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4 de novembro de 2017
Sumário
0 Variedades Diferenciáveis 2
1 Métricas Riemannianas 3
1
Capítulo 0
Variedades Diferenciáveis
2
Capítulo 1
Métricas Riemannianas
Solução: Como S n Rn+1 , podemos fazer uso da estrutura de Rn+1 de forma que,
se p ∈ Sn e u, v ∈ ⊂, a métrica Riemanniana em
Tp S n é dada por u, v p := u, v ,
Sn
sendo , o produto interno canônico de Rn .
Já sabemos do Capítulo 0 que A : S n → S n é um difeomorfismo com A −1 = A.
Calculemos dA p : T p S n → T −p S n . Seja v ∈ T p S n e seja α : (−, ) → S n uma curva
diferenciável tal que α(0) = p e α (0) = v . Por definição, temos
dAp (v) = (A α) (0) = ◦ −α(0) = −v.
Assim,
u, v p −u, −v = dA (u), dA (v)−
= u, v = p p p
= dAp (u), dAp (v) A(p) .
o grupo dado por {1S n , A}. Dessa forma, a projeção natural π : S n → P n (R) é
dada por π(p) = {p, −p} e é um difeomorfismo local. Queremos definir uma métrica
Riemanniana em P n (R). Seja q ∈ P n (R) e U ⊂ S n aberto tal que π |U : U → π(U )
seja difeomorfismo com q ∈ π(U ). Para vetores u, v ∈ T q P n (R), defina
u, v q
: = d(π U )−1 | −1
q (u), d(π U )q (v) |
(π | U ) − 1 (q )
=
d(π | )−1 (u), d(π |
U q
−1
U )q (v)
Rn+1
.
3
(π V )−1 (q ) = A (π U )−1 (q ) e V ∩ A(U ) = ∅. Teremos
| V q
◦ |
d(π | )−1 (u), d(π | V )q
−1
(v)
(π | V 1
) ( )
−
q
= d(−π | )−1 (u), d(−π | U q U )q
−1
(v)
(−π |U ) − 1 (q )
= −d(π | )−1 (u), −d(π | U q U )q
−1
(v)
(π | U ) − 1 (q )
−1 −1
= d(π U )q (u), d(π U )q (v) 1
−
.
| | (π | U ) (q )
Isso mostra que u, v q está bem definido. Podemos tomar como atlas sobre P n (R)
a coleção {(U ,xα )} tal que U α ⊂ Rn é um aberto e x α é da forma x α = π |y(Uα ) ◦ yα ,
para alguma carta y α : Uα → S n e π |y(Uα ) : y(Uα ) → π(y(Uα )) é um difeomorfismo.
Assim, se (U, x) é uma tal carta e ∂x∂ i (q ), i = 1,...,n são os elementos da base de
Tq P n (R) relativa a x e p = x −1 (q ), então
∂
(q ),
∂
(q )
= dxp (ei ), dxp (ej ) = d(π | ◦ y) (e ), d(π| ◦ y)(e )
q U p i U j q
∂x i ∂x j q
| ◦
= d(π U )y(p) dyp (ei ), d(π U )y(p) dyp (ej ) | ◦
q
−1 −1
| | ◦
:= d(π U )q (d(π U )y(p) dyp (ei )), d(π U )q (d(π U )y(p) dyp (ej )) | | ◦ (π |U ) − 1 (q )
= dy (e ), dy (e ) ( ) = dy (e ), dy (e )
p i p j y p p i p j Rn+1
,
seja uma isometria local. Mostre que com esta métrica T n é isométrico ao toro plano.
u, v ( ) :=
π p
(d( π | Up )p )
−1
u, (d( π | Up )p )
−1
v
p
,
sendo ·, ·p = ·, ·Rn . Precisamos mostrar que tal produto interno está bem definido.
Seja q = (y1 ,...,y n ) tal que π(q ) = π(p). Segue que e ixj = eiyj , j = 1,...,n ⇒ x j =
yj + 2kj π , para certos k j ∈ Z, j = 1,...,n . Denote por T : Rn → Rn a translação
dada por T (x) = x + k , com k = (2k1 ,..., 2kn π). Temos T (Uq ) = Up e, para todo
(a1 ,...,a n ) U q ,
π
∈
| ◦ T (a1,...,a n) =π | (a1 + 2k1 ,...,a n + 2kn π) = (ei(a1 +2k1 π) ,...,e i(an +2kn π )
)
Up Up
ia1 ian
= (e ,...,e )= π | Uq (a1 ,...,a n ).
4
Portanto, π |Up ◦ T = π |Uq ⇒ | ◦
d( π Up )T (q ) dTq = d( π Uq )q d( π Up )p 1Rn = | ⇒ | ◦
d( π | Uq )q ⇒ d( π| Uq ) = d( π | Up ) . Isso garante que o produto interno em π(p) = π(q )
está bem definido.
Mostremos agora que tal produto interno é diferenciável. Para isso, basta mos-
trar que ele é diferenciável com respeito a uma parametrização específica (como
as mudanças cartas são difeomorfismos, isso implicará que o produto interno é di-
ferenciável em qualquer parametrização). Mas (Up , π |Up ) é uma parametrização!
Sendo ∂x∂ 1 (q ),..., ∂x∂n (q ) a base de T q T n , q ∈ Up , com respeito à parametrização
(Up , π |Up ), temos
gij (q ) =
∂
(q ),
∂
(q )
= d( π | |
Up )q ei , d( π Up )q ej π (q )
∂x i ∂x j π (q )
:= (d( π | −1
Up )q ) (d( π | |
Up )q ei ), (d( π Up )q )
−1
(d( π |
Up )q ej )
= ei , ej = δij ,
= u, v , ∀u, v ∈ R n
e π : Rn → T n é uma isometria local.
Considere o toro plano dado por T n = Rn /2π Zn , onde 2π Zn é o grupo das
translações Tk : Rn −→ Rn da forma Tk (x) = x + k , com k ∈ {(2πk 1 ,..., 2πk n ) ∈
Rn | (k1 ,...,k n ) ∈ Zn }1 . Observe que cada translação Tk fica unicamente deter-
minada pelo vetor k e de forma que os grupos 2π Zn e {k ∈ Rn | ∃Tk ∈ 2π Zn } são
isomorfos e consideramos os dois como sendo o mesmo objeto. Observemos que T n
possui uma métrica Riemanniana natural. Sabemos que a estrutura diferenciável de
T n é tal que a projeção Π : Rn → T n é um difeomorfismo local. Mais que isso, para
todo (a1 ,...,a n ) ∈ Rn , se I i = (ai − π, ai + π) ⊂ R (intervalo aberto de comprimento
2π em torno de a i ), então Π|I1 ×···×In : I 1 ×···× In → Π(I1 ×···× In ) ⊂ T n é um
difeomorfismo (portanto, uma carta).
Seja p = [(a1 ,...,a n )] ∈ T n e u, v ∈ Tp M . Seja Up = (a1 − π, a1 + π) ×···×
(an − π, an + π) ⊂ Rn de forma que Π|U : U p → Π(Up ) é uma carta em torno de p.
Defina
u, v p
:= d( Π −1 | −1
Up )p (u), d( Π Up )p (v) |
Rn
.
Precisaríamos mostrar que tal produto interno está bem-definido e que, de fato,
define uma métrica Riemanniana em T n . No entanto, a demonstração deste fato é
semelhante ao que fizemos acima para a métrica Riemanniana em T n .
Defina
f: Tn −→ Tn
ix1 ixn .
[(x1 ,...,x n )] −→ (e ,...,e )
5
Primeiro, precisamos mostrar que f está bem d efinida. Se [(x1 ,...,x n )] =
[(y1 ,...,y n )] T n , então existe k = (2πk 1 ,..., 2πk n ) 2π Zn tal que (x1 ,...,x n ) =
∈ ∈
(y1 ,...,y n ) + (2πk 1 ,..., 2πk n ) x j = y j + 2πk j , j = 1,...,n . Segue que
⇒ ∀
eixj = e i(yj +2πkj ) = e iyj ei2πkj = e iyj , ∀j = 1,...,n,
e isso garante que f está bem-definida. De forma semelhante,
g: Tn −→ Tn
ix1 ixn
(e ,...,e ) −→ [(x1 ,...,x n )]
= π |−1 (e ,...,e
V
ix1
) ixn
= (x1 ,...,x n)
:= u, v p ,
6
É fácil ver que tal aplicação está bem-definida e é diferenciável.
Seja p = (eia1 ,...,e ian ) ∈ T n e Up = {(x1 ,...,x n ) ∈ Rn | a j − π < xj <
aj + π }. π |Up : Up → π(Up ) ⊂ T n é um difeomorfismo (uma carta em torno de
p). Calculemos dfp : Tp T n → R2n . Seja u = α (0) ∈ Tp T n . Se α : I → T n com
α(t) = (eiθ1 (t) ,...,e iθn (t) ), então
d
=
d
◦
dfp (u) := ( f α) (0) = dt t=0 (f α)(t)
(cos θ1 (t), sen θ1 (t) ..., cos θn (t), sen θn (t))
◦
dt t=0
= ( θ1 (0) sen θ1 (0), θ1 (0) cos θ1 (0),...,
− θn (0) sen θn (0), θn (0) cos θn (0)).−
Portanto, se v = β (0) ∈ Tp T n , β (t) = (eiϕ1 (t) ,...,e iϕn (t)
) é tal que dfp (u) =
dfp (v), então, para todo j = 1,...,n ,
− θj (0) sen θj (0) = ϕj (0) sen ϕj (0), −
θj (0) cos θj (0) = ϕ j (0) cos ϕj (0).
Como α(0) = p = β (0), isso implica que −θj (0) = −ϕj (0) e θ j (0) = ϕ j (0), para
todo j = 1,...,n e, portanto, u = v . Isso prova que dfp é injetora, para todo p ∈ M
ou seja, f é uma imersão.
Considere Up = {(x1 ,...,x n ) ∈ Rn | a i − π < xi < ai + π } e a carta em
torno de p dada por X := π |Up : Up → π(Up ). Para cada q ∈ Up , denote por
∂ ∂
∂x 1 (q ),..., ∂x n (q ) a base coordenada de Tπ (q ) T . Para não carregar a notação,
n
=
d
(cos x1 , sen x1 ,..., cos(xi + t), sen(xi + t),..., cos xn , sen xn ),
dt t=0
d
(cos x1 , sen x1 ,..., cos(xj + t), sen(xj + t),..., cos xn , sen xn )
dt t=0
= (0, 0,..., −
sen xi , cos xi ,..., 0, 0), (0, 0,...,
sen xj , cos xj ,..., 0, 0) −
∂ ∂
= δ ij = (q ), (q ) .
∂x i ∂x j π (q )
7
Exercício 4. Uma função g : R → R dada por g(t) = yt + x, t , x, y ∈ R, y > 0, é
chamada função afim própria.
O conjunto de todas essas funções com alei usual de composição é um grupo de
Lie G . Como variedade diferenciável, G é simplesmente o semi-plano superior isto é
{(x, y) ∈ R2 ; y > 0} com a estrutura diferenciável usual. Prove que:
(a) A métrica Riemanniana de G invariante à esquerda, que no elemento neutro
e = (0, 1) coincide com a métrica euclidiana ( g11 = g 22 = 1, g12 = 0) é dada
por g11 = g 22 = y12 , g12 = 0, (esta é métrica da geometria não-euclidiana de
Lobatchevski).
(b) Pondo (x, y) = z = x + iy , i = −1, a transformação z
√ → z = az +b
,
cz +d
a,b,c,d ∈ R, ad − bc = 1 é uma isometria de G .
Sugestão: Observe que a primeira forma fundamental pode ser escrita:
dx2 + dy 2
ds2 =
y2
= − (z4 dz− z)
dz
2
.
Solução:
(a) Suponha
esquerda.que
ComoG esteja munido de uma métrica Riemanniana invariante à
dito no enunciado, estamos identificando cada g ∈ G dada
por g(t) = yt + x, y > 0 , t, x ∈ R com o ponto (x, y) do semiplano superior de
R2 . Assim, para cada g0 ≡ (x0 , y0 ) ∈ G, temos que a translação à esquerda
Lg0 : G → G é dada por
Isso mostra que d(L(x0 ,y0 ) )(x,y) u = y 0 u, para todo (x, y) ∈ G e u ∈ T (x,y) G ≡ R2 .
Estamos supondo que G possui uma métrica invariante à esquerda, ou seja,
u, v( x,y)
= d(L(x0 ,y0 ) )(x,y) u, d(L(x0 ,y0 ) )(x,y) v
L(x0 ,y0 ) (x,y)
,
8
donde concluímos que
u, v( =
u, v , ∀(x, y) ∈ G.
x,y)
y2
+b
(b) Mostremos primeiramente que ϕ : G → G dada por ϕ(z) = az cz+d , ad
− bc = 1,
a,b,c,d ∈ R está bem definida. De fato, seja z = (x, y) ∈ G . Temos
Imϕ(z) = Im
az + b (az + b)(cz + d)
= Im
cz + d cz + d 2 | |
1 1 2
=
|
cz + d 2
Im((az + b)(cz + d)) =
| cz + d 2
Im(ac z + adz + bcz + bd)
| | ||
1 1
= cz + d 2 Im(adz + bcz) = cz + d 2 (adIm(z) + bcIm(z))
| | | |
1 Im(z)
=
| |
cz + d 2
−
(adIm(z) bcIm(z)) =
| cz + d 2
| > 0,
1
d(ϕ) (u), d(ϕ) (v) ( ) = (Imϕ(z))
z z 2
ϕ (z) · u, ϕ (z) · v
ϕ z
=
|cz + d|4 a(cz + d) − (az + b)c · u, a(cz + d) − (az + b)c · v
(Imz)2 (cz + d)2 (cz + d)2
=
|cz + d 4 |
ad bc
u,
−
ad bc
v · − ·
(Imz)2 (cz + d)2 (cz + d)2
=
|cz + d 2 | 1
u,
1
v · ·
(Imz)2 (cz + d)2 (cz + d)2
| 4 |
(∗) cz + d 1
=
(Imz) cz + d 4
2 |
u, v
|
1
=
(Imz)2
u, v = u, v z
9
Provemos este fato. Sejam λ = (x, y), u = (u1 , u2 ) e v = (v1 , v2 ) ∈ C ≡ R2 .
Temos
λ · u, λ · v = (x, y)(u1, u2), (x, y)(v1, v2)
= (xu1 − yu 2 , xu2 + yu 1 ), (xv1 − yv2 , xv2 + yv 1 )
= (xu1 yu 2 )(xv1 yv2 ) + (xu2 + yu 1 )(xv2 + yv 1 )
= − − xyu1v2 −− xyu2v1 + y2u2v2 + x2u2v2 + xyu2v1 + xyu1v2 + y2u1v1
x 2 u 1 v1
= (x2 + y 2 )(u1 v1 + u2 v2 ) = |λ|2 u, v .
{p} a uma base (ordenada) ortonormal B = {p, v1,...,v } de R +1. Escreva, nesta n
n
base, β (t) = (x0 (t), x1 (t),...,x (t)). Como β (a) = p e β (b) = q = − p, temos
n
x0 (a) = 1 e x0 (b) = −1. Como x0 : [a, b] → R é contínua, existe ξ ∈ [a, b] tal que
x0 (ξ ) = 0. Se v 1 = β (ξ ), então
π0 (α) =
π
|α (t)| dt =
π
1 dt = t π0 = π.
|
0 0
10
Proposição 1.4. Se f : M →
N é uma isometria entre variedades Riemannianas e
ρ:M M × → R, σ : N N × →
R são as respectivas distâncias induzidas em cada
variedade, então σ(f (p), f (q )) = ρ(p, q ), para todo p, q M . ∈
Demonstração. Sejam p, q ∈ M quaisquer. Seja α : [a, b] → M um caminho diferen-
ciável por partes ligando p a q . Como o comprimento de α é soma dos comprimentos
de cada segmento diferenciável de α, suporemos que a própria α é diferenciável.
Usando que f é isometria, obtemos
ba (α) =
b
α (t), α (t)
α(t) dt =
b
dfα(t) α (t), dfα(t) α (t)
dt
a a f ◦α(t)
=
b
(f ◦ α) (t), (f ◦ α) (t) f ◦α(t) dt = ba (f ◦ α).
a
arccos f (ej ), f (x1 ,...,x = ρ(f (e ), f (x1,...,x
n+1 ) j n+1 )) = ρ(ej , (x1 ,...,x n+1 ))
= arccos e , (x1 ,...,x j n+1 ) = arccos x j
⇒ f (e ), f (x1,...,x
j
n+1 ) = x j .
11
Como ρ : S n × S n → R é uma função distância, isso implica que T (x1 ,...,x n+1 ) =
f (x1 ,...,x x+1 ). Portanto, T |S n = f .
12
Capítulo 2
portanto P é linear.
Da mesma forma como P foi definida, considere Q : T c(t) M → T c(t0 ) M . Afirma-
mos que P ◦ Q = 1Tc(t) M e Q ◦ P = 1Tc(t0 ) M . De fato, seja v ∈ Tc(t0 ) M e V (t) o
transporte paralelo de v ao longo de c de t 0 a t . Então V (t0 ) = v e DdtV = 0 . Logo,
Q ◦ P (v) = Q(V (t)). Mas Q(V (t)) é dado por V (t0 ), em que V é tal que V (t) = V (t)
e DdtV = 0 (ou seja, é o transporte paralelo de V (t) ao longo de c , mas no sentido “de t
a t 0 ”). Afirmamos que V (t) = V (t). Isso segue da unicidade de transport es paralelos
e do fato que V já possui tais propriedades. Assim, Q(V (t)) = V (t0 ) = V (t0 ) = v ,
ou seja, mostramos que Q P (v) = v = 1Tc(t0 ) M , para todo v T c(t0 ) M . Analoga-
mente, mostra-se que P ◦ Q◦= 1Tc(t) M . Isso conclui a demonstração ∈ de que P é um
isomorfismo.
13
Mostremos que P é uma isometria. Sejam u, v ∈ T c(t0 ) M e U e V os transportes
paralelos de u e v ao longo de c. Pela compatibilidade da conexão com a métrica
Riemanniana, sabemos que
u, v ( c t0 )
= U (t), V (t) ( ) , ∀t ∈ I = Dom ,
c t c
e isso nos diz exatamente que P é uma isometria entre os espaços vetoriais normados
· ·c(t0)) e (Tc(t)M, ·, ·c(t)).
(Tc(t0 ) M, ,
Suponha por fim que M possui orientação A (atlas orientado). Observamos a
seguir que a escolha de uma tal orientação induz uma orientação em cada plano
tangente a M . De fato, seja (U, x) ∈ A e sejam Xi = ∂x∂ i a base coordenada
associada a x. Assim, se p ∈ x(U ), definimos a orientação em Tp M como sendo
positiva se ela possui a mesma orientação que { X1 ,...,X n }. Mostremos que a
“orientação positiva” em Tp M está bem defin ida. Suponha que (V, y ) ∈ A com
p ∈ W = x(U ) ∩ y(V ) e denote Yi = ∂y∂ i a base coordenada de y . Seja T o isomorfismo
linear que leva {X1 (p),...,X n (p)} respectivamente em {Y1 (p),...,Y n (p)}. Queremos
mostrar que det T > 0 . A menos de translações de Rn (que sabemos que preservam
a orientação ), podemos supor que 0 ∈ U ∩ V e x(0) = p = y(0). Assim, sobre
∅ = W = x(U ∩ V ) ∩ y(U ∩ V ), podemos definir y ◦ x−1 : W → W .
Afirmação 2.1. T = d(y ◦ x−1 )(p).
De fato, temos
−1
d(y ◦ x )(p) Xi (p) = d y (x−1 (p)) dx−1 (p) Xi (p)
· ◦ ·
−1
◦ (p) ◦ d (0) · e
= d y (0) dx x i
= dy (0) ◦ d( −1 ◦ )(0) · e
x x i
= dy (0) ◦ d( )(0) · e
1 i
= dy (0) ◦ · e
1 i
= dy (0) · e = Y (p).
i i
14
Para cada s ∈ [t0 , t], seja {X1 (c(s)),...,X n (c(s))} a base coordenada da para-
metrização (U, x). Seja {v1 ,...,v n } uma base positiva de Tc(t0 ) M . Para mostrar
que P preserva orientação, precisamos mostrar que {P (v1 ),...,P (vn )} (que é base
de T c(t) M pois já mostramos que P é isomorfismo) é positiva. Sejam V 1 ,...,V n os
transportes paralelos de v1 ,...,v n , respectivamente. Para cada s ∈ [t0 , t], escreva
n
Vj (s) = aij (s)Xi (c(s)). Sabemos que os transportes paralelos são diferenciá-
i=0
veis, de forma que as funções aij : [t0 , t] → R são diferenciáveis. Observe que
{X1(c(s)),...,X n(c(s))} é uma base positiva de Tc(s)M , para todo s ∈ [t0, t]. A
matriz da mudança de base que leva {X1 (c(s)),...,X n (c(s))} em {V1 (s),...,V n (s)}
é precisamente ( aij (s)), que é inversível, pela primeira parte do exercício. Portanto,
= 0 , ∀s ∈ [t0 , t]. Logo, a função d : [t0 , t] → R dada por d(s) = det(aij (s))
det(aij (s))
é contínua e não se anula. Como d(t0 ) = det(aij (t0 )) > 0 (pois {V1 (t0 ),...,V n (t0 )} =
{v1,...,v n} é positiva), devemos ter d(t) = det(aij (t)) = det P > 0 , como quería-
mos mostrar (observe que {P (v1 ),...,P (vn )} = {V1 (t),...,V n (t)}). Isso conclui o
exercício.
n
D
ai Pi =
n
d ai
Pi + a i
D Pi
=
n
d ai
Pi .
dt dt i=1 i=1
dt i=1
dt dt i=1
dt
( ∇ XY )(p) = D V (t0 ) =
dt
n
i=1
a (t0 )Pi (t0 ) =
n
i=1
a (t0 )ei . (∗∗)
15
n
Afirmamos que P −1 (V (t)) = ai (t)ei (aqui, t ∈ I está fixo! É aquele t para o
i=1
qual P = P c,t0 ,t). Como P é isomorfismo, para provar este fato basta mostrar que
n n
P
i=1
ai (t)ei = V (t). De fato, para cada s
∈ I , seja V (s) =
i=1
ai (t)Pi (s). Temos
n n n
DV d ai (t)
V (t0 ) =
ai (t)Pi (t0 ) =
i=1
transporte paralelo de
n
i=1
ai (t)ei e ds
= i=1
Portanto,
n
d df (∗∗)
dt Pc−1
;t0 ,t (Y (c(t)) t=t0
= dt
t=t0
=
i=1
a (t0 )ei = ( ∇ XY )(p),
Solução:
Solução:
16
Solução: Considere a esfera unitária S 2 ⊂ R3 . Considere o vetor v = (0, 1, 0)
tangente a S 2 em pN = (0, 0, 1). Considere α : [0, π] → S 2 dada por α(t) =
(0, sen t, cos t). Temos α(0) = (0 , 0, 1) = pN e α(π) = (0 , 0, −1) = pS . Seja V :
[0, π] → R3 o transporte paralelo de v ao longo de α . Afirmamos que V (t) = α (t),
∀t ∈ [0, π]. De fato, α (0) = (0 , cos t, − sen t)|t=0 = (0, 1, 0) = v e1
T
Ddtα (t) = d αdt(t) = α (t)T = (0, − sen t, − cos t)
T = −α(t) T = 0,
17
campo vetorial ao longo de f (isto é, V é uma aplicação diferenciável de I em T p M ).
Mostre DdtV = ddtV , isto é, a derivada covariante coincide com a derivada usual de
V : I → Tp M .
Solução:
Solução:
(b) Seja v 0 = (0, 1) um vetor tangente no ponto (0, 1) de R2+ (v0 é o vetor unitário
do eixo 0y com srcem em (0, 1)). Seja v(t) o transporte paralelo de v0 ao
longo da curva x = t , y = 1. Mostre que v(t) faz um ângulo t com a direção de
0y no sentido horário.
Sugestão: O campo v(t) = (a(t), b(t)) satisfaz o sistema (2) que defini um campo
paralelo e que, neste caso, se simplifica em
da
dt + Γ112 b = 0,
db
dt + Γ211 a = 0.
Fazendo a = cos θ(t), b = sen θ(t) e notando que ao longo da curva dada temos y = 1,
obteremos das equações acima que ddtθ = −1. Como v(0) = v0 , isto implica que
θ(t) = π2 − t.
Solução:
Γm
ij =
1 n ∂
2 k=1 ∂x i
gjk +
∂
∂x j
gki − ∂
∂x k
gij g km ,
18
No nosso caso, n = 2, temos
Γm
ij =
1 2 ∂
2 k=1 ∂x i
gjk +
∂
∂x j
gki − ∂
∂x k
gij g km
=
1
∂
gj 1 +
∂
g1i − ∂
gij g 1m +
∂
gj 2 +
∂
g2i − ∂
gij g 2m .
2 ∂x i ∂x j ∂x 1 ∂x i ∂x j ∂x 2
Assim,
Γ111 (x, y) =
1 ∂
g11 (x, y) +
∂
g11 (x, y) − ∂x∂ g11(x, y)
y2
2 ∂x ∂x
= 0,
Γ212 (x, y) =
1 ∂
g22 (x, y) +
∂
g21 (x, y) − ∂y∂ g12(x, y)
y2
2 ∂x ∂y
1
= (0 + 0 + 0) y 2 = 0,
2
1 1 ∂ ∂ ∂ 2
Γ22 (x, y) = 2 ∂y g21 (x, y) + ∂y g12 (x, y)
− ∂x g22(x, y) y
1
= (0 + 0 + 0) y 2 = 0,
2
Γ211 (x, y) =
1
∂
g12 (x, y) +
∂
g21 (x, y) − ∂y∂ g11(x, y)
y2
2 ∂x ∂x
=
1
− − 1
( 2) 3 y 2 = ,
1
2 y y
Γ112 (x, y) =
1
∂
g21 (x, y) +
∂
g11 (x, y) − ∂
g12 (x, y) y 2
2 ∂x ∂y ∂x
1 1 1
= 2 3 y2 = ,
2 − y −
y
1 ∂ ∂ ∂
Γ222 (x, y) = g22 (x, y) + g22 (x, y) − g22 (x, y) y 2
2 ∂y ∂y ∂y
=
1
− 1
2 3 y2 =
1
− .
2 y y
(b) Denote v(t) = (a(t), b(t)) o campo transporte paralelo de v 0 ao longo da curva
α(t) = (t, 1). Lembre-se que, se α(t) = (x1 (t),...,x n (t)) é a expressão local
de uma curva em uma variedade M (no nosso caso, α (t) = (t, 1)) e v 0 ∈ T p M ,
n
com α(t0 ) = p , então o transporte paralelo V (t) = v j (t)Xj (α(t)) é dado
j =1
pelo sistema de n equações diferenciais
n
d vk d xi
0= + Γkij v j , k = 1,...,n, (Veja Manfredo, pág. 58, 59)
dt i,j =1
dt
19
com condição inicial V (t0 ) = v 0 . No nosso caso, obtemos
2
da d xi
0= + Γ 1 vj (para k = 1)
dt i,j=1 ij dt
da 0 0 0
= + a d x1 + Γ1 b d x1 + Γ1
Γ111 d x2 + Γ1
d x2
12 21 a 22 b
dt dt dt dt dt
da 1 d x1 da
=
dt
− b
x2 dt
=
dt
b, −
e
0
db d x1 0
b d x1 + Γ2
0 x2
d x2 + Γ2 b d
0= + Γ211 a +Γ212 21 a 22 (para k = 2)
dt dt dt dt dt
db 1 d x1 db
=
dt
− a
x2 dt
=
dt
a,−
ou seja,
da
dt
−b = 0
. (∗ )
db
dt a = 0
−
u,v
Observe que u, v α(t) = Im(α(t))2
= u,v
12 = u, v , ou seja, a métrica Rieman-
niana do plano de Lobatchevski coincide com a métrica usual do R2 , sobre a
curva α. Daí, v0 , v0 v0 = v0 , v0 = 1. Como v(t) é paralelo e a conexão é
compatível com a métrica, devemos ter v(t), v(t)α(t) = v0 , v0 v0 = 1. Mas
então v(t), v(t) = 1, isto é, v(t) é unitário no sentido usual ( R2 ). Logo, v(t)
se escreve como v(t) = (a(t), b(t)) = (cos θ(t), sen θ(t)). Segue de ( ∗) que
− θ (t)sen θ(t) sen θ(t) = 0
− ⇒ θ (t) = −1, ∀t.
θ (t)cos θ(t) cos θ(t) = 0
−
pois, ∀t, sen θ(t) =
0 ou cos θ(t) = 0. Como v(0) = v0 = (0, 1), temos
π
Z
θ(0) = + 2kπ , para algum k ∈ . Tomando k = 0, por simplicidade, obtemos
π2
θ(t) = 2 − t. Agora, θ(t) é o ângulo formado entre v(t) e o eixo 0x no sentido
anti-horário. Daí, o ângulo entre v(t) e o eixo 0y no sentido anti-horário é
π π
2 − t − 2 = −t. Portanto, o ângulo entre v(t) e o eixo 0y no sentido horário é t .
20
(b) Introduza uma métrico pseudo-Riemanniana em Rn+1 pela forma quadrática
Solução:
(a) Basta observar que na demonstração do Teorema de Levi-Civita, não utiliza-se
o fato de que a métrica Riemanniana é definida positiva.
(b) Uma forma quadrática num R-espaço vetorial V é uma aplicação q : V → R
da forma q (v) = f (v, v), v ∈ V , para alguma aplicação bilinear f : V × V → R.
A forma quadrática q : V → R é dita definida positiva se q(v) ≥ 0 , ∀v ∈ V e
q (v) = 0 ⇔ v = 0. Temos o seguinte resultado:
Proposição 2.2. Se V é um R-espaço vetorial e q : V → R é uma forma
quadrática definida positiva, então , : V × V → R dada por
1
u, v = (q (u + v)
2
− q(u) − q(v)), u,v ∈ V,
é um produto interno em V .
21
1
=
2
−
(f (u + w, u + w) f (u, u) f (w, w)) −
λ
−
+ (f (v + w, v + w) f (v, v) f (w, w))
2
−
1 λ
− −
= (q (u + w) q (u) q(w)) + (q (v + w) q (v)
2 2
− − q(w))
= u, w + λ v, w , u,v,w V, λ R.
∀ ∈ ∈
Isso mostra que , é um produto interno.
Observação 2.3. Observe que, se conhecemos a aplicação bilinear f tal que
q (v ) = f (v, v ), então o produto interno da proposição acima também pode ser
expresso por u, v = 12 (f (u, v) + f (v, u)).
Voltemos ao exercício. A proposição acima motiva uma pseudo-métrica Rieman-
niana a partir da forma quadrática fornecida Q. Observe que f : Rn+1 × Rn+1 →
R dada por
é uma aplicação bilinear e que Q(x) = f (x, x), para todo x ∈ Rn+1 . Defina em
todo ponto p ∈ Rn+1 e para quaisquer vetore s x, y ∈ Rn+1 ,
22
Y = (Y0 ,...,Y n) e Z = (Z0 ,...,Z n) ∈ X(M ∗), temos
∗
X Y, Z
Y, Z
∗ (p) = ∂∂X (p) =
∂
−
( Y0 Z0 + Y1 Z1 + ...Y n Zn ) (p)
(p) ∂X (p)
= − ∂Y 0 (p)
∂X (p)
Z0 (p) − Y0 (p)
∂Z 0 (p)
∂X (p)
+ ···
+
∂ Yn (p)
∂X (p)
Zn (p) + Yn (p)
∂Z n (p)
∂X (p)
∗
= ∂Y 0 (p) ,..., ∂ Yn (p) , (Z0 (p),...,Z n (p))
∂X (p) ∂X (p)
+ (Y0 (p),...,Y n (p)),
∂Z 0 (p)
,...,
∂Zn (p)
∗
∂X (p) ∂X (p)
=
∂Y (p) ∗
, Z (p) + Y (p),
∂ Z (p) ∗
∂X (p) ∂X (p)
= ( X Y )(p), Z (p) + Y (p), ( X Z )(p) ∗
∇ ∗
∇
∗ ∗
= ( ∇ X Y, Z + Y, ∇ Z ) (p),
X
∴
X Y, Z ∗ = ∇ X Y, Z ∗ + Y, ∇ Z ∗ ,
X
23
Capítulo 3
Geodésicas; Vizinhanças
Convexas
24
Solução:
Sabemos que
Γm
ij =
1 2 ∂ gjk ∂ gki
2 k=1 ∂x i
+
∂x k
− ∂ gij
∂x k
g km
25
sendo g km a entrada correspondente da matriz G −1 .
Fazendo as contas, obtemos
f
Γ111 = Γ122 = Γ212 = 0, Γ112 = ,
f
Γ2 =
−f f , Γ2 =
f f + g g
.
11 f 2 + g 2 22 f 2 + g 2
d2 u
= 2 +
dt
2
Γ1i1
dt
d xi d u
dt
+ Γ1i2
d xi d v
dt dt
i=1
d2 u
= 2 +
Γ111
0
d u d u + Γ1 d u d v
+ Γ121
dv du 0
d v d v
Γ122
+
12
dt dt dt dt dt dt dt dt dt
2
= d 2u + 2 f d u d v .
dt f dt dt
e
2
d2 v d xi d xj
0= + Γ2ij
dt2 i,j =1
dt dt
d2 v
= 2 +
dt
2
Γ2i1
dt
d xi d u
dt
+ Γ2i2
d xi d v
dt dt
i=1
d2 v
= 2 + Γ211
dudu
Γ212
+
0
d u d v
+
Γ221
0 du
d v + Γ222
dv dv
dt dt dt dt dt dt dt dt dt
2 2
d2 v ff du f f + g g dv
= 2 2 2
+ 2 2
.
dt −f +g
dt f +g
dt
(c)
(d) O raio do paralelo ( f (v ) cos u, f (v ) sen u, g(v )) é igual a |f (v )| que, neste caso,
é igual a f (v) = v (pois 0 < v < ∞). Portanto, a relação de Clairaut fica
v cos β = cte. Ou seja, se γ (t) = (u(t), v(t)) é uma geodésica em U , então
v(t) = coscte
β (t)
.
26