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Introdução
a) Água bruta
b) Água tratada
Água tratada é a água que tenha sido submetida a algum tipo de tratamento,
buscando torna-la adequada para o consumo.
Água tratada não é, necessariamente, sinônimo de água potável (embora
freqüentemente o termo seja utilizado com essa finalidade).
Assim, por exemplo, para muitas finalidades industriais, basta remover da
água parte dos sólidos que ela traz em suspensão consigo. Isto não basta para
assegurar a potabilidade da água.
Da mesma forma, a água potável pode não se apresentar suficientemente
tratada para algumas finalidades industriais, que exigem tratamento
complementar, com vistas a torna-la praticamente pura.
c) Água potável
Entende-se por água potável aquela que pode ser bebida sem causar
danos à saúde ou objeções de caráter organoléptico. Por extensão, aquela que
pode ser empregada no preparo de alimentos 2.
Água potável não é água porá, quimicamente falando. Na realidade, a água
potável é uma solução de uma infinidade de substâncias, algumas das quais a
água trouxe consigo da Natureza, outras que lhe são introduzidas ao longo dos
processos de tratamento.
Os limites em que essas substâncias podem estar presentes na água
potável são estabelecidos pelo padrão de potabilidade.
Da definição anterior, resulta que não basta que a água esteja isenta de
substâncias ou microrganismos patogênicos para ser considerada potável. É
também necessário que ela não traga consigo substâncias capazes de
adicionar-lhe cor, turbidez ou gosto desagradáveis, ainda que essas substâncias
sejam inofensivas ao organismo humano.
Cabe salientar que, em muitos casos, à sujeira da água costumam estar
associadas substâncias e microrganismos patogênicos (embora não seja regra
geral).
Além disso, os componentes dessa sujeira costumam atuar como barreiras
protetoras para os agentes desinfetantes comumente utilizados no tratamento da
água.
É importante ter em mente, por outro lado, que águas limpas nem sempre
estão isentas de contaminantes químicos e/ou biológicos.
No Brasil, o padrão de potabilidade é estabelecido pela Portaria número
1469/2000, do Ministério da Saúde.
Para comodidade do leitor, ela é reproduzida no Anexo 15 deste livro.
O leitor verificará que essa Portaria não estabelece apenas os valores
máximos permissíveis para os diversos parâmetros ali relacionados, mas
também a freqüência mínima com que eles deverão ser verificados nas águas de
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abastecimento público.
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3.2.2.1. Padrões de natureza estética e econômica
a) Cor
b) Turbidez
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Tais aparelhos fornecem o valor da turbidez através da simples leitura de
ponteiros que se deslocam sobre escalas graduadas, ou mesmo através de
leitura de visores digitais.
Esses modernos equipamentos fornecem os valores lidos em unidades
nefelométricas de turbidez (UNT ou NTU).
c) Ferro e manganês
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d) Alcalinidade
e) Dureza
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Alguns autores apresentam a seguinte classificação para as águas,
conforme sua dureza:
• 0 - 75 mg/L - brandas
• 75 - 150 mg/L - moderadamente duras
• 150 - 300 mg/L - duras
• Acima de 300 mg/L - muito duras
f) pH
g) Cloretos
h) Sulfatos
i) Cloro residual
j) Flúor (fluoreto)
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No Brasil, a fluoretação da água em sistemas de abastecimento em que
existe estação de tratamento é obrigatória, de acordo com a Lei Federal nº
6.030, de 24 de maio de 1974. Essa lei foi posteriormente regulamentada pelo
Decreto Federal nº 76.872, de 22 de dezembro de 1975.
Os itens cujos valores são limitados por esses padrões constituem a maior
parcela da lista que compõe o denominado padrão de potabilidade, e seu
número tende a aumentar com o tempo, em vista do avanço das técnicas de
análise de laboratório e do crescente número e volume de poluentes lançados
no meio ambiente.
Também nesta seção não cabe análise detalhada de cada um desses
padrões. É válido, entretanto, salientar sua ocorrência e importância, e que é
sempre mais aconselhável buscar água para abastecimento em mananciais
protegidos que noutros que, embora mais próximos do centro consumidor,
demandam formas especiais de tratamento para remoção de poluentes, e cuja
eficiência exija qualificações especiais das equipes de operação, além de
atenção e controle de qualidade redobrados.
É também válido ressaltar alguns aspectos relativos às doenças devidas a
organismos parasitas, de veiculação hídrica, que ainda constituem enorme
flagelo ao país, em vista das condições inadequadas de higiene e à ignorância
das populações.
A análise dos dados de mortalidade e morbidade disponíveis ressalta, na
maioria das vezes, a ausência de saneamento básico como responsável por
parcela apreciável dos óbitos e doenças que atingem a população brasileira. O
dado de mortalidade entre crianças recém-nascidas no Brasil, quando
confrontado com os prevalecentes em países como a Suécia, constitui forte
indicativo do grau de pobreza do país, além de denunciar a deficiência existente
na infraestrutura de saúde 1.
Em estudo especialmente interessante, Vignoli 17 apresentou importante
confrontação entre dados de morbidade e mortalidade e dados de análises
bacteriológicas, mostrando que as águas subterrâneas contaminadas e
consumidas sem tratamento foram responsáveis por grande parte dos primeiros.
Tem sido admitido que, dos óbitos devidos a doenças transmissíveis, 43%
seriam eliminados pelo saneamento 1.
A respeito das doenças de veiculação hídrica, cujo estudo detalhado é um
dos tópicos da disciplina Saneamento Ambiental do curso de engenheiros civis,
constituem elementos básicos para a compreensão de seus ciclos no meio
ambiente os seguintes itens e considerações apresentadas por Branco 4:
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12. Quando se determina a cor de certa amostra sem remover previamente
as partículas em suspensão nela presentes, encontra-se a denominada
cor aparente.
13. Se se determina, em laboratório, a cor aparente de certa amostra de
água, a cor real certamente apresentará valor igual ou inferior ao valor
determinado para a cor aparente.
14. A Portaria 518 do Ministério da Saúde estabelece, como limite para a cor
aparente da água entrando no sistema de distribuição, o valor de 5 UH.
15. O parâmetro turbidez é considerado uma característica física e
organoléptica pela Portaria 518 do Ministério da Saúde.
16. A mesma Portaria estabelece o valor de 1,0 uT como limite de turbidez
para a água entrando no sistema de distribuição.
17. A mesma Portaria estabelece o valor de 5,0 uT como o limite de turbidez
para a água em pontos de distribuição, se a desinfecção não for
comprometida por esse fato.
18. A turbidez de certa amostra de água pode interferir na determinação do
valor de sua cor real.
19. Dureza é considerada pela Portaria 518 do Ministério da Saúde como
característica química que afeta a qualidade organoléptica da água.
20. Águas duras consomem muito sabão.
21. Águas duras quase sempre são também alcalinas.
22. Muitas vezes, dureza e alcalinidade resultam da dissolução, pela água,
de carbonato de cálcio existente no solo.
23. Ferro e manganês são classificados pela Portaria 518 do Ministério da
Saúde como características químicas que afetam a qualidade
organoléptica da água.
24. Felizmente, ferro e manganês raramente são encontrados na Natureza.
25. Ferro e manganês nunca são encontrados juntos: a presença de um
exclui o outro.
26. Nas concentrações usuais, água contendo ferro e manganês têm
inconvenientes apenas estéticos e organolépticos, não oferecendo riscos
à saúde de quem a consome.
27. Cloretos e sulfatos são classificados pela Portaria 518 do Ministério da
Saúde como características químicas que afetam a qualidade
organoléptica da água.
28. Os limites estabelecidos por essa Portaria para cloretos e sulfatos são
250 mg/L Cl- e 400 mg/L SO4=, respectivamente.
29. Cloretos e sulfatos contribuem para acelerar a corrosão de materiais
metálicos.
30. Cloretos e sulfatos podem alterar o gosto da água.
31. Coliformes são organismos altamente patogênicos; daí a necessidade da
determinação de sua presença nas águas destinadas ao consumo
humano.
32. É mais fácil fazer a análise dos coliformes do que uma infinidade de
análises específicas destinadas a detectar a presença de cada um dos
inúmeros patogênicos que podem contaminar a água destinada ao
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consumo humano.
33. Existem coliformes de vida livre, capazes de viver fora do organismo
humano.
34. Os ensaios destinados à detecção dos coliformes têm evoluído bastante.
35. A Portaria 518 do Ministério da Saúde recomenda que a concentração
mínima de cloro residual livre em qualquer ponto da rede de distribuição
deverá ser de 0,2 mg/L.
36. A Portaria 518 do Ministério da Saúde recomenda que se proceda à
análise do cloro residual em todas as amostras coletadas para análises
bacteriológicas.
37. O cloro residual garante que se a água distribuída vier a se contaminar
na rede ou nos reservatórios, ela ainda será capaz de combater essa
contaminação.
38. A fluoretação das águas como forma de prevenção da cárie dentária é
opcional no Brasil.
39. A concentração de íon flúor na água de abastecimento depende da
incidência de cárie na população. Maior incidência exige maior dosagem,
enquanto que menor incidência exige pouca ou nenhuma dosagem.
40. Fluoretos estão classificados pela Portaria 518 do Ministério da Saúde
entre as características químicas, como componente inorgânico que afeta
a saúde.
Respostas:
1(f); 2(f); 3(f); 4(f): 5(v); 6(f); 7(f); 8(v); 9(f): 10(v); 11(v); 12(v); 13(v); 14(v): 15(v);
16(v); 17(v); 18(v); 19(v); 20(v); 21(v); 22(v); 23(v); 24(f): 25(f); 26(v); 27(v);
28(v); 29(f): 30(v); 31(f); 32(v); 33(v); 34(v): 35(v); 36(v); 37(v); 38(f); 39(f); 40(v).
Referências bibliográficas
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