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Relatório - A emergência da Índia como potência econômica, membro dos BRICS e polo
de investimentos no Sudoeste da Ásia no setor farmacêutico, serviços e tecnológico.
Indo. O apogeu dessa civilização deu-se aproximadamente 1.500 anos antes de Cristo, quando
o norte da Índia foi invadido pelos árias (subgrupo indo-europeu previamente estabelecido no
planalto iraniano). Dessa época, não subsistiram monumentos ou inscrições, apenas provas de
tradução oral transmitidas através dos séculos, em decorrência da inexistência da escrita na
região.
Apenas no oitavo século antes de Cristo, comerciantes indianos trouxeram da Ásia
ocidental uma escrita semítica que procedeu os Alfabetos da Índia. A partir disso, as
principais obras produzidas foram os Vedas (base do sistema de escrituras sagradas do
Hinduísmo) que até então eram contadas oralmente. Além disso, os indianos produziram
grandes epopeias, como uma de suas principais obras literárias chamada “Maabarata”. É oito
vezes mais longa que a “Ilíada” e a “Odisseia” de Homero juntas, sendo considerado o grande
poema épico da Índia, o qual contém uma multidão de lendas, mitos, contos e tradições
populares. Assim, é possível perceber como a historiografia andava ao lado da religião e da
literatura.
A heterogeneidade se manteve nas relações sociais e políticas com o passar do tempo,
como pode ser observado na organização da sociedade em Castas. Por casta, entende-se um
grupo de pessoas que possuem tradicionalmente as mesmas ocupações, que devem sua origem
à um mesmo antepassado. A preservação da unidade de origem se dá através da endogamia.
As regras para os membros de cada casta abrangem desde prescrições alimentares até a
maneira de viver.
As castas indianas são quatro. As três primeiras são descendentes dos árias,
reconhecidas como as dos homens-livres. A primeira é Brahmana, nos Vedas descrita como
nascidos da boca de Brahma, divindade criadora do universo. São originalmente os
sacerdotes, indivíduos que formam unidade com o sagrado.A segunda casta é Ksatriyas. Estes
são nascidos do braço de Brahma, originalmente os guerreiros com poder política que
compõem a nobreza.
Em seguida, a casta dos Vaiçyas, nascidos dos músculos da coxa de Brahma.
Originalmente, eram os camponeses, comerciantes e artesãos. A última casta é formada pelos
não-ários nascida dos pés de Brahma, chamada de Çudras, originalmente os servos. Há ainda
aqueles que vieram da poeira abaixo dos pés de Brahma, os Patrias, marginalizados pela
sociedade, hoje conhecidos por dalit. Com o tempo, inúmeras classes intermediárias foram
criadas da mistura de castas, mas as quatro citadas seguem sendo as principais.
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corrupção e acusações de ingerência econômica; seu número de assentos foi reduzido de 206
a 44 nas eleições de 2014, um dos principais partidos envolvidos no movimento pela
independência.
O sistema de castas da Índia se modernizou conforme o tempo, o que antigamente
eram os quatros “Varnas” (as 4 divisões clássicas das castas brahmins, kshatriyas, vaishyas e
shudras) somado aos intocáveis transformou-se no que se chama de “Jatis” e os Dalits.
Historicamente os indianos tinham uma vivência somente para/com a sua comunidade
chamada de jatis.
“A maioria dos jatis (embora não todos) vinham de profissões. Então, se o
seu pai era alfaiate, da casta de alfaiates, você também fazia parte dessa casta
– pois você também ia trabalhar como alfaiate, e os seus filhos também, e
todos iam casar com filhas de outros alfaiates! Além de profissões, outros
jatis foram formados de outros tipos de ‘comunidades’ e grupos.”
A uma complexidade muito grande na divisão social indiana pois nela há mais de 2
mil castas, 20 mil subcastas, diferenças regionais e etc. É importante ressaltar que mesmo com
as “novas” castas jatis a s antigas “varnas” não caíram em desuso e além disso nem sempre
membros de uma mesmo jati será de um mesmo varna.
A partir de 1947 a constituição da Índia proibiu a discriminação ocorrida com base
na religião, casta, raça, sexo, ou lugar de nascimento de um pessoa. Além destas a partir de
1950 foram promulgadas novas leis que garantem melhor mobilidade social e liberdade para a
casta mais baixa, os dalit antigos intocáveis (esse nome atualmente é considerado ofensivo e
caiu em desuso). Contudo apesar dos esforços é notável a interferência desse sistema na
sociedade indiana de forma negativa, contudo temos que entender que tal formação social faz
parte da cultura do país, portanto é incoerente que seja abandonada.
A situação social de mulheres no território indiano é, no mínimo, desesperadora. O
país sofre com uma forte visão machista e patriarcal onde a mulher é vista como inferior aos
homens, assim como esperado de uma estrutura machista, o ambiente colocados para elas são
dentro de casa cuidando da mesma. Em algumas regiões há uma obsessão para que a prole de
uma mulher seja homem, de modo que como consequência há inúmeros casos de abortos
quando descobrem que será uma menina. Sabendo-se disso é proibido desde janeiro de 1996
as grávidas saberem o sexo do bebê, contudo clandestinamente isso ainda ocorre. Além disso
a prática do dote para o casamento, mesmo que proibida desde a década de 60, ainda é bem
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“Quais são as cinco economias que mais devem crescer em 2018”. BBC Brasil, 2018. Disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/amp/geral-43205514> . Acesso em 15 de setembro de 2018.
2
“Índia vai superar a China e se tornará o país mais populoso em 2022”. El País Brasil, 2015. Disponível em:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2015/07/29/internacional/1438196192_156373.html>. Acesso em: 15 de
setembro de 2018.
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Para Rubén Campos e outros especialistas a Índia estaria passando por um processo
de reemergência como a China, recuperando um espaço de centralidade, dado que é uma
potência regional relevante, mas que possui interesse em ampliar suas perspectivas regionais e
se elevar à nível global. Ainda na região asiática a Índia poderia ser um contra-peso frente a
China embora tenha uma distância econômica grande, em termos políticos por ser uma
democracia desde a independência ainda que possua problemas (corrupção,
representatividade, etc.) permanece sendo uma democracia frente a China com um governo de
partido único.
No período da Guerra Fria a Índia foi um dos países que fundaram o movimento dos
não-alinhados, e se tornou país líder deste movimento, porém no transcorrer do tempo com
sua economia crescendo e os governos se engajando cada vez mais em abrir a economia
indiana para o comércio internacional e a realização de seu desenvolvimento e crescimento
econômico modificaram as relações externas e prioridades do governo indiano que já não se
volta mais para assumir um posto de “líder” dos países em desenvolvimento e sim em busca
de relações mais estreitas com os Estados Unidos e uma presença maior na região asiática4
para se consolidar como uma nova potência emergente. Em suas relações internacionais
portanto, a Índia não atua de forma isolada e possui alianças e relações importantes com
diversos países como o Japão, a Rússia (relação histórica desde a Guerra Fria), sua capacidade
e influência hoje em dia não são equivalentes a da China, mas podem lhe gerar frutos no
futuro, especialmente porque a ascensão chinesa não só na região mas no mundo leva diversos
Estados a reforçar alianças em âmbito econômico, mas principalmente estratégicas com a
Índia para tentar “conter” o crescimento da China, e mais recentemente vem ocorrendo uma
aproximação maior entre o governo norte-americano, bem como o australiano devido ao bom
desempenho da política externa de Narendra Modi.
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“Las armas de India para convertirse en potencia económica mundial”. Capital radio, 2018. Disponível em:
<http://capitalradio.es/las-armas-de-india-para-convertirse-en-potencia-economica-mundial/?doing_wp_cron=15
42929680.3170208930969238281250>. Acesso em: 20 de outubro de 2018.
4
“Understanding India as a Rising Power: An Open Economy and Interdependence* Framework”. The world
financial review, 2017. Disponível em: <http://www.worldfinancialreview.com/?p=13811> . Acesso em: 20 de
setembro de 2018.
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A Índia é um país com grandes potencialidades, mas com muitos desafios sociais,
demográficos e econômicos. Quanto às potencialidades como foi mencionado nos parágrafos
anteriores o seu crescimento populacional lhe permite ter uma população jovem com uma
média de 25 anos grande e apta ao mercado de trabalho, outro fator seria o crescimento da
classe média indiana que fortalece o mercado interno, além disso, as perspectivas de
urbanização dado que em média 70% da população vive em zonas rurais e parte dela está se
deslocando para áreas urbanas e por fim a realidade de estar se tornando um polo tecnológico
na região asiática e com um forte potencial mundial.
Atualmente é fundamental para o país a indústria de softwares, o setor de
telecomunicações que é o segundo mercado do mundo, a indústria de serviços e internet estão
sendo um dos principais setores propulsores desse crescimento econômico e são um dos
setores que estão atraindo investimentos estrangeiros. Porém, para que o processo de
desenvolvimento e crescimento econômico ocorram como o esperado será necessário um
grande aporte de investimentos em diversos setores que impõe desafios ao governo indiano.
Estes desafios são principalmente sociais, pois a Índia é um país grande e densamente
populoso com uma grande pluralidade que se traduz em desafios políticos e sociais, entre os
desafios estão: a redução da pobreza; melhorar as infra-estruturas sociais, educação,
transportes, saúde; acelerar sua modernização; dentre outros. Todos são desafios “típicos” de
países pobres e subdesenvolvidos que para serem superados dependem do investimento
estrangeiro, pois apesar de ter um grande crescimento econômico ainda não é suficiente para
financiar todos os investimentos necessários.
A Índia no BRICS
O BRICS é uma sigla para os países Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
(South Africa, em inglês). Este grupo de países emergentes visam uma cooperação no âmbito
econômico-financeiro e político, carregando em suas agendas o objetivo de alcançar maior
representatividade no G-20 e em órgãos da ONU, como o Conselho de Segurança. Sua
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primeira reunião formal ocorreu em 2008, mas foi apenas em 2011 que a África do Sul se
juntou ao grupo oficialmente.
O BRICS possui até mesmo um Banco próprio, o chamado Novo Banco de
Desenvolvimento (NBD), que visa investir capital em infraestrutura e tecnologia nos países
do grupo, além de desenvolvimento sustentável como, por exemplo, incentivar investimentos
em energia renovável. Além disso, o grupo tem grande importância na esfera mundial. Seu
PIB, somado, corresponde a 22,53% do PIB do planeta, e a população total dos países
equivale a 42,58% da população mundial.
Sobre a relevância da Índia dentro do grupo, podemos destacar sua população
abundante e crescente, o que garante muita mão de obra disponível e uma população jovem e
economicamente ativa. Entretanto, sua renda per capta é a pior dentre os países, sendo de
U$1500. Além disso, é o único país predominantemente rural, tendo uma taxa de urbanização
chegando aos 40%.
Sua indústria tecnológica é muito desenvolvida, fruto das universidades bem
estruturadas do país. A Índia atesta que esse é uma das suas grandes contribuições ao grupo,
na parte de compartilhar conhecimento tecnológico com os outros integrantes.
Seu crescimento anual fica entre 6 e 9%, chegando a ultrapassar a China em alguns
momentos (como no ano de 2015). Isso traz um equilíbrio ao grupo, para que não sejam vistos
como zonas de influência chinesa. Além disso, o país também é considerado o call center
mundial por ter muitos fluentes em inglês, uma tentativa do governo em capacitar seu povo
para o mercado de trabalho indiano.
Já sobre o papel que exerce dentro do BRICS, há três visões majoritárias. A Índia tem
uma grande contribuição ao Banco dos BRICS, justamente na tentativa de desenvolver os
países de forma conjunta, para que o progresso seja alcançado entre todos. Isso traz o papel de
“irmão mais velho”, que protege os países e serve como um ponto de apoio de
desenvolvimento dentro do grupo. É possível destacar um episódio ocorrido com a Rússia, em
que a ONU propôs algumas sanções e a Índia não as seguiu, atestando que as relações
comerciais com a Rússia continuariam normalmente. Por fim, o papel de “promotor da paz”
também é famoso a Índia. Já prestou serviços a países em uma tríade de motivos: manter a
estabilidade do grupo, estreitar relações com cada um dos integrantes e, por fim, manter a paz.
Isso pode ser avaliado, dentro da Teoria Realista das RI, como ações que visam apenas
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interesses econômicos ou comerciais, mas há um fundo de Liberalismo que acredita que essas
cooperações multilaterais realmente podem promover o bem estar dos integrantes.
REFERÊNCIAS
Asia Power Index. Lowy Institute, 2018. Disponível em: < https://power.lowyinstitute.org/
>. Acesso em: 18 de setembro de 2018.
Brasil se unirá a China e Índia para criticar protecionismo de Trump?. BBC News Brasil,
2018. Disponível em<https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44947937>. Acesso em
19 de novembro de 2018.
BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Portal Itamaraty. Disponível em
<http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/mecanismos-inter-regionais/3672-brics>
. Acesso em 15 de novembro de 2018.
FMI aposta em China e Índia como motores do crescimento econômico da Ásia. IstoÉ.
Disponível em:
<://istoe.com.br/fmi-aposta-em-china-e-india-como-motores-do-crescimento-economico-da-a
sia/ >. Acesso em: 25 de setembro de 2018.
India at 70, and the Passing of Another Illusion. The New York Times, 2017. Disponível em:
<https://www.nytimes.com/2017/08/11/opinion/india-70-partition-pankaj-mishra.html> .
Acesso em: 21 de setembro de 2018.
India At 70: An Emerging World Power With Unfinished Business At Home. Forbes.
Disponível
em:<https://www.forbes.com/sites/alyssaayres/2017/08/14/india-at-70-an-emerging-world-po
wer-with-unfinished-business-at-home/amp/>. Acesso em: 26 de setembro de 2018.
India: a “major power” still below its potential. The interpreter, 2018. Disponível em:
<https://www.lowyinstitute.org/the-interpreter/india-major-power-still-below-potential> .
Acesso em: 17 de setembro de 2018.
Modi's Foreign Policy Revolution?. Foreing Affairs, 2018. Disponível em:
<https://www.foreignaffairs.com/articles/india/2018-03-08/modis-foreign-policy-revolution>
. Acesso em 27 de setembro de 2018.
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