Professional Documents
Culture Documents
1.Introdução
Com a leitura do livro Arando o mar, dos autores Fairbanks e Lindsay (2002), procurou-se
compreender os sete padrões inibidores da competitividade e relacioná-los em um estudo de caso
feito na cooperativa de beneficiamento artesanal de castanha de caju, localizada em Serra do Mel-
RN.
Na busca por oportunidades de crescimento, elaborou-se uma matriz SWOT, para a identificação
das forças, fraquezas, oportunidades e Ameaças. Com o objetivo geral de reconhecer as
dificuldades enfrentadas pelos produtores e resolver os gargalos que dificultam a eficiência da
produção, bem como diminuir desperdícios e fortalecer o grupo, já que cada produtor trabalha de
forma independente e a melhor integração poderá ser a chave para o desenvolvimento regional.
A estruturação, organização e alcance do objetivo da pesquisa se deram através de certos
procedimentos, tais como: elaboração de questionário a partir da literatura estudada; identificação
dos aspectos gerais da cooperativa; e da elaboração e análise da matriz SWOT. Assim, o objetivo
foi atingido por meio de entrevistas, observação direta e preenchimento de um questionário.
A figura 1 ilustra as relações existentes na cadeia produtiva do caju. A interação entre os elos
resultam na produção de castanha para a extração da amêndoa, destinado ao mercado externo e
interno; o pedúnculo do caju utilizado para produção de polpa e sulcos, além do fruto inteiro a ser
consumido in natura, os dois últimos são comercializados no mercado interno.
UFERSA – Mossoró, RN, Brasil, 21 de Outubro de 2010
4. Estudo de caso
Foi realizado um estudo em uma cooperativa de comercialização de castanha de caju, a
Coopercaju, localizada em Serra do Mel – RN. Foi fundada em 28 de julho de 1991, por 30
associados. E hoje conta com 106 unidades familiares de beneficiamento artesanal da castanha de
caju, envolvendo 600 famílias. Sendo que, dessas unidades familiares 70 são de produção
orgânica.
A Coopercaju possui a capacidade produtiva de 15 toneladas por mês. Possuem
certificação orgânica pelo IBD(Instituto Biodinâmico) desde 2003 e Exportam para o mercado
Justo Europeu a 15 anos.
A produção agrícola se dá por vários produtores que investem isoladamente em cada
propriedade na plantação dos cajueiros, tendo por finalidade a extração da amêndoa,
beneficiando-a em castanha. Essas atividades têm todos os seus custos associados a cada
produtor.
O trabalho da cooperativa consiste em:
• Seleção, classificação e embalagem das amêndoas dos cooperados;
• Negociação dos contratos de exportação;
• E comercialização das amêndoas beneficiadas.
O desenvolvimento do Processo de Beneficiamento Artesanal da Castanha promoveu
diversos ganhos aos produtores que conseguiram produtos de melhor qualidade que a indústria
por dois fatores: em primeiro lugar pelo aquecimento ser mais brando (70ºC), gerando castanhas
mais brancas, enquanto que na indústria o aquecimento é de 360ºC e feito em contato com o LCC
– Líquido da Castanha de Caju, o que as escurece; e em segundo lugar pelo corte manual que
gera em torno de 90% de amêndoas inteiras, enquanto que o mecanizado industrial apenas 50%.
O mercado internacional é o que mais valoriza o produto através do “prêmio price” – que
consiste no preço diferenciado cobrado dos consumidores internacionais pela ação social
incorporada aos produtos movimentados pelas ONG’s do comércio justo.
Os canais de escoamento da produção são a praça nacional (Sudeste e Sul) e a praça
internacional. As castanhas saem do município para 19 países. Os principais países para
exportação de castanha de caju no ano de 2006 foram Itália, Áustria, Holanda e Suíça (site:
http://enfocaonline.com)
perfaz 83% da produção pesqueira total, o óleo d peixe responde por apenas 9%, o peixe
congelado 6%, e todos os demais 2%. Concentrando-se na farinha de peixe, o Peru na realidade
focalizou a parcela menos sofisticada do negócio”. Com estes dados pode-se analisar que a
abundância de peixes não é suficiente para gerar riqueza para o país, e que os produtos mais
industrializados são os que geram maiores lucros. Na COOPERCAJU, já existem alguns
requisitos para se manter competitivo no mercado, que é a comercialização de amêndoa de para
mercado exterior, na competência de qualidade, o certificado das amêndoas orgânicas (EcoCert)
e o certificado da FairTrade que o inclui em empresas que prezam o mercado justo e a
sustentabilidade. O que pode vim a ser desenvolvido, pela cooperativa para que ela possa se
manter num patamar competitivo, são metodologias como:
Posicionamento Manutenção da
(Relação aos Estratégia
concorrentes)
Implantação da
Estratégia
Diferenciação
UFERSA – Mossoró, RN, Brasil, 21 de Outubro de 2010
Como podemos inferir, dentro do mercado de comercialização existe uma divisão bem
nítida com relação aos clientes:
Público 1: O custo de aquisição do bem é um fator ganhador de pedido, ou seja, esse
cliente preza pelo custo em detrimento da qualidade.
Publico 2: O cliente passa a buscar um ponto de equilíbrio entre qualidade e custo.
Público 3: Público onde a dimensão qualidade tem uma maior importância em detrimento
ao valor de obtenção do produto.
UFERSA – Mossoró, RN, Brasil, 21 de Outubro de 2010
Público 3
Público 2
Público 1
Qualidade e custo pode ser entendido, neste caso, não como um trade off, e sim como
dimensões que podem ser aliadas na manutenção e adesão de outros mercados. Isso pode ser
explicado tomando como exemplo a implantação de um procedimento executivo. A
implementação de um padrão para beneficiamento da castanha in natura, é algo que teoricamente
não acarreta em custo, mas aumenta sensivelmente a qualidade da amêndoa.
Existem três cooperativas na cidade de Serra do Mel, e a Coopercaju alega não se unirem
em uma só cooperativa, porque a Coopermel e a Coopercastanha estão praticamente paradas e
quase todos os associados delas, também participavam da Coopercaju.
Observa-se a falta de integração da população produtora da Serra do Mel, visto não
conseguirem se unir numa só cooperativa. Essa falta de cultura de cooperativismo entre os
habitantes prejudicou-os no sentido de retardar o desenvolvimento, de dificultar a obtenção de
financiamentos e dividir as forças junto ao governo.
No que diz respeito às empresas fornecedoras de insumos, não se faz necessário, como a
produção é orgânica os defensivos e os fertilizantes são naturais, e as mudas são feitas nas
próprias unidades de beneficiamento da castanha.
É notável que inexista relação com as empresas beneficiadoras do pedúnculo do caju.
Uma cooperação que se mostraria muito eficaz, já que não possuem estrutura e tempo para esse
beneficiamento. Tendo em vista a falta de mão-de-obra até para o processamento da castanha.
Com as empresas distribuidoras não há uma fidelização, não são estabelecidos acordos a
longo prazo e a presidente da cooperativa relata que o motivo é a grande oscilação do preço da
castanha.
Quanto ao nível de cooperação institucional, a cooperativa tem o vínculo interrompido
com o Sebrae, da mesma forma com a Fundação Banco do Brasil, apesar de terem sido ótimos
parceiros. O problema é que toda a forma de beneficiamento recomendada pelo Sebrae é
diferente da praticada na cooperativa, que é em unidades familiares. A forma de beneficiamento
recomendada pelo Sebrae é centralizado em mini-fábricas, onde todos os equipamentos ficam em
um local e as pessoas se juntam lá para beneficiar. “E o sistema da Coopercaju é familiar, e
acontece há quase 20 anos e sempre foi assim”, afirma a presidente da cooperativa.
Com a UFERSA, o relacionamento é pouco substancioso. A Coopercaju já procurou a
instituição para resolver um problema com uma praga de armazenamento que estava diminuindo
UFERSA – Mossoró, RN, Brasil, 21 de Outubro de 2010
a produção, contudo o professor especialista na área de pragas não pôde resolver o problema. A
presidente da cooperativa anseia uma maior aproximação com a universidade.
E quanto ao governo, a presidente da Coopercaju diz não se queixar, porque inclusive o
governo do Estado do Rio Grande do Norte possui a menor alíquota de ICMS entre os estados
produtores.
Segundo Fairbanks e Lindsay (2002) a falta de confiança e de cooperação limita a
capacidade de empresas fornecedoras e compradoras de se especializarem no desenvolvimento de
insumos críticos específicos, e, em última análise, isso impede que o setor inove e se aperfeiçoe.
De acordo com o que foi relatado, observa-se que o nível de cooperação da Coopercaju
com as outras Empresas do Arranjo e com as instituições é insuficiente e acontece de forma
individualizada. Isso limita a capacidade da cooperativa de agir de forma inovadora a desafios
estratégicos e competitivos.
6. Conclusões
Análise FOFA:
FORÇAS FRAQUEZAS
OPORTUIDADES AMEAÇAS
UFERSA – Mossoró, RN, Brasil, 21 de Outubro de 2010
7. Referências
MORI, C.; OTÁVIO, M.; BATALHA, M.A; ALVES FILHO,A. G. Abordagens espaço-
relacional de organização da produção em estudos de atividades de produção agroindustrial no
Brasil. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, Taubaté-SP, v. 5, n. 3, p. 94-
115, set-dez/2009.
SEBRAE. A importância das marcas coletivas nos Arranjos Produtivos Locais –APLs.
Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais no Estado do Rio de Janeiro. p.15.
UFERSA – Mossoró, RN, Brasil, 21 de Outubro de 2010