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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA


FILHO” – FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DISCENTES: Bianca Bussadori Papassidro R.A.: 171225007

Gabriela Almeida RA.: 161222188

Gabriela Vano R.A.: 171224477

Otávio Henrique Marchisete R.A.: 171221842

Ramine Tomaz Nelo R.A.: 171223306

DOCENTE: Prof. Augusto Zanetti

DISCIPLINA: Temas Contemporâneos em RI

CURSO: Relações Internacionais – 2° ano (Vespertino)

Relatório - A emergência da Índia como potência econômica, membro dos BRICS e polo
de investimentos no Sudoeste da Ásia no setor farmacêutico, serviços e tecnológico.

Índia: Contexto histórico


Compreender a história da Índia desde o princípio ainda é um desafio para os
historiadores, sendo seu passado ainda cercado por trevas espessas. Não se sabe quais foram
os primeiros habitantes da península e muito menos o que foi feito destes. Tal obscuridade
pode ser explicada por dois motivos:
O primeiro deles é a constituição do povo indiano. Durante a história, o território
recebeu diversos imigrantes e foi invadido inúmeras vezes. O estabelecimento de grupos
heterogêneos foi facilitado pelo relevo local. Rios, desertos, florestas e montanhas dificultam
o acesso a todas as regiões de forma igual, isolando os grupos uns dos outros. Assim, pode-se
dizer que a Índia carece de uma história conhecida por não ter sido no passado nem um
império, nem uma pátria e nem uma nação unificada.
O segundo motivo decorre da falta de relatos históricos em documentos. A mais antiga
civilização indiana identificada é a de Mohenjo-Daro e Harappa. O conhecimento desta é
relativamente recente, tendo sido descoberto na primeira metade do século XX na região do
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Indo. O apogeu dessa civilização deu-se aproximadamente 1.500 anos antes de Cristo, quando
o norte da Índia foi invadido pelos árias (subgrupo indo-europeu previamente estabelecido no
planalto iraniano). Dessa época, não subsistiram monumentos ou inscrições, apenas provas de
tradução oral transmitidas através dos séculos, em decorrência da inexistência da escrita na
região.
Apenas no oitavo século antes de Cristo, comerciantes indianos trouxeram da Ásia
ocidental uma escrita semítica que procedeu os Alfabetos da Índia. A partir disso, as
principais obras produzidas foram os Vedas (base do sistema de escrituras sagradas do
Hinduísmo) que até então eram contadas oralmente. Além disso, os indianos produziram
grandes epopeias, como uma de suas principais obras literárias chamada “Maabarata”. É oito
vezes mais longa que a “Ilíada” e a “Odisseia” de Homero juntas, sendo considerado o grande
poema épico da Índia, o qual contém uma multidão de lendas, mitos, contos e tradições
populares. Assim, é possível perceber como a historiografia andava ao lado da religião e da
literatura.
A heterogeneidade se manteve nas relações sociais e políticas com o passar do tempo,
como pode ser observado na organização da sociedade em Castas. Por casta, entende-se um
grupo de pessoas que possuem tradicionalmente as mesmas ocupações, que devem sua origem
à um mesmo antepassado. A preservação da unidade de origem se dá através da endogamia.
As regras para os membros de cada casta abrangem desde prescrições alimentares até a
maneira de viver.
As castas indianas são quatro. As três primeiras são descendentes dos árias,
reconhecidas como as dos homens-livres. A primeira é ​Brahmana​, nos Vedas descrita como
nascidos da boca de Brahma, divindade criadora do universo. São originalmente os
sacerdotes, indivíduos que formam unidade com o sagrado.A segunda casta é ​Ksatriyas​. Estes
são nascidos do braço de Brahma, originalmente os guerreiros com poder política que
compõem a nobreza.
Em seguida, a casta dos ​Vaiçyas, ​nascidos dos músculos da coxa de Brahma.
Originalmente, eram os camponeses, comerciantes e artesãos. A última casta é formada pelos
não-ários nascida dos pés de Brahma, chamada de ​Çudras,​ originalmente os servos. Há ainda
aqueles que vieram da poeira abaixo dos pés de Brahma, os ​Patrias,​ marginalizados pela
sociedade, hoje conhecidos por ​dalit​. Com o tempo, inúmeras classes intermediárias foram
criadas da mistura de castas, mas as quatro citadas seguem sendo as principais.
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Alguns sociólogos associam o surgimento das castas com as profissões. Segundo


Émile Senart, indologista francês, as castas do brahmanismo foram introduzidas às classes de
ambições políticas das primitivas comunidades árias. Tem-se registro da existência das castas
nas escrituras Vedas.
Com relação ao desenvolvimento do ordenamento político, a lei apenas saiu de seu
estado primitivo, o hábito e os costumes, fundada em um poder laico. A autoridade existia
pelo caráter sagrado da filiação, não segundo a extensão territorial de um poder político.
Na Índia setentrional dos primeiros séculos históricos, a autoridade era familiar,
exercida pelos ​Ksatryas, ​os quais formavam pequenas repúblicas. Os chefes eram escolhidos
por meio de eleições dentro da referida casta. Com o tempo, as pequenas repúblicas deram
lugar às monarquias, marcadas pelo despotismo patriarcal e pelo governo que pode ser
classificado como utilitarista. As monarquias foram formadas quando ocorreu a união das
repúblicas a fim de unir esforços contra uma série de invasões.
Em 1600 os ingleses, através da Companhia das Índias Orientais adentraram nas terras
indianas com o objetivo de comercializar. Um século mais tarde, já haviam enclaves em
Bombaim, Madras e Calcutá. Em 1877, após uma série de resistências contra a colonização, a
rainha Vitória foi proclamada Imperatriz das Índias.
Durante a dominação britânica, existiram duas Índias: uma administrada pelos ingleses
e a outra dividida em principados controlados por famílias nobres. O poder de defesa e
política exterior foram cedidos aos ingleses por admiração por parte dos rajás e príncipes.
Os hinduísmo era uma das principais religiões do Estado na época (junto à religião
muçulmana) e foram seus membros os funcionários da coroa local, aceitando a educação e a
soberania britânica.
Entretanto, os mesmos hindus formados em universidades inglesas passaram a
perceber a relação de dominação dos ingleses e o sujeitamento dos indianos para com a coroa
da Inglaterra, e entenderam o fato como uma traição ao povo o qual pertenciam.
A independência da Índia se deu principalmente a partir da Política de Não-Violência,
defendida e liderada por Gandhi, advogado indiano, e pelo Congresso Nacional da Índia. A
descolonização se deu em meados do século XX, após a Primeira Guerra Mundial, quando a
ascensão do capitalismo no mundo fez o colonialismo ser considerado inaceitável, a fim de
movimentar o mercado mundial e estabelecer novos meios de dominação.
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A partir da independência, os muçulmanos reivindicaram um Estado independente,


medida que foi defendida pelos ingleses e acatada. Assim, surgiu o Estado do Paquistão, o
que contribuiu para o enfraquecimento da Índia. Até hoje, a fronteira entre a Índia e o
Paquistão é um foco de tensão entre as nações.

A realidade política, social e econômica do país


Após a introdução histórica do país iremos passar por aspectos atuais da Índia
enquanto sociedade, agente político e internacional dividido em subtópicos, o primeiro iremos
tratar sobre o sistema político do país rapidamente e abordaremos as castas na Índia
contemporânea, visto que é considerado uma matriz para a estratificação da sociedade
Indiana, iremos passar por detalhes quantitativos como PIB e IDH e finalizaremos sobre um
resumo do comércio internacional.
A Índia é considerada a maior democracia do mundo (em questão quantitativa),
composta por 28 estados e sete territórios da união, com um sistema de democracia
parlamentar, seu atual presidente é Ram Nath Kovind, da casta Dalit, e o primeiro ministro
Narendra Modi, das castas "Ghanchi" e "Teli". O presidente da Índia exerce um cargo de
chefe de Estado, ou seja não possui interferências tão diretas ao governo do país, já o primeiro
ministro exerce a função de chefe de governo, os mandatos de ambos são de 5 anos. O poder
legislativo da Índia está representado pelo parlamento bicameral, que consiste na câmara alta,
chamada Rajya Sabha (conselho dos estados) e a câmara baixa, chamada Lok Sabha
(conselho do povo). A "Rajya Sabha" é um órgão permanente, que conta com duzentos e
quarenta e cinco membros que servem por um período de seis anos. A maioria deles é eleita
indiretamente pelas legislaturas estatais e territoriais, mediante ​representação propor​c​ional​.
Dos 545 membros do Lok Sabha, 543 são eleitos diretamente pelo voto popular para
representar determinados grupos sociais por um período de cinco anos. Os outros dois
membros são nomeados pelo presidente entre a ​comunidade anglo-indiana​. Os principais
partidos indianos são:
Partido Bharatiya Janata (BJP): Pró-Hindu, com uma ideologia nacionalista e de
direita, lidera a coalizão Aliança Democrática Nacional (NDA); encontra-se em estado de
ascensão sendo que nas eleições de 2014, garantiu sua primeira vitória de maioria.
Congresso Nacional Indiano (INC): centro-esquerda; lidera a coalizão de oposição
United Progressive Alliance (UPA); sofreu recentemente com inúmeros escândalos de
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corrupção e acusações de ingerência econômica; seu número de assentos foi reduzido de 206
a 44 nas eleições de 2014, um dos principais partidos envolvidos no movimento pela
independência.
O sistema de castas da Índia se modernizou conforme o tempo, o que antigamente
eram os quatros “​Varnas​” (as 4 divisões clássicas das castas ​brahmins, kshatriyas, vaishyas e
shudras) somado aos intocáveis transformou-se no que se chama de “​Jatis​” e os Dalits​.
Historicamente os indianos tinham uma vivência somente para/com a sua comunidade
chamada de jatis.
“A maioria dos jatis (embora não todos) vinham de profissões. Então, se o
seu pai era alfaiate, da casta de alfaiates, você também fazia parte dessa casta
– pois você também ia trabalhar como alfaiate, e os seus filhos também, e
todos iam casar com filhas de outros alfaiates! Além de profissões, outros
jatis foram formados de outros tipos de ‘comunidades’ e grupos.”

A uma complexidade muito grande na divisão social indiana pois nela há mais de 2
mil castas, 20 mil subcastas, diferenças regionais e etc. É importante ressaltar que mesmo com
as “novas” castas ​jatis a​ s antigas “​varnas​” não caíram em desuso e além disso nem sempre
membros de uma mesmo ​jati ​será de um mesmo ​varna.
A partir de 1947 a constituição da Índia proibiu a discriminação ocorrida com base
na religião, casta, raça, sexo, ou lugar de nascimento de um pessoa. Além destas a partir de
1950 foram promulgadas novas leis que garantem melhor mobilidade social e liberdade para a
casta mais baixa, os dalit antigos intocáveis (esse nome atualmente é considerado ofensivo e
caiu em desuso). Contudo apesar dos esforços é notável a interferência desse sistema na
sociedade indiana de forma negativa, contudo temos que entender que tal formação social faz
parte da cultura do país, portanto é incoerente que seja abandonada.
A situação social de mulheres no território indiano é, no mínimo, desesperadora. O
país sofre com uma forte visão machista e patriarcal onde a mulher é vista como inferior aos
homens, assim como esperado de uma estrutura machista, o ambiente colocados para elas são
dentro de casa cuidando da mesma. Em algumas regiões há uma obsessão para que a prole de
uma mulher seja homem, de modo que como consequência há inúmeros casos de abortos
quando descobrem que será uma menina. Sabendo-se disso é proibido desde janeiro de 1996
as grávidas saberem o sexo do bebê, contudo clandestinamente isso ainda ocorre. Além disso
a prática do dote para o casamento, mesmo que proibida desde a década de 60, ainda é bem
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comum na sociedade indiana, segundo a Agência Nacional de Estatísticas e Crimes na Índia


uma mulher é assassinada por hora com a motivação de exigências de dotes.
A população da India é estimada em 1.281.935.911 habitantes sendo o segundo país
mais populoso do mundo, com uma densidade de aproximadamente 329 hab./km², é o 7°
maior país do mundo em território com 3.287.590 ​km² , sendo 9.5% de água, segundo o
Banco Mundial possui o terceiro maior PIB se levar em conta o PPC (Poder de Paridade de
Compra), 10.385,432 (em milhões de international dollars)​ e o 7º maior PIB nominal
2.048.517 (em milhões de US$) com uma média de crescimento em 7.25% nos últimos 8
anos. No que diz respeito ao IDH indiano está em 130º no ranking com 0,640 considerado
médio, isso se deve a situações como o grande índice de desnutrição infantil enfrentado no
país, bem como as grandes desigualdades, por exemplo, em 2018 1 a cada 4 crianças de 0 a 59
meses são desnutridas.
No que diz respeito ao comércio internacional a Índia é a 17º economia de
exportação do mundo, exportando US $ 261 bilhões e importando US $ 339 resultando em
um balanço comercial negativo de US $ 78 bilhões, os produtos de maior exportação são
diamantes, petróleo refinado, medicamentos embalados, jóias e carros, e seus principais
destinos são E.U.A., Emirados Árabes, Hong Kong, China e Reino Unido. Já na pauta de
importações seus principais produtos são, petróleo bruto, ouro, briquetes de carvão e
telefones. As origens de importação de topo são a China, o Estados Unidos, o Emirados
Árabes Unidos, a Arábia Saudita e a Suíça. Conseguimos extrair informações cruciais sobre a
Índia observando suas importações, um exemplo disso é quando paramos para analisar o
porquê do telefone estar entre um dos produtos de maior demanda no país, a Índia tem se
tornado um grande destaque na terceirização de call centers devido a qualificação
profissional, especialização em T.I., educação e ser o segundo país no mundo com o maior
número de falantes em inglês. Outro ponto é sobre a importação de carvão, que se faz
necessária pois em 2010, segundo o mistério de energia indiano 64% da fonte de energia do
país é térmica.
Atualmente a Índia faz partes de grande blocos comerciais como OMC, SAFTA (que
prevê uma zona de comércio livre no sul da Ásia), e o BRICS. Contudo nem sempre a Índia
foi um país aberto ao comércio internacional, entre o período de 1970 e 1991 o país buscava
adquirir uma auto suficiência de modo a se tornar independente das trocas comerciais entre
Estados, sendo os instrumentos usados para inibir a importação foram grandes taxações sobre
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produtos importados e quotas, contudo isso foi afetando negativamente o balanço de


pagamentos do país, o obrigando a abrir-se para o comércio exterior após 1991.
A emergência da Índia como potência econômica
Historicamente após sua independência a Índia obteve momentos em sua trajetória em
que foi apontada como um país que possuía possibilidades de se tornar uma potência
econômica e está sempre foi uma pretensão dos governos indianos por entenderem que o país
teria alguns fatores potenciais de alavancar seu crescimento e desenvolvimento econômico,
além de que no passado a Índia assim como a China foram países importantes no comércio
internacional.
De acordo com o relatório do Banco Mundial ​“Global Economic Prospects, June
2018” o​ crescimento econômico no Sul da Ásia se elevará para 6,9% em 2018, a demanda
doméstica seria a chave do crescimento na região, apesar de que as exportações devem
fornecer apoio adicional ao crescimento em 2018. O crescimento na Índia está projetado para
acelerar para 7,3% em 2018/19 e 7,5% na média em 2019/20, refletindo o consumo privado e
o investimento das empresas, apesar de ter tido uma pequena queda do crescimento
econômico entre 2016 e o início de 2018, tendo ficado entre 7,1% e 6,7%.
Hoje a Índia ocupa a 7° colocação na classificação das maiores economias do mundo
feita pelo Banco Mundial, porém alguns analistas apontam que ainda no ano de 2018 ela
poderia subir para a 5° lugar superando a França e a Grã-Bretanha. Além disso, é uma grande
potência econômica emergente membro do G-20 do BRICS com uma crescente influência
geoestratégica mundial, pois é vizinha da China e juntas são as grandes economias do século
XXI. Devido também a seu rápido crescimento econômico nos últimos anos de acordo com as
projeções do Banco Mundial a Índia pode se tornar a 3° economia mundial, depois de China e
1
Estados Unidos na próxima década , o forte crescimento da população e o fato de que vai
chegar a ser o país mais habitado do mundo2 seriam os indicativos desta possibilidade se
concretizar.

1
“Quais são as cinco economias que mais devem crescer em 2018”. ​BBC Brasil​​, 2018. Disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/amp/geral-43205514>​ . Acesso em 15 de setembro de 2018.

2
​“Índia vai superar a China e se tornará o país mais populoso em 2022”. ​El País Brasil​​, 2015. Disponível em:
<​https://brasil.elpais.com/brasil/2015/07/29/internacional/1438196192_156373.html​>. Acesso em: 15 de
setembro de 2018.
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3
Para Rubén Campos e outros especialistas a Índia estaria passando por um processo
de reemergência como a China, recuperando um espaço de centralidade, dado que é uma
potência regional relevante, mas que possui interesse em ampliar suas perspectivas regionais e
se elevar à nível global. Ainda na região asiática a Índia poderia ser um contra-peso frente a
China embora tenha uma distância econômica grande, em termos políticos por ser uma
democracia desde a independência ainda que possua problemas (corrupção,
representatividade, etc.) permanece sendo uma democracia frente a China com um governo de
partido único.
No período da Guerra Fria a Índia foi um dos países que fundaram o movimento dos
não-alinhados, e se tornou país líder deste movimento, porém no transcorrer do tempo com
sua economia crescendo e os governos se engajando cada vez mais em abrir a economia
indiana para o comércio internacional e a realização de seu desenvolvimento e crescimento
econômico modificaram as relações externas e prioridades do governo indiano que já não se
volta mais para assumir um posto de “líder” dos países em desenvolvimento e sim em busca
de relações mais estreitas com os Estados Unidos e uma presença maior na região asiática4
para se consolidar como uma nova potência emergente. Em suas relações internacionais
portanto, a Índia não atua de forma isolada e possui alianças e relações importantes com
diversos países como o Japão, a Rússia (relação histórica desde a Guerra Fria), sua capacidade
e influência hoje em dia não são equivalentes a da China, mas podem lhe gerar frutos no
futuro, especialmente porque a ascensão chinesa não só na região mas no mundo leva diversos
Estados a reforçar alianças em âmbito econômico, mas principalmente estratégicas com a
Índia para tentar “conter” o crescimento da China, e mais recentemente vem ocorrendo uma
aproximação maior entre o governo norte-americano, bem como o australiano devido ao bom
desempenho da política externa de Narendra Modi.

Fatores que indicam a emergência e os desafios políticos e sociais para sua


realização

3
“Las armas de India para convertirse en potencia económica mundial”. ​Capital radio​​, 2018. Disponível em:
<http://capitalradio.es/las-armas-de-india-para-convertirse-en-potencia-economica-mundial/?doing_wp_cron=15
42929680.3170208930969238281250>​. Acesso em: 20 de outubro de 2018.
4
​“Understanding India as a Rising Power: An Open Economy and Interdependence* Framework”. ​The world
financial review​​, 2017. Disponível em: ​<http://www.worldfinancialreview.com/?p=13811>​ . Acesso em: 20 de
setembro de 2018.
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A Índia é um país com grandes potencialidades, mas com muitos desafios sociais,
demográficos e econômicos. Quanto às potencialidades como foi mencionado nos parágrafos
anteriores o seu crescimento populacional lhe permite ter uma população jovem com uma
média de 25 anos grande e apta ao mercado de trabalho, outro fator seria o crescimento da
classe média indiana que fortalece o mercado interno, além disso, as perspectivas de
urbanização dado que em média 70% da população vive em zonas rurais e parte dela está se
deslocando para áreas urbanas e por fim a realidade de estar se tornando um polo tecnológico
na região asiática e com um forte potencial mundial.
Atualmente é fundamental para o país a indústria de ​softwares​, o setor de
telecomunicações que é o segundo mercado do mundo, a indústria de serviços e internet estão
sendo um dos principais setores propulsores desse crescimento econômico e são um dos
setores que estão atraindo investimentos estrangeiros. Porém, para que o processo de
desenvolvimento e crescimento econômico ocorram como o esperado será necessário um
grande aporte de investimentos em diversos setores que impõe desafios ao governo indiano.
Estes desafios são principalmente sociais, pois a Índia é um país grande e densamente
populoso com uma grande pluralidade que se traduz em desafios políticos e sociais, entre os
desafios estão: a redução da pobreza; melhorar as infra-estruturas sociais, educação,
transportes, saúde; acelerar sua modernização; dentre outros. Todos são desafios “típicos” de
países pobres e subdesenvolvidos que para serem superados dependem do investimento
estrangeiro, pois apesar de ter um grande crescimento econômico ainda não é suficiente para
financiar todos os investimentos necessários.

Novo governo e a captação de investimentos para os setores da economia


As últimas eleições legislativas gerais que foram realizadas na ìndia em maio 2014,
com um coeficiente eleitoral recorde de 66% da população marcou a vitória do BJP (Partido
do povo indiano) que consegue 282 cadeiras na câmara baixa do total de 543, somando a
aliança feita pela BJP à Aliança Democrática Nacional é um total de 336 assentos. Naredra
Modi é o líder do partido BJP, e toma posse em maio de 2014 com prioridade à reafirmação
da ascensão econômica indiana, baseado na experiência que teve como governador no estado
do Gujarat, uma experiência exitosa que lastreou a sua figura política. No processo de
reafirmação, houve medidas para atração de investimento estrangeiros, um programa de
abertura de contas bancárias populares, uma medida que marca a tentativa de migração do
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sistema de benefícios sociais para o método de transferências diretas. Os dados


macroeconómicos relativos ao ano fiscal de 2015-2016 indicaram um crescimento de 7,6% do
PIB, que atingiu a marca de 2,18 trilhões do dols; é em 2015, inclusive, que a Índia
apresentou taxas de crescimento que superavam a da China. De acordo com o FMI, a
velocidade de crescimento indiano é resultado de reformas econômicas internas e uma
conjuntura internacional favorável, principalmente por causa da queda de preços de produtos
petrolíferos, o insumo mais importado pela índia.
No cenário internacional, em termos de concertação política é possível reconhecer as
pautas levantadas pela Índia na lógica de cooperação sul-sul, como exemplo pode-se notar a
reforma da CSNU; as posições anti-protecionistas no que tange insumos agrícolas no âmbito
da OMC; há uma cooperação com o IBAS no acesso a medicamentos, lembrando que a Índia
é o maior produtor de genéricos do mundo e tem amplos interesses na questão de fármacos;
notando também a busca por cooperações militares no treinamento naval da IBSamar em
conjunto de Brasil e África do Sul.
Uma questão muito sensível para política externa Indiana surge em 1968, o Tratado de
Não-proliferação, veementemente denunciado pela Índia por uma questão de soberania
nacional, tendo um grande rival geopolítico, o Paquistão, como país vizinho. Em 1974 a Índia
testa explosivos nucleares, criando forte celeuma internacional, em contexto de choque do
petróleo em 1973, a busca por energias alternativas tornou-se rota natural para os países
terceiro mundistas. Entretanto, o país consegue colher os frutos na década de 90 de
investimentos em educação superior feitos durante a década de 70, tornando a Índia uma
referência mundial na questão de tecnologia informática, nuclear, espacial e farmacêutica.
Vale notar que países como o Brasil e Indonésia buscam a expertise Indiana em questões de
tecnologia espacial até hoje por meio de acordos bilaterais e assinatura de parcerias
estratégicas.

A Índia no BRICS
O BRICS é uma sigla para os países Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
(South Africa, em inglês). Este grupo de países emergentes visam uma cooperação no âmbito
econômico-financeiro e político, carregando em suas agendas o objetivo de alcançar maior
representatividade no G-20 e em órgãos da ONU, como o Conselho de Segurança. Sua
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primeira reunião formal ocorreu em 2008, mas foi apenas em 2011 que a África do Sul se
juntou ao grupo oficialmente.
O BRICS possui até mesmo um Banco próprio, o chamado Novo Banco de
Desenvolvimento (NBD), que visa investir capital em infraestrutura e tecnologia nos países
do grupo, além de desenvolvimento sustentável como, por exemplo, incentivar investimentos
em energia renovável. Além disso, o grupo tem grande importância na esfera mundial. Seu
PIB, somado, corresponde a ​22,53% do PIB do planeta, e a população total dos países
equivale a 42,58% da população mundial.
Sobre a relevância da Índia dentro do grupo, podemos destacar sua população
abundante e crescente, o que garante muita mão de obra disponível e uma população jovem e
economicamente ativa. Entretanto, sua renda per capta é a pior dentre os países, sendo de
U$1500. Além disso, é o único país predominantemente rural, tendo uma taxa de urbanização
chegando aos 40%.
Sua indústria tecnológica é muito desenvolvida, fruto das universidades bem
estruturadas do país. A Índia atesta que esse é uma das suas grandes contribuições ao grupo,
na parte de compartilhar conhecimento tecnológico com os outros integrantes.
Seu crescimento anual fica entre 6 e 9%, chegando a ultrapassar a China em alguns
momentos (como no ano de 2015). Isso traz um equilíbrio ao grupo, para que não sejam vistos
como zonas de influência chinesa. Além disso, o país também é considerado o call center
mundial por ter muitos fluentes em inglês, uma tentativa do governo em capacitar seu povo
para o mercado de trabalho indiano.
Já sobre o papel que exerce dentro do BRICS, há três visões majoritárias. A Índia tem
uma grande contribuição ao Banco dos BRICS, justamente na tentativa de desenvolver os
países de forma conjunta, para que o progresso seja alcançado entre todos. Isso traz o papel de
“irmão mais velho”, que protege os países e serve como um ponto de apoio de
desenvolvimento dentro do grupo. É possível destacar um episódio ocorrido com a Rússia, em
que a ONU propôs algumas sanções e a Índia não as seguiu, atestando que as relações
comerciais com a Rússia continuariam normalmente. Por fim, o papel de “promotor da paz”
também é famoso a Índia. Já prestou serviços a países em uma tríade de motivos: manter a
estabilidade do grupo, estreitar relações com cada um dos integrantes e, por fim, manter a paz.
Isso pode ser avaliado, dentro da Teoria Realista das RI, como ações que visam apenas
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interesses econômicos ou comerciais, mas há um fundo de Liberalismo que acredita que essas
cooperações multilaterais realmente podem promover o bem estar dos integrantes.

REFERÊNCIAS

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>. Acesso em: 18 de setembro de 2018.
Brasil se unirá a China e Índia para criticar protecionismo de Trump?. ​BBC News Brasil​​,
2018. Disponível em<​https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44947937​>. Acesso em
19 de novembro de 2018.
BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. ​Portal Itamaraty. ​ Disponível em
<​http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/mecanismos-inter-regionais/3672-brics​>
. Acesso em 15 de novembro de 2018.

FMI aposta em China e Índia como motores do crescimento econômico da Ásia. ​IstoÉ​​.
Disponível em:
<​://istoe.com.br/fmi-aposta-em-china-e-india-como-motores-do-crescimento-economico-da-a
sia/​ >. Acesso em: 25 de setembro de 2018.
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<https://www.nytimes.com/2017/08/11/opinion/india-70-partition-pankaj-mishra.html>​ .
Acesso em: 21 de setembro de 2018.

India At 70: An Emerging World Power With Unfinished Business At Home. ​Forbes​​.
Disponível
em:<​https://www.forbes.com/sites/alyssaayres/2017/08/14/india-at-70-an-emerging-world-po
wer-with-unfinished-business-at-home/amp/​>. Acesso em: 26 de setembro de 2018.

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<​https://www.lowyinstitute.org/the-interpreter/india-major-power-still-below-potential​> .
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13

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de novembro de 2018.
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<https://brasil.elpais.com/brasil/2014/11/07/economia/1415385464_071551.html>​ . Acesso
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<​https://www.youthkiawaaz.com/2018/08/what-is-indias-role-in-the-brics/ >. Acesso em 10
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Will India Start Acting Like a Global Power?. ​Foreing Affairs​​, 2017. Disponível em:
<​https://www.foreignaffairs.com/articles/india/2017-10-16/will-india-start-acting-global-pow
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