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ACÓRDÃO
Documento: 1580892 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 22/03/2017 Página 2 de 4
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.655.722 - SC (2015/0194930-1)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : CLAUDIO LUIZ SALES PACHE
RECORRENTE : CARLOS GUSTAVO ADRIANO
RECORRENTE : TANIA REGINA RAITZ
RECORRENTE : RENATO EDISON RESSLER
RECORRENTE : ALEXANDRE JAIME DA SILVA
RECORRENTE : REGINETE PANCERI
RECORRENTE : VILMA BATTISTI PETRIS
ADVOGADOS : FELIPE DA LUZ SILVA E OUTRO(S) - SC023030
GABRIELA COCCO - SC037257
RECORRIDO : FORMACCO CEZARIUM EDIFICACOES LTDA.
ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS - SE000000M
INTERES. : FORMACCO CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO LTDA
RELATÓRIO
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.655.722 - SC (2015/0194930-1)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : CLAUDIO LUIZ SALES PACHE
RECORRENTE : CARLOS GUSTAVO ADRIANO
RECORRENTE : TANIA REGINA RAITZ
RECORRENTE : RENATO EDISON RESSLER
RECORRENTE : ALEXANDRE JAIME DA SILVA
RECORRENTE : REGINETE PANCERI
RECORRENTE : VILMA BATTISTI PETRIS
ADVOGADOS : FELIPE DA LUZ SILVA E OUTRO(S) - SC023030
GABRIELA COCCO - SC037257
RECORRIDO : FORMACCO CEZARIUM EDIFICACOES LTDA.
ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS - SE000000M
INTERES. : FORMACCO CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO LTDA
VOTO
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baseado em interpretação controvertida, ou seja, anterior à orientação
fixada pelo Supremo Tribunal Federal”, porque “a manutenção de decisões
das instâncias ordinárias divergentes da interpretação adotada pelo STF revela-se
afrontosa à força normativa da Constituição e ao princípio da máxima efetividade
da norma constitucional” (AR 1.478, Tribunal Pleno, julgado em 17/11/2011,
DJe de 01/02/2012). Na mesma linha: AR 1.527, Tribunal Pleno, julgado em
17/11/2011, DJe de 09/03/2012; e AR 1.409, Tribunal Pleno, julgado em
26/03/2009, DJe de 15/05/2009.
No âmbito do STJ, a 1ª Seção decidiu que “a ação rescisória é
cabível, se, à época do julgamento originário cessara a divergência, hipótese que o
julgado divergente, ao revés de afrontar a jurisprudência, viola a lei que confere
fundamento jurídico ao pedido” (AgRg nos EREsp 772.233/RS, Primeira Seção,
julgado em 27/04/2016, DJe de 02/05/2016; REsp 1.001.779/DF, Primeira
Seção, julgado em 25/11/2009, DJe de 18/12/2009).
A 2ª Seção, igualmente, assentou entendimento segundo o qual, “nas
hipóteses em que, após o julgamento, a jurisprudência, ainda que vacilante, tiver
evoluído para sua pacificação, a rescisória pode ser ajuizada” (AR 3.682/RN,
Segunda Seção, julgado em 28/09/2011, DJe de 19/10/2011). Por oportuno,
destaca-se este trecho do voto condutor do acórdão:
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ao princípio jurídico (ratio decidendi) assentado na motivação do provimento
decisório” (Didier Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: teoria da prova,
direito probatório, ações probatórias, decisão, precedente, coisa julgada e
antecipação dos efeitos da tutela. 11 ed. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 455), que
é o precedente em sentido estrito.
No entanto, convém destacar que embora todos os acórdãos
exarados pelo STJ possuam eficácia persuasiva, funcionando como paradigma de
solução para hipóteses semelhantes, nem todos constituem precedente de eficácia
vinculante.
Pela sistemática do CPC/73, apenas aqueles processados na forma
do art. 543-C têm natureza impositiva para os órgãos subordinados.
Já a nova sistemática adotada pelo CPC/15 impõe aos juízes e
tribunais a observância obrigatória dos acórdãos proferidos pelo STJ em incidente
de assunção de competência e julgamento de recurso especial repetitivo; e
também da orientação do plenário ou do órgão especial (art. 927).
Nessa toada, a despeito do nobre papel constitucionalmente atribuído
ao STJ, de guardião da legislação infraconstitucional, não há como autorizar a
propositura de ação rescisória – medida judicial excepcionalíssima – com base em
julgados que não sejam de observância obrigatória, sob pena de se atribuir
eficácia vinculante a precedente que, por lei, não o possui.
Isso porque, a se admitir que a parte pudesse ajuizar a ação rescisória
com base em quaisquer julgados desta Corte, ainda que refletissem a
“jurisprudência dominante”, estar-se-ia impondo ao Tribunal o dever de decidir
segundo o entendimento neles explicitado, o que afronta a sistemática processual
dos precedentes.
Em atenção à segurança jurídica, portanto, a coisa julgada só há de
ser rescindida, com base no art. 485, V, do CPC/73, acaso a controvérsia seja
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solucionada pelo STJ em sentido contrário ao do acórdão rescindendo, por meio
de precedente com eficácia vinculante (art. 543-C do CPC/73 ou art. 927 do
CPC/15), que unifica a interpretação e aplicação da lei.
No particular, da leitura da petição inicial, depreende-se que os
recorrentes se limitaram a afirmar que o acórdão rescindendo conflita com a
jurisprudência desta Corte, citando, apenas, um acórdão da Terceira Turma
(AgRg no Ag 1.208.663/DF, julgado em 18/11/2010, DJe de 30/11/2010) e uma
decisão monocrática (REsp 1.340.474/SE, Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
publicada em 26/09/12).
Curiosamente, apesar da mencionada divergência, não interpuseram,
à época, o recurso especial.
Assim, à luz de todo o exposto, o argumento deduzido pelos
recorrentes não se mostra apto a ensejar a admissibilidade da ação rescisória por
eles ajuizada.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. CARLOS ALBERTO CARVALHO VILHENA
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : CLAUDIO LUIZ SALES PACHE
RECORRENTE : CARLOS GUSTAVO ADRIANO
RECORRENTE : TANIA REGINA RAITZ
RECORRENTE : RENATO EDISON RESSLER
RECORRENTE : ALEXANDRE JAIME DA SILVA
RECORRENTE : REGINETE PANCERI
RECORRENTE : VILMA BATTISTI PETRIS
ADVOGADOS : FELIPE DA LUZ SILVA E OUTRO(S) - SC023030
GABRIELA COCCO - SC037257
RECORRIDO : FORMACCO CEZARIUM EDIFICACOES LTDA.
ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS - SE000000M
INTERES. : FORMACCO CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO LTDA
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Terceira Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso especial, nos termos
do voto da Sra. Ministra Relatora.
Os Srs. Ministros Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas Cueva, Marco
Aurélio Bellizze (Presidente) e Moura Ribeiro votaram com a Sra. Ministra Relatora.
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