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Escalas maiores e menores - Introdução 5


O que são escalas 6
Escala maior 8
A escala menor 10
Escalas relativas 11
Escalas no braço do violão 13
Todas as escalas maiores e menores 14
Presença da escala dentro da música 20
Escalas maiores e menores no braço do violão 22
O Sistema CAGED - Noção geral 24
Aprendendo formatos e não escalas 25
Estudando acordes 30
O sistema CAGED 35
CAGED - Diagramas 37
Como estudar o sistema CAGED 38
Sugestão para treino 41
Escalas menores no CAGED 43
Estudando escalas de outras maneiras 45
O braço do violão dividido em partes 46
Utilizando as escalas 52
Conclusão 53
Diagramas CAGED separados para estudo 54
Sobre o autor 57
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4

Todos os direitos reservados, incluindo direito


de reprodução no todo ou parte em quaisquer meios.

TÍTULO ORIGINAL
Escalas maiores e menores no violão
CAPA
Bruno Grünig
REVISÃO
Bruno Grünig
GERAÇÃO DE PDF
Bruno Grünig
EDIÇÃO DIGITAL
201

Todos os direitos reservados a


Bruno Grünig
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Escalas maiores e menores - Introdução

Porque estudar escalas

Quando eu era pequenino… brincadeira… Quando já sabia algo de violão, os primeiros acordes,
as primeiras músicas, eu queria mais era tocar. E pouco me importava com… estudar. Grande
erro!

Mas o destino prega peças na gente. Por força da necessidade, um dia comecei ensinar violão.
Numa escola séria. A dona da escola achava que eu era “o cara”. Pobrezinha… outro grande erro.
Mas diante da encrenca, eu saí correndo pra aprender e poder ensinar. Veja só… é o velho
ditado… “Quando a água bate na bunda… você é obrigado a nadar”.

Bem… encurtando a história… eu fui aprendendo aqui e ali, por meus próprios meios. Tentando
saber sempre mais do que meus alunos, hehehe…

Uma das coisas que tive que aprender foi a tal da escala. Falando a verdade, eu não via graça
nenhuma naquilo. O próprio nome não me soava bem. É um treco meio matemático, técnico. Mal
sabia eu (não sabia mesmo) da enorme, gigantesca importância das escalas.

Basta dizer que das escalas vem todo o resto: melodias, acordes, solos. Como é que se pode
desprezar algo assim? É a mesma coisa que se achar que a semente do tomate não é importante.
Sem semente… sem tomate. Muito importante.

E com as escalas é mais ainda. Veja alguns dos benefícios de se aprender escalas:

• Compreender a construção de melodias, solos e acordes


• Executar escalas é o caminho para executar melodias e solos
• Saber lidar com tonalidades
• Tocar mais consciente, sem decorar
• Compor música
• Compreender o campo harmônico

Tem mais. Porém só aí já dá pra ter uma idéia, certo?

Como estudar esta apostila

Eu sempre sugiro o seguinte: primeiro leia tudo sem parar muito para pensar em detalhes. Esta
primeira leitura já deixa no cérebro uma noção geral do assunto. A impressão que você tem ao
final da leitura é que não sabe grande coisa. Mas isso não é verdade. O cérebro reteve alguns
pontos principais já nesta primeira fase.

Depois recomece, desde o início. Desta vez você vai deter-se mais em cada tópico, para
compreender sem dúvidas a matéria. E sempre que houver sugestões para conferir ou tocar no
instrumento, faça isso.

Ao final, confira na prática o que aprendeu. Teoria sem prática… já sabe. É só teoria.

Boa leitura.

Bruno Grünig
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O que são escalas

Uma escala é um agrupamento de notas musicais. Porém não é um agrupamento aleatório, claro.
É um agrupamento harmonioso. Derivado de uma determinada frequência, segundo um definição
técnica.

Meio complicado. Melhor dizer “derivado de uma determinada nota”. Acontece que uma
determinada nota musical possui sua frequência, que é a medida usada para classificar a altura
de sons.

Mas vamos deixar as tecnicidades de lado e partir direto para o que realmente interessa.

Dada uma nota musical qualquer podemos “construir" uma escala. Mas como? Qual nota vem
depois da primeira? Uma boa pergunta, não?

Pois é isso que você vai ver agora. Mas antes, vamos falar de uma escala que contém todas as
notas musicais. É a…

Escala cromática

Não há nada mais simples. Todas as notas. Incluindo semitons. Para obter uma escala cromática
basta acrescentar à primeira nota todas as notas subsequentes, de meio em meio tom. Assim:

C, C#, D, D#, E, F, F#, G, G#, A, A#, B, C, C#….

Para simbolizar os semitons, usamos o sinal # (sustenido), que significa que a nota é aumentada
(mais aguda) em meio tom.

Se quisermos mostrar que a nota é diminuída em meio tom (mais grave), usamos o sinal b
(bemol).

Porém, na prática, podemos utilizar somente o sinal #, porque toda nota com um sinal de bemol
pode ser representada por uma nota com sustenido. Veja como:

Db = C#
Gb = F#

E assim por diante. Veja no diagrama abaixo como é fácil comprovar isso.

Temos aí a representação do braço do violão (ou guitarra), com todas as notas em todas as
cordas, até a casa 12. Repare como não há nenhuma nota representada com bemol.

No mesmo diagrama, você pode ver que as notas em cada corda do violão formam escalas
cromáticas. Ou seja, cada casa do violão aumenta ou diminui (para frente ou para trás), as notas
em meio tom.
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Por exemplo: Corda 6 solta = E. A mesma corda na casa 1 = F. E assim por diante, de meio em
meio tom.

Cabe ressaltar aqui que entre E e F não há sustenido, assim como entre B e C. Portanto, de E
para F e de B para C, temos meio tom.

A escala cromática serve como referência para se localizar e compreender notas musicais. Mas
não se usa para compor música. Uma música utiliza outras escalas. Principalmente a escala
maior.

Usamos a escala cromática, portanto, apenas para compreender as notas musicais e sua
localização em cada instrumento.

Poderíamos também dizer que usamos a escala cromática para obter as demais escalas, mas
como você vai ver, há métodos mais diretos e rápidos para isso. Porém, saiba disso: todas as
demais escalas, sem exceção, “cabem" dentro da escala cromática.

Vamos portanto, às escalas maiores e menores.


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Escala maior
A escala maior é a mais importante. Porque dela se obtém todas as demais. É, por assim dizer, o
“pai" das escalas. E mais: a maior parte das músicas populares são baseadas na escala maior.

E como se obtém uma escala maior, partindo de uma nota? Vamos ver isso a seguir. É claro que
existem tabelas de escalas prontas. Porém, somente utilizar estas tabelas sem saber porque as
notas estão ali, é “decoreba”. E decorar não é aprender. Você pode usar tabelas, desde que tenha
pleno conhecimento da razão porque aquelas notas estão ali, naquela sequência.

Como se forma uma escala maior

Para definir as notas de uma escala, partindo da primeira nota (que dá nome à escala), contamos
os intervalos entre suas notas. Entendemos como intervalo, a quantidade de tons e semitons entre
uma nota e outra da escala. Por exemplo: entre a nota C e a nota D há um intervalo de 1 tom ou
dois semitons, porque entre estas duas notas (lembra da escala cromática?) há outra nota que é
C#.

Estes são os intervalos da escala maior:

Tom - Tom - Semiton - Tom - Tom - tom - Semiton

Ou

1 - 1 - 1/2 - 1 - 1 - 1 - 1/2

Vamos ver então como montar uma escala de C. Começamos - é claro - com a nota C e contamos
os intervalos conforme enunciado acima:

Nota 1 = C
Nota 2 = D (Tom)
Nota 3 = E (Tom)
Nota 4 = F (Semiton)
Nota 5 = G (Tom)
Nota 6 = A (Tom)
Nota 7 = B (tom)
Nota 8 = C (Semiton)

Portanto, não é necessário consultar nenhuma tabela para saber quais notas formam uma escala.
usando a fórmula de tons e semitons, podemos definir qualquer escala. Veja abaixo como isto
funciona, a partir da escala cromática.

Escala T T ST T T T ST

C C C# D D# E F F# G G# A A# B C

D D D# E F F# G G# A A# B C C# D

Portanto:

Escala C (Dó maior) = C, D, E, F, G, A, B, C


Escala D (Ré maior) = D, E, F#, G, A, B, C#, D

O que você precisa memorizar é a ordem das notas na escala cromática. Aí, basta aplicar a
fórmula:
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1 - 1 - 1/2 - 1 - 1 - 1 - 1/2

Para obter qualquer escala maior. Vejamos um exemplo com uma escala com acidente (#):

Escala de A#

A primeira nota = A#
A segunda nota, um tom acima = C
A terceira nota, um tom acima da anterior = D
A quarta nota, meio tom acima da anterior = D#
A quinta nota, 1 tom acima da anterior = F
A sexta nota, 1 tom acima da anterior = G
A sétima nota, 1 tom acima da anterior = A
A oitava nota, meio tom acima da anterior = A#

Na prática, não seria necessário representar a oitava nota, porque a escala em si tem sete notas e
a oitava é o recomeço da escala. Por exemplo, no violão, continuando a escala em frente,
teríamos a mesma escala, porém com notas mais altas (mais agudas).

A nota fundamental

A primeira nota de uma escala é a sua nota fundamental. Ela dá nome à escala e à tonalidade
gerada por aquela escala.

Tonalidade é - usando um termo popular - a “altura" em que uma música é executada. Talvez você
tenha escutado “mudança de tonalidade”, ou “tonalidade mais alta”. Por exemplo… se uma
música é executada na tonalidade C (dó maior), usando portanto a escala de dó maior (C),
podemos alterar sua tonalidade e executar a música nesta nova tonalidade, que seria mais baixa
(mais grave), ou mais alta.

Então, poderíamos tocar esta música um tom acima do original. Se a música está na tonalidade C,
um tom acima = D (lembre-se da escala cromática… C, C# D). Veja como D está dois semitons à
direita (acima) de C.

Ou um tom abaixo: A# (Escala cromática A#, B, C). Veja como A# está dois semitons à esquerda
(abaixo) de C.

Sempre que se diz “acima" significa mais alto, mais agudo. Abaixo… é claro… mais baixo, mais
grave.

Voltando à nota fundamental, depois desta breve explicação sobre tonalidade…

A nota fundamental, além do mencionado acima é - digamos assim - o centro, a alma de uma
escala. Para ilustrar, basta dizer que um músico experiente, ao improvisar um solo, sabe que
precisa, em diversas partes do seu solo, resolver uma frase da peça na nota fundamental. Ou -
em outras partes - fazer um repouso no nota fundamental.
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A escala menor
Há três diferentes escalas menores. Neste eBook vamos falar apenas da escala menor natural. É
a escala menor diretamente derivada da escala maior, sem modificações.

Assim como com a escala maior, partimos de um determinada nota (fundamental), e pelos
semitons achamos as demais notas. Então:

Nota 1 = A
Nota 2 = B(Tom)
Nota 3 = C(semitom)
Nota 4 = D(Tom)
Nota 5 = E(Tom)
Nota 6 = F(semitom)
Nota 7 = G(tom)
Nota 8 = A (Tom)

Ou

1 - 1/2 - 1 - 1 - 1/2 - 1 - 1

Veja novamente na tabela abaixo como é simples:

Escala T ST T T ST T T

Cm C C# D D# E F F# G G# A A# B C

Dm D D# E F F# G G# A A# B C C# D

Como achar uma escala menor a partir de uma escala maior e vice-versa

Veja na tabela abaixo como é fácil visualizar que os graus (assim denomina-se cada nota de uma
escala… grau 1, grau 2…) 3, 6 e 7 são diferentes entra a escala maior e a menor. As demais
notas permanecem as mesmas.

Então, de uma escala maior para uma escala menor, basta trazer os graus 3, 6 e 7 um semiton
abaixo. De uma escala menor para uma maior, o contrário.

1 2 3 4 5 6 7 8

C C C# D D# E F F# G G# A A# B C

1 2 3 4 5 6 7 8

Cm C C# D D# E F F# G G# A A# B C
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Escalas relativas

Escalas relativas contém as mesmas notas. Cada escala maior tem sua relativa menor e vice-
versa. Vamos explicar um pouco melhor, mas veja a tabela abaixo:

Tonal 1 2 3 4 5 6 7 8

C C D E F G A B C

Am A B C D E F G A

C# C# D# F F# G# A# C C#

A#m A# C C# D# F F# G# A#

D D E F# G A B C# D

Bm B C# D E F# G A B

D# D# F G G# A# C D D#

Cm C D D# F G G# A# C

E E F# G# A B C# D# E

C#m C# D# E F# G# A B C#

F F G A A# C D E F

Dm D E F G A A# C D

F# F# G# A# B C# D# F F#

D#m D# F F# G# A# B C# D#

G G A B C D E F# G

Em E F# G A B C D E

G# G# A# C C# D# F G G#

Fm F G G# A# C C# D# F

A A B C# D E F# G# A

F#m F# G# A B C# D E F#

A# A# C D D# F G A A#

Gm G A A# C D D# F G

B B C# D# E F# G# A# B

G#m G# A# B C# D# E F# G#
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Repare como as escalas foram dispostas em ordem crescente, porém intercaladas: maior, menor.
Primeiro vem uma escala maior, depois uma escala menor, que é a relativa da anterior. então…

Escala de C e Am são relativas


Escala de C# e A#m são relativas

E assim por diante. Como já foi dito, elas são relativas porque têm as mesmas notas. E na mesma
ordem. Porém, é claro, a nota fundamental muda. E isso modifica todos os graus de uma para
outra escala.

Por exemplo… Veja abaixo as escalas relativas C e Am. As notas mantém a mesma ordem. Mas
veja como cada grau é diferente. O que isto significa na prática, é que uma música feita na escala
de C e outra música feita na escala de Am, vão utilizar as mesmas notas. Porém o ouvido vai
perceber as melodias e a harmonia de maneira diferente.

É difícil explicar a diferença. Alguns dizem que uma música feita em tonalidade menor soa mais
melancólica, triste. Mas isso também é relativo (sem querer fazer trocadilho). Experimente ouvir
músicas em tonalidades relativas e tente perceber a diferença. Para fazer este exercício, é bom
escolher músicas do mesmo gênero, parecidas.

C C D E F G A B C

Am A B C D E F G A
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Escalas no braço do violão

Apenas uma pequena observação: quando falamos “no braço do violão”, leia-se “violão ou
guitarra”. Como a afinação é igual, as notas são iguais.

Começando da corda 6 solta e seguindo em frente até o final do braço do violão, usando todas as
cordas, temos todas as notas de todas as escalas. Veja no diagrama abaixo, por exemplo, a
escala de C.

Os diagramas só vão até a casa 12, porque daí em diante, tudo se repete, como começando das
cordas soltas.

Temos, no diagrama, todas as notas da escala de C (dó maior). E como você acabou de ler no
tópico anterior, todas as notas da escala de Am (lá menor), que é relativa de C. Repare como aí
está marcada a nota C em todos os lugares em que aparece. Porque é a nota fundamental. Se for
a escala de Am, a nota A é que estaria marcada, como no diagrama abaixo.
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Todas as escalas maiores e menores

Estão ilustradas abaixo todas as escalas maiores e menores, por pares de relativas, para facilitar
esta visualização. Estas ilustrações servem para estudo do braço do violão. Para treinamento das
escalas será usado outro método.

Escala de C

Escala de Am

Escala de C#

Escala de A#m
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Escala de D

Escala de Bm

Escala de D#

Escala de Cm
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Escala de E

Escala de C#m

Escala de F

Escala de Dm
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Escala de F#

Escala de D#m

Escala de G

Escala de Em
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Escala de G#

Escala de Fm

Escala de A

Escala de F#m
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Escala de A#

Escala de Gm

Escala de B

Escala de G#m

Uma observação aqui… Você talvez já tenha ouvido ou lido algo assim: "Uma escala precisa
começar e terminar em sua nota fundamental”. Isso não é verdade. Sempre há notas para trás e
para adiante que pertencem à escala e podem ser usadas numa música, um solo, etc. É só
reparar nos diagramas. O que é preciso, isso sim, é dar ênfase à nota fundamental. Você pode
começar a escala de onde desejar, mas se não der ênfase à nota fundamental, a sonoridade da
escala ficará comprometida. A ênfase pode ser dada tocando a nota fundamental com um ataque
mais forte. Ou fazendo uma pequena pausa.
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Presença da escala dentro da música

É importante compreender como “funciona" uma escala dentro de uma música. Via de regra, uma
música vai utilizar tão somente as sete notas de sua escala, tanto na melodia como nos acordes.
Isto não quer dizer que não existam exceções. Eventualmente podem aparecer notas e acordes
diferentes numa música. A regra é que não há regra. Como disse um amigo um dia: “Se ficar
bonito, porque não?”.

Entretanto, normalmente as sete notas da escala é que aparecem na música. Ah, sim… e
algumas vezes não todas as sete.

Até mesmo os acordes de uma música normal, sem alterações, utilizam as notas da escala.
Vejamos um exemplo, com um trecho da música “E não vou mais deixar você tão só”, de Roberto
Carlos.

Tonalidade - A música está na tonallidade A.

Os acordes - Neste trecho da música, são usados os acordes A, E e D.

Um acorde natural é formado por três notas. Veja as notas destes acordes:

A = A, C# e E
E = E, G#, B
D = D, F#, A

A escala de A

A, B, C#, D, E, F#, G#, A

Consegue ver algo aí já? Claro… Os acordes utilizam notas da escala em suas formações.

Agora veja as notas do trecho da melodia:

A, E, F#, A, G#, E, E, F#, G#, F#, D, E, F#, E

Estas são as notas da primeira parte da música, cuja letra é:

Se a vida inteira, você esperou um grande amor

É muito fácil ver que a melodia também usa somente notas da escala de A.

Temos aí portanto um fortíssimo argumento para dizer o que?

Que a tonalidade desta música é, sem a menor dúvida = A.

Lembre-se que isto vale para qualquer tonalidade, maior ou menor. Conforme já mencionado,
eventualmente pode haver notas e acordes diferentes em alguma música, dependendo de como
ela foi feita.

Uma música pode, por exemplo, mudar de tonalidade num determinado trecho. E continuar nesta
nova tonalidade ou retornar à tonalidade anterior. Pode ocorrer também que um pequeno trecho
utilize notas e acordes diferentes e logo em seguida a música volta ao “normal”.

Repetindo o que meu amigo diz: “Se ficar bonito… porque não?”.

Insisto neste ponto, para que você não fique confuso ao encontrar músicas que fujam à “regra”.

Para que serve saber tudo que foi explicado até agora?
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Compreender escalas, tonalidades e acordes é fundamental para compreender e executar


música. Quanto maior seu conhecimento teórico e prático, melhor será o seu desempenho como
instrumentista. E menor será sua dependência de consultar cifras e tablaturas.

Agora você já sabe o fundamental sobre escalas maiores e menores. O que vem a seguir?

Prática. Sem prática estes conhecimentos não ajudam muito. Nas próximas páginas vou dar
algumas sugestões para praticar, mas lembre-se que sempre há muito mais. Existem centenas de
exercícios e treinos para aprimorar o conhecimento de escalas na prática.

Lembro ainda que os exercícios propostos destinam-se a fazer a ligação entre a teoria e a prática
de escalas. Não são exercícios de apuração de técnica. Vamos em frente então…
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Escalas maiores e menores no braço do violão

Ao praticar escalas, é importante, em primeiro lugar, entender que não se deve praticar escalas
pelo nome. Explicando: Como você já viu, existem 12 escalas maiores e 12 escalas menores.
Imagine você tentando decorar vinte e quatro escalas. Isto seria contraproducente.

Ao invés disso, é melhor praticar por aquilo que eu chamo de “formato”. Veja o diagrama abaixo:

Temos aí uma escala de C (dó maior) iniciando na corda 5, casa 3. Agora pense o que aconteceria
se você tocasse este mesmo formato uma casa adiante. Teria uma escala de C#. Duas casas
adiante… uma escala de D. E assim por diante.

Este procedimento é muito mais produtivo. Você apenas memoriza o formato. E através da nota
fundamental, toca escalas diferentes.

Veja só… No diagrama acima, sabemos que a nota fundamental está em dois lugares: corda 5,
casa 3 e corda 2, casa um. Então, pela posição do dedo 3 na corda 5, ou do dedo 1 na corda 2,
você sabe qual escala está tocando.

Daí você pode deduzir… o que você precisa? Dos formatos e de saber as notas no braço do
violão.

Escalas isoladas

No diagrama mostrado anteriomente temos uma escala de C. Mas visto no braço do violão, é fácil
ver que não é a escala de C no braço inteiro. É uma escala isolada num pedaço do braço do
violão. A escala está completa, mas há mais notas para a frente e para trás. E às vezes também
para cima e para baixo.

É possível treinar escalas assim, sem dúvida. Mas há um grande problema com isso. Geralmente,
o estudante acostuma facilmente àquela escala, naquele local. Mas não consegue sair daquele
pedaço do braço. Ele sabe que há mais notas em todas as direções, mas não sabe quais são e
como chegar até elas.

Existem diversas técnica utilizadas para treinar escalas ao longo do braço do violão. Alguns
gostam de uma técnica, outros gostam de outra.

Uma destas técnicas foi denominada “CAGED" para os americanos e “Sistema de cinco” para os
brasileiros.

Antes de apresentar o sistema a você, deixe-me ressaltar uma coisa. Não há maneira milagrosa
de aprender escalas no braço do violão. Tudo exige muito treino, muita dedicação. Portanto, o
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CAGED não vai resolver o seu problema da noite para o dia. Se quiser usar o sistema, use, mas
fique sabendo que exige muito treino mesmo.

A grande vantagem do CAGED é que você não treina escalas pelo nome. Treina, como eu já
mencionei, formatos.

A seguir, uma noção geral do sistema CAGED…


24

O Sistema CAGED - Noção geral

O sistema CAGED foi desenvolvido para facilitar a visualização das escalas através de
formatos de acordes. O princípio do sistema é exatamente este… localizar escalas
através dos formatos de acordes C, A, G, E e D.

Mas… calma lá… quando falamos em C, A, G, E e D, queremos dizer apenas o formato,


não o acorde em si. Soa estranho? Logo você vai ver porque não.

Imagine que você faça o acorde C, aquele tradicional, nas três primeiras casas do violão.
Se não houvessem as cordas soltas, poderíamos ir caminhando adiante no violão e o
acorde então seria C#, D, D#, etc.

É disso que trata o sistema CAGED. Trazemos os formatos de acordes para outros locais
do braço do violão para obter outras escalas. Ou seja, o formato do acorde é apenas uma
referência para se localizar as escalas.

Vamos mostrar um exemplo, com o formato C (dó maior). Veja a imagem abaixo:

Repare que não há numeração das casas no diagrama acima. Simplesmente porque o
diagrama acima é de uma escala maior, baseada no formato do acorde C. Você pode usar
este diagrama em qualquer lugar do braço do violão, para obter escalas maiores em
diferentes tonalidades.

No diagrama, os números 2 e 4 correspondem à nota fundamental da escala. E também


aos dedos da mão esquerda que digitarão aquelas notas.

Então, suponhamos que o nosso dedo 4 vai apertar a corda 5 na casa 5. Teríamos aí
então a nota D (ré). Fazendo o restante da digitação conforme a imagem acima, teremos
uma escala de D (ré maior).

Se fizermos a mesma coisa duas casas adiante? Teremos uma escala de E (mi maior). E
assim por diante.
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Aprendendo formatos e não escalas

Com o sistema CAGED, você não precisa mais aprender escala por escala (o que é muito
difícil e penoso). Você aprende os formatos de acordes e escalas. Uma vez localizado o
acorde, a escala sai naturalmente. É claro… após um período de treino. Nada de
milagres… é preciso estudar e treinar.
Agora você deve estar se perguntando: “Certo… mudando o formato de casa… obtenho
novas escalas. Só isso? É claro que não. A graça da coisa está na continuação das
escalas. Explicando:

Imagine você tocando uma mesma escala em cinco posições diferentes do braço do
violão! Imaginou? É isso mesmo. Nada mais daquela chatice de saber só um pedaço de
escala aqui e outro acolá. E ainda ter dificuldade para ir de uma para outra…

Acontece que:

• Um mesmo formato em diferentes locais do braço lhe dá escalas diferentes


• Formatos diferentes lhe dão a mesma escala em locais diferentes.

Então, seja lá com qual formato você iniciou, basta saber o próximo formato e fazer a
escala em outro lugar. Ou até mesmo pular trechos do braço. Você pode estar - por
exemplo - solando entre as casas 2 e 5 e pular para as casas entre 12 e 15. Não há
limites. Basta estudar bem os formatos de acordes e suas respectivas escalas.

Explicando um pouco mais: Suponhamos que você localizou o acorde D no formato A e


está tocando naquele pedaço do braço. O CAGED continua infinitamente, ou seja, depois
do D, começa tudo novamente, assim: CAGEDCAGED… e assim por diante, até o final
do braço.

Então, retornando ao exemplo, você localizou o acorde D no formato A. E quer ir mais


adiante. No sitema CAGED o próximo é G. Você localiza o acorde D no formato G e vai
para aquele trecho do braço. Ou E, ou D… Ou até mesmo volta para trás.

Resumindo… você faz o que quiser, dentro da escala correta.

Mas não se preocupe em compreender tudo agora. Apenas leia e sua mente irá
assimilando aos poucos. Não é nada do outro mundo. E tudo se dá dentro de uma lógica
perfeita, como você verá mais adiante e através dos vídeos.

Por onde começar

Notas e acordes. É preciso estudar notas no braço do violão. E acordes também. Como já
foi dito, nada acontece por milagre.

Veja bem… Como você sai de um trecho do braço do violão e vai para outro, se não tiver
uma referência? Resposta: não sai e não vai.
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Por isso é preciso conhecer, saber onde estão as notas e acordes no braço do violão. E
como fazer isto? Vamos dar algumas dicas aqui. E você, através destas dicas e usando
seu discernimento e dedicação, irá estudar notas e acordes.

Faça um teste com você mesmo: Se eu perguntar as notas da corda 6, casas 3, 5 e 7,


você sabe de cara sem consultar nada e sem pegar o violão? Se respondeu sim, não fez
mais nada do que a sua obrigação, pois isto é o básico do básico. Ah… as notas são: G, A
e B, é claro.

E as mesmas casas na corda 5? Hummm… tem que pensar um pouco mais… E na corda
4?

Isso é normal. Temos a tendência de memorizar mais facilmente as notas da corda 6,


porque são sempre o baixo de certos acordes.

Porém, a boa notícia é que não é preciso memorizar todas as notas em todo o braço do
violão. Isto seria ótimo, é claro. Se você puder… faça. Mas como você vai ver mais
adiante, vamos precisar mais de notas da corda 6, 5 e 2. Mas isso não significa que você
não deva estudar as demais.

Veja abaixo o braço do violão (lembrando que sempre que falamos violão nos referimos
também à guitarra), mostrando todas as notas desde as cordas soltas até a casa 12.

Para uma primeira “olhadela”, estão marcadas com a cor laranja, todas as notas C(dó).
Repare que temos seis notas C:

1. Corda 2, casa 1
2. Corda 5, casa 3
3. Corda 3, casa 5
4. Corda 6, casa 8
5. Corda 1, casa 8
6. Corda 4, casa 10

Antes de sair por aí tentando decorar notas, casas, cordas… preste atenção a certos
detalhes:

• Todas as cordas possuem a nota. No caso a nota C. É claro… são doze as notas,
incluindo os sustenidos e são doze as casas.
• Se você “deslizar” todas as notas marcadas para a direita ou para a esquerda, obterá
outro conjunto de notas. Por exemplo: Duas casas para a frente, teremos as notas D
(ré). E isto significa que a relação entre esta notas permanece, ou seja, mesmas cordas
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e mesma distância (casas) entre as notas. Isto vale para localizar notas pela distância
entre cordas e casas.
• Por exemplo: Dada uma nota qualquer na corda 5, você sempre encontrará outra nota
igual na corda 2, duas casas à esquerda e também na corda 3, duas casas à direita. E
vice-versa.

Reparando nestes posicionamentos já estabelecidos no braço do violão, você cria uma


espécie de mapa em sua cabeça.

Olhe agora este novo diagrama:

Agora estão marcadas as notas G (sol). Descontando a casa 12, que é igual à corda
solta, temos novamente 6 notas.

Repare agora, que dada uma nota qualquer na corda seis, em primeiro lugar temos outra
nota igual na mesma casa, corda 1, porque as notas das cordas são iguais, apenas em
oitavas diferentes.

Outra. Dada uma nota qualquer na corda 6, temos a mesma nota na corda 4, duas casas
adiante.

A seguir, temos diagramas do braço do violão com todas as notas sem # (sustenido)
marcadas, para que você estude a localização destas notas.

Não estão incluídos os sustenidos, para que você tenha apenas sete notas para praticar
no início. Depois, basta saber que sustenido é uma casa adiante.

Nota C
28

Nota D

Nota E

Nota F

Nota G
29

Nota A

Nota B

ATENÇÃO: De nada adianta estudar os diagramas sem o instrumento na mão. O


diagrama é apenas um guia. O “local" do estudo é o violão em si!

Dica: Não tente “decorar”. Tente compreender a relação entre as notas, cordas e casas. E
aplicar esta relação ao braço do seu instrumento.
30

Estudando acordes

Assim como as notas, os acordes também se repetem ao longo do violão.

O que você deve saber inicialmente é a formação dos acordes naturais, ou seja, as
tríades.

Acordes naturais são formados por três notas (por isso são tríades). A nota fundamental
(grau 1) e os graus 3 e 5 da escala.

O que você deduz daí? Isto: Que basta encontrar as três notas do acorde em qualquer
posição do braço do violão… e lá está o acorde.

Acontece que normalmente, nas posições mais usadas, procuramos usar o máximo de
notas possível. Então nas tríades aparecem notas dobradas, ou seja, duas vezes o grau 1
e assim por diante. Mas se você tem as três notas do acorde, já tem o acorde.

Em algumas posições, as notas encontram-se em diferentes sequências. O acorde C (dó


maior), por exemplo, tem as seguintes notas: C, E, G. Se você tiver, em alguma posição
do violão, uma sequência de notas G, C e E, ainda assim tem o acorde C, porém numa
inversão, ou seja, as notas estão em posições diferentes. Mas isto não impede que você
utilize o acorde, muito pelo contrário. As inversões ajudam muito na harmonização da
música. Principalmente quando dois ou mais músicos tocam juntos.

Veja o diagrama abaixo. Temos aí, das cordas soltas até a casa 12, as três notas do
acorde C. Repare como é possível executar a tríade, por exemplo, nas cordas 2,3 e 4, na
casa 5. Ou nas cordas 2, casa 8, 3, casa 9 e 4, casa 10.

Pegue seu violão e seguindo as posições acima, tente obter o acorde C. Depois, consulte
seu ebook Diagramas de acordes e compare os diagramas de acordes com o diagrama
acima. Você vai perceber como são obtidos os diversos formatos dos acordes.

Agora sim, a coisa começa a ficar boa. Veja o diagrama abaixo. Aí temos a escala de C
(dó maior), com as três notas do acorde C demarcadas dentro da escala. Esta - preste
atenção - é a essência do sistema CAGED. Localizar acordes para localizar escalas.
Tocar solos, melodias e acordes em diferentes partes do braço do violão.

Acorde C na escala C
31

Veja como é fácil perceber que se você estiver fazendo um solo entre as casas 5 e 8, e
tiver que fazer um acorde C no meio do solo, por exemplo, seria besteira voltar lá para o
início do braço. Pois bem ali, ao seu alcance, sem esforço, está o acorde que você
precisa!

O campo harmônico

Aí você diz… tá, mas uma música não tem um acorde só. E aí a coisa fica melhor ainda!
No mesmo lugarzinho onde você está tocando, estão também os outros acordes. Senão
vejamos:

O campo harmônico de C é C, Dm, Em, F, G, Am, Bº

Veja então estes acordes ilustrados entre as casas 5 a 12:

Acorde C
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Acorde Dm

Acorde Em

Acorde F
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Acorde G

Acorde Am

Acorde Bº

Se você
estudar cada um dos diagramas com o violão, improvisando algo com a escala e
procurando fazer os acordes, vai perceber com certeza que é possível alternar entre
acordes e solos sem dificuldade, uma vez que seus dedos já estejam treinados nas
posições e na sonoridade de cada acorde.
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Repare também que alguns acordes apresentam-se mais de uma vez somente neste
pedaço do braço do violão!

Pois bem… é assim que tocam os violonistas e guitarristas profissionais. Talvez você já
tenha reparado em alguma apresentação de um artista, que o guitarrista faz o solo,
termina e sua mão fica por ali mesmo, fazendo agora o acorde. É isso aí!

Até agora você já viu a enorme importância que existe em integrar escalas e acordes. É
simplesmente essencial.

No próximo tópico, vamos abordar então o Sistema CAGED em si.


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O sistema CAGED

O que acontece quando você tenta decorar 24 escalas, cada uma delas em pelo menos 3
posições diferentes, e mais sete acordes para cada uma delas? Nem precisa responder…
você falha, fracassa. Sem a menor dúvida.

O sistema CAGED não é algo miraculoso, que vai transformar você num virtuoso do
violão em três tempos, sem nenhum esforço. Simplesmente porque isso não existe. O que
existe é trabalho duro. Mas não adianta trabalhar duro fazendo a coisa errada.

Imagine um jogador de futebol aprendendo a chutar a bola com o máximo de força


possível. Ele treina e treina e treina, mas a bola continua saindo sem força. O que ele
deveria fazer? Continuar até conseguir? Por quanto tempo? Não, nada disso. Ele deve
parar e verificar porque o chute não sai com a força desejada. Então ele descobre que
está colocando o pé de apoio no lugar errado. E também que está muito perto ou muito
distante da bola. E também que está parando o chute antes do que deveria. Ajuntando as
três coisas, em pouco tempo ele percebe que o chute está saindo mais forte.

Este é o princípio do sistema CAGED. Estudar duro, sim, mas de uma forma mais
eficiente.

Com o CAGED, você não estuda escala por escala, acorde por acorde. Você estuda
formatos de escalas e formatos de acordes. Alternando as posições dos formatos você
obtém novas escalas. Alterando a nota fundamental da mesma escala você obtém outra
escala. E usando o mesmo formato de acorde, você obtém outros acordes. Isto é
eficiência.

Para que você compreenda sem a menor sombra de dúvida o que é o CAGED, imagine
um acorde F com pestana. O que acontece quando você faz a mesma posição uma casa
adiante? Você obtém um acorde F#, claro. E se for duas casas adiante? Aí terá um
acorde G. E assim por diante.

O mesmo acontece com o CAGED. Um determinado formato iniciado - por exemplo - na


casa 3 lhe dá a escala de G. O mesmo formato duas casas adiante lhe dá a escala de A.
E assim por diante.

O que se deduz daí? Que basta utilizar os formatos para tocas todas as escalas. No caso
aqui estamos falando de escalas maiores e menores, como você verá mais adiante.
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Os formatos

Conforme o próprio nome diz, temos cinco formatos:

C - Formato baseado no acorde C


A - Formato baseado no acorde A
G - Formato baseado no acorde G
E - Formato baseado no acorde E
D - Formato baseado no acorde D

Veja os diagramas dos cinco formatos abaixo. Os números indicam os dedos da mão
esquerda que devem ser usados para facilitar a digitação da escala. O círculo vermelho
vazio serve apenas para mostrar o formato do acorde.

Lembre-se: você estará apenas usando um formato C, A, G, E, D. E não necessariamente


estes acordes ou escalas. Repare que - propositalmente - eu não indiquei, nos formatos
abaixo, números de casas. Porque - repetindo - estes formatos podem ser feitos em
qualquer casa, obtendo assim acordes e escalas diferentes.
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CAGED - Diagramas
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Como estudar o sistema CAGED

A maneira mais eficiente de estudar é “visualizar" os formatos de acordes. Isso pode


parecer um pouco estranho, ou difícil no início. Mas é realmente a melhor maneira.

Quando eu comecei a estudar o CAGED, conversei com músicos, visitei sites, assisti
vídeos. Cada qual dá uma dica diferente. E eu fui testando aqui e ali.

Cheguei a pensar em estudar de forma alternada. Por exemplo: CAGED, AGEDC,


GEDCA e assim por diante. Resultado: embaralhou tudo, virou uma salada mista. Acredito
até que seja possível estudar assim, mas o resultado vai demorar demais.

Quando meu amigo Patrick insistiu no formato dos acordes, eu fiquei em dúvida. Será que
não era outra dica “furada”? Acredite… não é. É a dica certa. E porque?

Porque é muito mais fácil. Nós todos estamos muito acostumados a estes formatos de
acordes. Sabendo onde estão as notas fundamentais em cada formato de acorde…
tcharammmm! Temos certeza de que usando o formato “X" estaremos fazendo a escala
daquela nota fundamental.

Exemplo: Veja o diagrama abaixo, do formato D.

Para fazer uma determinada escala, você vai começar pelo formato do acorde D. Veja
acima, as três primeiras cordas. Suponhamos que você faça este formato de acorde com
o dedo 4 na casa 5. A nota da corda 2 na casa 5 é E. Então você tem aí a escala de E.

E se você levar este formato de acorde com o dedo 4 três casas adiante? Basta seguir a
escala cromática: F, F#, G. Pronto. Você teria então a escala de G.

Muito bem. Então acredito que esteja bem claro. Buscar as escalas através dos formatos
de acordes.

Como encontrar a mesma escala em lugares diferentes no braço do violão?

Utilizando o formato seguinte ou anterior. Vamos continuar usando o mesmo exemplo.


Temos então o formato de D, com o dedo 4 na casa 5. Escala de E, portanto. Agora
queremos tocar a mesma escala mais para a frente no braço. Qual é o próximo formato?
É C, porque o CAGED começa novamente.
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Então o que é preciso fazer? O formato C, com a nota fundamental sendo E.

Veja o diagrama a seguir:

No formato D, o dedo 4 estava na casa 5 (nota fundamental = E). Agora o dedo 2 vai para
a mesma casa, a 5. E temos o formato acima, de C, com a nota fundamental sendo E.
Outra escala de E, mais para a frente no braço do violão.

Veja as imagens abaixo. Na primeira a posição D e na segunda a posição C. Repare na


seta vermelha mostrando o dedo que aperta a corda 2 - nota fundamental.

Então, compreendendo e praticando os cinco formatos, você estará apto a fazer qualquer
escala em diferentes lugares do braço do violão.

Repare como fica óbvio nas duas imagens acima que de uma posição para outra estamos
caminhando para a frente no braço do violão.

A posição D vai fazer a escala de E entre as casas 1 e 5. A posição C vai fazer a mesma
escala entre as casas 4 e 7.
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E - é claro - isso não pára aí. Se você quiser seguir em frente, já sabe. Use a próxima
posição, que é o A.

Veja o diagrama de A, abaixo:

Agora, se você colocar o dedo 2 conforme indicado no diagrama, na corda cinco, na casa
7, o que terá? Mais uma vez, a escala de E!!!! E desta vez entre as casas 6 e 10.

Quer seguir em frente? Vamos lá. Agora é o G, certo? Veja o diagrama:

Repare numa coisa. No diagrama A, temos o dedo 4 lá na corda 3. No diagrama G, esta


mesma nota E, na corda 3 será apertada com o dedo 1. E desta vez faremos a escala
entre as casas 8 e 12.

E então? Veja só… começamos lá na casa 1 e paramos na casa 12!

Acredite… uma vez que você esteja habituado com os formatos, vai avançar muito em
seus estudos de violão, sem a menor dúvida.

Talvez a coisa ainda esteja um pouco nebulosa aí do seu lado. Mas não se preocupe. Na
próxima parte vamos dar um sugestão para treino.
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Sugestão para treino

Talvez você esteja se perguntando: Porque “sugestão para treino”? Porque não um
método “fixo” para treino?

A resposta é: porque o sistema CAGED é muito mais do que eu ou você possamos


imaginar. E porque você - caso realmente se dedique - pode e vai encontrar outras
maneiras para treinar. De acôrdo com a sua maneira de pensar. Conforme as suas
necessidades.

Uma vez que você entenda o CAGED, inúmeras possibilidades irão ficar claras em sua
mente.

Por isso, seria um grande desperdício prender você numa “fórmula”.

Porém, é preciso dar o pontapé inicial. E aqui vai então a sugestão.

1. Treine cada formato individualmente, mais ou menos no meio do braço do violão.


2. Aplique cada formato a pelo menos duas escalas diferentes.
3. Treine cada formato individualmente, pelo menos em três lugares do braço do violão.
4. Aplique cada formato a pelo menos três escalas diferentes, em três lugares do braço.
5. Quando estiver dominando cada formato individualmente, treine um formato e mais o
próximo. Exemplo: C e A - A e G - G e E - E e D - D e C
6. Aplique o estudo anterior a pelo menos três escalas diferentes.
7. Agora treine cada formato com o formato anterior. Exemplo: C e D - A e C - G e A - E e
G-DeE
8. Aplique o estudo anterior a pelo menos três escalas diferentes.
9. Agora treine três formatos. Cada formato com o anterior e o próximo. Exemplo: CAG,
AGE, GED, EDC, DCA
10. Aplique o estudo anterior a pelo menos três escalas diferentes.
11. Depois disso, adicione os dois formatos a cada dos estudas anteriores. Exemplo:
CAGED, AGEDC… e assim por diante.
12. Aplique o estudo anterior a pelo menos três escalas diferentes.

ATENÇÃO: Quando digo “Treine…”, isso quer dizer: localizar o acorde do formato e tocar
a escala, colocando os dedos apropriados nas cordas e casas mostradas nos diagramas.

NOTA 1: Para ir de um formato a outro, lembre-se: Você vai procurar o formato do


ACORDE, não da escala.

NOTA 2: Quando estiver tocando as escalas, lembre-se de dar ênfase à nota


fundamental. Isso vai fazer com que seu ouvido reconheça a escala e você irá sentir-se
confortável e bem localizado dentro daquela escala.

MUITO IMPORTANTE: Se você quiser estudar tudo isso em uma semana, não vai
conseguir. Nem tampouco em um mês. Conforme eu já disse, não há nada milagroso por
aqui. Não se importe com “quanto tempo”. Dedique-se diariamente a estudar e avançar no
estudo. Comece com quinze ou vinte minutos por dia e vá aumentando gradativamente.
Você pode chegar a treinar por duas ou três horas, se quiser. Mas nunca deixe de fazer
42

pausas. Pequenas ou grandes. Por exemplo: Estudar 2 horas com 4 intervalos de quinze
minutos. Nos intervalos, descanse de verdade. Vá dar uma volta, deite-se, faça outra
coisa sem ser tocar. Assim você descansa seus dedos e principalmente a sua mente.
Outra opção é estudar duas vezes por dia. De manhã e à noite, por exemplo.

Um exemplo com a escala de E

Veja o diagrama abaixo. Temos a escala de E, da casa 0 à casa 12.

Repare como tudo se encaixa. Foram colocadas as letras do CAGED junto à localização
de cada formato.

Agora suponhamos que você pegue seu violão e aperte a corda 2 na casa 5, com o dedo
4. Lembra-se do diagrama do CAGED de D? Pronto. Aí você obtém uma escala de E com
o formato de D. E assim por diante.

Porque não há tablaturas para treinar?

Talvez você esteja se fazendo esta pergunta, e por isso já antecipo a resposta:

Usar tablaturas para treinar o CAGED seria uma contradição. Ora, pense bem… a
proposta do sistema CAGED é fazer com que você consiga localizar escalas e acordes
sem precisar decorar escalas. Vincular o sistema a tablaturas seria então andar para trás,
regredir.

E aí está a boa nova… o CAGED liberta você das tablaturas. Você precisa apenas treinar
os formatos. Sabendo onde estão as notas fundamentais e sabendo os formatos… adeus
tablatura!
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Escalas menores no CAGED

Acredito que você já saiba disso, mas vamos lá… Toda escala maior tem sua relativa
menor. Ou seja, uma escala menor que tem as mesmas notas que a escala maior.
Assim…

A escala de Am é relativa da escala de C e vice-versa


A escala de A#m é relativa da escala de C# e vice-versa
A escala de Bm é relativa da escala de D e vice-versa

E assim por diante, bastando seguir em frente com as escalas.

Pense aí um pouco… se cada escala maior tem sua relativa menor…

Pensou?

Aposto que você já entendeu. É isso mesmo. Quando você está treinando os formatos, na
verdade está treinando DUAS ESCALAS, e não só uma. Porque cada formato
corresponde a uma escala maior e a sua relativa menor.

E o que muda? É claro… a nota fundamental. Na escala de C a nota fundamental é C. Na


escala de Am, a nota fundamental é A. Mas as sete notas das duas escalas são
exatamente as mesmas.

Portanto, quando estiver treinando, basta dar ênfase à nota da escala maior ou a da
escala menor.

Veja o diagrama do formato C, abaixo. Há duas bolinhas brancas, mostrando as notas


fundamentais da escala relativa menor.

Suponhamos que você faça este formato com o dedo 4 na corda 5, casa 5. Então seria
uma escala de D. Agora repare na bolinha branca na corda 5, três casas para trás da
casa marcada com número 4. Se a nota da casa 5 é D, esta nota da bolinha branca é B.
Ou seja, aí está a nota fundamental da escala relativa de D, que é a escala de Bm.
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Toque este formato alternando a ênfase entre as notas fundamentais da escala maior e
menor e você irá perceber que a sonoridade muda completamente.

A seguir, os formatos marcando as notas fundamentais das escalas menores. Lembre-se


que onde estão os números dos dedos e os círculos com linha vermelha são as notas
fundamentais das escalas maiores. E as bolinhas brancas mostram as notas
fundamentais das escalas relativas menores.
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Estudando escalas de outras maneiras

Evidentemente, como eu já disse, nem só de CAGED vivem as escalas. Há outras maneiras de


treinar, é claro. Mas o CAGED é um exercício e tanto, nunca devendo ser desprezado. Muitos
guitarristas excelentes estudaram desta maneira.

Estudando pela posição dos dedos

O próprio CAGED lhe dá uma boa noção para encontrar escalas pela posição dos dedos no braço
do violão. Principalemente na parte de baixo do braço, onde estão as cordas mais finas. Repare
como muitos guitarristas mantém seus dedos estrategicamente posicionados.

E nada impede que você encontre o seu próprio posicionamento.

Lembre-se que as posições dos dedos mostradas nos diagramas servem para que você visualize
melhor as notas fundamentais e consiga tocar com mais facilidade as notas naquele determinado
formato.

Porém, uma vez que você já tenha uma boa noção dos formatos das escalas, seus dedos
precisam movimentar-se mais livremente. Ora… um guitarrista não toca da forma mostrada nestes
diagramas. Aliás, muitos guitarristas quase não usam o dedo mínimo. Para alguns isto pode ser
até mesmo uma “falta de técnica”, mas o que importa é tocar bem. Quem tem coragem de criticar
a técnica de Stevie Ray Vaughn?

Portanto, treine. E depois vá libertando, liberando seus dedos.

A parte principal do estudo de escalas pelo sistema CAGED é a vizualização dos “acordes" que
vai levar ao desenho (formato) da escala.

Outro ponto a considerar é que muitas vezes, ao fazer um solo somente a parte de baixo do braço
será usada. As 3 ou 4 cordas mais finas. Então não há necessidade de posicionar os dedos para
tocar as cordas mais grossas.
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O braço do violão dividido em partes

Este sistema é bastante utilizado. Dividir o braço do violão em partes, para melhor localizar-se.
Vou mostrar algumas escalas em diferentes partes do braço, a saber:

1. Parte 1 - Até a casa 4


2. Parte 2 - Entre a casa 4 e a casa 8
3. Parte 3 - Entre a casa 8 e a casa 12

OBS: Em alguns casos pode acontecer de faltar alguma nota ou de haver uma casa a
mais. Isto serve para facilitar a execução da escala.

Observe o seguinte:

• Nos diagramas propostos não estão todas as notas possíveis de cada escala no braço do
violão. Explicando… as escalas estão completas, mas a separação do braço em partes não
privilegia todas as possíveis conexões entre fragmentos de escalas.
• Repare em cada diagrama que existe associação direta com o CAGED. Ou seja… você pode
estudar o CAGED por partes também.
• Você pode aplicar os mesmos formatos em casas diferentes.

OBS: Não vou dar um título a cada escala, porque já está marcada a nota fundamental.
Todas as escalas mostradas são maiores. Você já sabe que em cada escala maior existe
uma menor relativa. Basta mudar a nota fundamental.

Escalas na parte 1 do braço do violão


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Escalas na parte 2 do braço do violão


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Escalas na parte 3 do braço do violão


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Lembrando mais uma vez… observe sempre a posição da nota fundamental e repare como é a
mesma do sistema CAGED.

Os segmentos do braço do violão acima mostrados servem mais para que você compreenda que
em cada parte do braço é possível encontrar qualquer escala.

Associando este conhecimento com o CAGED, e estudando com calma e persistência, você cada
vez mais irá dominar melhor o braço do violão, podendo improvisar, criar solos e melodias e assim
por diante.

A princípio, parece difícil. E é mesmo, na verdade. Mas só porque você precisa olhar o diagrama e
o braço do violão.

Por isso, é importante fazer seus treinos procurando escutar bem o que está tocando. Lembrando
novamente que sempre deve ser dada ênfase à nota fundamental. Se você tocar todas as notas
com a mesma intensidade, o ouvido não irá perceber a escala.

Quando começar a treinar, faça bem devagar. Ao chegar na nota fundamental, toque um pouco
mais forte e faça uma pequena pausa. Assim você irá perceber nitidamente a escala. Se quiser,
toque a nota fundamental duas vezes. Assim você percebe mais ainda quando a escal terminou e
recomeçou.

Acostumar o ouvido é importante, porque você vai diminuindo a necessidade de olhar o braço do
violão.
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Utilizando as escalas

De nada adianta aprender algo e não utilizar. É preciso ver como funciona na prática. E para isso,
há material farto em diversos lugares. Na internet, no seu celular, no aparelho de som. E que
material é este?

Música. As músicas estão por aí às pencas, certo? E o melhor… você não precisa treinar com
músicas que você não gosta. Escolha algo que você goste. Agora você vai fazer parte da banda.

O treino

• Escolha a música que vai servir de treino. De preferência, nada muito complicado. Quanto mais
simples for o arranjo, melhor. Simples em termos de acordes e também de quantidade de
instrumentos. Uma música muito carregada de instrumentos pode atrapalhar seu ouvido.
• Afine seu violão. Você vai tocar numa determinada tonalidade. Se o seu violão estiver
desafinado, tudo ficará confuso.
• Certifique-se da tonalidade da música, experimentando tocar os acordes.
• Uma vez determinada a tonalidade, verifique no braço do violão qual sistema CAGED será mais
confortável para começar. Qual deles você já assimilou melhor? Use este, para começar.
• Treine um pouco a escala, mas desta vez sem preocupar-se em ir e voltar bonitinho, nota por
nota. Divirta-se. Toque notas repetidas. Demore mais tempo numa nota. Volte sempre para a
nota fundamental. Agora você está improvisando. No começo vale tudo.
• Coloque a música e sinta o tempo. Tente tocar algumas notas mais para acostumar-se com o
tempo. Depois tente identificar quais notas da sua escala estão se mesclando melhor com a
música.
• Identifique espaços “em branco” na música. Momentos onde não há voz, pequenas pausas, etc.
Este é o seu espaço melhor para tocar suas notinhas.
• Não deu certo na primeira vez? Sem problema. A música escolhida ficou um pouco difícil? Tudo
bem… escolha outra. Mas não fique mudando a toda hora. Só mude mesmo se tiver certeza que
a música complicou o seu lado.
• Você não precisa tocar junto o tempo todo. Como eu já disse, tente achar o espaço para sua
improvisação. Não é quantidade. É qualidade.
• Tente achar, dentro da sua escala, um solinho, algo de três quatro notas que se encaixa na
música. Toda vez que chegar àquela parte da música… você manda o seu solinho.
• Invente, crie, divirta-se.
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Conclusão
Estudar escalas pode ser divertido ou pode ser um martírio. Depende de você. Se você quiser
aprender tudo hoje à tardezinha, das seis às seis e meia… vai ficar frustrado.

Por outro lado, se quiser aprender tudo em uma semana, matando-se de estudar por seis, sete
horas por dia… vai ficar frustrado também. As coisas vão começar a misturar-se em sua cabeça.

O ideal: Pegue leve. Estude um pouco por dia. Vá aumentando o tempo gradativamente. Seja
assíduo. Nada de estudar duas horas hoje e só voltar daqui a uma semana. É perda de tempo. É
melhor dividir as duas horas em quatro dias de meia hora. Jamais fique mais de dois dias sem
estudar.

Outra coisa: Faça anotações. Estudou hoje? Anote o que estudou, para poder retomar na próxima
vez.

Não seja duro consigo mesmo. Acredite, estou escrevendo estas palavras em junho/2015. Neste
momento estou com 57 anos. E ainda fico muito feliz quando aprendo mais uma coisinha. Se eu
posso, você também pode. Você não precisa aprender tudo de uma vez, isto é impossível.

Mas se for persistente, em dois ou três anos, será um excelente instrumentista. Estude e tenha
paciência. Eu garanto que se você insistir por pelo menos seis meses, verá que valeu a pena.
Você estará tocando muito, muito mais do que quando começou.

Bom estudo.
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Diagramas CAGED separados para estudo


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Sobre o autor
Nome: Bruno Grünig
Profissão: Escritor, músico, compositor
Obras publicadas: Diversas, nas áreas de música e autoajuda

Na internet

Acordes de violão - http://acordesdeviolao.com.br


Facebook - https://www.facebook.com/acordesdeviolao
Bruno Grünig - http://brunogrunig.com.br

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