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INTRODUÇÃO
O direito das coisas ocupa-se com a relação jurídica de titularidade, de poder que
vincula a coisa alienável a um sujeito de direito, ainda que a coisa seja alheia, logo, não
pertencente ao domínio da pessoa, como na hipótese em que a norma jurídica permite
que terceiro possa usar ou ter como seu um bem integrante do patrimônio de outrem:
dando direito real sobre coisa alheia.
De acordo com Rodrigues (2003), "a garantia real se apresenta quando o devedor
separa de seu patrimônio um bem e o destina, primordialmente, ao resgate de uma
obrigação".
3. CARACTERÍSTICAS
O penhor possui caráter acessório, por ser mesmo direito de garantia, e, como
tal, segue a sorte da coisa principal. É direito indivisível, ainda que presente a
divisibilidade da coisa ou da obrigação, permanecendo o bem onerado sob constrição
legal de garantia da dívida. Como contrato real que é, o penhor exige, além do mero
acordo volitivo das partes, a entrega da coisa empenhada para a sua perfeita operação.
Depente da tradição, embora não seja um requisito absoluto, pois em algumas
modalidades de penhor (p. ex.: penhor rural, industrial, mercantil e de veículos), a coisa
empenhada continua em poder do devedor, que a deve guardar e conservar (CC, art.
1.431, parágrafo único).
5. ESPÉCIES
iv. Penhor de direitos e de títulos de crédito: incide sobre o direito autoral ou sobre
um cheque ou uma nota promissória (1451). Então o proprietário intelectual de
obra autoral pode empenhá-la, afina o direito do autor, embora incorpóreo,
também integra o patrimônio das pessoas. E tudo que é alienável é empenhável.
Já vimos Direito do Autor no semestre passado, outro ótimo tema para a
monografia de final de curso. O penhor de direitos exige registro no Cartório de
Títulos e Documentos (1452). Já o penhor de título de crédito se perfaz pela
tradição do título ao credor (1458).
v. Penhor de veículos: é novidade do CC e é mais um instrumento para aumentar a
venda de veículos, juntamente com o leasing, a venda com reserva de domínio e
a alienação fiduciária (1461). Aplica-se também a caminhões, lanchas, etc. Já
navios e aviões sujeitam-se a hipoteca, que veremos na próxima aula. Na prática
a alienação fiduciária é mais utilizada por ser melhor para o credor, como
veremos em breve. O penhor de veículos exige anotação no documento do
veículo (1462). O art. 1463 traz uma determinação que deveria ser extensiva ao
leasing e à alienação fiduciária, afinal já sabemos que o contrato de seguro é
importante por dividir por muitos o prejuízo imposto a alguém pelo destino. A
falta de seguro representa um grande problema para o devedor caso o veículo
venha a sofrer um roubo ou acidente, pois o devedor fica sem o bem e ainda tem
que pagar a dívida.
6. EXTINÇÃO
Insta salientar que, seja qual for a causa de extinção do penhor, seus efeitos em
relação a terceiros apenas serão produzidos após a averbação do cancelamento do
registro da garantia, à vista da respectiva prova (CC, art. 1.437), como, por exemplo,
sentença judicial, documento do devedor etc. É que o penhor, como direito real, produz
efeitos erga omnes com o seu registro no órgão competente, logo, sua desconstituição
também reclama o devido cancelamento do registro anteriormente realizado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RODRIGUES, Sílvio. Direito civil: direito das coisas. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2011.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas. 5 vol. 6 ed.
São Paulo: Saraiva, 2011.