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SOCIEDADE EDUCATIVA E CULTURAL AMÉLIA LTDA – SECAL

SANDRO MURILO MARTINS SIMÃO

ÉPOCA DA INCIDÊNCIA DA BASE DE CÁLCULO DO ITCMD NO ESTADO


DO PARANÁ

PONTA GROSSA
2018
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ÉPOCA DA INCIDÊNCIA DA BASE DE CÁLCULO DO ITCMD NO ESTADO


DO PARANÁ

ITCMD CALCULATION BASIS INCIDENCE TIME

Sandro Murilo Martins Simão1


Gustavo Henrique Sperandio Roxo2

RESUMO: Um dos fatos geradores do ITCMD é concretizado com o exato momento do


óbito, em virtude da transmissão da propriedade a seus herdeiros, originando assim um
crédito tributário, que no caso, somente através do seu lançamento que a Administração
Pública poderá cobrar este tributo do contribuinte. Este lançamento é por declaração, onde o
contribuinte presta informações a Administração Pública quantifique o montante a ser
cobrado. Sendo a base de cálculo para determinação do montante é através do valor de
mercado do bem e assim atribui uma alíquota de 4%, para determinar o valor do imposto
devido. Dessa maneira, buscou através do presente trabalho verificar nas normativas do
Estado do Paraná, qual é a data do valor de mercado utilizado como base de cálculo para
calcular o ITCMD. Encontrando um conflito entre normas, onde uma estabelece que seja na
data de lançamento e outro na data do fato gerador. Havendo assim, um conflito de normas
que através do Princípio Especialidade, menciona que prevalece a norma especial contra a
norma geral. Desta forma, conclui que o valor de mercado que constitui a base de cálculo do
ITCMD deve ser utilizada na data do óbito e assim atualizado pelo INPC.

Palavras-chave: ITCMD, fato gerador, base de cálculo, valor de mercado.

Abstract: One of the facts that generates ITCMD is concretized with the exact moment of
death, due to the transfer of ownership to its heirs, thus giving rise to a tax credit, which in
this case, only through its launch that the Public Administration may charge this taxpayer's
tax . This release is by declaration, where the taxpayer provides information to the Public
Administration quantify the amount to be charged. Being the basis of calculation for
determination of the amount is through the market value of the asset and so allocates a rate
of 4% to determine the amount of tax due. In this way, through the present work, he sought
to verify in the regulations of the State of Paraná, what is the date of the market value used
as calculation basis to calculate the ITCMD. Finding a conflict between standards, where one
establishes that it is at the date of launch and another at the date of the generating fact.
Thus, a conflict of norms that through the Specialty Principle mentions that the special rule
prevails against the general norm. In this way, it concludes that the market value that
constitutes the calculation basis of ITCMD must be used at the date of death and thus
updated by the INPC.

Key-Words: ITCMD, fact factor, calculation basis, market value.

1 Graduando em Direito na Sociedade Educativa e Cultural Amélia (SECAL) – 10º Período –


dez/2018, Pós Graduado em Georreferenciamento de Imóveis Rurais pela Universidade Tuiuti do
Paraná e Graduado em Engenharia Florestal pela Universidade Estadual do Centro-Oeste
(UNICENTRO); E-mail: smmsimao@hotmail.com
2 Graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e mestre em Direito Econômico

e Tributário pela Universidade de São Paulo (USP). É professor de Direito Tributário no curso de
Graduação em Direito na Sociedade Educativa e Cultural Amélia (SECAL); E-mail:
gustavo@medagliaroxo.com.br
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1. Introdução

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabelece que as


ações da Administração Pública devam se sujeitar e respeitar às normas legais, para
garantir eficiência em sua atuação junto aos administrados. Pois todo o poder
emana do povo e assim suas ações devem decorrer da lei e não de sua própria
vontade.

Desta forma, presume a veracidade de todas as ações da Administração


Pública, comumente dotados de legitimidade, pois assim objetiva assegurar a
proteção dos direitos individuais e regrando suas ações para atender aos interesses
públicos.

Sendo que através da atividade financeira, que a Administração Pública


busca obter receitas para atender às necessidades públicas. Onde uma dessas
maneiras é o tributo, que trata de uma receita instituída pela Constituição Federal,
destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou específicas
exercidas pela Administração Pública (Artigo 9 - Lei Federal nº 4.320/64).

Logo, todos os tributos decorrem da lei e assim descreve quais condutas ou


eventos que fazem originar uma obrigação tributária. Ademais, estabelece a pessoa
que possui capacidade tributária passiva, com o dever jurídico de adimplir a
obrigação tributária (Artigo 121 – Código Tributário Nacional).

Por outro lado, o fato gerador é a concretização das hipóteses de condutas e


eventos decorrentes da lei, inseridos numa relação jurídica, que origina a obrigação
tributária. Obrigando ao contribuinte a pagar um tributo, no local de ocorrência desta
obrigação e na época que tenha sido concretizada.

No entanto, com o surgimento da obrigação tributária a Administração Pública


tem o direito de exigir do devedor o cumprimento da obrigação tributária, resultando
assim num crédito tributário. Onde o Ato Administrativo para que venha cobrar do
contribuinte este crédito é o lançamento (Artigo 142 – Código Tributário Nacional).

Com o lançamento instituído, cabe neste momento determinar o valor que o


contribuinte deverá adimplir com a obrigação tributária, onde é definida a base de
cálculo e a alíquota, que resultara no montante a ser recolhido.
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A base de cálculo é a grandeza econômica ou numérica sobre a qual se


aplica a alíquota para obter o quantum a pagar. A autoridade administrativa, no ato
de lançamento, utiliza-se, necessariamente, de uma base numérica para efetuação
do cálculo e a alíquota é o percentual da base de cálculo devido pelo contribuinte
(CABRAL, 2010, p. 58).

Por fim, diante dessas definições básicas do Direito Tributário, buscará o


entendimento se a base de cálculo que incide no Imposto sobre a Transmissão
Causa Mortis e Doações (ITCMD) no Estado do Paraná, que incidam sobre a
transmissão pela via sucessória legítima ou testamentária, da propriedade se recai
no valor dos bens na ocorrência do fato gerador ou do seu lançamento.

2. Levantamento Histórico

Analisando a Constituição Política do Império do Brazil de 1.824, não


identificou a forma de arrecadação de receita, apenas que a competência seria do
“Thesouro Nacional”, responsável pela administração, arrecadação e contabilidade
(Artigo 170).
Na Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1.891,
menciona as hipóteses de incidência tributária de competência da União e dos
Estados, entre elas está à competência do Estado de decretar impostos sobre a
transmissão de propriedade (Artigo 9º - 3º).
Já na Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1.934,
menciona as hipóteses de incidência tributária de competência da União e dos
Estados, entre elas está à competência do Estado de decretar impostos sobre a
transmissão de propriedade causa mortis e inter vivos, inclusive a sua incorporação
ao capital da sociedade (Artigo 8º - alínea “b” e “c”), cujo território se acham situados
(Artigo 8º - Parágrafo 4º) e também a progressividade para as transmissões de bens
por herança ou legado (Artigo 128).
No entanto, em 1937, foi retirado esta previsão legal da progressividade para
as transmissões de bens por herança ou legado, continuando as outras previsões
(Artigo 23º - alínea “b” e “c” e Parágrafo 4º).
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Observa-se que apenas na Constituição dos Estados Unidos do Brasil de


1.946, que até então era de competência exclusiva do Estado decretar impostos
referentes à transmissão de propriedade causa mortis (bens corpóreos e
incorpóreos) ou inter vivos, passou a transferir aos Municípios através da Emenda
Constitucional nº 5 de 1961.
Sendo a partir de 1.946, estabelecido no texto constitucional que o imposto
sobre transmissão de propriedade imobiliária inter vivos e sua incorporação ao
capital de sociedades (Artigo 29 – Inciso III) é de competência dos Municípios.
Por outro lado, o imposto de transmissão de propriedade causa mortis
(Artigo 19 – Inciso I), continua sendo de competência do Estado onde o imóvel
esteja situado (Artigo 19 – Parágrafo 2º).
Continuando assim até a Constituição da República Federativa do Brasil de
1967, que atribuiu um Capítulo para o Sistema Tributário, entre os Artigos 18 ao 28,
estabelecendo algumas espécies de tributo (impostos, taxas e contribuição de
melhorias) e competências.
Onde o Imposto de Transmissão Inter Vivos, que até então era de
competência municipal, voltou a ser de exclusividade dos Estados, sendo este e o
de causa mortis, somente considerado como de transmissão de bens imóveis a
qualquer título e direitos reais (Artigo 24 – Inciso I).
Por outro lado, na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
houve novamente esta divisão, onde a transmissão causa mortis e doação é de
competência do Estado (Artigo 155 – Inciso I) e a transmissão inter vivos de
competência do Município (Artigo 156 – Inciso II).

3. Desenvolvimento

Identifica que a origem da obrigação tributária é através da incidência do fato


gerador, que por sua vez, origina o crédito tributário para a Administração Pública
possa cobrar do contribuinte por uma situação definida em lei como necessária e
suficiente à sua ocorrência (Artigo nº 114 do CTN).

Contudo, não basta apenas resultar no crédito tributário para que a


Administração Pública possa cobrar do contribuinte, necessitando de maiores
informações do fato gerador para que venha se cobrar.
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Diante desta deficiência de informações, que o crédito tributário torna-se


concreto apenas com seu lançamento. Assim, lançamento é o procedimento
administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação
correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo
devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação (Artigo 142 do
CTN).

Já no caso particular do ITCMD, possui um lançamento na forma de


declaração onde é aquele em que o sujeito passivo ou o terceiro presta informações
à autoridade administrativa sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação
(Artigo 147 do CTN) e o fato gerador origina-se no exato instante do óbito (Artigo
1.784 do Código Civil).

A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens considerado na data


da declaração (Artigo 17 da Lei Estadual nº 18.573/2015), onde sua alíquota é de
4% (Artigo 22 da Lei Estadual nº 18.573/2015).

Por outro lado, a Resolução SEFA/PR nº 1.527/2015 que regulamenta a Lei


Estadual nº 18.573/2015, a qual institui o Imposto de Transmissão "Causa Mortis" e
Doações de quaisquer Bens ou Direitos – ITCMD, em seu Artigo 12 – Parágrafo 1º,
define o que seja valor venal, como sendo:

“o valor de mercado do bem ou do direito transmitidos, o qual será apurado


na data do fato gerador, da declaração ou da avaliação, conforme o caso.”

Portanto, se o fato gerador do ITCMD é concretizado com o óbito do legítimo


proprietário do bem, compreende que a base de calculo deverá ser o valor de
mercado do bem na data da ocorrência do fato gerador.

Por isso, que a própria normativa prevê que este valor poderá ser atualizado
com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, nas hipóteses
em que a Fazenda Pública (Artigo 17 – Parágrafo 1º da Resolução SEFA/PR nº
1.527/2015).

Enfim, verificou que a base de calculo que incide o valor do tributo a ser
pago pelo contribuinte referente ao ITCMD no Estado do Paraná é com relação ao
valor de mercado na data do fato gerador, sendo atualizado pelo IPCA.

CONCLUSÃO
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Nota-se, que a obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato


gerador e tem por objeto o pagamento do tributo (Artigo 38 da Resolução SEFA/PR
nº 1.527/2015). No entanto, apenas com o lançamento que a Administração Pública
poderá ter informações para que possa atribuir o valor a ser adimplido pelo
contribuinte.

Verificou através da Lei que disciplina a cobrança de ITCMD no Estado do


Paraná que a base de cálculo é determinada na ocasião do lançamento, por outro
lado, o ato administrativo normativo que regula o ITCMD no Estado, estabelece que
a base de cálculo possa ser na data do fato gerador, na declaração ou da avaliação.

Portanto, prevalece sempre a lei mais especial, pois garante maior clareza
com relação ao valor de marcado da base de calculo do ITCMD que é na data da
ocorrência do fato gerador.

REFERÊNCIAS

BRASIL: Lei Ordinária nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema


Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à
União, Estados e Municípios. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm>. Acesso em: 03 out. 2018

CABRAL, Ana Rita Nascimento. 1. A Teoria do Fato Gerador e o Fato


Gerador Presumido. 2010. 95 f. Tese (Doutorado) - Curso de Direito, Universidade
de Fortaleza, Fortaleza, 2010. Disponível em: <2.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp135789.pdf>. Acesso em:
03 out. 2018.

MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Tributário. São Paulo: Sairava, 2015. 811 p.

PARANÁ. Lei Ordinária nº 18.573, de 02 de outubro de 2015. Institui o Fundo


Estadual de Combate à Pobreza do Paraná. Disponível em:
<http://www.fazenda.pr.gov.br/arquivos/File/ITCMD/Lei_18573_2015.pdf> Acesso
em: 03 out. 2018

SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA DO ESTADO DO PARANÁ.


Regulamenta a Lei n.18.573, de 30 de setembro de 2015, que institui o Imposto
de Transmissão "Causa Mortis" e Doações de quaisquer Bens ou Direitos -
ITCMD. Resolução Nº 1.527, 06 de janeiro de 2016. Disponível em <
http://www.fazenda.pr.gov.br/arquivos/File/ITCMD/Resolucao_SEFA_1527_2015_IT
CMD.pdf> Acesso em 03 out. 2018

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