You are on page 1of 5

TICs na Educação Física escolar: é preciso saber utilizar

TICs en la Educación Física escolar: es necesario saber utilizar


Acadêmico do Curso de Educação Física
Universidade Federal de Santa Maria
Rosenan Brum Rodrigues
rosenanedfisica@hotmail.com
(Brasil)

Resumo
Os avanços tecnológicos se encontram em constante evolução, neste contexto surgiram as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), que é composta
por meios de comunicação, ferramentas tecnológicas, informática de modo geral e vídeo games, assim a escola tenta se inserir neste âmbito a partir da utilização dos
meios que compõem as TICs e por conseqüência estes vão se tornando agentes do desenvolvimento de aulas da disciplina de educação física escolar. O seguinte
trabalho passa a tratar do tema a partir da conceituação do termo TICs, relata como a mídia está sendo encarada na escola em um caráter geral, passando pelo
tratamento que o esporte vem recebendo dos componentes das TICs e como as aulas de educação física tem se apropriado do esporte veiculado nos meios que
compõem as TICs. Procura-se buscar uma reflexão quanto ao uso destes meios dentro da disciplina de educação física, pois sabe-se que os esportes veiculados na
mídia buscam mostrar o lado “espetáculo”, deixando em lugares obscuros a verdadeira identidade do esporte. Não se deve negar aos alunos o acesso a estes meios,
por isso profissionais da área de educação física devem estar preparados não apenas para saber manusear os instrumentos componentes das TICs, mas também deve
estar capacitado a apresentar o que é veiculado na mídia de maneira a possibilitar uma reflexão aos alunos e uma intervenção usando estes meios onde podemos
inserir os diversos conteúdos referentes à educação física procurando buscar a essência do esporte deixada em segundo plano conforme a visão da mídia.
Unitermos: TICs. Educação Física escolar. Esporte.

EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010

1/1

Introdução
Chamadas de “tecnologias inovadoras”, de “novas tecnologias”, “elementos tecnológicos”, “mídias digitais”, “novas mídias”, as
tecnologias de informação e comunicação (TICs) recebem inúmeras denominações mundo afora, pois, seus impactos vêm alterando
significativamente o modo de vida e a produção do conhecimento e do saber. De modo geral, pode-se dizer que as TICs compreendem
os recursos e possibilidades utilizados para comunicar e obter informações que dispõem de amplos sistemas tecnológicos, de satélite e
digitais de funcionamento, por exemplo: a informática e seus derivados, a televisão e mídia impressa e sistema de telefonia (Bianchi,
2008).

A mídia está em toda parte, outdoor, rádio, jornal, videocassete, revista, TV aberta e por assinatura, internet, CD-ROM. Cada vez mais
integradas ao cotidiano, por intermédio do seu discurso apoiado numa linguagem audiovisual que combina os sons, as imagens e as
palavras, as mídias nos transmitem informações, alimentam nosso imaginário e constrói uma interpretação do mundo (Betti, 1996),
podendo ser considerada esta um importante componente que pode ser usado na escola, onde o professor é responsável em
proporcionar o uso da mídia nas aulas aos seus alunos.

O espetáculo esportivo como massificação social, apresenta algumas características que favorece sua comercialização e aceitação
mundializada, tendo como elemento essencial à universalização da sua linguagem, A internacionalização esportiva é o fenômeno mais
importante dos últimos anos (Betti, 2004), declarando a televisão como parte do processo transformador do esporte em esporte
espetáculo, numa interação incessante, adaptando-se uns aos outros, dentro destas adaptações entram os diversos recursos usados em
transmissões esportivas, a participação publicitária de grandes marcas, a supervalorização de atletas e mudanças de regras possibilitando
uma melhor exploração publicitária.

No contexto da educação física as TICs podem ser definidas como importante recurso para a preparação de diversas ações
pedagógicas, nesta ação cabe ao professor/educador problematizar constantemente situações para um despertar crítico sobre a
espetacularização esportiva na TV, desenvolver ações pedagógicas nas perspectivas apontadas da educação para a mídia,
contextualizado em suas aulas não produzindo estereotipo de consumo, subsidiando rotineiramente aos educandos ações sobre os
sentidos implícitos e explícitos do espetáculo esportivo (Santos Jr., 2008).

Assim este trabalho busca proporcionar uma reflexão quanto ao uso das TICs nas aulas de educação física escolar, procurando alertar
para que se prepare profissionais para este trabalho com alunos de maneira a prepará-los de forma crítica para o bombardeio de
informações que estão sujeitos em relação à mídia.

TICs e mídia-educação: definições e conceitos

O termo TIC’s (Tecnologias da Informação e Comunicação) vem sendo objeto de estudo de pesquisas há bem pouco tempo, por isso
ainda há certo desconhecimento de profissionais da área da educação quanto à definição do termo, assim como não utilizam em suas
praticas curriculares.

Segundo Bianchi & Hammes (2007), as TICs podem ser consideradas um conjunto de ferramentas tecnológicas, cada vez mais
presentes no cotidiano, e imprescindível para um grande número de profissionais de diferentes áreas de atuação, as autoras continuam
sua fala comentando que compõem as TICs ferramentas tecnológicas que podem e/ou são utilizadas na educação como o quadro, o giz,
os materiais didáticos, as novas TICs formadas pela informática (que abrange todo tipo de computador e periféricos), também as
teleconferências, as videoconferências e as mídias tradicionais (mídia impressa, rádio, televisão, telefone), nos dias atuais ainda podemos
incluir o vídeo game, etc.

Para Miranda (2007) o termo refere-se à conjugação da tecnologia computacional ou informática com a tecnologia das
telecomunicações e tem na Internet a sua mais forte expressão. Quando estas tecnologias são usadas para fins educativos,
nomeadamente para apoiar e melhorar a aprendizagem dos alunos e desenvolver ambientes de aprendizagem podemos considerar as
TICs como um subdomínio da Tecnologia Educativa. Kellner (2001) inclui no universo das TICs o termo mídia-educação, afirmando que
estes termos devem se constituir em elementos de reflexão e crítica no âmbito educativo, onde pode-se propor a tematização da mídia
na escola com objetivo de formar cidadãos críticos e autônomos em relação à mídia que nos é imposta.

Quanto à mídia-educação Rivoltella, cita o termo como prática social e disciplina curricular na formação de cidadãos trabalhando os
conteúdos e as linguagens da alfabetização midiática, capacitando os sujeitos para lidar com as mídias criticamente e discutindo temas
como igualdade, direitos de acesso, participação e cidadania – temas do campo da mídia-educação.

Belloni (2001) concentra sua opinião quanto ao termo novas TICs aqui explanado através da fala de Bianchi & Hammes (2007)
dizendo que estas proporcionam o desenvolvimento de uma maior autonomia, favorece o aparecimento de outras competências tais
como organizar e planejar o seu tempo, suas tarefas, fazer testes, responder a formulários entre outros. Entretanto, o fascínio que estas
máquinas exercem sobre as crianças e adolescentes pode levar a situações de mania e/ou dependência, na medida em que as pessoas se
desligam facilmente da realidade física e socioafetiva, para se ligarem em alguma dessas realidades virtuais, propiciadas por uma dessas
máquinas “maravilhosas”. Tais constatações geram um novo desafio e/ou atributo para o campo da educação tanto do ponto de vista da
intervenção, isto é, da definição e implementação de políticas públicas, quanto do ponto de vista da reflexão, ou seja, da construção de
conhecimento apropriado à utilização adequada daquelas máquinas com fins educativos.

Como podemos ver os termos TICs e mídia-educação não devem ser tratados isoladamente, já que um vem complementando o outro
no campo de atuação da educação, pois para que se possa usufruir de todo o aparato tecnológico que as TICs impõem à sociedade deve-
se oferecer através da mídia-educação uma preparação da clientela para usufruir de maneira correta estes recursos que estão se
incorporando cada vez mais massivamente ao nosso cotidiano.

As mídias e a escola

Parece ser clara a importância da mídia como um dos dispositivos mais presentes na cultura contemporânea. É através dela que nos
inteiramos do que está acontecendo no mundo, aprendemos novos gostos, atualizamos nossas modas, mudamos ou até introduzimos
novos jeitos de falar e de alguma forma até um habitus em relação ao corpo e suas formas de se comportar (Bourdieu, 1983).

Vivemos num mundo crescentemente informado: somos bombardeados diariamente por milhares de imagens, palavras e sons
produzidos pelas mídias. Fala-se mesmo no nascimento de uma nova cultura: a cultura das mídias (Santaella,1996). As mídias estão em
toda a parte se destacando através de uma linguagem audiovisual por meio de sons, imagens e palavras, assim vão nutrindo nosso
imaginário, propiciando em um primeiro momento um grande número de informações sem estrutura lógica, podendo ser interpretado
individualmente.

Neste contexto, na era do computador e da televisão, a escola deverá subsistir como lugar de reagrupamento e comunicação, no qual
a individualização e o parcelamento dos conhecimentos vão poder corrigir-se e unificar-se. Porque a multiplicação dos meios de
informação não leva a um aumento da comunicação entre as pessoas, mas a um aumento das recepções individuais de mensagens
(Babin & Kouloumdjian, 1989).

Sobre a televisão Ferrés (1996), propõe que a escola eduque para a reflexão crítica: levar o aluno a compreender o sentido explícito e
implícito das informações e estabelecer relações coerentes e críticas entre o que aparece na tela e a realidade do mundo. Ele propõe que
a escola eduque na linguagem audiovisual característica da televisão, ensine os mecanismos técnicos e econômicos de funcionamento do
meio, ofereça orientação e recursos para a análise crítica dos programas, e que eduque com o meio, incorporando o recurso audiovisual
à sala de aula para otimizar o processo ensino-aprendizagem.

Orozco-Gómez (1997), nessa mesma direção, aponta que os meios de comunicação de massa (MCM), em particular a televisão,
colocam importantes desafios à escola e aos professores, os quais não podem ser combatidos ou ignorados com base em estereótipos e
pré-juízos; pelo contrário, a escolas e os professores devem preparar-se para assumir o papel de mediadores críticos do processo de
recepção dos/as alunos/as.

Babin e Kouloumdjian (1989) lembram também que a cultura jovem é cada vez mais uma “cultura audiovisual,” que vem modelando
nas novas gerações outros comportamentos intelectuais e afetivos, novos modos de ver e compreender o mundo. Conjugar tal linguagem
audiovisual, que mobiliza a afetividade e a intuição, com a racionalidade e a reflexão crítica etc. é desafio que se impõe aos educadores.
A dificuldade que aparece aos educadores é o fato de que a imagem da televisão provoca, inicialmente, um impacto emocional, que
comove, envolve todos os nossos sentidos, arrepia, faz rir ou chorar. Nesta fase, não adianta apelar à razão, porque a imagem não se
dirige ao intelecto. Apenas numa segunda fase é possível ao telespectador refletir criticamente, racionalizar. Como na maior parte das
vezes não se chega a essa segunda fase, os educadores tendem a rejeitar a televisão, educar para este “segundo tempo” deve ser uma
tarefa da escola.

Segundo Ribeiro & Santos (2007), a sociedade contemporânea está a cada dia, imergida em um “ecossistema” comunicativo. Crianças,
jovens e adultos são influenciadas por ideais, se rendendo aos apelos televisivos, modificando o seu comportamento, maneira de vestir-
se, de comunicar-se, de alimentar-se entre outros. Portanto, a escola, local propício a formação, deve promover em seu interior, o debate
sobre tais influências, bem como os professores devem ser preparados para utilizar os recursos midiáticos como uma nova ação
pedagógica durante o processo de aprendizagem e/ou formação dos alunos.

Com isso, podemos notar que o professor pode ser considerado um mediador entre as mídias e aos alunos, não podendo negar o
acesso a elas, e sim encarar os desafios impostos por elas, o que deve ser feito é uma seleção do que pode ser trabalhado em aula
deixando de lado o que é superficial e manipulador.

Espetáculos: mensagem das mídias


Como in-formar é dar forma, formalizar, construir uma realidade a partir de alguns códigos; é uma forma de ordenar o caos, organizar
ou estruturar elementos dispersos procedentes do meio ambiente, segundo certos critérios (Ferrés, 1996). As mídias (televisão, rádio,
jornais, internet) componentes das TICs, são responsáveis por grande parte das mudanças que os esportes vêm sofrendo ultimamente,
onde jogos populares foram transformados em mercadorias, com ênfase cada vez maior no rendimento tanto na busca pela vitória,
quanto na busca de lucros, podendo considerar que vencer e competir tornou-se objeto da indústria dos espetáculos esportivos,
espetáculos estes que são a forma predominante que temos na mídia atual.

Segundo Kenski (1995) espetáculos esportivos são aqueles jogos ou esportes transmitidos pela televisão, a autora ainda comenta que
este espetáculo é composto por ângulos novos para captação de imagens, maneira coloquial e entusiasmada de narradores, os sons, as
músicas, capacidade de recortar instantes específicos das partidas, o barulho das torcidas e o visual do time e do jogador.

A autora ainda enfatiza que com esse destaque que o esporte vem ganhando dentro dos meios de comunicação de massa, este tem
se tornado um lucrativo investimento que atrai o interesse de muitos patrocinadores, dispostos a atingir a esta massa através da
veiculação de seus logotipos durante todo o tempo da partida, a partir disso as competições esportivas, como apropriação comercial, vem
sendo pressionadas para reformular regras de jogos de maneira a favorecer ao máximo a sua exploração publicitária. Os esportes que
não se adaptarem à televisão estarão fadados ao desaparecimento; da mesma forma, as televisões que não souberem buscar o acesso
aos programas esportivos jamais conseguirão sucesso financeiro e de público. (Nuzzman, 1996, apud Pires, 2002).

Nessa perspectiva, Betti (2004), relata que a mídia transforma o esporte em texto predominantemente imagético e relativamente
autônomo em face de pratica real do esporte, descontextualizando o fenômeno esportivo do seu contexto histórico, sociológico e
antropológico, o que é em parte compensado por câmeras em diversos ângulos, closes, replays, gráficos e estatísticas, o que confere
uma falsa autonomia visual ao telespectador, efetuando um contato constante com as manifestações corporais e esportivas.

Bianchi (2008) coloca em seu trabalho que o esporte moderno se constitui numa fonte inesgotável de matéria-prima para a imprensa
em geral, falada, escrita ou televisiva. Parece que a mídia compreendeu o poder do esporte em atrair pessoas do mundo inteiro ao seu
redor, e o utiliza para ampliar sua audiência e conquistar novos consumidores.

Santin (2006) destaca que o jornalismo esportivo presente entre nós, tornou-se predominantemente futebolístico, considerando que se
fizermos uma pesquisa quanto ao tempo em que um telejornal esportivo destaca o futebol, o resultado estará em torno de 90% de seu
tempo, deixando os outros 10% para os outros esportes, sendo que em todos os destaques sempre são os atletas “super stars”, que
segundo Kenski (1995), é aquele valorizado comercialmente, onde são veiculadas mensagens de patrocinadores, tido como um campeão,
com ele é vendida a imagem símbolo, valorizada socialmente, de saúde, força, poder, vitória e prestígio.

O uso das TICs na Educação Física escolar

Crianças e adolescentes, atualmente tomam contato com elementos da cultura corporal de movimento como telespectadores e não
como a vivência tal fato, além de distanciar cada vez mais a experiência de praticar esportes da de assistir, influencia a forma e o
significado da prática esportiva das crianças e jovens, que querem imitar o que vêem na televisão, que sonham em serem Ronaldinhos e
Romários.

Freqüentemente, comentários e dúvidas sobre novas práticas esportivas e corporais surgem nas aulas de Educação Física. Tais
dúvidas se devem, ao grande espaço ocupado pela mídia no cotidiano de jovens, adultos e crianças, e permitem constatar o grande
poder de influência crescente que a mídia exerce sobre a cultura corporal de movimento. Destaca-se a televisão, por transmitir inúmeras
informações sobre a cultura corporal de movimento, apresentados repetidamente em comerciais de TV, programas esportivos e
transmissões de jogos, regras, valores, táticas, técnicas, aptidão física, modelos e padrões corporais, aspectos históricos, entre outros
assuntos (Santos Jr., 2008).

Segundo Betti (1998) o esporte, a dança, as formas de ginásticas, tornam-se, cada vez mais, produtos de consumo e objetos de
conhecimento e informações, amplamente, divulgadas ao público em geral. Com o advento tecnológico, estamos nos tornando
telespectadores de esporte-espetáculo, vendo todos os lances do jogo, da corrida de carros, do ciclismo, do voleibol, através da televisão
ou internet.

Do ponto de vista que mais nos importa aqui, é fundamental perceber que o esporte espetáculo—e possivelmente no futuro outras
formas da cultura corporal de movimento que progressivamente vão se tornando objeto das mídias—faz parte da cultura corporal de
movimento contemporânea, e tal exige da educação física escolar uma nova tarefa pedagógica: contribuir para a formação do receptor
crítico, inteligente e sensível frente às produções das mídias no campo da cultura corporal de movimento (Betti, 1998).

Além do uso do espetáculo produzido pela televisão nas aulas de educação física, temos a presença do jornal, a mais antiga
manifestação de mídia presente em nosso cotidiano, nesse contexto Kenski (1995) afirma que a imprensa escrita tradicionalmente
dedicava uma ou duas páginas dos jornais para apresentar os resultados dos campeonatos de futebol e, esporadicamente, de algum
outro esporte em que as equipes nacionais se destacam. Atualmente os jornais dedicam seções diárias e até mesmo cadernos inteiros
aos acontecimentos esportivos, nacionais e internacionais, ocorridos em diversas modalidades, sendo considerado um artifício de fácil
aceitação ás aulas, assim como traz matérias em que pessoas despreparadas tratam de assuntos que omitem a verdadeira essência que
tal manchete traz em relação ao esporte para a educação física, destacando apenas os feitos heróicos de atletas aos receptores das
mensagens, mais um desafio que se impõe á educação física quanto ao uso de mídias nas aulas.

Kenski (1995), ainda destaca a informática neste contexto, pois através de sua popularização está fascinando cada vez mais seus
jogadores (alunos), em sua opinião softwares com competições esportivas garantem, aos seus jogadores, emoções similares às vividas
concretamente, ainda fala que a habilidade com que participam destes torneios não é nada semelhante com a pequena habilidade que a
grande maioria demonstra em suas atividades de educação física na escola, a autora ainda continua, dizendo que isto faz parte de uma
outra realidade, com maior chance de sucesso do que a dura realidade concreta da prática esportiva.
Quanto ao uso da internet como interferência nas aulas de educação física Schwartz (2007) afirma que, nesse campo, crescem cada
vez mais as vivências que utilizam o ambiente virtual para sua exeqüibilidade, surgindo novas opções a cada dia, assim como novos
significados e interesses, atendendo a heterogeneidade dos usuários. Ou seja, é possível o acesso às experiências de diferentes sujeitos e
grupos que discutem, no espaço virtual, sobre as aulas de Educação Física escolar e temas relacionados à cultura corporal, sendo uma
fonte de pesquisa a ser explorada por essa área.

Para Zylberberg (2003) a internet


é uma possibilidade de acesso ao conhecimento acerca da cultura corporal. A autora utiliza os
recursos tecnológicos do computador para a elaboração de uma proposta de um ambiente de aprendizagem que supera a visão
unidirecional e linear do conhecimento ao ter como base a visão multidimensional e complexa do conhecimento.

Bianchi (2008) considera que a inclusão das TICs na educação física tem seus problemas, pois em sua visão o esporte molda a nova
forma de linguagem das imagens presente nas TICs, que mistura som, cores, palavras e fotografias. Uma conseqüência desse processo é
a fragmentação do fenômeno esportivo, pois, as TICs selecionam imagens esportivas e as interpretam, propondo um certo “modelo” do
que é esporte e do que é ser esportista, mas, sobretudo, fornecem ao espectador a ilusão de entrar em contato direto com a realidade.

Conforme Hatje (2000), estudar as relações interdisciplinares entre a Educação Física e a mídia é fundamental para entender a
sociedade e pensar em novas formas de ensinar e aprender, novas metodologias, novas temáticas, visto que as TICs estão por toda
parte e modificam nossa forma de estar no mundo. Busca-se, na área da Educação Física, desenvolver a capacidade crítica dos sujeitos,
a partir de discussões sobre essa temática.

Em síntese, é possível concluir que as mídias colocam um problema pedagógico para a Educação Física escolar, pois se as informações
e imagens provenientes das mídias são constituintes e constituidoras da cultura corporal de movimento, devem também ser objeto e
meio de educação, visando preparar alunos para estabelecerem uma relação crítica e criativa com os discursos difundidos por esses
meios.

Esta visão de espetáculo produzida pelas TICs quanto ao esporte, produzem uma certa desconfiança em seu próprio uso nas aulas de
educação física, pois o que se tem possibilidade de acesso a todos são imagens, enfoques, situações retratadas nestes meios que não
condizem com a realidade da maioria da população, por isso têm-se uma visão limitada quanto ao esporte se nos detivermos a utilizar
apenas o que é destaque na mídia atualmente.

Considerações finais

Conforme o exposto neste trabalho pode-se notar o quanto as TICs estão presentes em nosso cotidiano tanto dentro da escola como
fora dela, mesmo assim ainda não se tem um conhecimento vasto sobre sua aplicação junto à educação, e particularmente a educação
física.

É importante considerarmos que as TICs são importantes artifícios de ensino que podem mudar o contexto de uma aula qualquer,
devido seus aspectos de grande fascínio para a maioria de nossos alunos.

Na área da educação física deve-se ter um grande cuidado ao se utilizar os recursos que compõem as TICs já que pelo despreparo de
profissionais, o uso deste recurso pode tornar-se pouco pedagógico, pois a imagem que é passada por estes quanto ao esporte não está
inserida na realidade que vivenciamos nas aulas de educação física dentro das escolas.

Por isso torna-se muito importante a implantação de ações governamentais e projetos que visam o preparo de profissionais tanto para
o manuseio destes recursos em suas aula, assim como seria importante o preparo para um melhor aproveitamento do que é levantado
como destaque pela televisão, jornal, etc. proporcionando um debate quanto a estes temas e possibilitando uma reflexão crítica para
nossos alunos, tornando-os capazes de transformarem-se em cidadãos individualmente independentes sem, depender da imagem
transmitida para se verem nesta imagem.

Referências

Babin, P. & Kouloumdjian, M.F. Os novos modos de compreender: a geração do audiovisual e do computador. São Paulo: Edições
Paulinas, 1989.

BELLONI, Maria Luíza. O que é mídia-educação. Campinas: Autores Associados, 2001.


Betti, M. A janela de vidro: esporte, televisão e educação física. Campinas: Papirus, 1998.

BIANCHI, P. Formação mídia-educação (física): ações colaborativas na rede municipal de Florianópolis – Santa Catarina.
Dissertação, março de 2009. Mestrado em Educação Física do Centro de Desportos da UFSC – Capítulos 3,4 e 5.

BIANCHI, P. A presença das tecnologias de informação e comunicação na Educação Física permeada pelo discurso da indústria
cultural.EFDeportes.com, Revista Digital.
Buenos Aires, Ano 13, N° 120, 2008. http://www.efdeportes.com/efd120/tecnologias-de-
informacao-e-comunicacao-na-educacao-fisica.htm

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, Lisboa: Difel, 1989.
CAPELA, Paulo Ricardo do Canto. Os mega-eventos esportivos e as políticas de esporte e lazer de resistência. Revista
Motrivivência,
101 – 110, nº. 27, dezembro de 2006.

FANTIN, Mônica. Mídia- Educação – conceitos, experiências e diálogos Brasil-Itália. Florianópolis: Cidade Futura, 2006. Capítulo 1 –
Mídia-Educação e a formação do educador;

Ferrés, J. Televisão e educação. Porto Alegre: Artes Médicas; 1996.


HAMMES, M.H. e BIANCHI, P. A formação profissional em Educação Física permeada pelas TICs no CEFD da UFSM. Revista Pensar
a Prática,
julho-dezembro de 2007.

HATJE, Marli. Grande Imprensa: Valores e/ou características veiculadas por jornais brasileiros para descrever a participação da
seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1998. (Doutorado) em Centro de Educação Física, Universidade Federal de
Santa Maria, 2000.

KELLNER, Douglas. A cultura da mídia – estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru, SP,
Edusc, 2001.

KENSKI, Vani. O impacto da mídia e as Novas Tecnologias de Comunicação na Educação Física. MOTRIZ, v.1, n º 2 , 129-133-
Dezembro de 1995.

MIRANDA L. M. Límites e possibilidades das TICs na educação. Sísifo/Revista de ciências da educação, Portugal, 2007.
MORIN, Edgar. Ética, Cultura e Educação. A televisão pode ser educativa? SP: Cortez, 2001.

Orozco-Gómez, G. O. Professores e meios de comunicação: desafios, estereótipos. Comunicação e Educação, 1997.

PIRES, G. L. Educação Física e o discurso midiático: Abordagem crítico-emancipatória Educação. RS, Unijuí, 2002.

RIBEIRO, Sérgio Dorenski; SANTOS, Cássia Fernanda. Educação física e mídia: primeiras aproximações na UFS. In:
GRUNENNVALDT, J. T. et al. (orgs.). Educação Física, esporte e sociedade: temas emergentes.
São Cristóvão: UFS, Depto. de
Educação Física, 2007.

Santaella, L. A cultura das mídias. São Paulo: Experimento, 2006.


SANTIN, Silvino. Processos comunicacionais na educação física e nos esportes. Reflexões filosóficas. Motrivivência, ano XVIII, nº.
26.

Espetacularização Esportiva na TV: Ações e Desafios à educação física escolar, RJ, 2008.
Santos Jr. n. j.

Schwartz, G. M. O ambiente virtual e o lazer. In: Marcellino, N. C. (org.). Lazer e cultura. São Paulo: Editora Alínea, 2007.

Zilberberger, T. P. A internet como uma possibilidade do mundo da (in) formação sobre a cultura corporal. In: BETTI, M. (org.).
Educação física e mídia: novos olhares, outras práticas.
São Paulo: Hucitec, 2003.

Outros artigos em Portugués

Recomienda este sitio

Buscar
Búsqueda personalizada

revista digital · Año 15 · N° 147 | Buenos Aires, Agosto de 2010


© 1997-2010 Derechos reservados

You might also like