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3.1.

Introdução

Os sistemas de suprimento de água devem ser projetados, construídos e


operados de forma a fornecerem aos consumidores água em quantidade e
qualidade compatíveis com suas necessidades, ao longo de certo tempo
comumente denominado alcance do plano.
Esse alcance é variável, sendo definido através de estudos técnico-
econômico-comparativos
Para o abastecimento de outros tipos de consumidores (indústrias, projetos
de irrigação, acampamentos provisórios) o alcance do plano deve ser examinado
caso por caso, uma vez que depende dos interesses do contratante (que poderá
ser uma ou mais empresas da iniciativa privada ou órgão estatal, etc.).
A água de abastecimento deverá estar disponível em quantidade e
qualidade compatíveis com as necessidades do consumidor.
Neste capítulo, abordar-se-á o aspecto qualidade da água, no que se refere
ao abastecimento das populações, uma vez que a quantidade demandada para
outros fins é muito variável, devendo cada caso ser analisado cuidadosamente.

3.2. Água bruta, água tratada e água potável

a) Água bruta

Água bruta é a água da forma como é encontrada na Natureza.


O termo bruta designa apenas que ela não foi trabalhada pelo homem, não
significando que ela não se preste para consumo.
É claro que, na maioria dos casos, ela é imprópria para esse fim, por haver
estado exposta aos elementos e, portanto, à poluição.
Entretanto, mananciais de águas de superfície que se mantenham
convenientemente protegidos (e, portanto, a salvo da poluição) podem conter
águas adequadas ao consumo sem tratamento prévio.
Dois fatores fundamentais contribuem para que a água de superfície torne-
se imprópria para consumo:

• A água é denominada por alguns de solvente universal. Isto porque ela é


capaz de dissolver praticamente tudo com o que entre em contato, sejam
sólidos (e.g.: rochas, partículas radioativas), líquidos (e.g.: biocidas,
detergentes) e gases (e.g.: emissões gasosas industriais e de veículos).
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• O fato da água encontrar-se à superfície do solo e, portanto, exposta a
diversas fontes poluidoras.

b) Água tratada

Água tratada é a água que tenha sido submetida a algum tipo de tratamento,
buscando torna-la adequada para o consumo.
Água tratada não é, necessariamente, sinônimo de água potável (embora
freqüentemente o termo seja utilizado com essa finalidade).
Assim, por exemplo, para muitas finalidades industriais, basta remover da
água parte dos sólidos que ela traz em suspensão consigo. Isto não basta para
assegurar a potabilidade da água.
Da mesma forma, a água potável pode não se apresentar suficientemente
tratada para algumas finalidades industriais, que exigem tratamento
complementar, com vistas a torna-la praticamente pura.

c) Água potável

Entende-se por água potável aquela que pode ser bebida sem causar
danos à saúde ou objeções de caráter organoléptico. Por extensão, aquela que
pode ser empregada no preparo de alimentos 2.
Água potável não é água porá, quimicamente falando. Na realidade, a água
potável é uma solução de uma infinidade de substâncias, algumas das quais a
água trouxe consigo da Natureza, outras que lhe são introduzidas ao longo dos
processos de tratamento.
Os limites em que essas substâncias podem estar presentes na água
potável são estabelecidos pelo padrão de potabilidade.
Da definição anterior, resulta que não basta que a água esteja isenta de
substâncias ou microrganismos patogênicos para ser considerada potável. É
também necessário que ela não traga consigo substâncias capazes de
adicionar-lhe cor, turbidez ou gosto desagradáveis, ainda que essas substâncias
sejam inofensivas ao organismo humano.
Cabe salientar que, em muitos casos, à sujeira da água costumam estar
associadas substâncias e microrganismos patogênicos (embora não seja regra
geral).
Além disso, os componentes dessa sujeira costumam atuar como barreiras
protetoras para os agentes desinfetantes comumente utilizados no tratamento da
água.
É importante ter em mente, por outro lado, que águas limpas nem sempre
estão isentas de contaminantes químicos e/ou biológicos.
No Brasil, o padrão de potabilidade é estabelecido pela Portaria número
1469/2000, do Ministério da Saúde.
Para comodidade do leitor, ela é reproduzida no Anexo 15 deste livro.
O leitor verificará que essa Portaria não estabelece apenas os valores
máximos permissíveis para os diversos parâmetros ali relacionados, mas
também a freqüência mínima com que eles deverão ser verificados nas águas de
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abastecimento público.

3.2.1. A evolução de potabilidade

Voltando a imaginação para um passado remoto, pode-se visualizar os


ancestrais da atual civilização à procura de uma fonte supridora de água
adequada para consumo.
Naquele tempo, em que a única forma de poluição era a fecal, certamente
as preferências recaíam sobre as nascentes ou torrentes de água límpidas e de
sabor agradável.
A experiência certamente já lhes havia ensinado que às substâncias
capazes de alterar a limpidez e o sabor das águas freqüentemente estavam
associados agentes causadores de doenças, algumas vezes fatais.
Portanto, foi através dos sentidos que o homem estabeleceu os primeiros
padrões de potabilidade, e é através deles que até nossos dias milhares de
seres humanos selecionam a água que vão beber.
Vale acrescentar que não tem sido com muito espanto que se toma
conhecimento de fatos reais de populações que rejeitaram a água oferecida por
sistemas abastecedores recém inaugurados no interior do país, de boa
qualidade, indo abastecer-se de águas provenientes de outras fontes de
abastecimento a cujo sabor já estavam familiarizadas, mas de qualidade
suspeita e, algumas vezes, inadequada.
Numa de suas andanças pelas bibliotecas do país foi que Branco 3
descobriu a que é, provavelmente, a mais antiga recomendação de critério
sanitário de água no Brasil. Encontra-se na obra Da medicina brasileira, devida à
Willem Pies, médico da corte de Nassau, que narrou, em 1648, o que se
transcreve a seguir.
Os velhos naturais, não menos solertes em distinguir pelo gosto as
diferenças das águas, que os nosso sem discernir as várias qualidades dos
vinhos, acusam de imprudência os que colhem as águas sem de nenhum modo
as discriminar. Quanto a eles, buscam as mais tênues e doces, que não deixam
nenhum depósito e as conservam em ar livre em lugares elevados (de
preferência aos subterrâneos por causa do tepor) por dias e noites, em bilhas de
barro, onde não obstante os raios a prumo do sol, se tornam num momento
muito frescas.
Voltando novamente a observar aqueles ancestrais em sua busca por uma
água adequada ao seu consumo, pode-se imaginar com que surpresa
constatavam que uma água límpida e de sabor agradável estava, de alguma
forma, transmitindo enfermidades aos membros do grupo.
É evidente que a culpa só poderia recair sobre os venenos e peçonhas que
seriam lançados à água por cobras, aranhas, sapos e outros animais, ou sobre
outras substâncias tóxicas devidas a plantas.
Registros dessa crença generalizada podem ser encontrados em relatos
devidos a autores antigos, como o famoso cirurgião Ambroise Paré 3.
Cabe neste ponto abrir um parênteses para observar que o microscópio (do
grego: mikros, pequeno + skopos, observador) foi inventado somente em 1683
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por Antony van Leeuwenhock. Tratava-se de um aparelho extremamente
simples, e que em nada se assemelhava aos atuais, quanto à forma. A despeito
de sua simplicidade, os primeiros microscópios permitiam aumentos de até 270
vezes. Com esses aparelhos, esse autodidata holandês (1632 – 1723) realizou
notáveis descobertas, narradas em longa série de cartas à Real Sociedade de
Londres. Entretanto, considera-se que o inventor de fato do microscópio tenha
sido Galileu, apesar de J. e Z. Jassen, fabricantes de óculos de Middelburg,
Holanda, terem construído um microscópio composto, com duas lentes
separadas, por volta de 1590 – 1591 15.
A invenção do microscópio possibilitou a descoberta dos microrganismos,
mas não foi sem longas e acirradas discussões, amparadas por experiências
notáveis, que a suposição devida a Henle e as constatações de Koch, Pasteur e
outros, de que muitos deles eram causadores de enfermidades, passou a ser
aceita no mundo científico 13.
Vale ressaltar que Louis Pasteur (1822 – 1895), a quem atribui-se, com
muita justiça, o título de pai da bacteriologia, realizou suas mais notáveis
descobertas em meados do século passado 13, e que, mesmo em épocas bem
mais recentes, quando já se conhecia a existência de microrganismos (que, por
coincidência, foram descobertos primeiramente na água) e até mesmo sua
importância como causadora de doenças, muitos debates científicos foram
travados entre os que acreditavam mais na origem química das doenças de
veiculação hídrica e os que reconheciam a importância dos microrganismos
patogênicos 2.
Se dúvidas desse tipo persistiam, até há bem pouco tempo, entre membros
da comunidade científica mundial, é natural esperar que haja, entre a população
menos informada, total desconhecimento da existência de microrganismos
patogênicos, quanto mais de seus ciclos vitais.
Os que já tiveram oportunidade de lidar com obras sociais ou de apoio
existencial a comunidades do interior do país conhecem bem essa situação. As
fossas existentes são utilizadas (quando utilizadas) com objetivo principal de se
esconder, não para evitar a transmissão de doenças, e constitui crença mais ou
menos generalizada que a origem dos vermes está no sangue. Microrganismos
constituem para eles coisas abstratas, da mesma forma que para toda
população mundial, até há alguns séculos atrás, uma vez que fogem à sua
percepção sensorial.
É, portanto, perfeitamente natural esperar que essas populações dêem
preferência à água freqüentemente contaminada de poços freáticos, mas límpida
e (para eles) de sabor agradável, que à água tratada distribuída pelo novo e
seguro sistema abastecedor, cujo sabor foi alterado pela remoção de parte das
substâncias pré-existentes (como, por exemplo, das que são responsáveis pela
dureza) ou por serem provenientes de outros mananciais (em tais situações, é
comum que a culpa recaia sobre o cloro adicionado à água tratada, embora a
dosagem normalmente utilizada seja incapaz de alterar suas características
organolépticas).
Atualmente, com o advento dos biocidas e fertilizantes que vêm sendo
utilizados extensivamente (e, algumas vezes, de forma imprópria) na agricultura,
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e com o surgimento de novos produtos de limpeza de uso doméstico, de novas
indústrias (que, em seus despejos, lançam novos compostos nos cursos d’água)
e da evolução das técnicas de laboratório, agora capazes de identificar e
quantificar essas substâncias, os padrões de potabilidade constituem grandes
listas, que apresentam os valores máximos em que elas podem estar presentes.
Mais freqüentemente, vieram juntar-se à lista as partículas e poeiras
provenientes de precipitações radioativas 4.

3.2.2. Padrões de natureza estética e econômica e de natureza sanitária

Do que foi dito anteriormente, deduz-se que os padrões de potabilidade


devem ser elaborados de forma a atender a, pelo menos, dois aspectos
fundamentais:
a) permitir que se ofereça às populações uma água límpida, de sabor
agradável e inodora;
b) impedir que a água distribuída leve consigo substâncias e/ou
microrganismos patogênicos capazes de afetar a saúde humana.
Tendo em vista que, da forma como são concebidos e implantados os
sistemas distribuidores no Brasil, a água distribuída às populações é também
utilizada com outros objetivos além da dessedentação, banho e preparo de
alimentos, e que deverá passar pelo interior dos diversos componentes dos
sistemas distribuidores públicos e prediais, cabe ainda acrescentar um terceiro
item, qual seja:
c) Torná-la adequada para a lavagem de roupas e utensílios, e não
agressiva aos componentes dos sistemas abastecedores e das
instalações hidráulicas prediais e não incrustante, especialmente em
instalações de água quente.
Costuma-se denominar os padrões destinados a atender aos itens (a) e (c)
anteriores padrões de natureza estética e econômica, enquanto que os padrões
destinados a atender ao item (b) é comum a denominação padrões de natureza
sanitária.
Conforme foi visto anteriormente, a água distribuída às populações deve,
sempre que possível, atender às duas classes de padrões.
Evidentemente, na necessidade de se optar por uma das duas alternativas,
qualidade estética e econômica ou qualidade sanitária, deve-se optar pela
última.
Entretanto, ignorar ou desmerecer a primeira pode, em muitos casos,
significar o fracasso do sistema abastecedor implantado.
Branco 2 sintetiza com as seguintes palavras a idéia anterior.
O ideal, o objetivo a ser atingido, será, evidentemente, o de distribuir à
população uma água saudável e de bom aspecto. Mas, entre fornecer água de
mau aspecto e não fornecer água alguma, é preferível a primeira alternativa,
enquanto que, entre distribuir uma água tóxica ou contaminada (enfim, capaz de
causar epidemias) e simplesmente não distribuir, é preferível a segunda
alternativa.

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3.2.2.1. Padrões de natureza estética e econômica

Conforme foi visto, a inobservância desses padrões normalmente não


constitui, em si só, causa de malefícios à saúde, mas pode levar à rejeição da
água por parte da população servida, além de prejudicar as instalações de água
potável e a qualidade de certos serviços.
Entre as características limitadas por esses padrões, podem ser citadas: cor,
turbidez, ferro e manganês, alcalinidade, dureza, pH, cloretos, sulfatos, cloro
residual e flúor (embora alguns deles, quando em concentrações muito elevadas,
possam também ser enquadrados na outra classificação).
Embora não seja objeto deste livro o estudo detalhado da qualidade da
água, serão apresentados, em seguida, breves comentários a respeito de cada
um deles, de acordo com as considerações apresentadas por Sawyer e Mc Carty
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e pela Organização Mundial da Saúde 12.

a) Cor

A denominada cor real das águas dos mananciais normalmente utilizados


para fins de abastecimento a cor natural; existem, evidentemente, águas que se
tingem devido à presença de corantes, de origem industrial, e de outros
efluentes, em conseqüência da poluição; existe ainda a denominada cor
aparente, devida à turbidez) deve-se à presença de colóides em solução,
provenientes da decomposição da matéria orgânica de origem
predominantemente vegetal. Águas originárias de pântanos, brejos e de corpos
d’água de baixa velocidade apresentam cor acentuada.
Até há bem pouco tempo não se atribuíam inconvenientes devidos à cor, do
ponto de vista sanitário, tais como toxidez ou intolerância orgânica (que não
fossem devidos a razões psicológicas). Entretanto, Branco 3 cita a existência de
algumas cepas ou linhagens de algas (e não todas)da espécie Microcistis
aeruginosa produtoras de uma toxina violentíssima, e de outras que, ao entrarem
em decomposição, originam ambientes anaeróbios propícios ao dsenvolvimento
de bactérias tóxicas. A denominada Anabaena flos-aquae produz uma toxina
extremamente violenta, conforme descobriu-se mais recentemente, podendo
provocar a morte de um camundongo inoculado em apenas 1 a 10 minutos. Mais
recentemente tem sido levantadas suspeitas a respeito da natureza
carcinogênica (capaz de causar o câncer) de algumas substâncias presentes em
águas coloridas, se cloradas nas estações de tratamento 11,16.
Em resumo, a cor natural das águas potabilizáveis deve-se a grande
variedade de substâncias que podem estar presentes, sob forma de solução, na
amostra a ser analisada.
De modo geral, tais substâncias conferem à água uma coloração amarelo-
amarronzada.
A determinação da cor real das amostras de água exige sua prévia
centrifugaçãp, de forma que apenas as partículas em solução sejam as
responsáveis pela leitura desse parâmetro.
A presença de turbidez, devida às partículas em suspensão, interfere na
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leitura da cor.
Por este motivo, denomina-se de cor aparente à cor apresentada pela água
quando a amostra analisada não é previamente centrifugada.
Normalmente, os laboratórios de análises de água determinam a cor
aparente. Por isto, é importante indagar se o teor de cor trazido no laudo de
análise refere-se à cor aparente ou verdadeira, de forma a evitar interpretação
errada dos resultados.
Já a determinação da cor real de dada amostra, conforme foi dito, somente
pode ser realizada após a separação dessa amostra das partículas em
suspensão presentes.
Essa separação é feita via centrifugação, sendo que nem todos os
laboratórios de análises de água dispõem desse tipo de equipamento.
É evidente que se a cor aparente de determinada amostra é inferior ao limite
máximo estabelecido pelo padrão de potabilidade, a cor real também atenderá a
esse padrão.
Por esse motivo, em laboratório de estações de tratamento de água, é
comum determinar-se apenas a cor aparente (que dispensa a centrifugação
prévia da amostra a ser analisada), ao invés da cor real.
A Portaria nº 1469 do Ministério da Saúde refere-se à cor aparente,
conforme o leitor poderá constatar no Anexo 13 desta publicação.

b) Turbidez

Denomina-se água turva aquela que contém matérias em suspensão


capazes de interferir com a passagem de luz.
É de se esperar, portanto, que a turbidez dos rios seja maior em épocas
chuvosas (atingindo valores extremos quando recebem as primeiras águas
superficiais, que lavam o solo) do que em épocas secas.
Evidentemente, ela tende a ser mais alta nos cursos d’água, nos quais a
água está em constante agitação, e menor nos lagos, nos quais o repouso da
água permite a sedimentação das matérias em suspensão.
A turbidez em si não traria inconvenientes sanitários, não fosse a natureza
química de certas substâncias em suspensão que poderão estar presentes, bem
como a ocorrência, em muitos casos, de organismos patogênicos associados a
essas substâncias.
Além disto, freqüentemente a matéria em suspensão atua como escudo
protetor para organismos patogênicos, defendendo-os da ação de agentes
desinfetantes utilizados nas estações de tratamento, e contribuindo para a
veiculação de doenças.
A turbidez pode variar desde zero, em águas “puras”, até centenas ou
milhares de unidades, em cursos d’água poluídos.
O primeiro turbidímetro a ser utilizado denominava-se turbidímetro de
Jackson, e funcionava com luz de vela.
Atualmente, são utilizados modernos aparelhos eletrônicos para a
determinação da turbidez.

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Tais aparelhos fornecem o valor da turbidez através da simples leitura de
ponteiros que se deslocam sobre escalas graduadas, ou mesmo através de
leitura de visores digitais.
Esses modernos equipamentos fornecem os valores lidos em unidades
nefelométricas de turbidez (UNT ou NTU).

c) Ferro e manganês

Normalmente, esses dois metais aparecem nas águas subterrâneas em


suas formas solúveis (íons menos oxidados) combinados com o oxigênio.
Podem também, em alguns casos, aparecer em águas superficiais,
associados a moléculas orgânicas.
A presença desses metais nas águas de abastecimento pode atribuir-lhes
um gosto levemente metálico. Porém, como será visto, do ponto de vista
sanitário e nas concentrações normalmente encontradas, não se conhecem
efeitos adversos à saúde causados pelo ferro e pelo manganês.
O ferro é um dos elementos mais abundantes da crosta terrestre. Pode ser
encontrado nas águas naturais em concentrações que variam de 0,5 a 50 mg/L.
É um elemento nutricional essencial ao ser humano.
Como o ferro, o manganês é um dos metais mais abundantes da crosta
terrestre e geralmente é encontrado junto com o ferro.
Quando presentes na água em suas formas solúveis, eles são incolores.
Porém, se, por alguma razão, eles são oxidados (devido ao arejamento ou
cloração da água, por exemplo), eles formam precipitados (de cor avermelhada,
no caso do ferro, e de cor negra, no caso do manganês) que assustam os
consumidores.
Ferro e manganês na água distribuída podem sujar roupas e louças, e
possibilitar o desenvolvimento de certas bactérias (e.g.: ferrobactérias) no interior
de tubulações, causando a redução de sua seção útil.
concentração limite para o ferro. Cita que concentrações da ordem de 2 de
manganês à saúde humana. A Organização Mundial da Saúde estabelece a
concentração limite de 0,5 mg/L para esse metal, mas reconhece que
concentrações inferiores a esse valor podem levar à rejeição da água por parte
dos consumidores, por razões estéticas.
De modo geral, o ferro em excesso pode ser removido da água através da
oxidação de sua forma solúvel (via arejamento ou cloração), seguida de filtração.
A remoção de concentrações excessivas de manganês é mais difícil que as
de ferro, exigindo condições controladas de pH e tempo de detenção.
Felizmente, a ocorrência de manganês é mais rara que a de ferro em águas de
superfície.
Em interessante artigo, Knocke et al 8 apresentam uma discussão sobre a
formação de complexos entre a matéria orgânica natural e o óxido ferroso, bem
como a habilidade dos oxidantes usuais (KmnO4, ClO2 e HClO) em oxidar o ferro
e, desta forma, possibilitar sua remoção ao longo da linha de tratamento de uma
ETA clássica.

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d) Alcalinidade

O termo alcalinidade traduz, para os profissionais que lidam com a


potabilização das águas, a capacidade de certa água de neutralizar ácidos.
Quanto maior a alcalinidade de uma água, maior é a dificuldade que ela
apresenta para variar seu pH quando se lhe aplica um ácido ou uma base: o
consumo desses compostos será bem mais elevado para uma mesma variação
de pH.
De modo geral, a alcalinidade das águas naturais está relacionada com a
presença de sais de ácidos fracos, especialmente bicarbonatos.
Esses sais, quando presentes, resultam da ação da água sobre os
carbonatos presentes no solo, especialmente bicarbonato de sódio.
Em laboratório, determina-se normalmente o valor da alcalinidade total, da
alcalinidade de bicarbonatos e da alcalinidade de carbonatos.
Os livros de tratamento de água descrevem também a denominada
alcalinidade de hidróxidos.
Entretanto, caso ela esteja presente, a água será imprópria para o consumo
humano, tendo em vista que seu pH estaria acima do máximo permitido pelo
padrão de potabilidade vigente, ou mesmo pela legislação que estabelece os
parâmetros para que certa água possa ser considerada potabilizável.

e) Dureza

Denomina-se genericamente de águas duras aquelas que necessitam de


grandes quantidades de sabão para produzir espuma, e que, alam disto,
incrustam caldeiras, aquecedores, tubulações de água quente e outras unidades
em que a água escoa submetida a temperaturas elevadas.
Para o homem do povo, a dificuldade de formar espuma é o principal
inconveniente, em virtude do consumo elevado de sabão.
Para o industrial, a formação de incrustações constitui o principal
inconveniente, porque pode resultar em danos às suas instalações, inclusive
explosão.
Normalmente as águas de superfície são mais brandas que as
subterrâneas. Isto é esperado, tendo em vista que a qualidade da água reflete,
entre outros fatores, a natureza das formações geológicas com as quais entra
em contato.
De modo geral, ela é devida à presença de cálcio e magnésio.
Entretanto, podem ocorrer casos devidos à ocorrência do estrôncio, ferro
ferroso e manganês manganoso.
Quando o cálcio e o magnésio ocorrem nas águas naturais, eles costumam
estar associados a carbonatos e bicarbonatos.
Assim sendo, as águas brasileiras, quando duras, em geral são também
alcalinas. Este é quase sempre o caso geral.
Por este motivo, as análises de dureza expressam seus resultados em
termos de CaCO3, independente de seu agente causador.

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Alguns autores apresentam a seguinte classificação para as águas,
conforme sua dureza:

• 0 - 75 mg/L - brandas
• 75 - 150 mg/L - moderadamente duras
• 150 - 300 mg/L - duras
• Acima de 300 mg/L - muito duras

f) pH

É um dos mais importantes parâmetros utilizados no tratamento da água.


De forma singela, diz-se que um pH exprime a intensidade com que uma
solução é ácida ou básica. Uma solução é ácida se seu pH é inferior a 7, básica
se seu pH é superior a 7 e neutra se seu pH é igual a 7.
Embora o padrão de potabilidade estabeleça a faixa de variação de valores
de 6,0 a 9,5 para a água de abastecimento, do ponto de vista de saúde pública o
pH, por si só, não significa muito.
Refrigerantes gasosos, por exemplo, nos quais o gás carbônico é
introduzido artificialmente, e em que o pH atinge valores da ordem de 4,5, são
consumidos habitualmente pelas populações.
A Organização Mundial da Saúde prefere não fixar valores limites para o pH
da água potável, mesmo admitindo que irritações oculares e certa exacerbação
de infecções cutâneas possam ser associadas a valores de pH superiores a 11.

g) Cloretos

A presença de cloretos na água pode ser atribuída à existência de jazidas


naturais no caminho percorrido por ela (sal-gema, por exemplo) e também à
poluição por esgoto sanitário e efluentes industriais.
Concentrações excessivas de cloretos aceleram a corrosão dos metais.
No caso de sistemas distribuidores construídos utilizando tubos metálicos,
cloretos em excesso aumentarão a concentração dos metais na água potável,
em virtude da corrosão das canalizações.
Existem fontes de cloretos mais importantes que a água potável às quais o
ser humano encontra-se exposto, tais como os alimentos temperados com sal
(cloreto de sódio).
Não obstante, concentrações de cloretos superiores a 250 mg/L causam
gosto perceptível na água e tendem a ser rejeitadas.

h) Sulfatos

Diversos minerais presentes na Natureza contêm sulfatos, podendo, por este


motivo, atingir as águas. Entretanto, eles podem estar presentes em efluentes de
diversas atividades industriais, especialmente químicas.
O íon sulfato é pouco tóxico, mas pode ter efeito purgativo. O sulfato de
magnésio foi utilizado durante muito tempo com essa finalidade.
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O valor limite de 500 mg/L foi estabelecido pela Organização Mundial da
Saúde por essa razão.
A presença de sulfatos pode comunicar certo gosto perceptível pelo
consumidor e contribuir para acelerar a corrosão dos materiais metálicos
componentes de redes distribuidoras.

i) Cloro residual

O cloro é adicionado à água em tratamento com a finalidade primordial de


desinfeta-la, isto é, matar os microrganismos patogênicos que eventualmente
escapem dos processos da estação de tratamento de água.
Ao se clorar a água com a finalidade de desinfeta-la, normalmente adiciona-
se um excesso de cloro, responsável pelo surgimento do denominado cloro
residual.
Esse cloro garantirá à água distribuída um desejável efeito rsidual.
Isto significa que se a água tratada vier a se contaminar na rede ou nos
reservatórios do sistema distribuidor, ela ainda será capaz de combater essa
contaminação.
O cloro residual poderá estar presente sob forma combinada (cloraminas) ou
livre.
No primeiro caso, nenhum efeito dsfavorável à saúde humana foi observado
quando sua concentração na água potável atingiu 24 mg/L durante curtos
períodos. A Organização Mundial da Saúde fixou o valor de 3 mg/L para a
concentração limite desses produtos na água potável, o que afasta qualquer
possibilidade de risco à saúde de quem a ingerir.
No segundo caso, a mesma Organização Mundial da Saúde não observou
qualquer efeito indesejável relacionado ao tratamento da água pelo cloro sobre o
homem ou animais. Pode-se consumir, sem perigo, algo em torno de 15 mg de
cloro por quilograma de peso corporal por dia durante dois anos seguidos sem
que se observe qualquer efeito tóxico. Partindo desses dados, essa Organização
estabeleceu a concentração limite de 5 mg/L para o cloro na água potável.

j) Flúor (fluoreto)

O interesse na determinação do flúor em águas de abastecimento pode ser


devido a uma das duas razões a seguir:
Determinadas águas naturais, especialmente quando de origem subterrânea,
podem conter quantidades excessivas de flúor, incompatíveis com a qualidade
exigida para consumo humano; em tais casos, deve-se proceder à remoção do
excesso de flúor, através de tratamento adequado.
A fluoretação de águas de abastecimento vem sendo praticada em todo o país,
em quase todos os sistemas abastecedores, como forma de prevenção da cárie
dentária; flúor adicionado de menos não é eficaz, enquanto que flúor adicionado
em excesso pode levar à ocorrência da denominada fluorose dentária,
responsável pelo escurecimento do esmalte dos dentes.

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No Brasil, a fluoretação da água em sistemas de abastecimento em que
existe estação de tratamento é obrigatória, de acordo com a Lei Federal nº
6.030, de 24 de maio de 1974. Essa lei foi posteriormente regulamentada pelo
Decreto Federal nº 76.872, de 22 de dezembro de 1975.

3.2.2.2. Padrões de natureza sanitária

Os itens cujos valores são limitados por esses padrões constituem a maior
parcela da lista que compõe o denominado padrão de potabilidade, e seu
número tende a aumentar com o tempo, em vista do avanço das técnicas de
análise de laboratório e do crescente número e volume de poluentes lançados
no meio ambiente.
Também nesta seção não cabe análise detalhada de cada um desses
padrões. É válido, entretanto, salientar sua ocorrência e importância, e que é
sempre mais aconselhável buscar água para abastecimento em mananciais
protegidos que noutros que, embora mais próximos do centro consumidor,
demandam formas especiais de tratamento para remoção de poluentes, e cuja
eficiência exija qualificações especiais das equipes de operação, além de
atenção e controle de qualidade redobrados.
É também válido ressaltar alguns aspectos relativos às doenças devidas a
organismos parasitas, de veiculação hídrica, que ainda constituem enorme
flagelo ao país, em vista das condições inadequadas de higiene e à ignorância
das populações.
A análise dos dados de mortalidade e morbidade disponíveis ressalta, na
maioria das vezes, a ausência de saneamento básico como responsável por
parcela apreciável dos óbitos e doenças que atingem a população brasileira. O
dado de mortalidade entre crianças recém-nascidas no Brasil, quando
confrontado com os prevalecentes em países como a Suécia, constitui forte
indicativo do grau de pobreza do país, além de denunciar a deficiência existente
na infraestrutura de saúde 1.
Em estudo especialmente interessante, Vignoli 17 apresentou importante
confrontação entre dados de morbidade e mortalidade e dados de análises
bacteriológicas, mostrando que as águas subterrâneas contaminadas e
consumidas sem tratamento foram responsáveis por grande parte dos primeiros.
Tem sido admitido que, dos óbitos devidos a doenças transmissíveis, 43%
seriam eliminados pelo saneamento 1.
A respeito das doenças de veiculação hídrica, cujo estudo detalhado é um
dos tópicos da disciplina Saneamento Ambiental do curso de engenheiros civis,
constituem elementos básicos para a compreensão de seus ciclos no meio
ambiente os seguintes itens e considerações apresentadas por Branco 4:

a) as doenças de veiculação hídrica - com exceção das intoxicações


produzidas por substâncias químicas, geralmente de resíduos de atividades
industriais – são provocadas por microrganismos, tais como: vírus,
bactérias, protozoários e vermes;
b) não existe geração espontânea de seres vivos, isto é, todos esses
3-12
microrganismos são originados pela reprodução de seres idênticos,
preexistentes;
c) tais organismos patogênicos não fazem parte do conjunto de seres que
normalmente habitam e se reproduzem no meio aquático. Seu ambiente
normal é o próprio ser humano parasitado.

Conseqüentemente, a existência de seres patogênicoa na água depende,


necessariamente, de sua introdução nesse meio, a partir de seres portadores.
Na maior parte das vezes, a transferência de patogênicos do ser humano
parasitado para a água é realizada pelas fezes que este elimina.
A análise bacteriológica da água procura, em última análise, determinar a
presença de matéria fecal em condições de trazer consigo microrganismos
patogênicos.
Esta determinação tem sido feita através da análise dos organismos
coliformes, que são eliminados do trato intestinal dos animais de sangue quente
(entre eles o homem) diariamente em grandes números.
Existem, entretanto, algumas espécies de coliformes Ide vida livre, isto é,
que podem viver no solo.
Daí o fato de se efetuar análises para a determinação de coliformes totais e
fecais.
A presença de coliformes fecais na água indica a possibilidade de
contaminação por fezes humanas, embora não comprove.
Por este motivo, diz-se que os coliformes são indicadores de contaminação.
Evidentemente, constatar a presença desses organismos e, a partir daí,
supor que a amostra está contaminada por organismos patogênicos, constitui
tarefa mais fácil do que a de realizar todos os ensaios, específicos para cada tipo
de organismo capaz de infectar o ser humano, que possam comprovar essa
contaminação.
Ressalta-se que os coliformes, por si só, não são patogênicos, quando
presentes nas concentrações usuais no ser humano. Mas sua presença na água
indica a possibilidade da presença de organismos patogênicos.
Os ensaios destinados à detecção dos coliformes têm evoluído bastante.
Da antiga técnica dos tubos múltiplos, a partir da qual entrava-se numa
tabela probabilística e obtinha-se o número mais provável (N.M.P.) de
coliformes, passou-se, modernamente, para a técnica das membranas filtrantes,
em que a amostra é filtrada, a vácuo, através de uma membrana contendo o
meio de cultura apropriado, e no qual desenvolver-se-ão as colônias de
organismos coliformes, cuja contagem permitirá determinar o número desses
organismos.
Mais recentemente, técnicas do tipo presença/ausência vêm sendo
desenvolvidas e comercializadas. Métodos imunofluorescentes permitem
constatar, através do desenvolvimento de cor, a presença de coliformes, que
serão fecais se essa cor tornar-se fluorescente quando submetida à presença de
luz ultravioleta. O preparo de um número pré-determinado de amostras e a
contagem do número de mostras positivas permite determinar a concentração de
coliformes na água analisada, através de metodologia específica.
3-13
Outros indicadores (também biológicos) vêm sendo testados, tais como os
estreptococos fecais.
Interessantes indicadores e a ocorrência real de organismos vêm sendo
apresentados 9, mas os coliformes (totais e fecais) ainda constituem a melhor
fonte de informação para o profissional da área de saneamento.
Estudos tais como os conduzidos por Moore et al 10 sugerem que o uso dos
coliformes como indicadores de contaminação da água pode não ser adequado
para detetar contaminação por protozoários.

3.2.3. Água potabilizável

Do ponto de vista técnico, qualquer água encontrada no ambiente, poluída


ou não, pode ser transformada em água potável, isto é, qualquer água é
potabilizável.
Do ponto de vista econômico, entretanto, certos tipos de poluentes,
especialmente os Poluentes Orgânicos Persistentes - POPs (que se degradam
lentamente com o tempo – vide Anexo 13) solúveis demandam tratamentos
especiais, além dos clássicos, para sua remoção.
De modo geral, as denominadas estações convencionais de tratamento de
água (isto é: que tratam a água através de sua floculação, decantação e
filtração) conseguem apenas eliminar os colóides e matérias em suspensão nela
presentes, que arrastam consigo, em conseqüência, os organismos patogênicos
a eles associados. Os organismos remanescentes, desprovidos de possíveis
barreiras protetoras, são submetidos em seguida à ação de desinfetantes
(normalmente o cloro ou um de seus compostos) durante certo tempo, sendo
então destruídos.
Em vista das limitações naturais das formas convencionais de tratamento,
os órgãos competentes fixam limites de qualidade para as águas dos mananciais
4,5,7
.
No Brasil, esta tarefa cabe ao CONAMA - Conselho Nacional do Meio
Ambiente (vide Anexo 13 desta publicação).
De acordo com a legislação em vigor, os Estados da Unîão podem fixar
seus próprios limites, desde que mais restritivos 5 que os fixados pelo CONAMA.
em Minas Gerais, essa tarefa cabe à FEAM - Fundação Estadual do Meio
Ambiente - através do COPAM - Conselho de Política Ambiental (vide anexo 14
desta publicação).
Entretanto, conforme pode ser concluído de tudo o que se apresentou neste
Capítulo, as análises da água efetuadas em laboratório, bem como os padrões
de potabilidade, dependem:
a) de se descobrir que determinado agente é potencialmente capaz de causar
malefícios à saúde humana, à integridade física do sistema supridor de água e à
economia de seus usuários;
b) da descoberta dos limites de concentração em que esse agente poderá estar
presente na água sem torná-la prejudicial;
c) da evolução tecnológica para obtenção da aparelhagem e método
padronizado de análise para a determinação da presença do agente na água, e
3-14
quantificação de sua concentração.
Deduz-se finalmente que um manancial somente deverá ser classificado
como potabilizável se atender simultaneamente a, pelo menos, duas condições:
a) as análises físicas, químicas, fisico-químicas e bacteriológicas efetuadas
mostrarem que a água do manancial pretendido se enquadra nos padrões
fixados pelos órgãos citados anteriormente para águas potabilizáveis;
b) a inspeção visual in loco da bacia hidrográfica do manancial mostrar que não
existem fontes poluidoras capazes de comprometerem a eficácia do tratamento
convencional da água e, por extensão, a saúde da população(e.g.: lançamento
de efluentes industriais, atividades agrícolas que utilizam fertilizantes e biocidas,
certas atividades mineradoras). Essa inspeção visual denomina-se inspeção
sanitária.
É fácil constatar a importância do atendimento simultâneo às duas
condições anteriores.
Imagine-se, para exemplificar, um manancial em cuja bacia haja certa
atividade industrial que estoca em seu pátio resíduos sólidos, contendo
substâncias tóxicas que só irão ter ao manancial em épocas chuvosas.
Uma análise da água desse manancial colhida na estação seca poderia
indicar ser ele de excelente qualidade.
Por outro lado, certas águas podem conter concentrações de íons ou
compostos químicos em níveis indesejáveis para consumo público, originários da
dissolução de minerais encontrados em seu percurso (e.g.: dureza excessiva,
íons flúor em altas concentrações, etc.).
Evidentemente, esses teores somente poderão ser constatados pelas
análises da água.

Questões para recapitulação


(respostas no final deste Item)

Assinale a(s) alternativa(s) falsa(s) ou verdadeira(s):

1. Água bruta é sinônimo de água agressiva.


2. Água bruta nunca se presta para o consumo.
3. Água tratada é sinônimo de água potável.
4. Água potável é sinônimo de água pura.
5. Água potável pode não ser adequada a certos usos industriais.
6. Águas ácidas apresentam pH maior que 7.
7. Águas alcalinas apresentam pH menor que 7.
8. Águas neutras apresentam pH igual a 7.
9. Água potável deve apresentar pH igual a 7.
10. O parâmetro cor é considerado uma característica física e organoléptica
pela Portaria 518 do Ministério da Saúde.
11. A determinação da cor real é prejudicada pela presença de partículas em
suspensão na amostra a ser analisada.

3-15
12. Quando se determina a cor de certa amostra sem remover previamente
as partículas em suspensão nela presentes, encontra-se a denominada
cor aparente.
13. Se se determina, em laboratório, a cor aparente de certa amostra de
água, a cor real certamente apresentará valor igual ou inferior ao valor
determinado para a cor aparente.
14. A Portaria 518 do Ministério da Saúde estabelece, como limite para a cor
aparente da água entrando no sistema de distribuição, o valor de 5 UH.
15. O parâmetro turbidez é considerado uma característica física e
organoléptica pela Portaria 518 do Ministério da Saúde.
16. A mesma Portaria estabelece o valor de 1,0 uT como limite de turbidez
para a água entrando no sistema de distribuição.
17. A mesma Portaria estabelece o valor de 5,0 uT como o limite de turbidez
para a água em pontos de distribuição, se a desinfecção não for
comprometida por esse fato.
18. A turbidez de certa amostra de água pode interferir na determinação do
valor de sua cor real.
19. Dureza é considerada pela Portaria 518 do Ministério da Saúde como
característica química que afeta a qualidade organoléptica da água.
20. Águas duras consomem muito sabão.
21. Águas duras quase sempre são também alcalinas.
22. Muitas vezes, dureza e alcalinidade resultam da dissolução, pela água,
de carbonato de cálcio existente no solo.
23. Ferro e manganês são classificados pela Portaria 518 do Ministério da
Saúde como características químicas que afetam a qualidade
organoléptica da água.
24. Felizmente, ferro e manganês raramente são encontrados na Natureza.
25. Ferro e manganês nunca são encontrados juntos: a presença de um
exclui o outro.
26. Nas concentrações usuais, água contendo ferro e manganês têm
inconvenientes apenas estéticos e organolépticos, não oferecendo riscos
à saúde de quem a consome.
27. Cloretos e sulfatos são classificados pela Portaria 518 do Ministério da
Saúde como características químicas que afetam a qualidade
organoléptica da água.
28. Os limites estabelecidos por essa Portaria para cloretos e sulfatos são
250 mg/L Cl- e 400 mg/L SO4=, respectivamente.
29. Cloretos e sulfatos contribuem para acelerar a corrosão de materiais
metálicos.
30. Cloretos e sulfatos podem alterar o gosto da água.
31. Coliformes são organismos altamente patogênicos; daí a necessidade da
determinação de sua presença nas águas destinadas ao consumo
humano.
32. É mais fácil fazer a análise dos coliformes do que uma infinidade de
análises específicas destinadas a detectar a presença de cada um dos
inúmeros patogênicos que podem contaminar a água destinada ao
3-16
consumo humano.
33. Existem coliformes de vida livre, capazes de viver fora do organismo
humano.
34. Os ensaios destinados à detecção dos coliformes têm evoluído bastante.
35. A Portaria 518 do Ministério da Saúde recomenda que a concentração
mínima de cloro residual livre em qualquer ponto da rede de distribuição
deverá ser de 0,2 mg/L.
36. A Portaria 518 do Ministério da Saúde recomenda que se proceda à
análise do cloro residual em todas as amostras coletadas para análises
bacteriológicas.
37. O cloro residual garante que se a água distribuída vier a se contaminar
na rede ou nos reservatórios, ela ainda será capaz de combater essa
contaminação.
38. A fluoretação das águas como forma de prevenção da cárie dentária é
opcional no Brasil.
39. A concentração de íon flúor na água de abastecimento depende da
incidência de cárie na população. Maior incidência exige maior dosagem,
enquanto que menor incidência exige pouca ou nenhuma dosagem.
40. Fluoretos estão classificados pela Portaria 518 do Ministério da Saúde
entre as características químicas, como componente inorgânico que afeta
a saúde.

Respostas:

1(f); 2(f); 3(f); 4(f): 5(v); 6(f); 7(f); 8(v); 9(f): 10(v); 11(v); 12(v); 13(v); 14(v): 15(v);
16(v); 17(v); 18(v); 19(v); 20(v); 21(v); 22(v); 23(v); 24(f): 25(f); 26(v); 27(v);
28(v); 29(f): 30(v); 31(f); 32(v); 33(v); 34(v): 35(v); 36(v); 37(v); 38(f); 39(f); 40(v).

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3-18

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