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É incrível como “As aventuras de Ngunga” envolve e seduz o leitor.

Não sou
mais uma criança de treze anos, e tive uma infância completamente diferente
da de Ngunga. Mas sinto que a curiosidade do menino é algo que existia em
mim, quando era criança. Muito da minha paixão pela leitura, pela literatura,
vem da infância, dessa curiosidade de conhecer o mundo. Ngunga, curioso
como eu fui e sou, quer conhecer o mundo, saber como a vida funciona. Gosta
de saber o que passa em seu redor. Gosta, acima de tudo, de ser criança.
Justamente, a curiosidade de Ngunga move a narrativa de Pepetela. O
menino sai a andar pelo território, em busca de aventuras, em busca de
experiências que acabarão por defini-lo, transformá-lo em uma pessoa
diferente. Constantemente Ngunga questiona os valores das pessoas que o
circundam. Faz isso quando observa, por exemplo, que o Comandante Kafuxi
não dava tanta comida quando deveria, ou poderia, aos soldados do MPLA
(Movimento Popular de Libertação de Angola). Curioso e descontente com o
que conclui a partir do que observa, Ngungaquer saber se todos os homens
são egoístas como o Comandante Kafuxi.
Em certo ponto da narrativa, o Comandante Mavinga, responsável por outro
posto do MPLA, decide que Ngunga é jovem demais para pegar em armas,
como o menino deseja fazer. Mavinga decide que Ngungadeve ir à escola, ter
aulas com o professor, chamado União. Muito a contragosto, vencido pela
curiosidade que o move, Ngunga decide ir conhecer a tal escola, conhecer o
tal professor. O que acontece durante o encontro dos dois é notável!
Inicialmente desacreditado em relação à ideia de estudar e ao próprio
professor, Ngunga surpreende-se ao conhecer União. No decorrer da
narrativa, a relação de aprendizado mútuo desenvolvida entre os dois é
belíssima!
Dentre inveja, ciúmes e corrupção, Ngunga descobre lentamente que os seres
humanos à sua volta são cheios de defeitos. Muito do crescimento pessoal do
menino com o andamento da narrativa pode ser considerado análogo ao
percurso de Angola, como nação, em direção à independência conquistada
pelo MPLA. Liberdade tomada a custo de sangrenta e violenta guerra colonial.
Por outro lado, poderíamos considerar Ngunga como uma projeção literária do
próprio autor, já que Pepetela fez parte do MPLA durante a guerra colonial de
Angola. Interpretações pessoais à parte, não quero estragar a experiência da
leitura, certo que estou de que quem está lendo este texto também lerá o livro
indicado. Revelarei apenas um último detalhe: em meio às suas
aventuras, Ngunga viverá uma história de amor.Como já foi dito, o Romance
“As aventuras de Ngunga” é sedutor. A linguagem é simples, o livro é
pequeno, para ser lido em um final de tarde. Além disso, o fato de o
protagonista ser uma criança de treze anos torna a obra muito atraente ao
público mais jovem. Caso o leitor busque encaixar a leitura em seu contexto
histórico, um tanto melhor. A leitura é realmente deliciosa! Espero que quem
esteja lendo goste tanto quanto eu. Temporariamente, despeço-me, satisfeito
por compartilhar uma obra literária de que gosto muito. Até à próxima!
Sinopse: O Ngunga não ia ser livro. Eu estava no Leste e estava a fazer um
levantamento das bases do MPLA, pela primeira vez ia-se saber quantas bases
havia, quantos homens havia, quantas armas…eu ia de base em base e ao
mesmo tempo acompanhava o ensino, dava uma ajuda aos professores com
os manuais de matemática que eram da Ex RDA, demasiado modernos, e os
professores tinham dificuldades com eles, comecei também a aperceber-me
que os miúdos só tinham os livros da escola para ler o português, conclui que
era preciso fazer textos de apoio, é aí que começa o Ngunga. Eram textos
muito simples que pouco a pouco se iam tornando mais complexos. Como
ainda assim não era suficiente os textos eram traduzidos para Mbunda e
depois eu tentava dar-lhes regras gramaticais reescrevendo o Mbunda, assim
os miúdos podiam aprender a ler na sua língua e recorrer a ela sempre que
tivessem dificuldade nalguma palavra em português. Quando acabei cheguei à
conclusão que aquilo era uma estória, dei-lhe um fio condutor e mais tarde
decidimos publicá-lo. – É assim que o próprio autor nos conta como surgiram,
em livro, as Aventuras de Ngunga.
PEPETELA:Terminei agora mesmo de ler as aventuras de um guerrilheiro
adolescente de treze anos de idade. As Aventuras de Ngunga, de Pepetela.O
autor traz-nos um corajoso personagem e ingénuo. Uma narrativa histórica com
um espaço angolano marcado pelas guerras coloniais, pelas ocupações dos
portugueses em território angolano.A história leva-nos no tempo ao lado de
Ngunga, um adolescente de treze anos de idade, órfão, que tão cedo perdeu
os pais na guerra e sem ninguém para cuidá-lo apareceu a avó Ntumba que lhe
deu abrigo e obrigou as filhas a passarem a dar-lhe comida mas estas
resmungavam alegando que trabalhavam para elas e maridos mas pela ordem
da mãe cediam. Comida entregue de má vontade nunca é bem-vinda ao
estômago, não é? Mas o rapaz insistia pela fome havia no quimbo devido a
guerra. Ngunga foi acolhido pelo guerrilheiro Nossa Luta quando Ntumba
morreu. Nossa Luta cuidava bem do rapaz que quando este feriu-se, obrigou-o
a ir ao camarada socorrista porque Nossa Luta tinha de ir ao combate e
tornaria impossível levá-lo ao médico.Ida que levou dia para chegar e até ser
socorrido. No mesmo dia naquele kimbo teria uma festa pelo corte do cordão
umbilical de um bebé que tinha nascido e o socorrista sugeriu ao Ngunga,
como criança que era, não perderia festas. Gostava de passear, observar os
pássaros, a natureza, mas nunca sequer tinha visto uma escola, tinha tido um
professor a ensiná-lo a ler.A festa ao final, Ngunga tinha que ir, mas lembrou-
se onde ir se haviam apenas duas pessoas que dele gostavam? Nossa Luta e
Imba. Nossa Luta estava distante e Imba era uma criança menor que ela e
pouco suportava-lhe pelas imitações que nele fazia.Decidiu sair e ir à procura
de Nossa Luta mesmo o Kimbo em guerra, passava dias e sem comida
aparecia velhos em ofertas de abrigos para este servir-lhe nas lavras mas só
eram maus tratos que para o rapaz todos adultos eram más pessoas. Só as
crianças eram boas. Continuou com a sua viagem de vários dias e os povos
admirados com um garoto de treze anos que viajava sozinho, alguns davam-
lhe comida e continuava a sua viagem. Quando lhe perguntavam aonde ia,
respondia que ia ver onde o rio nasce. Se insistiam respondia querer ver o
mundo até que chegou à Secção de Guerrilheiros onde estava Nossa Luta mas
a notícia lhe foi péssima. Tinha morrido no combate. O garoto chorava porque
todos eram maus e só ele era bom. Ficou sozinho até que o comandante
apresentou-lhe ao professor União que se tornaram grande companheiros mas
a guerra trouxe-lhe o Luto que ia-lhe transformar num herói sem nome.Um
adolescente apaixonado por outra de treze anos mas o amor impossível trouxe-
lhe revolta porque Uassamba era casada. Foi vendida pelos pais a um velho
que possuía lavras e mais três mulheres.A revolta de mudar o mundo matou
Ngunga que o povo estava a conhecer como herói, pois matara o chefe da
PIDE com a sua própria arma. Ngunga matou o nome e quis desaparecer, mas
este foi-se com outro nome. Que nem as árvores, os pássaros, as estrelas
sabiam. Nem o narrador dessa bela história. Mas sei que saberás se ledes
essas Aventuras de Ngunga.Uma linda literatura infanto-juvenil para todas as
idades. Uma obra nacional de referência.

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