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Texto bíblico - Eclesiastes 1 a 12 e Cântico dos Cânticos 1 a 8 Texto áureo - Ec 3.14 e Cc 8.7a
Introdução
Esses são dois dos livros mais emblemáticos da Palavra de Deus. Para muitos dos comentaristas
fica difícil compreender no plano editorial do Senhor Deus, o enquadramento que teria dado ele no seu
programa de revelação progressiva ao homem, sua criatura, a inserção de dois livros tão esquisitos,
perdoem-nos a aparente irreverência, ou pelo menos surpreendentes em suas abordagens como esses dois
de Salomão: Eclesiastes e Cântico dos Cânticos ou Cantares de Salomão.
Guardemos sempre as palavras de Deus a Jó: "Quem és tu censurador, para indagar algo do Todo-
Poderoso?" - Sim, quem somos nós para ficar investigando o "por quê" da inclusão desses dois livros na
canonicidade bíblica. O Senhor tem propósitos desconhecidos ao homem... planos inatingíveis à
inteligência humana... visões do amanhã que olhos humanos nunca poderão vislumbrar. E assim, não
temos a capacidade sutil e a perspectiva histórica do Senhor, para perceber nas entrelinhas do livro que
ele escolheu tudo aquilo que ali está contido. Para os livros de Eclesiastes e Cântico dos Cânticos, na
visão divina que os elaborou, propósitos já se cumpriram no passado, planos estão se cumprindo no
presente, e visões entrevistas hoje se delinearão amanhã e na eternidade com plena nitidez aos nossos
olhos humanos e limitados.
Como já mencionamos havia no passado do Oriente uma preocupação muito grande quanto aos
fatos da vida e morte, bênção e maldição, sorte ou azar, riqueza ou pobreza, e muitos sábios daquela
época foram levados a investigar esses temas sob o prisma da filosofia, da teologia, da história, do
misticismo, da feitiçaria e mesmo da sabedoria popular. Existe um livro apócrifo, não registrado na
canonicidade judaica do Antigo Testamento, mas aceito no cânon da Septuaginta e depois pela igreja
Católica, chamado de Eclesiástico, onde muitas doutrinas e práticas dos hebreus são apresentadas e
discutidas. Isto apenas para evidenciar como o assunto era buscado na época em que foi escrito, muito
provavelmente no período interbíblico.
Para nós crentes ficam duas verdades evidentes para trazer-nos a imagem do porque desses dois
textos na Bíblia: primeiro em Eclesiastes, uma visão de um rei rico e feliz sobre o espírito cético e
pessimista do homem que não possui a fé em Deus. Não há outro texto na Bíblia em que o assunto seja
apresentado com tanta objetividade, pois no livro de Salmos este problema é mencionado também, mas
sob o prisma do homem que confia no Senhor. Segundo, em Cântico dos Cânticos, a visão do amor
íntimo, pessoal e mesmo carnal entre homem e mulher, criaturas de Deus, feitas uma para a outra, o
relacionamento central e único que deu origem a toda a humanidade e que por sua importância e
significado mereceria também da parte do Senhor um destaque especial como aqui acontece. Não há
outro livro na Bíblia que o contemple assim. Daí, o porque da inclusão desses dois livros na Bíblia, a
Palavra de Deus.
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I - Dados históricos e preliminares
Ambos os livros são atribuídos a Salomão. Em Eclesiastes 1.1 e depois 1.12,13, isto fica bem
claro. Em Cântico dos Cânticos em 1.1-5, e depois 3.7,9 e 8.11,12, mais uma vez tais confirmações
acontecem. Alguns comentaristas adicionam que tal como aconteceu em quase todos os demais livros, o
autor principal deve ter contado com a ajuda de alguns colaboradores na compilação e reunião de seus
pensamentos e ditos, pois seria impossível a homens como Moisés, Josué, Samuel, Davi e Salomão,
homens voltados para a ação e o trabalho terem tempo e habilidade talvez, para eles mesmos, escreverem
o registro de todos os fatos que cercaram e envolveram os seus dias. No caso especialmente de Salomão,
isto deve ter sido mais fácil ainda, pois sendo o rei Salomão, aquele em cujo tempo (985 a 945 a.C.) o
reino de Judá atingiu o seu apogeu, teria sido muito fácil dispor dos serviçais do templo, os levitas e
escribas para ajudarem e serem mesmo, encarregados de tais tarefas.
Ambos os livros foram preparados simultaneamente na corte real pelo tempo do reinado de
Salomão (985 a 945 a.C.), havendo alguns estudos que apontam para o período da restauração, quando
novamente o templo se reorganizou, para que os livros sofressem sua organização final. Para alguns
historiadores se em Eclesiastes não existem propriamente dúvidas quanto a sua integral autoria por
Salomão, quanto a Cântico dos Cânticos supõem alguns que alguns deles podem ter sido escritos para
Salomão, em função dos muitos casamentos que teve, e não propriamente escritos por ele.
Poderíamos dizer que enquanto o livro de Eclesiastes é o livro que menciona as vicissitudes
humanas e a sua abrangência absoluta a todos em homens, o livro de Cântico dos Cânticos celebra o amor
romântico e conjugal, algo de muito significado para os povos orientais e especialmente o judeu que via
na consecução carnal produzida pelo casamento, a manifestação da bênção de Deus sobre a vida do casal
com o nascimento dos filhos e filhas.
1. A presença da vaidade - 1.1 a 2.26; 1. A noiva suspira pelo noivo - 1.1 a 2.7;
2. Entendendo as épocas da vida - 3.1-22 2. Aprofunda-se a relação - 2.8 – 3.5;
3. Os males e atribulações atingem a todos - 4 a 6; 3. Elogios ao rei e ao casamento - 3.6 – 4.16;
4. Sofrimento. Os mistérios da vida - 7 a 9.10 4. O noivo ausenta-se e a noiva se lamenta – 5;
5. A excelência da sabedoria - 9.11 a 11.10; 5. A beleza da noiva - 6.1 a 8.4;
6. Conclusão. O dever do homem - 12.1-14 6. Conclusão – 8.5-14.
Os livros têm objetivos diversos e temas também diferentes. Enquanto o primeiro vem ao
encontro de harmonizar na vida o confronto entre o bem e o mal atingindo o homem em todo o seu viver
e a forma de comportar-se e conviver com tais injunções muitas vezes inteiramente alheias à sua vontade
e ao seu esforço, o segundo vem apenas celebrar aquilo que seria o momento mais exponencial da vida
humana, o clímax da união conjugal entre os dois sexos criados pelo Senhor, quando o amor os une e os
faz viajar por sentimentos de carinhos, renúncia, dádivas, entregas, sem nada querer em troca, pois para
isto ela e ele foram feitos.
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Eclesiastes começa por mostrar que a busca pelos bens terrenos não é causa básica de felicidade
para ninguém. Tudo isto é vaidade para ele, ou seja, coisas que podem ser alcançadas e aparentemente
trazer algum benefício pessoal, mas que no fundo não significam felicidade em toda sua extensão. O
escritor chega mesmo a mencionar que prazeres e riquezas não são sinônimos de felicidade. Nesta
digressão o autor nos ensina também que o homem deve aguardar tais coisas sabendo que para todas elas
existe um tempo próprio, determinado pelos planos de Deus e que os males e tribulações da vida devem
ser enfrentados como situações normais contra as quais devemos precaver-nos. Outrossim, evidencia que
se formos felizes em nossos trabalhos e aquinhoados com bênçãos por Deus, que desfrutemos delas com
gratidão e amor. Em face disto, chama a atenção para que entendamos as desigualdades da vida, como o
mistério dos atos de Deus que muitas vezes não podemos entender, mas devemos aceitar. Finaliza,
incentivando-nos todos a fazer o bem no tempo que temos, preparando-nos assim de forma positiva para a
velhice e o fim da vida física.
Já a visão do Cântico dos Cânticos é a do amor romântico entre noivos que colimam a união
matrimonial. Sabemos que na cultura judaica havia todo um ritual sobre isto. O Antigo Testamento e
mesmo o Novo Testamento nos dão a entender os simbolismos e cuidados com que eles ornavam e
celebravam o casamento. Era uma festa de 7 dias, com processionais da noiva e de suas amigas, do noivo
e seus amigos e toda uma festividade se desenrolando com cânticos, comes e bebes. Jesus participou de
um deles em Caná da Galiléia. Pois bem, para tal celebração, o povo judeu montou todo um ritual muito
bonito e significativo que o escritor sacro, o rei Salomão compôs em um poema de amor, onde celebra
esta conjugação corpórea do homem e da mulher que se amam e se unem pelo casamento, expressando
inclusive de maneira bem romântica, o desejo sexual que deve estar presente na vida de dois seres que se
amam.
Vamos neste estudo, fazer uma diferença. Vamos tirar apenas do primeiro livro em análise os
pontos principais em destaque, deixando a sua melhor contextualização para o segundo:
1. A realidade imutável da vida: O rei mais sábio do mundo foi muito sagaz e inteligente em
colocar um texto como este em seus discursos. Realmente, as indagações do ser humano sobre as
contrariedades da vida, os problemas e as alegrias, são sempre uma indagação permanente ao homem em
todos os tempos, ontem, como hoje também. Uma realidade imutável na vida. "O que tem sido, isso é o
que há de ser; e o que se tem feito, isso se tornará a fazer; nada há que seja novo debaixo do sol."
(1.9).
2. A fugacidade dos bens terrenos: Outro aspecto muito prático que o livro de Eclesiastes nos
traz é quando nos ensina sobre a fugacidade dos bens terrenos. As coisas são passageiras. Nada da vida
terrena é permanente. O que hoje nos acomete de bom ou de ruim, pode transformar-se amanhã em algo
oposto àquilo de bem ou de mal que nos atinge agora. "Então olhei eu para todas as obras que as
minhas mãos haviam feito, como também para o trabalho que eu aplicara em fazê-las; e eis que tudo
era vaidade e desejo vão, e proveito nenhum havia debaixo do sol." (2.11).
3. O tempo de Deus: Um dos maiores desafios para o homem é saber aguardar que os seus
planos e desejos se realizem. Sempre queremos tudo para hoje e para agora. Eclesiastes nos ensina que
existe para tudo um determinado tempo. O tempo de Deus. Ele, mais do que ninguém sabe quando o
melhor pode chegar ao nosso viver. "Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe
pode acrescentar, e nada se lhe pode tirar; e isto Deus faz para que os homens temam diante dele."
(3.14).
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V - Sua contextualização
Como mencionamos acima, fizemos os pontos principais em destaque com o livro de Eclesiastes,
deixando para o Cântico dos Cânticos, a sua melhor aplicação prática na contextualização agora:
2. A fidelidade conjugal: Uma das coisas mais degradadas pela sociedade moderna,
infelizmente, é a da existência do leito conjugal sem mácula. A fidelidade conjugal é algo descartável aos
olhos da mídia moderna. O casamento vem sofrendo os ataques mais cruéis do pecado, exatamente
naquele seu mais sublime e belo atributo: a fidelidade conjugal. A exclusividade que o texto a seguir nos
transmite, é o espírito puro e santo que o Senhor Deus deseja e espera no matrimônio cristão: "Eu sou do
meu amado, e o meu amado é meu." (6.3).
3. O amor heterossexual celebrado: Existe em certos textos de Cântico dos Cânticos uma
linguagem que poderíamos chamar mesmo de sensual ou erótica. Lembremo-nos que aos olhos de Deus o
amor sexual não é pecado, desde que compartilhado entre dois seres que se amam e se unem pelo
casamento. A beleza física do homem e da mulher, que se tornam atraentes entre os cônjuges é
perfeitamente compreensível pelo Senhor como o próprio texto nos demonstra: "O meu amado... suas
pernas são como colunas de mármore... ele é totalmente desejável..." "Os contornos das tuas coxas são
como jóias..." (5.10,15,15; 7.1). Este amor heterossexual é o que o Senhor espera de sua criatura que
saudavelmente ama o seu parceiro conjugal e não os desvios e descalabros que a homossexualidade tem
buscado fazer prevalecer nos tempos presentes com as paradas gays e de lésbicas invadindo as cidades.
4. A perenidade do amor conjugal: Uma das coisas mais belas na comunhão fraterna do ser
humano é a perenidade do amor conjugal. Pessoas que se amam e se casam e celebram bodas de prata, de
ouro, de brilhante, vivendo juntas par sempre. É um amor que não acaba nunca. Muda em seus aspectos
íntimos com a idade, com os filhos, os netos, a velhice, mas não perde a sua intensidade nem a sua
integridade, porque no plano de Deus..."as muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-
lo." (8.7)
Conclusão
Tudo contido na Palavra de Deus tem uma razão de ser. No plano de Deus, o verdadeiro autor do
livro, tudo tinha uma razão objetiva, lógica e permanente para ali aparecer. Assim devem ser vistos tanto
Eclesiastes como Cântico dos Cânticos. Havia um motivo divino para ali terem sido incluídos. E por isso,
somos nós abençoados de alguma forma com eles.
"Olho"
Para nós crentes ficam duas verdades evidentes para trazer-nos a imagem do porque desses
dois textos na Bíblia: primeiro em Eclesiastes, uma visão de um rei rico e feliz sobre o espírito cético e
pessimista do homem que não possui a fé em Deus. Não há outro texto na Bíblia em que o assunto seja
apresentado com tanta objetividade... Segundo, em Cântico dos Cânticos, a visão do amor íntimo,
pessoal e mesmo carnal entre homem e mulher, criaturas de Deus, feitas uma para a outra, o
relacionamento central e único que deu origem a toda a humanidade e que por sua importância e
significado mereceria também da parte do Senhor um destaque especial como aqui acontece. Não há
outro livro na Bíblia que o contemple assim.
Leituras diárias:
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Ec 1 e 2 Ec 3 e 4 Ec 5 e 6 Ec 7 a 9 Ec 10 a 12 Cc 1 a 4 Cc 5 a 8
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