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A Teozoologia de Jörg Lanz von Liebenfels

Jörg Lanz von Liebenfels, grande teórico da Ariosofia, nasceu em Viena, Austria, em 19
Julho '1874 e morreu em 22 Abril '1954. Foi um escritor e periodista austríaco. Foi um
ex-monge e fundador da Revista Ostara, na qual publicou teorias antissemitas e
völkisch.

Biografia

Depois de uma experiência como monge cristão da Ordem de Cister, em seus anos de
juventude, durante o qual realizou interessantes investigações sobre textos gnósticos e
apócrifos, renunciou à seus votos e continuou com a elaboração de uma teologia
gnóstica e zoomorfa, na qual o mal era identificado com as raças não-árias e o bem com
a pureza das raças arianas. Liebenfels abandonou o Monastério de Heilligenkreuz em
1899 e quatro anos depois seu nome já era conhecido pelos leitores de numerosas
publicações “völkisch” (nacionalistas).

A Teozoologia

Em seu ensaio "Teozoologia, ou a Herança dos Brutos Sodomitas e o Eléktron dos


Deuses" (1905), Liebenfels indaga diversas teorias e idéias científicas de atualidade em
sua época para confirmar suas teorias raciais. No mesmo ano publica um artigo
entitulado "Antropozoon Bíblico" no qual defende que em uma Origem, existiram
duas humanidades absolutamente diferenciadas e alheias uma da outra.

Por uma parte, encontramos aos "Filhos dos Deuses" (Teozoa) e por outra parte os
"Filhos dos Homens" (Antropozoa). Os primeiros eram os Ários, dotados de uma
espiritualidade pura; as outras raças procediam da evolução biológica dos animais.

Assim, Liebenfels explicava a "queda Adâmica" como a união sexual de uns com
outros. A raiz desta queda, a raça ária degeneraria na mestiçagem, perdendo as
faculdades divinas, a ordem superior e as capacidades paranormais como a clarividência
ou a telepatia, entre outras. O processo de mescla racial limitou essas qualidades a uns
poucos descendentes de ários, pelo qual recuparar a pureza racial ária equivalia a
recuperar o caráter espiritual e biológico dos primeiros ários.

Assim o expôs em sua "Teosofia e Deuses Assírios" (1907):

"Tomaram animais fêmeas muito belas porém descendentes de outros que não tinham
alma e nem inteligência. Engendraram monstros, demônios malvados".

Liebenfels afirma que os Atlantes haviam se dividido em espéries puras e bestiais,


correspondendo-se com os primeiros antropóides as primeiras e com macacos
antropomórficos as segundas:

"O erro fatal dos antropóides, a quinta raça-raiz dos ários - a Homo Sapiens - foi
mesclar-se repetidamente com os descendentes dos macacos".
Nesta linha, Goodrick-Clarke assinala que "a consequência destes pecados, posteriormente
institucionalizados como cultos satânicos, foi a criação de várias raças mistas, que ameaçavam
a autoridade sagrada dos ários". O erro original dos homens-deuses, era similar ao que
encontramos em Gênesis-6, quando "os filhos de Deus baixaram à Terra e se acasalam com as
filhas dos homens".

Seu interesse pelos últimos descobrimentos, como os Raios-X, a Radioatividade e as Radiondas,


levou Liebenfels a elaborar uma "teologia científica" na que os deuses representavam a forma
mais elevada de vida e eram possuidores de poderes especiais de recepção e transmissão de
sinais elétricos provenientes dos órgãos situados nas glândulas pituitária e pineal, que
posteriormente haviam-se atrofiado. Esta regressão ou involução, como temos chamado,
derivava-se da união dos homens-deuses com os homens-bestas e a mestiçagem.

A figura de Cristo fascinava Liebenfels, que o via como um puro exponente ário, e
interpretando fragmentos apócrifos chegou a afirmar que os poderes dos quais estava dotado
provinham do "eléktron divino", uma espécie de força eletro-cósmica que também era
conhecida como VRIL. A mensagen de salvaçao de Cristo o interpretava como um projeto de
purificação da raça ária, que supunha a necessária destruição de um mundo corrupto para
restaurar a Idade de Ouro original. Com esse objetivo devia-se proceder a purificar e
salvaguardar a integridade racial da raça ária, assim como lançar uma grandiosa cruzada contra
a ameaça e a expansão das "raças demoníacas". Mediante a adoção de uma doutrina eugênica,
conseguiria-se na prática fazer renascer o ário, a raça original em sua mais extrema pureza.

Revista Ostara

A revista fundada em 1905 por Lanz, Ostara (nome da deusa germânica da Páscoa da
Primavera) teve uma enorme difusão nos países alemães, alcançando tiragens de mais
de 100.000 exemplares. Apareceria em duas séries, de 1905 a 1917, com 89 números
publicados, e de 1922 a 1927, com mais 12 números. Existem muitos indícios que
apontam que Adolf Hitler a lia com grande interesse em sua juventude e o mesmo
Liebenfels afirma que o então futuro Führer, quando vivia em Viena, se pôs
pessoalmente em contato com ele para conseguir alguns exemplares que faltavam em
sua coleção.

Nesta publicação interessada pela questão religiosa e racial, escreviam ocultistas e


ideólogos que chamava à rebelião contra as "raças sub-humanas" e em particular contra
os judeus, aos quais, com o poder financeiro, estariam extorquindo e escravizando o
ocidente e a nação germânica em particular. A salvação se obteria mediante o resgate da
antiga sabedoria ária que havia sido difundida por antiquíssimas civilizações como
Hiperbórea e Atlântida.

Ostara oferecia uma esperança de redenção levando à cabo uma política que
salvaguardaria a raça ariana das raças sub-humanas, o qual supunha-se mais tarde a base
ideológica da Eugenia Nacional-Socialista.

Em um parágrafo desta revista, Liebenfels afirma que "os ários são a obra-mestra dos
deuses e estão dotados de poderes sobrenaturais e paranormais, emanados de "centros
de energia" e "órgãos elétricos" que lhes conferem supremacia absoluta sobre qualquer
outra criatura".

Em sua Teologia, Lanz von Liebenfels também utilizou a astrologia e definiu a história
da humanidade como uma "guerra entre raças", cujo final escatológico era claramente
evidente em seus horóscopos. Para os anos 1960 a 1968 previu uma invasão na Europa,
por raças não-árias que haveriam de pressagiar a destruição do sistema mundial.

A partir de então, haveria-se de desenvolver uma regeneração racial. A esta lhes seguiria
um novo milênio guiado por uma espécie de Igreja Ária, na qual uma elite iniciada nos
segredos do "arianismo" guiará o destino do mundo. O ideal de uma casta de "monges
guerreiros" como os Cavaleiros Templários, foi o antecedente da Ordem Negra que
configurariam mais adiante, as SS.

Fundação da O.N.T.

Como Lizt, também Jörg Lanz von Liebenfels foi influenciado pelo exemplo dos
Cavaleiros Templários, pois o fundador da Ordem Cisterciense, da qual havia formado
parte em sua juventude, era Bernardo de Claravall, promotor e ideólogo da Ordem dos
Cavaleiros Templários.

Seguindo sua estela, em 1917, Lanz von Liebenfels fundou a O.N.T. (Ordem do Novo
Templo), com sede no castelo de Burg Werfenstein, e em 25 Dezembro do mesmo ano,
no solstício de inverno, elaborou o estandarte da Ordem, com uma esvástica solar. O
objetivo desta era promover a consciência racial mediante investigações histórico-
arqueológicas, estudos religiosos e o restabelecimento dos antigos rituais de Wotan. No
castelo, trabalhou-se para criar um museu e monumento antropológico da raça ariana,
que seria completado mais tarde pela organização Ahnenerbe-SS. Para Liebenfels,
reconstruir a Ordem do Templo equivalia a criar uma Irmandade merecedora de receber
o Graal em custódia.

O que era o Graal para os Ariosóficos?: Um acumulador de energia, emissor do


"eléktron dos deuses", destinado a manter suas faculdades superiores e transcendentes.

A O.N.T. estava dividida em vários graus: Presbítero, prior, Confrade e outros, que se
diferenciavam pelos símbolos costurados em suas túnicas. Apesar de sua natureza
elitista, suas idéias estavam muito difundidas na Alemanha e na Áustria, especialmente
depois da elaboração cristã teozoológica, na qual o Graal foi assimilado ao "eléktron", o
poder divino dos ários. As teorias raciais de Lanz von Liebenfels se fundamentam em
sua idéia de regeneração e recuperação da raça ária.

Publicações

Em suas publicações, Jörg Lanz von Liebenfels mescla idéias populares e antissemitas
com arianismo, racialismo e esoterismo. Abaixo segue uma lista PARCIAL de suas
obras:

- Katholizismus wider Jesuitismus ("Catolicismo versus Jesuitismo"). Frankfurt: 1903

- "Anthropozoon biblicum". En: Vjschr. für Bibelkunde 1, 1903/1904

- "Zur Theologie der gotischen Bibel" ("Sobre a Teologia da Bíblia Gótica"). En Vjschr.
für Bibelkunde 1, 1903/1904

- Theozoologie oder die Kunde von den Sodoms-Äfflingen und dem Götter-Elektron.
Viena: (1905)

- Das Breve "Dominus ac redemptor noster". Frankfurt: 1905

- Der Taxilschwindel. Ein welthistorischer Ulk. Frankfurt: 1905

- Ostara (revista), 89 números, Rodaun y Mödling, 1905-1917 (38 números foram


republicados em Viena entre 1926 y 1931)

- "Kraus und das Rassenproblem". En: Der Brenner 4, 1913/1914

- Weltende und Weltwende ("Fim do Mundo e Mudança do Mundo"). Lorch, 1923

- Grundriss der ariosophischen Geheimlehre ("Compêndio de Ensinamentos


Ariosóficos Secretos"). Austia: 1925

- Der Weltkrieg als Rassenkampf der Dunklen gegen die Blonden ("A guerra mundial
como uma luta racial entre os negros e os loiros"). Viena: 1927

- Bibliomystikon oder die Geheimbibel der Eingeweihten ("Bibliomystikon - A Bíblia


Secreta dos Iniciados"), 10 volúmenes. Pforzheim: 1929 - 1934

- Praktisch-empirisches Handbuch der ariosophischen Astrologie ("Manual prático-


empírico de astrologia ariosófica"). Düsseldorf: 1926 - 1934
TRADUÇAO:Rubens Bulad

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