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22/09/2018 As Duas Torres

O Senhor dos Anéis

As Duas Torres
As Duas Torres, segundo volume da trilogia O Senhor dos Anéis, estão
recheadas de aplicabilidades ao mundo e à situação em que atualmente
vivemos.

Desde a morte heróica de Boromir até as relações entre os reinos de


Rohan e Gondor, não há um só página deste livro que não tenha algo a
nos ensinar.

Como nas aulas passadas, listamos abaixo alguns dos principais pontos levantados pelo Pe.
Paulo Ricardo na leitura aqui proposta do segundo volume de As Duas Torres, segundo volume
da trilogia O Senhor dos Anéis.

A narrativa da morte do guerreiro Boromir guarda interessantes paralelos com o


sacramento da Confissão. Pouco antes de expirar, ele confessa ao rei Aragorn seu
maior pecado, do qual só Frodo, já longe do outro lado do rio, sabia: ter tentado
roubar-lhe o Um Anel. Aqui se vê que, na hora da morte, o que mais importa é pedir
perdão, colocando-se diante da própria miséria a fim de encontrar a misericórdia de
Deus.

Deste ponto de vista, a resposta de Aragorn — “Poucos conseguiram tal vitória” —


refere-se não tanto aos inimigos caídos ou à proteção dos dois pequenos hobbits,
mas ao orgulho e à vaidade mortos no coração de Boromir, pois vencer-se a si
mesmo vale muito mais do que derrubar exércitos inteiros.

No mundo da Terra Média, inspirado no mundo medieval e, portanto, cristão, o bem


e o mal estão claramente definidos. O drama moral consiste em saber onde
encontrar forças para realizar o bem que se deve fazer. Trata-se, nesse sentido, do
problema da graça, sem a qual somos incapazes de fazer o que sabemos que deve
ser feito: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15, 5).

Nem em O Silmarillion nem em O Senhor dos Anéis está presente, a não de ser modo
alusivo, o conceito de ressurreição no sentido técnico da palavra, uma vez que a
mitologia que perpassa estas obras é propositadamente pré-cristã.

Os reinos do norte, Rohan, e do sul, Gondor, encarnam respectivamente a cultura


nórdica e escandinava do norte da Europa e a cultura herdeira do mundo greco-
romano clássico. Desta perspectiva, Théoden, rei de Rohan, e Denethor, rei de

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22/09/2018 As Duas Torres

Gondor, representam, de um lado, o ímpeto combativo, às vezes menos racional,


das culturas anglo-saxãs e, de outro, a paulatina degradação da sociedade ocidental
como um todo e, particularmente, das culturas mediterrâneas desesperançadas, cuja
sabedoria, herança de séculos, não as impede de cometer suicídio.

O “exorcismo” de Théoden acontece pela única coisa capaz de exorcizar o mal que
se abriga dentro de nós: a palavra da verdade, da qual Gandalf se serve como
instrumento profético.

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