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O processo de barbarização da cultura, como afirma o grande filósofo Mário Ferreira dos Santos,

processa-se verticalmente, atravessando não apenas um setor específico, chegando no território e


expandindo-se para todos os setores da sociedade. Destarte, a corrupção do que é a cultura, a
educação, a moral e tudo mais que forma a base de sustentação da nação. Noções fundamentais, como
a noção de beleza, são atacadas ferozmente pois, com a finalidade da Arte do Belo, sempre resslatada
pelo professor Carlos Nougué, de "fazer propender ao bem através do belo e rejeitar o mal através do
horrendo", joga-se na esteira do relativismo estético a própria noção de bem e de mal, de correto e de
errado.

Assim, não é coincidência que a ação de devastar o arcabouço do mundo civilizado no que este trata da
arte atende claramente a uma agenda própria, imposta sobre as populações do mundo inteiro. A arte
que Sir Roger Scruton carateriza como um esforço do artista para demonstrar sua pura visão à luz de
uma ideia -- como a arte das crianças, pura, "comme il fault", visualmente aceita pelos povos do mundo
-- foi substituida pela ideia à luz da poética. Ou seja, aquilo que ilumina a realidade -- a compreensão
humana --, para a arte moderna, é aquilo que constrói a realidade. Assim, a arte moderna é uma
tentativa, dominantemente kantiana, de construir a realidade a partir das ideias que, em choque com a
dominância do bem do campo do belo, ataca o belo para suprimir o bem.

Estas pessoas, entretanto, não caíram do céu (nem brotaram do inferno) para tentar destruir os valores
do mundo. As raízes dessas ideias são tão profundas e antigas quanto a mais profunda e antiga heresia,
em conformidade com o que afirma G.K. Chesterton sobre o fato de que nenhum erro moderno é
realmente atual, mas são todos reedições dos antigos erros. As pequenas seitas, correntes secundárias
de pensamento, sobreviveram através dos séculos depois de rejeitadas inicialmente pelo mundo, e daí
retornamos à Invasão Vertical dos Bárbaros. Dominaram a elite, e da elite de cima para baixo; não
através da dialética, mas através da propaganda.

Prova desta invasão, da ação da propaganda, é o fato de que a arte moderna nunca apela para seu valor
intríseco, mas sim para seu valor relativo. A ideia, o conceito, são a ponta de lança da propaganda da
arte. Isto aliado à atávica dificuldade do mundo contemporâneo em simplesmente apontar algo como
feio, faz com que as causas formal, material e eficiente saem do caminho do julgamento artístico. Pouco
importa com o que foi feito, a forma dada e o processo de feitura, desde que a finalidade pareça
justificável.

Junto a toda esta estratégia, o financiamento facilmente pode ser encontrado se a "arte" servir ao
grande capital de alguma forma. Essa resposta, entretanto, pode ser encontrada em qualquer notiviário
policial. Não é coincidência que Baruscos e Cerveirós tenham comprado quantidades obscenas de arte
moderna por valores assustadores. Melhor do que lavar dinheiro, para gente fora da lei, é disfarçá-lo de
arte.

A recuperação da beleza, assim como do cavalheirismo, entretanto, não é impossível. Basta olhar ao
redor. Ela é evidente por si só.

Tradução: Andrey Costa

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