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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DA


PARAÍBA.

QUALIFICAÇÃO

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER COM PEDIDO DE LIMINAR

Contra PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DA PARAÍBA –


PBPREV, Autarquia Estadual criada pela Lei n.º 7.517, de 30 de dezembro de 2003,
representada por sua Presidência, localizada na Avenida Rio Grande do Sul, s/n, Bairro dos
Estados, CEP 58.030-020, João Pessoa – PB, e contra o ESTADO DA PARAÍBA, pessoa jurídica
de direito público interno, representado em juízo pela Procuradoria Geral do Estado, localizada
na Avenida Epitácio Pessoa, 1.457, Bairro dos Estados, CEP 58.030-001, João Pessoa – PB, pelos
motivos

PRELIMINARMENTE

Declara ser o postulante não poder arcar com as custas processuais


sem o seu prejuízo próprio e de sua família, por ser pobre na forma da lei, suplicando pelos
benefícios da Justiça Gratuita, nos moldes do art. 4º da Lei 1060/50.

DOS FATOS

Exerce o promovente a função de Policial Militar do Estado da Paraíba


e sobre a sua remuneração mensal incide a contribuição previdenciária obrigatória;

Impende, entretanto, destacar que essa contribuição previdenciária


deve inciir somente sobre a remuneração mensal, NÃO DEVENDO INCIDIR sobre verbas que
não serão convertidas em benefício do promovente, quando da sua aposentadoria, tudo em
sintonia com o que preceitua o mandamento legal e jurisprudencial;

Analisando-se os contra-cheques do Demandante, depreende-se a


ocorrência de descontos em folha de pagamento EM FAVOR DA PBPREV, revertidos de forma
ILEGAL, uma vez que incidem sobre adicional de férias, serviços extraordinários, demais
gratificações e vantagem pessoal estabelecida pelo art. 154 da LC – 39/85.

Registra-se que os referidos descontos contrariam a legislação


previdenciária, observada a ABSOLUTA IMPOSSIBILIDADE de sua incidência sobre as referidas
verbas;
Sendo assim, os valores indevidamente descontados em período não
atingido pela prescrição qüinqüenal, devem ser restituídos com juros e correção monetária,
sob pena de enriquecimento ilícito do Instituto Previdenciário do Estado da Paraíba.

DO DIREITO

A Constituição do Estado da Paraíba estabelece a competência da


Procuradoria Geral do Estado para defesa em juízo dos interesses da Fazenda Pública Estadual,
nos seguintes termos:

Art. 133. A Procuradoria-Geral do Estado, órgão central do sistema


jurídico do Estado, tem por competência exclusiva e indelegável a
representação judicial e extrajudicial do Estado, além do desempenho
das funções de assessoramento, de consultoria jurídica do Poder
Executivo, de outros encargos que lhe forem outorgados por lei e,
especialmente:

I - o controle e a defesa do patrimônio imobiliário do Estado;

II - a defesa dos interesses da Fazenda Pública estadual, com


prevalência para a cobrança da dívida ativa de natureza tributária;
(...)

A Constituição Federal estabelece o regime previdenciário de caráter


contributivo e solidário, com a limitação do benefício ao valor da remuneração do servidor,
nos seguintes termos:

Art. 40 - Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias
e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente
público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto
neste artigo.

§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de


sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo
servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que
serviu de referência para a concessão da pensão. (grifei)

Ademais, colaciona-se reiteradas decisões relacionadas à matéria da


lavra do TJ, STJ e STF, especificamente quanto à exclusão da contribuição previdenciária sobre
o adicional de férias e sobre quaisquer outras verbas que não serão convertidas em benefício
do servidor quando de sua aposentadoria, veja-se abaixo os precedentes:

APELAÇÃO CÍVEL N.º 200.2008.010.882-8/001. ORIGEM: 3ª


Vara da Fazenda Pública da Capital. RELATOR: Des. Romero
Marcelo da Fonseca Oliveira.APELANTE: AOJEP - Associação
dos Oficiais de Justiça do Estado da Paraíba. ADVOGADO:
Ivamberto Carvalho de Araújo e outros. APELADO: PBPREV
Paraíba Previdência. ADVOGADO: Cleanto Gomes Pereira e
outros. DECISÃO MONOCRÁTICAEMENTA: ADMINISTRATIVO.
TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. SERVIDORES PÚBLICOS
ESTADUAL. CONTRIBUI ÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TERÇO
CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. CARÁTER EVENTUAL E TRANSIT
ÓRIO. NÃO INCIDÊNCIA. PARCELA NÃO INCORPOR ÁVEL AOS
VENCIMENTOS PARA EFEITO DA PERCEPÇÃO DE PROVENTOS
PELOS SERVIDORES. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL, SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DESTE
TRIBUNAL. JUROS DE MORA DE 1% A PARTIR DO TRÂNSITO
EM JULGADO. ARTIGO 167 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO
NACIONAL. SÚMULA 188 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. INVERSÃO DA SUCUMBÊNCIA. REFORMA DA
SENTENÇA. PROVIMENTO DO APELO.”...A Primeira Seção,
revendo posicionamento anterior, firmou entendimento
pela não incidência da Contribuição Previdenciária sobre o
terço constitucional de férias, dada a natureza indenizatória
dessa verba...”

(STJ, AgRg no Ag 1212894/PR, Relator Ministro HERMAN


BENJAMIN, julgado em 15/ 12/2009, publicado DJe
22/02/2010). O pedido de restituição de contribuições
previdenciárias, indevidamente descontadas dos servidores
públicos, tem natureza de repetição de indébito tributário,
pelo que se aplicam o disposto no Código Tributário
Nacional, artigo 167, parágrafo único, e a Súmula 188, do
Superior Tribunal de Justiça, que determinam que os juros
moratórios devam ser contados somente a partir do trânsito
em julgado da decisão condenatória. Por estes motivos, DOU
PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do artigo 557, § 1º-A,
do Código de Processo Civil, reformando a sentença de
primeiro grau tendo em vista que se encontra em manifesto
confronto com a Jurisprudência dominante do Supremo
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e deste
Tribunal, reconhecendo como indevidos os recolhimentos
dos descontos previdenciários efetuados sobre o terço
constitucional de férias, determinando a PBPREV Paraíba
Previdência de abster-se de efetuar o desconto da
contribuição previdenciária sobre a rubrica acima
mencionada, e condenando-a a restituir os valores
cobrados indevidamente, desde os cinco anos anteriores à
propositura da presente ação, corrigidos monetariamente,
desde a data dos descontos indevidos e acrescidos de juros
de mora 12% (doze por cento) ao ano a partir do trânsito
em julgado, nos termos do disposto no artigo 167 do Código
Tributário Nacional, conforme julgamento da ADIN n.º
3.105/ DF, de relatoria do Ministro Cezar Peluso do Supremo
Tribunal Federal.Em conseqüência, inverto o ônus da
sucumbência, condenando a PBPREV Paraíba previdência ao
pagamento das custas processuais e honorários advocatícios
fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da
condenação, em conformidade com o artigo 20, § 4°, do
Código de Processo Civil. Publique- se. Intime-se. Cumpra-se.
AGRAVO INTERNO Nº 200.2008.025.671-8/001 . RELATOR:
Des. José Di Lorenzo Serpa . AGRAVANTE:Edileide Lucena
Teixeira (Adv. Lílian Sena Cavalcanti). AGRAVADOS: 1º)
Estado da Paraíba, representado por seu Procurador Geral;
2º) PBPRev .Paraíba Previdência (Adv. Euclides Dias de S.
Filho) . AGRAVO INTERNO. Ação ordinária de obrigação de
não fazer c/c cobrança. Contribuição previdenciária. Terço
de férias. Impossibilidade. Parcela não incorporável à
aposentadoria. Precedentes do STF. Provimento do recurso.
Reforma do decisum. Segundo orientação do STF, somente
as parcelas que podem ser incorporadas à remuneração do
servidor, para fins de aposentadoria podem sofrer a
incidência da contribuição previdenciária. ACORDA o
Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por sua 1ª Câmara
Cível, em sessão ordinária, prover o recurso, à unanimidade.

Ainda,

E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO - CONTRIBUIÇÃO


SOCIAL - INCIDÊNCIA - ADICIONAL DE UM TERÇO (1/3)
SOBRE FÉRIAS (CF, ART. 7º, XVII) - IMPOSSIBILIDADE -
DIRETRIZ JURISPRUDENCIAL FIRMADA PELO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - O
Supremo Tribunal Federal, em sucessivos julgamentos,
firmou entendimento no sentido da não incidência de
contribuição social sobre o adicional de um terço (1/3), a que
se refere o art. 7º, XVII, da Constituição Federal.
Precedentes” (RE 587.941-AgR, Rel. Min. Celso de Mello,
Segunda Turma, DJE 21.11.2008).

E:

“Agravo regimental em recurso extraordinário. 2.


Prequestionamento. Ocorrência. 3. Servidores públicos
federais. Incidência de contribuição previdenciária. Férias e
horas extras. Verbas indenizatórias. Impossibilidade. 4.
Agravo regimental a que se nega provimento” (RE 545.317-
AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJ
13.3.2008).

E ainda:

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.


CONTRIBUIÇÃO SOCIAL INCIDENTE SOBRE O TERÇO
CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. IMPOSSIBILIDADE. Somente as
parcelas incorporáveis ao salário do servidor sofrem a
incidência da contribuição previdenciária. Agravo regimental
a que se nega provimento” (AI 603.537-AgR, Rel. Min. Eros
Grau, Segunda Turma, DJ 30.3.2007).
Ademais “A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no
sentido de que somente as parcelas que podem ser incorporadas à remuneração do servidor
para fins de aposentadoria podem sofrer a incidência da contribuição previdenciária”. Foi o
entendimento da Ministra Cármen Lúcia em Agravo de Instrumento nº. 710361, julgado aos 07
dias do mês de abril de 2009 na Primeira Turma, onde fora relatora.

DO PEDIDO DE LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE

O Autor não deve continuar a suportar as indevidas deduções, motivo


pelo qual não há a menor razão de ser no que se refere à manutenção dos referidos
descontos, posto que, além de descabidos, são ilegais.

Conclui-se, portanto, que a conduta da demandada ao descontar dos


proventos do autor, por não se reverterem em base para os cálculos previdenciários, não
passa de uma arbitrariedade, maculada por vícios e que fere diretamente aos Princípios da
Administração Pública, devendo, data vênia, por isso, serem, INCONTINENTI, SUSPENSOS EM
CARÁTER DE LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE, e, posteriormente, em julgamento de
mérito, ser declarada insubsistente em definitivo.

Frente aos requisitos de admissibilidade do presente instituto, têm-se¸


in casu, consubstanciados os dois mais importantes, quais sejam, o PERICULUM IN MORA
(escusado no iminente dano que pode vir a sofrer o demandante em caso de desconsideração
desse pleito, observado os reiterados descontos ilegais até os dias atuais, devendo os mesmos
cessar de logo) e o FUMUS BONI JÚRIS (escusado no que acima já fora exposto, mais
especificamente quanto à indevida contribuição dos provimentos não reversíveis à título de
aposentadoria).

DO PEDIDO

Por todo o exposto, requer a V. Exa.:

A CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE,


determinando que as PROMOVIDAS procedam, imediatamente, COM A SUSPENSÃO DOS
DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS SOBRE PARCELAS REMUNERATÓRIAS NÃO REVERTIDAS PARA
A APOSENTADORIA, por estarem presentes os requisitos exigidos para o presente desiderato;

Requer-se a CITAÇÃO das demandantes nos endereços retro


mencionados, sendo a PBPREV na pessoa de seu Presidente e o ESTADO DA PARAÍBA na
pessoa de seu Procurador Geral, para, querendo, contestar o presente, sob pena de revelia;

A CONDENAÇÃO da PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DA


PARAÍBA – PBPREV na obrigação de restituir ao promovente os descontos previdenciários
indevidos, cujos valores devem ser atualizados monetariamente com aplicação do INPC/IBGE e
acrescidos de juros à base de 0,5 % a.m. (meio por cento ao mês), estes contados a partir da
citação, com a devida exclusão das parcelas atingidas pela prescrição qüinqüenal;
Que seja julgado procedente o pedido, declarando-se inexigível o
desconto previdenciário sobre adicional de férias, serviços extraordinários, demais
gratificações e vantagens pessoais, por se tratarem de verbas que não serão convertidas em
benefício do promovente quando da sua aposentadoria;

A Condenação das promovidas ao pagamento dos honorários


advocatícios, na forma prevista no artigo 20, §4º, do Código de Processo Civil, sendo estes
arbitrados em 20% (vinte por cento);

Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas,


inclusive com a inversão do ônus probante em favor do promovente, como também, que
sejam trazidos aos autos pelos promovidos a ficha financeira do promovente referente aos
últimos cinco anos;

A Concessão dos beneplácitos da justiça gratuita nos moldes


preliminares.

Dá-se à causa o valor de R$ 100,00 (cem reais), para efeitos fiscais.

Termos em que,

Pede e espera DEFERIMENTO.

Campina Grande – PB, 12 de agosto de 2010.

ANDRÉ GUSTAVO FIGUEIREDO

ADVOGADO OAB PB 15.385

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