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Eric Silva 2
UNEB
eric.uneb2010@gmail.com
Taíse Menezes 3
IF Baiano
taise_menezess@hotmail.com
Resumo: objetivou-se neste trabalho neste trabalho de modo geral discutir a relação dos
conceitos de etnociência, semiárido e convivência com a seca relacionada às perspectivas
de problematização no cerne da Educação do Campo. Em contrapartida, de modo
específico procurou analisar quais alternativas têm sido desenvolvidas pelos agricultores no
âmbito do Semiárido Baiano no que concerne a construção de saberes etnocientíficos para
lidar as peculiaridades geoambitentais e, por fim dialogar com a experiência desenvolvida
por Abelmanto na sua propriedade no distrito de Mucambo, no município de Riachão do
Jacuípe. De acordo com Diegues e Arruda (2001, p. 36) citado por Costa (2008, p. 132) os
saberes etnocientíficos são compreendidos como os saberes populares que foram
construídos pelos diversos grupos populacionais e que não foram formalmente
sistematizados, portanto constroem outras perspectivas de fazer conhecimento diferente dos
estudos cientificamente produzidos no âmbito formal. A produção acadêmica em questão
justifica-se pela necessidade de se penar as diversas perspectivas de construção dos
conhecimentos, pois vale ressaltar que a produção de saberes transcende a sistematização
formal existente, mas que os diversos grupos sociais e identitários também têm construídos
que são de extrema relevância para o processo formativo e para a produção da vida dos
sujeitos do campo e que contribuem para a construção de uma ação educativa mais
condizente com as necessidades e demandas das populações campesinas. Quanto aos
instrumentos metodológicos para o desenvolvimento desta produção acadêmica fez uma
visita de campo a propriedade de Abelmanto e, posterirormente, desenvolveu-se uma
discussão teórica a partir da busca de artigos científicos e documentos oficiais que versem
sobre o tema em questão e, por fim o desenvolvimento de um estudo de caso a partir das
experiências vivenciadas na propriedade de Abelmanto. São perceptíveis as diversas
contribuições que a Educação do Campo pode trazer para o entendimento das questões do
semiárido brasileiro, uma vez que possibilita ressignificar as representações sociais que se
tem de rural, de sociedade, natureza, mulher e campo inclusive a partir da articulação com o
paradigma de convivência com a seca e valorizando os princípios agroecológicos que trazer
Campus XI – Serrinha.
3 Graduado em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) –
INTRODUÇÃO
4Semiáridoocupa mais de um terço do bioma do Nordeste. ... População: 6.316.846 habitantes (em
2013), 48% do total do estado e 31% dos habitantes do Semiárido do Nordeste. Densidade
demográfica: 16,5 habi/km2 (Fonte: IBGE apud UPB)
a produção de saberes transcende a sistematização formal existente, mas que os
diversos grupos sociais e identitários também têm construídos que são de extrema
relevância para o processo formativo e para a produção da vida dos sujeitos do
campo e que contribuem para a construção de uma ação educativa mais condizente
com as necessidades e demandas das populações campesinas.
A problemática do trabalho em questão está relacionada a pensar de que
maneira as populações do campo, especificamente no Semiárido Baiano, têm-se
apropriado dos saberes etnocientíficos para lidarem com as especificidades e
peculiaridades desta região para que possam produzir sua vida e atividades
produtivas e econômicas.
Em relação ao lócuo de pesquisa, o trabalho de campo foi feito mediante uma
visita a propriedade de Abel Manto localizada na comunidade rural de Mucambo, no
município de Riachão do Jacuípe5, cidade situada no Território de Identidade Portal
do Sertão6, onde este agricultor familiar tem utilizado os saberes etnocientíficos e
agroecológicos com o intuito de produzir e tem adequado o trabalho na propriedade
a realidade climática e ambiental do semiárido.
Objetivou-se neste trabalho de modo geral discutir a relação dos conceitos de
etnociência, semiárido e convivência com a seca relacionada às perspectivas de
problematização no cerne da Educação do Campo. Em contrapartida, de modo
específico procurou analisar quais alternativas têm sido desenvolvidas pelos
agricultores no âmbito do Semiárido Baiano no que concerne a construção de
saberes etnocientíficos para lidar as peculiaridades geoambitentais e, por fim
dialogar com a experiência desenvolvida por Abelmanto na sua propriedade no
distrito de Mucambo, no município de Riachão do Jacuípe.
Quanto aos instrumentos metodológicos para o desenvolvimento desta
produção acadêmica fez uma visita de campo a propriedade de Abelmanto e,
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Riachão do Jacuípe é um município brasileiro do estado da Bahia situado a 186 km de distância da
capital estadual, e pertencente à Área de Expansão Metropolitana de Feira de Santana. Sua
população, conforme estimativas do IBGE de 2018 era de 33 403 habitantes, sendo o segundo
município mais populoso da RMFS entre 16 municípios. Área da unidade territorial (km²) 1.190,196.
Riachão fica situada as margens do Rio Jacuípe e tem uma economia voltada para a pecuária e
agricultura, destacando-se o rebanho bovino e suíno e a extração da fibra de sisal para exportação,
juntamente com Candeal são os únicos municípios da Região Sisaleira pertencente a RMFS, e tem
como principal rodovia a BR 324. (Fonte: Wikipedia)
6
O Território Portal do Sertão é composto por 18 municípios: Riachão do Jacuípe, Água Fria, Amélia
Rodrigues, Anguera, Antonio Cardoso, Conceição de Feira, Conceição do Jacuípe, Coração de
Maria, Feira de Santana, Ipecaetá, Irará, Santa Bárbara, Santanópolis, Santo Estevão, São Gonçalo
dos Campos, Tanquinho, Teodoro Sampaio e Terra Nova. (Fonte: http://portaldosertao.blogspot.com/)
posterirormente, desenvolveu-se uma discussão teórica a partir da busca de artigos
científicos e documentos oficiais que versem sobre o tema em questão e, por fim o
desenvolvimento de um estudo de caso a partir das experiências vivenciadas na
propriedade de Abelmanto.
Imagem 01 – Mapa do município de Riachão do Jacuípe
De acordo com Diegues e Arruda (2001, p. 36) citado por Costa (2008, p.
132) os saberes etnocientíficos são compreendidos como os saberes populares que
foram construídos pelos diversos grupos populacionais e que não foram
formalmente sistematizados, portanto constroem outras perspectivas de fazer
conhecimento diferente dos estudos cientificamente produzidos no âmbito formal.
Diante disso, pensar na valorização e consideração dos conhecimentos
produzidos pelos diversos sujeitos que têm processos de produção de existência
diferenciados, realidades de vidas distintas e práticas específicas perpassa por
compreender que estes saberes populares têm sido principalmente por grupos
comunitários de longa ancestralidade, como por exemplo, índios e comunidades
quilombolas, por exemplo.
Nesta perspectiva, segundo Silva & Lima (2010, p. 10) aponta que o processo
formativo que se almeja no campo, onde as demandas e necessidades dos sujeitos
sejam consideradas possibilitam a construção de novos pontos de vista se for
alicerçado pelos ideais que tratam dos mecanismos para se conviver com a seca.
Diante disso, a construção dos conhecimentos precisa dar conta de ações e práticas
que possibilitem que os sujeitos adquiram aspectos valorativos, atitudinais, saberes
e atividades que trabalhem a necessidade de se fomentar o pertencimento dos
indivíduos que moram na região semiárida e a construção de relações que coloquem
em questão o fortalecimento dos espaços de formação e de vivência, como também
dos ideais de convivência que são necessários nesta sub-região.
A proposta educativa para as comunidades rurais na região semiárida coloca
em evidência que se faz necessário e primordial abarcar as especificidades
educativas e formativas dos sujeitos do campo. Neste contexto, os ideais de
conviver com as peculiaridades desta sub-região apontam como questões
norteadoras para se considerar na proposta de Educação do Campo do Semiárido
brasileiro. O paradigma da Convivência do Semiárido torna-se relevante devido a ser
uma vertente que foi construído pelos diversos setores sociais populares que
percebem a primazia de se ressignificar o olhar que se tem sobre a região semiárida
brasileira a partir da consideração dos aspectos sustentáveis, dos elementos
desenvolvimentistas endógenos e dos saberes populares alicerçados pelos
conhecimentos agroecológicos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CORREIA, Rebert Coelho (et al.). A região semiárida brasileira. In: VOLTOLINI, T.
V. Produção de caprinos e ovinos no semiárido. - Petrolina: EMBRAPA
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2016. Disponível em
http://coloquio.paulofreire.org.br/participacao/index.php/coloquio/ixcoloquio/paper/do
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http://www.leg.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/VI.encontro.2010/GT.16/GT_
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