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TABELAS

U.S. NAVY
MERGULHOS SIMPLES OU REPETITIVOS
SEM PARADA DESCOMPRESSIVA
MAL DESCOMPRESSIVO

Como já foi visto: ao longo de um mergulho o ar alveolar está sempre


numa pressão maior que a da superfície e se dissolve no sangue que
corre nos capilares pulmonares.
O ar dissolvido no sangue, por sua vez, se dissolve nos tecidos que ele
irriga. Neles o oxigênio é metabolizado, mas o nitrogênio, que é inerte,
permanece dissolvido.
Durante a volta à superfície – para evitar que o nitrogênio saia de solu-
ção nos próprios tecidos, formando bolhas, que podem vir a ser a ori-
gem dos sinais e dos sintomas do Mal Descompressivo (MD) – devem
ser seguidos determinados procedimentos.
Atualmente o MD é classificado como Tipo I, II ou III.
O tipo I se caracteriza por manifestações cutâneas, prostação ou dor
em articulações de braços ou pernas.
O tipo II inclue severos sintomas relacionados aos sistemas cardiopul-
monar ou neurológico.
O tipo III é consequência da combinação do MD com AGE e se manife-
sta por sintomas neurológicos.
MAL DESCOMPRESSIVO

Quando ocorre em mergulho recreativo, o MD costuma se manifestar


de 15 minutos a 12 horas ou mais depois da chegada à superfície.
SINAIS
Manchas avermelhadas, fraqueza ou paralisia, acessos de tosse, tro-
peços e instabilidade, inconsciência.
SINTOMAS
Sensação intensa de cansaço, coceira, dor nos bra-
ços ou pernas ou tronco, dormência, agulhadas ou
paralisia, opressão no peito ou falta de ar, tonteira.
Sinais e sintomas leves tendem a piorar.
PRIMEIROS CUIDADOS
Administrar O2 na maior concentração possível, con-
tinuando, mesmo que o acidentado melhore, dar lí-
quidos não alcoólicos, manter aquecido, procurar
apoio médico para em seguida tratar recomprimindo
em câmera hiperbárica.
TABELAS

Esse processo foi descrito pela primeira vez em 1878, quando o fisiolo-
gista francês Paul Bert publicou o livro “La pression barometrique”, no
qual, além de alertar para a toxidez do O2 respirado sob pressão, culpa-
va o N2 pelos males que acometiam aqueles que trabalhavam sob pres-
são respirando ar e preconizava uma volta à superfície vagarosa para
evitar o mal.
Em 1910 Haldane elaborou para a Royal Navy as primeiras tabelas a
relacionar profundidade e tempo de fundo com a velocidade de subida
e eventuais paradas em profundidades e por tempos determinados.
As tabelas da US Navy, ainda adotadas pela CMAS, assim como boa
parte das muitas outras tabelas adotadas atualmente, são derivadas
daquelas estabelecidas por Haldane e estão fundamentadas nos
mesmos conceitos.
Só recentemente surgiram novas tabelas, baseadas numa visão mais
abrangente da formação e da evolução das bolhas de N2 assintomati-
cas, que se descobriu, estão presentes na volta de qualquer mergulho.
Nesta apresentação será utilizada a Tabela de Limites Não Descom-
pressivos e Letras do Grupo Repetitivo para Mergulhos Não Descom-
pressivos Respirando Ar da Marinha Americana, adotada pela CMAS.
PERFIL DO MERGULHO

TEMPO
INTERVALO
DE
SUPERFÍCIE

PARADA
DE
PROFUNDIDADE SEGURANÇA

TEMPO DE FUNDO MERGULHO SUCESSIVO

O mergulho pode ser representado por um gráfico no qual o tempo


corre na horizontal... e a profundidade na vertical.
ABSORÇÃO/LIBERAÇÃO DE N2

A Tabela presume que ao iniciar um mergulho 12 horas ou mais de-


pois de outro, o mergulhador está saturado de nitrogênio à pressão
atmosférica (a tensão do N2 dissolvido em seu organismo está em
equilíbrio com a Pp N2 ambiente).
ABSORÇÃO/LIBERAÇÃO DE N2

Iniciado o mergulho a pressão aumenta e o N2 começa a se dissolver


nos tecidos. Este não é um processo instantâneo. Inicia com o aumento
da pressão, se intensifica com o crescimento da profundidade, continua
enquanto o mergulhador permanece no fundo,
mas...
ABSORÇÃO/LIBERAÇÃO DE N2

No momento de largar o fundo e iniciar a subida o mergulhador ainda


está longe da saturação e, ao longo de um trecho e por um tempo, vai
continuar absorvendo nitrogênio.
A partir de uma profundidade, que varia em função da quantidade de ni-
trogênio absorvido durante o mergulho, o processo se inverte.
NITROGÊNIO RESIDUAL

A tensão do nitrogênio dissolvido se torna maior do que a Pp N2 alveo-


lar e ele vai saindo de solução do sangue que corre nos capilares, para
dentro dos alvéolos, de onde acaba eliminado com o ar expirado.
No momento em que chega à superfície o mergulhador ainda está com
mais nitrogênio dissolvido no organismo do que quando iniciou o
mergulho. Este gás dissolvido, numa tensão acima de sua pressão
parcial no ambiente, é chamado: NITROGÊNIO RESIDUAL
NITROGÊNIO RESIDUAL

Na superfície, enquanto aguarda, o mergulhador continua eliminando


N2 mas, ao iniciar novo mergulho, ainda tem nitrogênio residual dissol-
vido no organismo que não teria, caso não tivesse mergulhado antes.
NITROGÊNIO RESIDUAL

Somando-se a um nitrogênio residual inicial, o processo irá se repetir


num novo mergulho...
Mas, assim como a absorção de nitrogênio depende da pressão e do
tempo durante o qual a ela o mergulhador esteve submetido, sua libera-
ção depois do mergulho também não é imediata. Leva tempo. Segundo
a Tabela, depois de retornar à superfície, são necessárias 12 horas
para voltar ao estado de equilíbrio gasoso original.
VELOCIDADE DE SUBIDA
Desde 1993 as Tabelas U.S.Navy adotaram 9m/min como velocidade
de subida, cortando pela metade a velocidade utilizada anteriormente.
Por isso não se deve mais utilizar o antigo recurso, que muitos usam
até hoje, de acompanhar as menores bolhas expiradas, elas são dema-
siado rápidas.

PARADA DE SEGURANÇA
Atualmente recomenda-se que, ao término de qualquer mergulho, seja
feita uma parada de segurança de 3 a 5 minutos, entre os 3 e os 6 me-
tros de profundidade.

PARADA PROFUNDA
A última recomendação que vem sendo adotada é uma parada, tam-
bém de segurança, de um minuto, na metade da profundidade máxima
alcançada.
PROFUNDIDADE

16m

É a maior profundidade alcançada no mergulho. Por ex.: 16metros.


Num mergulho multinível a maior profundidade deve ser atingida no iní-
cio do mergulho.
Entra-se na tabela com a profundidade exata ou com a próxima maior.
TEMPO DE FUNDO

16m

31’

É contado desde o momento em que se inicia o mergulho...


até o momento em que se larga o fundo para subir diretamente à super-
fície ou até a profundidade da parada de segurança.
Na Tabela entra-se na linha da profundidade até o tempo exato ou até o
imediatamente superior.
LETRA DO GRUPO REPETITIVO

Representa a quantidade de nitrogênio residual que a Tabela considera


estar presente no organismo do mergulhador quando este chega à tona
ao fim de um mergulho..
No nosso exemplo, profundidade 16m e tempo de fundo de 31 minutos:
letra G do grupo repetitivo.
INTERVALO DE SUPERFÍCIE

G 2 : 05 D

Intervalo, de mais de 10 minutos e menos de 12 horas, contado desde


a chegada à superfície, ao fim de um mergulho...
Durante a espera na superfície...
...no nosso exemplo. Quando o nitrogênio residual continua sendo eli-
minado através da expiração...
Até o início de um novo mergulho, chamado de sucessivo ou repetitivo.
INTERVALO DE SUPERFÍCIE

Durante o intervalo de
superfície de 2horas e
5 minutos o mergulha-
dor elimina parte do
nitrogênio acumulado
no mergulho anterior.
Na Tabela ao lado is-
to é representado pe-
la mudança da letra
do grupo repetitivo em
função do tempo de-
corrido durante o in-
tervalo de superfície.
No nosso caso, de G
a D, no intervalo entre
2:00 e 2:58.
TEMPO DE NITROGÊNIO RESIDUAL

15m

D max ?

Planeja-se o tempo de fundo permitido, num novo mergulho de profun-


didade preestabelecida, usando a Tabela de Limites não Descompres-
sivos.
Para isso, no momento de começar o mergulho, deve-se fazer de conta
que ele teria tido início há alguns minutos, de forma a já ter acumulado
o equivalente a D de nitrogênio
O tempo deste mergulho virtual irá se somar ao tempo de fundo do
mergulho real e é dado na Tabela a seguir.
TEMPO DE NITROGÊNIO RESIDUAL

Na Tabela de Tempo de Nitrogênio Residual encontramos o tempo de


D...
para 15m = 29 minutos.
TEMPO DE NITROGÊNIO RESIDUAL

15m

29’ max ?

De acordo com a Tabela, deveremos considerar que iniciamos o mer-


gulho há 29 minutos.
O tempo de fundo deste mergulho virtual deverá ser adicionado ao
tempo de fundo do mergulho real ou, dito de outra forma, subtraído
do tempo máximo permitido para aquela profundidade.
TEMPO DE NITROGÊNIO RESIDUAL

Na 3a coluna da Tabela de Mergulhos não


Descompressivos estão os tempos máxi-
mos permitidos em cada profundidade.

Continuando no nosso exemplo: o tempo


máximo aos 15m é de 100 minutos.

100 – 29 = 71
TEMPO DE NITROGÊNIO RESIDUAL

15m

29’ 71’?
max

100 – 29 = 71 minutos de tempo de fundo permitidos para um mergu-


lho a 15m sem paradas descompressivas obrigatórias.
Na volta à superfície a letra do grupo repetitivo para este mergulho
será aquela resultante da soma do nitrogênio residual com que ele foi
iniciado (correspondente a 29’ de fundo) mais o nitrogênio acumulado
durante o mergulho real, no exemplo, de 71’: letra...
TEMPO DE NITROGÊNIO RESIDUAL

Letra L e, a partir dela, poderíamos calcular um novo mergulho repe-


titivo.
EXEMPLO
Depois de um mergulho que lhe atribuiu a letra F de nitrogênio residual,
um mergulhador quer voltar aos 24m de profundidade para terminar
uma tarefa que lhe exigirá 25’ de tempo de fundo, mas não quer ser
obrigado a fazer paradas para descomprimir.
Qual será o tempo mínimo que deverá aguardar na superfície antes de
poder mergulhar novamente?

F
?

24m

25’
EXEMPLO
Aos 24m o tempo máximo permitido é de 40’.
Para poder permanecer 25’ no fundo, o tempo residual
de nitrogênio poderá ser de no máximo 15’
(40’ – 25’ = 15’).

Aos 24m temos tempo residual de Nitrogênio de 18’ não é: 18 + 25 = 43


Este, 13 serve: 13 + 25 = 38
Logo, preciso esperar o tempo necessário para passar de F para C.
EXEMPLO
Cruzando a coluna de C com a linha de F...
...encontramos 2 horas e 29 minutos, que
será o tempo mínimo a esperar para reali-
zar o mergulho pretendido.

ALTITUDE
As tabelas foram elaboradas para serem u-
tilizadas em mergulhos ao nível do mar.
Quando o mergulhador volta à superfície,
numa altitude 300 ou mais metros acima do
nível do mar, o gradiente de pressão entre
a tensão do N2 dissolvido em seu organis-
mo e a pressão ambiente aumenta e as
Tabelas devem ser ajustadas através de
uma fórmula.
ESPERA PARA VOAR

A DAN (Divers Alert Network), entidade originada na Universidade


Duke, nos USA, dedicada ao estudo do mergulho e das lesões que dele
podem decorrer, baseada em seus estudos e pesquisas sugere que:
1. Depois de um mergulho simples não descompressivo, antes de voar
deve ser respeitado um intervalo de no mínimo 12 horas.
2. Depois de um dia de mergulhos repetitivos ou de vários dias de
mergulho, o intervalo a ser respeitado deve ser de no mínimo 18 horas.
3. No caso de mergulhos que tenham exigido paradas descompressi-
vas, não há dados suficientes para fundamentar uma recomendação,
mas parece prudente uma espera bem mais longa do que 18 horas.
COMPUTADOR
O computador de mergulho é um instrumento, ba-
seado em tabelas ou algoritmos próprios, que in-
tegra continuamente profundidades e tempo.
Com ele podem ser realizados mergulhos multiní-
vel, aumentando o tempo de fundo ao se diminuir
a profundidade, o que as tabelas não permitem.
Deles há dezenas de modelos que podem possuir
as seguintes funções: tempo decorrido, maior pro-
fundidade alcançada, tempo restante para não fa-
zer paradas obrigatórias de descompressão, tem-
po de autonomia do ar, pressão do ar, temperatu-
ra da água, intervalo de superfície exigido antes
do próximo mergulho, velocidade de subida, pro-
fundidade de parada descompressiva, tempo ne-
cessário para a descompressão, exibir os limites
de tempo nas diversas profundidades, para não
fazer paradas de descompressão em mergulhos
sucessivos, tempo a esperar antes de voar.
COMPUTADOR
Há computadores que informam a pres-
são com um sensor eletrônico e a trans-
mitem por ultra-som, permitindo eliminar
a mangueira de alta.
Existem dois grupos de computadores: os
baseadoas nos tecidos calculam a absor-
ção de nitrogênio por modelos teóricos
dos tecidos em função da profundidade e
do tempo do mergulho.
Aqueles baseados em tabelas comparam
dados de profundidade e tempo com modelos matemáticos funda-
mentados em tabelas de mergulho.
Os computadores cálculam baseados num mergulhador médio e
em megulhos comuns. Não consideram fatores de risco como
perfis reversos, esforços, obesidade,etc. Alguns levam em conta
a água fria, outros podem ser ajustados para serem mais conser-
vadores. Todos devem ser considerados só como um auxílio. O
bom senso deve prevalecer.
FIM
Arduino Colasanti

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