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RESUMO1*; Ética da Alteridade, PIVATTO; S. Pergentino. In.

OLIVEIRA, Manfredo
Araújo de Correntes fundamentais da ética contemporânea. 4º. Ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2009. 255 p. A “leitura de mundo, do seu tempo” é uma das partes que
constituem a filosofia Emanuel Levinas. Segundo Pivatto (2009, p. 79) “duas guerras
mundiais, que mostram a ineficácia dos princípios éticos que norteavam as sociedades;
(...). Não se pode omitir a perseguição nazista aos judeus que fez milhões de vitimas [PC1] Comentário: Em Jonas; O agir
humano que agora pode alterar de forma
(...)”. Tempos difíceis e “fecundos”, pois foi a partir desse ambiente que surgiram as definitiva os horizontes de tempo e espaço.

concepções filosóficas nas contundentes do século XX. Lévinas percebe que todo o
edifício teórico que sustenta o homem, sua historia e seu agir consolidado na vida social [PC2] Comentário: Em Jonas; as partir
de um agir responsável fundamentar
desmoronou, trazendo abaixo todo o modelo ético ocidental. Desta forma, Lévinas filosoficamente-metafisicamente uma ética
visando às futuras gerações.
estabelece mais do que uma relação, entre o logos grego, e a tradição mosaico-profética, [PC3] Comentário: Em Jonas; A
técnica moderna altera decisivamente o
ele desenvolve um novo pensamento o que podemos chamar de “humanismo do outro panorama das éticas tradicionais.

homem” conforme Pivatto (2009, p.80). Para isso Lévinas fundamenta tal intento
desfazendo-se das bases tradicionais do pensamento ocidental, pois estas já estariam [PC4] Comentário: Em Jonas; Do
sujeito individual para práxis coletiva. A
deterioradas e não sustentariam mais a relação sociedade e individuo. “(...) instaurar comensurabilidade inexistente, de que as
possibilidades de previsão de que dispõe o
saber teórico não têm poder de refrear as
uma nova ordem, sob a inspiração ética, na qual o humano possa ser celebrado dimensões do saber tecnológico e do seu
poder. Descompasso entre
transcendendo o natural e o ontológico” Pivatto (2009. p.80). Fica evidente para previsibilidade/efeito de ação.

Lévinas que o “ímpeto expansivo em que se exploram as possibilidades de ser mais às


custas dos outros” Pivatto (2009. p. 80) é o que estaria por detrás de todas as relações
até então. Entende Lévinas que a ética que resulta desta fundamentação acompanha esta
conjuntura sendo ineficiente. Enfatiza Lévinas que a ética instaurada, dessa disposição,
mesmo que, ainda tenha pretensões de universalidade, as intuições que mantem sua base
derivam de uma ontologia do “ser-poder-saber” e essa por sua vez deve ser superada. [PC5] Comentário: Em Jonas; o que
subjaz como ideal antropocêntrico da
Uma crítica à racionalidade que esta subjacente aos “parâmetros” ontológicos e que modernidade.
[PC6] Comentário: “... a ética é o
norteiam toda a visão tradicional, é o que Lévinas faz, o “outro” não pode ter sua sentido profundo do humano e precede a
ontologia”. Pivatto (2009, p. 81).
alteridade usurpada, seu ser em si racionalizado por uma mediação ontológica. O
[PC7] Comentário: Em Jonas;
“outro” perder sua especificidade, como se falar de ética então se o “eu” estar significação ética e no horizonte de uma
responsabilidade humana ampliada. O
aprisionado em uma categoria de (sujeito universal) na qual o eu se move abstratamente dever de preservar as condições dos que
viram. Não se pode em nome da “felicidade
em uma permanente passagem do conceito para a realidade, onde a universalidade da do agora” arriscar-se tudo até a opção de
(vir a ser) das gerações. Não temos esse
ética esta garantida pelas instituições, mas a sua real vitalidade, que deve ser a melhoria direito nem estamos autorizados a isso.
[PC8] Comentário: Em Jonas; são os
das relações dos homens esta arruinada. Como essas instituições garantiriam um dia à efeitos do agir coletivo, a concordância
entre os efeitos último do ato com a
ética universal. Substituir o ideal de racionalidade, trazendo a moralidade “viva” do permanência de atividade humana autentica
no futuro. A quem, ou melhor, qual ética
deve garantir o nosso futuro, qual
1 parâmetro devemos usar no sentido de
Universidade de Caxias do Sul: Mestrado em Filosofia e Ética. * João Batista Gonçalves. Este texto não tem previsibilidade para a nossa própria
autorização dos autores para divulgação. sobrevivência.
apelo vindo do “outro” é fazer uma completa guinada saindo assim das “possibilidades
dadas pela projeção do Ser” assentado a ética no concreto da relação inter-humano. Para
o filósofo existir uma intriga fundamental entre o eu e o tu, e é nas profundezas dessa
intriga que se esconde a natureza ética do homem. As necessidades que esta inversão
nos impõe têm como primeiro passo, retirar todos os destroços que ficaram das [PC9] Comentário: “Desenvolve sua
filosofia especulativa a partir da afirmação
instituições que se sustentaram até então por essa ontologia. Heranças advindas dos de que é impossível englobar numa visão
ontológica o encontro entre o eu e o outro,
gregos como as ideias de ser-poder-saber deve dar lugar à relação com o outro, pelo fato deste encontro ser uma
experiência originaria irrecuperável”
Pivatto (2009. p. 85).
superando os modelos ontológicos, com um movimento de ir além do ser, na sua
[PC10] Comentário: Em Jonas; a
transcendência que é o bem. Com essa resposta Levinas não se afasta dos problemas dialética do poder sobre a natureza e a
compulsão a exercitá-lo. Contudo essa
atuais do seu tempo. Lévinas indica ainda que categorias como “Ser”, “Totalidade” não dialética assume esse aspecto de forma
totalizante no inicio da modernidade.

dão resposta á pergunta pelo sentido do ser sua existência e sua convivência. Lévinas [PC11] Comentário: Em Jonas; há uma
escatologia moderna, ou um utopismo
“vislumbra outra saída, propondo o sentido ético como a questão essencial da relação politico, no qual a tecnologia teria um papel
fundamental fortalecendo o pressuposto de
inter-humano”. Pivatto (2009, p.85). A interpretação de Lévinas sobre a solidão do ser, que estaríamos nos dirigindo para uma
melhoria do homem. É indispensável a uma
nova postura ética responsável levar-se em
o seu peso, e a influência que tem no homem revela um constante “combater” que se dá consideração uma eminente catástrofe pela
falta de elementos objetivos que normatize
ao longo da historia dos homens, consecutivamente a humanidade como um todo o agir do homem a partir desse pressuposto
fundamental.
tentando incessantemente livrar-se do peso da solidão. Essa luta esgota o homem, para [PC12] Comentário: Três grandes
intuições filosóficas da proposta ética
se aliviar desse peso é direcionada de maneira errada observa Lévinas; “Os caminhos levinasiana.
1.Subjetividade individual como ponto
que apontam para a transcendência acabavam no eterno retorno ao ponto de partida. A extremo em que se refugia e sustenta a
moral, quando tudo mais ruiu.
solidão revela-se uma marca profunda na estrutura ontológica do ser”. Pivatto (2009, 2. A relação eu com o outro como intriga
fundamental que precede a ontologia, a
partir da qual se estruturara a ética como
p.85). Diante da necessidade “de ser do que não ser”, diferencia-se o ser e o puro existir inteligibilidade e sentido, para além do
ser e da totalidade.
neural, desta forma a subjetividade impõem-se superando a ontologia do ser, sem 3.O rigor fenomenológico e
especulativo, com a elaboração
características transcendentais. Isso fica mais evidente nas ciências humanas que incessante e sucessiva com as varias
retomadas de contextos de fora que
pressupõem o homem como objeto de um conhecimento exato, conhecimento esse que dispensam os contornos do ser e da
totalidade.
não consegue abarcar a subjetividade com parâmetros objetivos escapando do ser [PC13] Comentário: Em Jonas;
1.Prolongamento da vida.
ontológico que fundamenta as práticas científicas. Assim Lévinas vai atrás do que será 2.Controle de comportamento.
3.Manipulação genética
um “não lugar” para a subjetividade, essa ruptura da ordem do ser acontece no eu, e é [PC14] Comentário: A solidão
ontológica é para Lévinas uma condição
esse eu que se percebe ancorado no seu próprio existir e, por conseguinte não será capaz necessária de individuação que possibilitará
uma relação de alteridade, para além de
de transcender sozinho. A solidão ontológica, é para Lévinas uma condição necessária qualquer horizonte totalizante.
[PC15] Comentário: Este conceito
de individuação que possibilitará uma relação de alteridade, para além de qualquer recebe de Lévinas novo sentido, não perde a
transcendência, essa agora é o eu que se
horizonte totalizante. O puro existir e a identidade são a prisão do ser o seu ergue a partir das propriedades do ser para
ir ao encontro integral do outro pelo outro.
enclausuramento; uma ética que se sustenta nestes conceitos não é uma [PC16] Comentário: A verdadeira
responsabilidade em Lévinas. A ética torna-
responsabilidade inscrita na subjetividade humana nem tampouco um encontro inter- se o eixo fundamental precisamente porque
contem e revela a possibilidade e a
humano pessoal, mas apenas uma forma de salvaguardar o eu. Nasce ai uma nova forma realidade do além do ser e da identidade do
mesmo com transcender para o outro numa
de se pensar o conceito de inter-humano. “O meu eu não se deve ao ser, mas ao outro”. relação responsável que Lévinas chama de
alteridade. Pivatto (2009, p.88).
Lévinas desenvolve a partir deste ponto o estatuto da relação de alteridade. Uma relação [PC17] Comentário: Alteridade não
vem da forma das coisas, da natureza, dos
direta sem mediação, sem os aprisionamentos que a ontologia estabelece ao intuir o ser. seres, não equivalendo a esforços de
gerações na busca de definição de
objetividade mais pertinentes.
A epifania do rosto; sua manifestação no outro, sua alteridade-revelação, questionando a
interioridade a consciência a auto-suficiência do mesmo. Acolher, ou melhor, o [PC18] Comentário: Na ontologia
identificar o eu é polo de referência em
acolhimento do rosto do outro e fundamental. Acolher é relação melhor do que a torno do qual tudo gira. O acolhimento, o
outro é referido na sua alteridade, o eu o
acolhe no seu em si.
insistente tentativa de compreender intencional e objetivamente. Mudança nos registros
de interpretação do ser. Um novo trinômio é estabelecido por Lévinas, a saber,
liberdade com responsabilidade e bondade. Uma nova teoria da subjetividade que
abriga a responsabilidade no antes de ser, no chamando “para” ser o ser não a morada
do eu, é passagem e relação, a morada (deixa de ser) o ser e (passa a ser) o para ser. Um
pelo Outro e a expressão que exprime e suporta a condição de responsabilidade como
significação. O um para o outro, em seu eu mais profundo que desponta a significação [PC19] Comentário: Lévinas quer
significar a responsabilidade no cerne da
ética incontornável. Saído assim, por completo dos ditos de uma racionalidade subjetividade, o núcleo mais profundo da
própria identidade, ela é o vestígio do para
além do ser.
apofântica, desse estatuto de universalidade ontológica e entrando na dinâmica do ser
[PC20] Comentário: O Um pelo Outro
para o próximo. quebrado a auto-suficiência e o
individualismo, propondo a construção de
uma sociedade a ser humanizada pela
fraternidade.
O agir do eu deverá ter um estatuto de responsabilidade diretamente ligado às
possibilidades do agir em favor de outrem.

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