetação nos quartzitos, explicada pelo facto desta
rocha ser muito resistente à erosão, o que dificulta a formação de um solo.
Estes quartzitos são os responsáveis pela existência para noroeste de algumas elevações
com cristas quartzíticas orientadas NW-SE, das quais se destacam a Serra de Santa Justa
(367m), a Serra das Flores (mais alta, 519 m) e a Serra de Santa Iria (416 m).
A grande resistência que os quartzitos oferecem à erosão traduz-se no estrangulamento
ou estreitamento do leito e do vale neste local.
W E
1 Km
151
Dobras e Falhas
Forças compressivas
No entanto, nos casos em que o limite de elasticidade das rochas é ultrapassado ou nos
casos em que as rochas não dobram, estas fracturam e forma-se uma falha, ocorrendo
movimento das partes que se separam.
Algumas das curvaturas acentuadas que o rio Douro apresenta em determinados locais
podem estar relacionadas com o facto de aí existirem falhas geológicas, que o rio Douro terá
“aproveitado” na definição do seu trajecto. Destacam-se as curvaturas que o rio Douro
descreve próximo da cidade de Peso da Régua e na região do Pocinho, fora do âmbito do
sector abrangido por este guia.
152
Tempo: 3h:02 min
Local: Entre-os-Rios
15
A nova Ponte de Hintze Ribeiro inaugurada a 4 de Maio de 2002 liga Entre-os-Rios,
localizado na margem norte, a Castelo de Paiva, localizado na margem sul. Foi construída
para substituir a antiga e centenária Ponte de Hintze Ribeiro (Figura 101) que caiu numa
noite de temporal. A sua queda, devido á cedência de um pilar, provocou uma tragédia
com a morte de 59 pessoas, ocupantes de um autocarro de passageiros e de três
automóveis ligeiros que atravessavam a ponte na altura. Foi considerado um dos maiores
acidentes rodoviários de sempre em Portugal. A nova ponte começou a ser contruída no
Verão de 2001 à imagem da ponte anterior. Tem uma largura de 11 metros, duas faixas de
História
circulação rodoviária e uma extensão de 562 metros assentes em sete pilares, dois dos quais
estão no leito do rio. As causas apontadas para a queda da ponte foram os elevados
caudais do rio Douro nessa altura, devido à ocorrência de intensa precipitação nesse
Inverno, e a extracção de areias no leito do rio. O Tribunal de Castelo de Paiva declarou
posteriormente que a queda da ponte deveu-se apenas a causas naturais, não ficando
provada uma relação directa com a actividade dos areeiros, apesar de existir uma forte
convicção pública e ambiental de que esta actividade teve implicações no acidente. Os
areeiros, juntamente com alguns responsáveis de entidades públicas ligadas ao ambiente e
às estradas, que foram constituídos arguidos do processo, não foram incriminados, não
havendo dessa forma julgamento.
O monumento que se localiza na margem sul junto à nova ponte, “O Anjo de Portugal”,
presta homenagem às vítimas desta tragédia.
A montante da Ponte Hintze Ribeiro, a cerca de 15 metros, encontra-se a Ponte do IC35.
Figura 101 – Ponte de Hintze Ribeiro que caiu em Março de 2001 (Alvão, 1935).
153
Tempo: 3h:07 min
Local: Entre-os-Rios
16
Na margem norte, junto da povoação de Entre-os-Rios, encontra-se um dos principais
afluentes do rio Douro, o rio Tâmega. O rio Tâmega nasce em Espanha, na Serra de S.
Mamede, próximo da povoação de Albergaria. Apresenta um comprimento de 183,5 Km,
dos quais 46 Km são em território espanhol, 3,5 Km constituem fronteira entre os dois países,
sendo os restantes em território português. A bacia hidrográfica do rio Tâmega possui uma
área de 3252 Km2 e uma forma aproximadamente rectangular, bastante alongada, de
orientação NE-SW.
A cerca de 3,5 Km da confluência com o rio Douro localiza-se a barragem do Torrão
(Figura 102). Foi o primeiro aproveitamento hidroeléctrico construído na bacia hidrográfica
do rio Tâmega. Entrou em funcionamento em 1988 e tem uma potência instalada de 146 Recursos
Energéticos
MW, podendo produzir em média 228GWh/ano. A cota máxima prevista para a sua
exploração é de 65 m, o volume bruto armazenado de 124 milhões de metros cúbicos e o
volume utilizável em exploração normal de 77 milhões de metros cúbicos. A albufeira tem
um comprimento de cerca de 31 Km, abrangendo os concelhos de Marco de Canaveses,
Hidrologia
Penafiel e Amarante.
155
Tempo: 3h:30 min
Local: Alpendurada
Tema: Convento de
Alpendurada
157
Tempo: 3h:35 min
Local: Alpendurada
Tema: Granitros
18
O Convento de Alpendurada encontra-se instalado em terrenos onde predomina o
granito, rocha ígnea plutónica, que já se têm vindo a observar desde que passámos os
quartzitos do Anticlinal de Valongo.
Os granitos caracterizam-se por apresentarem grãos de diferentes minerais visíveis a olho
nú. Os granitos têm geralmente cor clara, mas algumas variedades aparentadas com
granitos podem ter cores relativamente escuras. Os principais minerais constituintes do
granito são o quartzo, os feldspatos e as micas. A idade dos granitos que existem no vale do Rochas
Magmáticas
rio Douro varia entre os 320 e 300 Milhões de anos.
O granito que aqui se observa apresenta uma textura porfiróide, com grão grosseiro a
médio.
O granito forma-se quando um magma, material rochoso no estado líquido proveniente
do interior da Terra e que se encontra a elevadas temperaturas solidifica lentamente em
profundidade (em média entre 3 e 7 kms) (Figura 104).
Rochas ígneas
plutónicas
Figura 104 – Génese das rochas ígneas plutónicas: o magma ao solidificar em profundidade,
origina rochas magmáticas plutónicas como o granito.
Por ser muito abundante, o granito é explorado no vale do rio Douro para ser utilizado nas
mais diversas aplicações da construção civil. Nas margens é possível observar a sua
utilização na construção das casas e dos muros.
Neste sector do rio Douro o canal é particularmente estreito, estando tal facto associado
à dureza e resistência do granito.
Os granitos ainda nos vão acompanhar nesta viagem até às proximidades de Barqueiros
e por isso falaremos novamente deles mais adiante.
159
Génese dos granitos
A ascensão dos magmas que originaram estes granitos está relacionada com o processo
entre o Devónico e o Carbónico de fecho de um oceano primitivo com, colisão dos
continentes que o limitavam. O mergulho da crusta oceânica por baixo da crusta continental,
processo designado por subducção, conduziu à formação de magmas devido à fusão dos
materiais rochosos mergulhantes, que ao arrefecer em profundidade originam os granitos (ver
Figura 92 e 96). O aumento da temperatura aquando da ascensão destes magmas na crusta
conduziu também à fusão de material rochoso encaixante.
Após a instalação destes granitos há cerca de 300 milhões de anos, a paisagem era
dominada por relevos muito vigorosos. O longo processo que permite que estas rochas
estejam hoje à superfície está esquematizado na figura seguinte.
3. O maciço granítico
aflora à superfície, uma
2. A espessura das rochas
vez que as rochas
1. Maciço granítico em que se encontram por cima
suprajacentes foram
profundidade, formado do maciço granítico diminui.
totalmente erodidas. O
a partir da solidificação Este facto deve-se ao
maciço granítico uma
do magma no interior da levantamento geralmente
vez à superfície vai estar
Terra. lento dos continentes e à
também sujeito à acção
acção dos agentes de
dos agentes de
meteorização e erosão que
meteorização e erosão.
ao longo de milhões de anos
desagregaram e
desgastaram essas rochas,
sendo os materiais
resultantes transportados
para outros locais.
160
Tempo: 4h:12 min
Local: Carrapetelo
Tema: Barragens
19
aproveitamentos hidroeléctricos do troço nacional é o que tem maior desnível, 36m. A sua
albufeira tem uma extensão de 40 Km e uma capacidade total de 148 milhões de metros
esquerda, e Marco de Canaveses, Baião, Mesão Frio e Régua, na margem direita. Recursos
Energéticos
Encontra-se equipada com eclusa de navegação e de peixes.
Carrapatelo (Figura 106). É por essa razão que a margem norte, à entrada da eclusa, se
encontra toda cimentada, uma medida que tem como objectivo estabilizar a estrutura da
pela falha.
N Falha do Carrapatelo
Legenda: Granitos
161
Tempo: 5h:17 min
Tema: Termas
20
Ao longo do percurso existem alguns locais com ocorrência de águas termais com
características sulfúreas alcalinas (Figura 107), que têm vindo a ser exploradas para o
tratamento de várias doenças. Neste âmbito, destacam-se as Termas de Caldas de Aregos,
localizadas junto da povoação de Aregos, na margem sul do rio Douro. A temperatura da
água é de 61ºC, sendo indicada para o tratamento de doenças do aparelho respiratório,
reumáticas e músculo-esqueléticas. A primeira referência a estas termas remonta à Idade
Média, tendo a rainha D. Mafalda mandado construir no século XII uma albergaria, que
terá sido a primeira estância termal de Aregos. Posteriormente, devido às cheias do rio
História
Douro e à construção da barragem do Carrapatelo, os balneários foram inundados e não
ficaram em condições de funcionamento, levando ao encerramento das termas. No início
da década de noventa, foi construído um novo balneário que permitiu voltar a usufruir
deste recurso.
Legenda:
Granitos Termas
Figura 107– Carta litológica simplificada do sector Porto-Pinhão, com localização das termas de Caldas de Aregos
e de Caldas do Moledo.
163
Tempo: 5h:39 min
Local: Ermida
21
Viajar de comboio pela Linha do Douro constitui uma opção ou um complemento para
quem pretende disfrutar da paisagem do Vale do Douro (Figura 108). Demorou 12 anos,
desde 1875 a 1887, a construir a linha ferroviária do Douro desde a cidade do Porto até
Barca de Alva, com 60 pontes e 50 túneis. Este sonho surgiu de um grupo de banqueiros do
Porto, que tinham como objectivo ligar, através de Salamanca, o Norte de Portugal ao
resto da Europa, mas o sonho ficou apenas por Barca d`Alva. Actualmente, o comboio já
não chega a Barca d`Alva, vai apenas até ao Pocinho. A viagem do Porto ao Pocinho,
numa distância de 175 Km, demora cerca de quatro horas. Após os primeiros 75 Km, até
História
Mosteirô, a viagem passa a ser à beira rio, apreciando paisagens com uma beleza
grandiosa numa perspectiva um pouco diferente daquela que é oferecida pelas
embarcações. Ao longo da viagem de comboio passa-se obrigatoriamente pelas estações
ferroviárias, algumas delas particularmente interessantes, com painéis de azulejos que
reproduzem cenas do quotidiano regional. As estações ferroviárias caracterizam-se por
apresentarem as suas paredes caiadas de branco e por ainda hoje manterem o seu antigo
mobiliário de madeira. Neste troço do rio surge-nos primeiro a Estação Ferroviária de Caldas
de Aregos na margem norte e cerca de 6 Km adiante a Estação Ferroviária de Ermida.
A Ponte de Ermida revela-se em seguida na margem norte. É mais uma ponte a
estabelecer a ligação entre a duas margens do rio Douro, neste caso a ligar Resende ao
concelho de Baião. As obras para a construção da ponte de Ermida iniciaram-se em 1996 e
terminaram a 2 de Março de 1998. Apesar da sua construção ser recente, o sonho de a
construir surgiu há mais de um século, embora com características diferentes da ponte que
existe na actualidade. O tabuleiro tem 430 metros de extensão e encontra-se a 73 metros
acima do nível da água, assente em quatro pegões e com uma faixa de rodagem em
cada sentido. No tempo em que Portugal ainda não era um reino independente de
Castela, não existia nenhuma ponte para transpôr o rio Douro, sendo apenas possível
atravessar o rio nas barcas de passagem, que neste local tinha o nome de Barca De Por
Deus.
165
Tempo: 5h:47 min
Local: Ermida
Tema: Granitos
22
Pode-se constatar que o relevo das áreas graníticas é, tal como naquelas onde existem
os quartzitos, mais acidentado, para além de se verificar também um estreitamento do
vale.
Fenocristal de
feldspato
167
Formação de caos de blocos
O aparecimento de caos de blocos, tal como acontece nas margens do rio Douro (Figura
111), pode ser explicado de uma forma simplificada através dos seguintes esquemas (Alan
McKirdy & Roger Crofts, 1999).
2. A água pode infiltrar-se através das diaclases e reagir 3. A areia grosseira é removida pelas águas das
com os minerais que constituem o granito, transformando- chuvas ou pelo vento. Os blocos podem
os noutros. A água também pode solidificar com o encontrar-se amontoados ou dispersos ao
abaixamento da temperatura. Quando a água solidifica, acaso.
aumenta de volume, o que promove o alargamento das
diaclases e por sua vez a desagregação do maciço
granítico em blocos. À medida que se verifica a alteração
do granito, com formação de uma areia grosseira, os
vértices desaparecem, as arestas suavizam-se e pouco a
pouco os blocos tornam-se arredondados, formando
bolas.
168
Tempo: 6h:07 min
Local: Barqueiros
Em Barqueiros podemos localizar o contacto entre os granitos, que desde há muito tempo
nos acompanham, e os xistos e quartzitos do Ordovícico, aos quais se seguirão em breve as
23
rochas xistentas do Grupo do Douro (Câmbrico) (Figura 112). No entanto, salienta-se o facto
da transição dos quartzitos do Ordovícico aos terrenos do Câmbrico não ser evidente.
Devido à presença de uma falha neste local, que mais uma vez o rio aproveitou para
encaixar o seu leito, as unidades geológicas do Ordovícico encontram-se deslocadas para
norte na margem sul.
É a partir de Barqueiros, onde os xistos, em especial os do Grupo do Douro passam a
dominar, que começa a surgir a edificação de socalcos onde se faz o cultivo do famoso
Vinho do Porto e onde se inicia a Região Demarcada do Douro. História
A 10 de Setembro de 1756, foi instituída por Marquês de Pombal a Companhia Geral da
Agricultura das Vinhas do Alto Douro, que demarcou as zonas para a produção vinícola. A
Região Demarcada do Douro foi uma ideia pioneira, sendo a mais antiga a nível mundial. A
área de produção da vinha demarcada não foi sempre a mesma, tendo aumentado ao
longo dos século XVIII e XX para montante, abrangendo actualmente uma área de 250 000
hectares (Tabela III). Encontra-se subdividida em três sub-regiões: Baixo Corgo, Cima Corgo
e Douro Superior (Figura 113). O Vinho do Porto produzido nesta região é o produto
nacional mais conhecido internacionalmente.
Legenda:
Figura 112 – Extracto da Carta Geológica de Portugal à escala 1:500 000 (Oliveira et al., 1992b).
169
Escala
0 15Km
Tabela III – Caracterização das sub-regiões da Região Demarcada do Douro (fonte: www.ivdp.pt).
170
Tempo: 6:17 min
Local: Rede
Tema: Xistos
24
Os xistos, uma vez à superfície, são alterados e desagregados por acção dos agentes de
A facildade com que os xistos são alterados e desagregados relaciona-se com o facto
de apresentarem xistosidade, o que se traduz numa erosão mais rápida comparativamente Rochas
Metamórficas
aos quartzitos e granitos.
Por isso, as margens são mais abertas nos xistos e mais fechadas nos quartzitos e granitos.
A alteração dos xistos resulta da reacção entre os minerais primários e a água, com produção de
minerais secundários e aumento de volume com consequente desagregação dos xistos.
171
Modelo evolutivo
Legenda:
Dobras
Falha
Falha
provável
Figura 115 – As condições climáticas favoreceram a alteração profunda das rochas, originando-se
uma superfície de aplanamento(modificado de Pereira et al., 2004).
Legenda:
Dobras
Falha
Falha
provável
Antiga
superfície
de aplanamento
Levantamento tectónico
Figura 116 – Uma grande quantidade de rocha alterada foi removida por acção dos agentes erosivos
e em resposta ao levantamento tectónico. Forma-se uma paisagem em que se destacam as rochas
menos alteradas como os quartzitos. Os agentes de meteorização continuaram a actuar até à
actualidade (modificado de Pereira et al., 2004).
172
Tempo: 6h:27 min
Local: Moledo
Tema: Termas
25
Na margem norte do rio Douro encontram-se as Termas de Caldas do Moledo, integradas
num parque com plátanos seculares e tílias que dá aos seus utentes a tranquilidade e
sossego necessários para o seu repouso (Figura 117).
As águas das termas nascem a 41ºC e são conhecidas por serem indicadas para o
tratamento de doenças do aparelho respiratório, da pele, reumáticas e músculo-
esqueléticas. O tratamento é efectuado por banhos de imersão, duches (sub-aquático,
agulheta, escocês) pulverizações, inalações, irrigações e gargarejos. Possui uma piscina
termal com sauna, hidroterapia e hidro-massagem.
Os actuais balneários foram mandados construir por D. Antónia Adelaide Ferreira no final
do séc. XIX, junto à estrada nacional.
A povoação de Caldas do Moledo, situada logo a seguir às termas, nasceu com o
aproveitamento das águas medicinais, no tempo do rei D. Afonso Henriques.
Termalismo
173
Circulação hidromineral em Caldas do Moledo
174
Tempo: 6h:42 min
26
ampla plataforma com sedimentos depositados pelo rio Douro (Figura 119). A formação
destes depósitos ocorreu nos últimos 2 Ma, durante o processo de encaixe do rio. Mais uma
vez os sedimentos depositaram-se na zona convexa da curvatura do rio, num troço em que
Hidrologia
Figura 119 – Depósitos fluviais na margem sul do rio Douro, antes de chegar
a Peso da Régua.
175
Modelo evolutivo
Nos últimos 2Ma (Plistocénico e Holocénico), instalou-se um novo sistema fluvial, que
actualmente se reconhece na paisagem (Figura 120). Estes rios escavaram, a partir do
Atlântico, vales profundos na superfície da Meseta, que dominava a paisagem durante o
Cenozóico. Este encaixe do sistema fluvial deveu-se à continuação do levantamento do
continente por acção tectónica e ao abaixamento do nível do mar nos períodos glaciares
que caracterizaram o Quaternário.
Legenda:
Dobras
Falha
Falha
provável
Levantamento tectónico
Figura 120 – Nos últimos 2 Ma instalaram-se os rios, incluindo o rio Douro. Foram-se encaixando
e originaram os vales fluviais que constituem elementos da
paisagem actual (modificado de Pereira et al., 2004).
176
Tempo: 6h:47 min
Tema: Depósitos de
inundação e cheias
27
177
Tempo: 6h:50 min
Tema: Cheias
28
As cheias são fenómenos naturais dos quais nem sempre existiram registos sistemáticos,
apesar de se ter conhecimento da sua ocorrência. Os caudais escoados pelos rios são
registados pelos limnígrafos. O mais antigo limnígrafo no troço português do rio Douro, situa-
se na Régua e entrou em funcionamento em 1944.
No quadro seguinte (Quadro III) encontram-se as 20 maiores cheias do rio Douro com os
caudais escoados e as alturas atingidas pela água, na cidade de Peso da Régua e do
Porto.
Quadro III – As vinte maiores cheias do rio Douro em Peso da Régua e no Porto.
179
Cheias no Douro
Conhecidos os caudais de cheia num intervalo longo de tempo (Quadro III) é possível
determinar o período de retorno, ou seja, estimar qual o intervalo de tempo esperado para a
ocorrência de uma cheia com determinada dimensão (Gráfico 3).
Através do gráfico pode-se concluir que, em média, existem cheias como as de 1739 e
1909, num intervalo de mais de cem anos.
Sucessivas cheias deixaram um registo sedimentar em raros locais das margens do rio
Douro. Num desses locais, situados na Régua, datações e estudos efectuados num talude
com uma altura de 10 metros de sedimentos, evidenciaram uma sucessão mais ou menos
regular de cheias desde há cerca de 10 000 anos (Figura 123).
Figura 123 - Depósitos de inundação na margem norte do rio Douro em Peso da Régua.
180
Tempo: 6h:52 min
29
A cidade de Peso da Régua, conhecida como a capital do Douro, fica situada na
margem norte do rio Douro, pertence ao distrito de Vila Real e dista 110 Km da foz do rio
Douro, no Porto.
Pensa-se que o seu nome terá tido origem numa casa romana que aqui existiu "Vila
Regula", outros acreditam que a origem do nome está em “récua”, em virtude dos
conjuntos de récuas ou cavalgaduras que passavam o rio Douro e outros ainda pensam
que o nome pode derivar de “reguengo”, nome dado às terras dos reis. No que diz respeito
ao nome Peso, pensa-se que poderá derivar do lugar onde eram pesadas as mercadorias e
cobrados os impostos ou ter evoluído a partir de um lugar onde os animais de transporte História
eram alimentados ou pensados, o “Penso”.
Depois de Marquês de Pombal instituir a Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro em
1756 na Régua, com o objectivo de defender a qualidade dos vinhos da região e
regulamentar a sua produção, esta cidade passou a ser a Capital da Região Demarcada
do Douro e cresceu para junto da margem do rio Douro, tendo-se desenvolvido
economicamente. Este crescimento, foi uma consequência do comércio do vinho da
região, desempenhando esta cidade a função de entreposto vinícola da Companhia,
controlando o transporte fluvial do vinho do Porto. Era a partir de Peso da Régua que as
pipas de vinho eram transportadas em barcos rabelos até Gaia, onde o vinho envelhecia
nas caves, para posterior comercialização.
A vinha cultivada em socalcos domina a paisagem em redor da cidade, sendo possível
em muitas das quintas que aqui existem, onde foram recuperadas as antigas casas
senhoriais, fazer provas de vinhos e visitas guiadas aos locais onde são produzidos. A
belíssima paisagem que cerca a cidade pode ser contemplada em alguns miradouros
existentes nos arredores dos quais se destacam os de São Leonardo, em Galafura, e do Alto
de Santo António, em Loureiro.
Actualmente, a cidade da Régua tem o estatuto de Cidade Internacional da Vinha e do
Vinho. Encontram-se aqui instaladas importantes instituções associadas à produção,
certificação, fiscalização, comercialização e divulgação do vinho e da região como a
Casa do Douro, que possui no seu interior vitrais magníficos alusivos à cultura da vinha
(Figura 124), o Instituto dos Vinhos Douro e Porto (criado em Novembro de 2003, através da
fusão do Instituto do Vinho do Porto com a Comissão Interprofissional da Região
Demarcada do Douro), a Rota do Vinho do Porto e o Museu do Douro. Existem três pontes a
atravessar o rio Douro na cidade de Peso da Régua, uma ferroviária desactivada, datada
de 1872, outra rodoviária, datada de 1932, e uma de recente construção, parte integrante
da A24.
181
Figura 124 – Vitrais da Casa do Douro na cidade de Peso da Régua.
A “Ferreirinha da Régua”
Foi na cidade da Régua que nasceu em 1811 Dona Antónia Adelaide Ferreira, conhecida
na região como “Ferreirinha” (Figura 125). Foi uma das mais importantes personalidades da
região do Douro e possuidora de uma das maiores fortunas da época. Defendeu a qualidade
e a credibilidade do Vinho do Porto, tendo superado graves crises económicas do sector.
Para além disso, defendeu os direitos dos vitivinicultores durienses e contribuiu para o
desenvolvimento e prosperidade da região do Douro.
182
Tempo: 7h:10 min
Tema: Barragens
183
Tempo: 7h:40 min
Tema: A vinha
31
(Jaime Cortesão)
“...uma das mais extraordinárias paisagens rurais construídas que se conhecem no mundo.”
(Orlando Ribeiro)
“Da pedra se fez terra, do sol bravo o licor generoso, que tem um ressaibo de brasa e de framboesa.”
(Aquilino Ribeiro)
“Socalcos que são passadas de homens titânicos, as encostas, volumes, cores e modulações que
nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir (...). Um poema geológico. A beleza absoluta.”
(Miguel Torga)
Os barcos rabelos
O transporte dos vinhos foi inicialmente efectuado através do rio Douro em barcos
rabelos (Figura 127) e, mais tarde, em comboios ou camiões. Os barcos rabelos possuíam
características que lhe permitiam navegar nas fortes correntes que rio Douro tinha no
passado. Não têm quilha, possuem um fundo chato feito com madeiras resistentes, uma vela
quadrada e o leme, que tem o nome de espadela, é uma peça comprida, quase do seu
tamanho, para permitir rápidas manobras. A espadela prolongava o corpo do barco, dando
a impressão que tinha um rabo, daí a designação de rabelo. Muitos foram os náufragos de
barcos rabelos carregados de pipas de vinho devido à difícil navegabilidade do rio Douro.
Estes barcos, que constituem um símbolo da região duriense, transportaram o Vinho do Porto
pelo rio Douro até 1965, sendo actualmente utilizados em regatas e adaptados aos cruzeiros
turísticos de curta duração. Para recordar a sua actividade inicial, muitas empresas do sector
do Vinho do Porto têm junto ao cais de Gaia e Régua, barcos rabelos carregados com pipas
que fazem lembrar tempos passados.
Figura 127 – Barco rabelo a transportar pipas de vinho no rio Douro (Serén, 2002).
186
Tempo: 7h:55 min
Figura 129 – Transporte das uvas em cestos (Fonte: Rota do Vinho do Porto).
187
Os vinhos e outras culturas do Douro
A vinha
A B C
Figura 130 – Diferentes técnicas de plantação da vinha. A – Terraços pré-filoxera; B – Terraços pós-
filoxera; C – Vinha ao alto.
188
Tempo: 8h:10 min
Local: Pinhão
O Pinhão é uma vila ribeirinha situada na margem norte do rio Douro (Figura 131), 33
pertencente ao concelho de Alijó.
O nome desta vila deriva do facto de se encontrar aqui a foz do rio Pinhão, um dos
afluentes do rio Douro.
Em tempos remotos, a população dedicava-se à pesca ou à passagem de pessoas e
mercadorias entre as margens, quer do rio Douro, quer do rio Pinhão. No entanto, com o
cultivo da vinha e o incremento do comércio do Vinho do Porto, o Pinhão, devido à sua
localização privilegiada, tornou-se num entreposto importante dos vinhos produzidos na
região circundante. Actualmente, o Pinhão vive sobretudo do comércio e do turismo.
Sobre o rio Douro existe uma ponte rodoviária que permite a ligação entre o Pinhão e o História
concelho de São João da Pesqueira. Sobre o rio Pinhão, e a estabelecer a ligação entre o
Pinhão e o concelho de Sabrosa, existe uma ponte metálica ferroviária e uma outra
rodoviária. Foi a partir de Junho de 1880 que o Pinhão passou a ter disponível o transporte
ferroviário.
189
A estação ferroviária do Pinhão
Quem visita o Pinhão não pode deixar de visitar a sua estação ferroviária (Figura 132)
para apreciar os seus azulejos que constituem autênticos quadros com panorâmicas do
Pinhão (Figura 133), do rio Douro, de algumas quintas, bem como imagens relacionadas com
a cultura da vinha como a vindima, o transporte dos cestos, a carregação de vinho para os
barcos rabelos, etc.
Figura 132 – Estação ferroviária do Pinhão. Figura 133 – Painel de azulejos com panorâmica
do Pinhão.
190
Glossário de termos geológicos
afluente - curso de água que desagua num curso maior ou num lago. O mesmo que
tributário.
água termal – água mineral natural cuja temperatura de emergência é 4ºC mais elevada
que a temperatura média anual do local onde emerge. De acordo com a classificação
adoptada pelo Instituto Português de Hidrologia, da autoria de Fraústo da Silva e Maria
Cândida, uma água termal é uma água com temperatura de emergência entre 35 e
45ºC.
aluviões – sedimentos deixados pelos cursos de água no seu leito, mas também fora deste
depois das inundações.
191
carbono 14 - isótopo radioactivo do carbono com peso atómico 14 que é utilizado na
determinação da idade de rochas que contêm carbono. A datação por radiocarbono
baseia-se na desintegração radioactiva do 14C, originando 12C que tem comumente um
alcance máximo de cerca de 30000 anos.
cheia - acentuada subida do nível da água num curso de água, lago, reservatório ou
região costeira.
cimentação – a água existente nos sedimentos pode precipitar substâncias que nela
estão dissolvidas, formando um cimento natural que une as partículas.
192
e
erosão - remoção dos materiais da crusta terrestre quando sujeitos à acção dos agentes
atmosféricos.
estrato - formação geológica que se apresenta sob a forma de uma camada e que pode
ser individualizada das que lhe são contíguas.
fluido - composto no estado fluido (líquido e/ou gasoso) que pode conter elementos em
solução e que circula nas rochas.
foz - é o local onde o rio desemboca. Pode ser no mar, num lago o ou em outro rio.
Também pode ser chamada de desembocadura.
geologia - ramo das ciências naturais que trata do estudo do planeta Terra,
nomeadamente a sua origem, evolução, composição e estrutura, matérias constituintes e
evolução da vida.
193
l
194
n
recurso energético – substância natural que pode ser utlizada pelo Homem para a
obtenção de energia.
rocha - matéria natural consolidada ou não, formada por um ou mais minerais, cuja
origem pode ser sedimentar, ígnea ou metamórfica.
tectónica - termo relacionado com estruturas produzidas por deformação dos materiais.
Ramo da Geologia que estuda a origem e evolução das estruturas produzidas pela
deformação da crusta terrestre, principalmente os dobramentos e os falhamentos.
textura porfiróide – Textura caracterizada por existirem megacristais numa matriz granular,
ou seja, os grãos apresentam sensivelmente as mesmas dimensões.
195
Capítulo VII
Considerações finais
Eugénia Araújo Cap.VII – Considerações finais
Considerações finais
198
Eugénia Araújo Cap.VII – Considerações finais
Trabalhos futuros
Verificou-se que a formatação do guia geoturístico que integra este trabalho não
foi a mais adequada, mas por ter de se dispender muito tempo a formatar novamente
o que já estava feito, que era muito, não foi alterada. No entanto, será importante
rever a formatação do guia, adoptando aquela que mais se adeque a futuras
utilizações do guia, nomeadamente a uma possível edição. Para que tal seja
concretizado será necessário procurar as entidades e/ou os meios que promovam a
sua edição.
O presente trabalho abrange o sector Porto-Pinhão mas seria interessante em
trabalhos futuros realizar um guia geoturístico do sector fluvial a montante do Pinhão
até Barca d`Alva que daria continuidade ao guia apresentado neste trabalho. Desta
forma, o percurso que o rio Douro efectua em território português e que milhares de
turistas realizam todos os anos através da realização dos cruzeiros fluviais ficaria
suportado por informação, onde constariam os aspectos mais relevantes da
geodiversidade e do Património Geológico da região do Vale do Douro integrados,
sempre que considerado adequado, com aspectos históricos, culturais e da
biodiversidade. Seria importante fazer um estudo da Geomorfologia da região do Vale
do rio Douro e incluir os aspectos geomorfológicos mais relevantes que por razões de
tempo e complexidade deste trabalho não foi realizado.
199
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