internacional da biodiversidade. Na União Europeia, existe
desde 2001 um objectivo concreto para este ano, que é parar a perda de biodiversidade que tem ocorrido no continente, tão densamente populado que é difícil encontrar uma área natural onde não haja sinais da presença humana (em Portugal, acho que é impossível, mesmo. Há sempre um poste, uma antena, uma casa… ou até um saco de plástico). Mas afinal o que é a biodiversidade e porque é que isso nos interessa? O termo descreve a variedade da vida e dos processos naturais no nosso planeta. Aqueles que vivem nas cidades e contactam apenas com animais oportunistas e parques ajardinados, quando muito apreciando a ocasional visita ao Jardim Zoológico ou a algum aquário, podem pensar que está tudo muito bem no melhor dos mundos (naturais) e que devemos preocupar-nos é com a economia, a crise, o desemprego. Problemas sérios, esses. Recentremos as coisas. Existe vida neste planeta há cerca de 3,5 mil milhões de anos. A nossa espécie, Homo sapiens sapiens, apareceu por aqui há 200,000 anos. E desde então não temos feito outra coisa senão expandir e multiplicar a nossa presença, de tal maneira que pomos em risco a existência de muitas outras espécies. Só entre 1970 e 2000, estima-se que a abundância de espécies se tenha reduzido em 40%, e a perda é ainda maior nalguns habitats concretos. Desde 2000 já se perderam mais 6 milhões de hectares de floresta primária. E a lista continua (ver por exemplo ht. A maior parte das extinções que têm ocorrido nos últimos séculos podem ser atribuídas directamente à influência da espécie humana, e os dados são tão expressivos que os cientistas já designam o período como a extinção em massa do Holoceno, sendo este o sexto período conhecido de extinção em massa (o anterior tinha sido o famoso período no final do Cretáceo no qual se extinguiram os dinosauros). Porque devemos estar preocupados? Desde logo, a nossa capacidade de abstracção permite que muitos se angustiem com o peso da responsabilidade de causar uma extinção em massa, mas considerando o instinto natural de sobreviver e crescer que nos caracteriza (como a todos os outros seres vivos) talvez o mais importante seja identificar porque é que a biodiversidade tem valor para os seres humanos. Começa por ser importante para a manutenção da qualidade da água que bebemos e do ar que respiramos. É crucial para a nossa alimentação, nomeadamente para a manutenção de solos férteis, a existência de variedades de plantas e animais adaptadas a distintas condições, e a polinização das culturas. Num exemplo recente, investigadores franceses identificaram como causa possível do declínio de colónias de abelhas que tem ocorrido em todo o mundo a falta de variedade na sua dieta, que parece enfraquecer-lhes o sistema imunitário. Recorde-se que o valor comercial estimado dos serviços de polinização das abelhas para a agricultura é mais de 10 mil milhões de dólares, só nos EUA. Muitos sectores de actividade económica dependem da extracção de recursos: além dos óbvios (agricultura, pesca, floresta), temos exemplos como a indústria farmacêutica, o sector da biotecnologia, ou a cosmética. Outros sectores, como o turismo, beneficiam do valor recreativo e estético da biodiversidade. Além disso, um elevado nível de biodiversidade corresponde a uma maior capacidade dos ecossistemas na reacção a choques, por exemplo minimizando os impactos das catástrofes naturais (a chamada resiliência). Tudo isto somado… O problema é que o enorme valor económico da biodiversidade não é suficientemente reconhecido, devido às clássicas falhas de mercado que lhe estão associadas. Os danos ambientais não são incluidos nas decisões de utilização de recursos naturais (sejam elas a larga escala, como na sobre-exploração dos recursos pesqueiros por tudo o mundo, ou em pequena, como no pisoteamento das dunas nas nossas praias). Acresce que o valor da biodiversidade é maior que o valor da soma das suas partes. Tudo isto sublinha a importância de desenvolver estudos sobre a economia da biodiversidade a par de políticas de protecção que considerem adequadamente os incentivos existentes. De qualquer maneira, e enquanto esperamos o desenvolvimento de melhores políticas e estudos mais completos, há muita coisa que cada um pode fazer. O Museu de História Natural inglês lançou o desafio em Dezembro passado: neste ano de 2010, faça uma coisa pela biodiversidade .
Princípios Da Biologia Da Conservação - Diretrizes para o Ensino Da Conservação Recomendadas Pelo Comitê de Educação Da Sociedade para A Biologia Da Conse