Professional Documents
Culture Documents
Capítulo 1, 2 e 3
Concepção de leitura
O que é ler? Para que ler? Como ler?Evidentemente, as perguntas poderão ser
respondidas de diferentes modos, os quais revelarão uma concepção de leitura
decorrente da concepção desujeito, língua, de texto e de sentido que se adote.
Foco no autor
Sobre essa questão, KOCH (2002) afirma que à concepção de língua como
representação do pensamento corresponde à de sujeito psicológico, individual, dono
de sua vontade e de suas ações.(...) O foco da atenção é, pois, o autor e suas
intenções, e o sentido está centrado no autor, bastando tão –somente ao leitor captar
essas intenções.
Foco no texto
Em outras palavras, espera-se que o leitor, concorde ou não com as ideias do autor,
complete-as, adapte-as etc., uma vez que “toda compreensão é prenhe de respostas
e, de uma forma ou outra, forçosamente, a produz” (BAKHTIN, 1992:20)
Objetivos de leitura
É claro que não devemos nos esquecer de que a constante interação entre o
conteúdo do texto e o leitor é regulada também pela intenção com que lemos o texto,
pelos objetivos de leitura.
Pode ser maior ou menor dependendo do texto, do modo como foi constituído, do
que foi explicitamente revelado e do que foi implicitamente sugerido, por um lado; da
ativação, por parte do leitor, de conhecimentos de natureza diversa, e de sua atitude
cooperativa perante o texto, por outro lado.
Autor/leitor
Texto
Além dos fatores autor/leitor, há os derivados do texto que dizem respeito à sua
legibilidade, podendo ser materiais (tamanho e clareza das letras),linguísticos ou de
conteúdo (léxico e estruturas sintáticas complexas) (cf. ALLIENDE & CONDEMARÍN,
2002).
Texto e leitura
Destacamos que a leitura é uma atividade que solicita intensa participação do leitor,
pois, se o autor apresenta um texto incompleto, por pressupor a inserção do que foi
2
dito em esquemas cognitivos compartilhados, é preciso que o leitor o complete, por
meio de uma série de contribuições.
KOCK (2002) afirma que, para o processamento textual, recorremos a três grandes
sistemas de conhecimento:
Conhecimento linguístico;
Conhecimento enciclopédico;
Conhecimento interacional.
3
A leitura é uma atividade interativa, altamente complexa de produção de sentido. Se
realiza com base na superfície textual e na sua forma de organização, mas que requer
a mobilização de um vasto conjunto de saberes.
Na e para a produção de sentido, necessário se faz levar em conta o contexto.
Tanto na fala quanto na escrita, os produtores fazem uso de uma multiplicidade de
recursos, muito além das simples palavras que compõem as estruturas.
Contexto linguístico – co-texto.
A produção de sentido realiza-se à medida que o leitor considera aspectos
contextuais que dizem respeito ao conhecimento da língua, do mundo, da situação
comunicativa, enfim.
CONCEPÇÃO DE CONTEXTO
Metáfora do Iceberg: uma pequena superfície à flor da água (o explícito) e uma
imensa superfície subjacente, que fundamenta a interpretação (o implícito).
Podemos chamar de contexto o iceberg como um todo, ou seja, tudo aquilo que de
alguma forma contribui para ou determina a construção do sentido.
4
Certos enunciados são ambíguos, mas o contexto permite fazer uma interpretação
unívoca.
O contexto permite preencher as lacunas do texto, isto é, estabelecer os “elos
faltantes”, por meio de “inferências-ponte”.
Os fatores contextuais podem alterar o que se diz.
Tais fatores se incluem entre aqueles que explicam ou justificam por que se disse
isso e não aquilo (o contexto justifica).
CONTEXTUALIZAÇÃO NA ESCRITA