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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ....

(nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), inscrito no CPF nº


(informar) e no RG nº (informar), residente e domiciliado à (endereço
completo), nesta cidade, por seu procurador que esta subscreve
(anexo), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência
propor a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO DE


LIMINAR

Contra (nome), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ


sob o nº (informar), com sede à (endereço), o que faz pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

DOS FATOS

No início do mês passado o requerente foi até uma loja para efetuar
uma compra, mas no momento em que precisou efetuar um crediário
para parcelamento foi informado pelo atendente que, por meio de
uma consulta no SERASA, serviço de proteção ao crédito, constatou
que o nome do autor constava no cadastro de inadimplentes,
inviabilizando a aquisição almejada.

DO FUNDAMENTO JURÍDICO

Em decorrência deste incidente, o requerente experimentou situação


constrangedora, angustiante, tendo sua moral abalada, face à
indevida inscrição de seu nome no cadastro de inadimplentes com
seus reflexos prejudiciais, sendo suficiente a ensejar danos morais,
até porque, ele pagou a taxa cobrada pela empresa requerida duas
vezes, sendo que da primeira vez, não guardou o recibo, visto que já
fazem anos, não imaginando que um incidente deste pudesse
ocorrer.

O certo é que até o presente momento, o requerente permanece com


seu nome registrado no cadastro do SERASA, por conta de um débito
já quitado, e precisa que seja retirado para continuar sua vida.

A empresa requerida atualmente está agindo com manifesta


negligência e evidente descaso com o requerente, pois jamais poderia
ter mantido o nome do autor mais de seis meses no cadastro dos
serviços de proteção ao crédito.

Sua conduta, sem dúvida, causou danos à imagem, à honra e ao bom


nome do requerente que permanece nos cadastros do SERASA, de
modo que encontra-se com uma imagem de mau pagador, de forma
absolutamente indevida, eis que nada deve.

Desta forma, não tendo providenciado a retirada do nome do autor


do cadastros dos serviços de proteção ao crédito, não pode a
empresa requerida se eximir da responsabilidade pela reparação do
dano causado, pelo qual responde.

Sobre o tema, assim já decidiram os egrégios Tribunais de Justiça, in


verbis:

“RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO INDENIZATÓRIA POR ATO ILÍCITO -


INÉPCIA DA INICIAL - FALTA DE PEDIDO E CAUSA DE PEDIR - INOCORRÊNCIA -
PRELIMINAR REJEITADA - DANO MORAL -REMESSA INDEVIDA DE NOME DE CPF DA
REQUERENTE AOS ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO SERASA E SPC - DÍVIDA
ADIMPLIDA - NEGLIGÊNCIA DO RÉU - CULPA CARACTERIZADA - OBRIGAÇÃO
INDENIZATÓRIA - QUANTUM DEBEATUR FIXADO COM OBSERVÂNCIA DA
RAZOABILIDADE - CUSTAS PROCESSUAIS E HONRÁRIOS ADVOCATÍCIOS - VERBAS
DEVIDAS PELO REQUERIDO - AUTORA VENCIDA EM PARTE ÍNFIMA DO PEDIDO -
RECURSO IMPROVIDO. Não há falar-se em extinção do processo sem julgamento
do mérito em razão de ser inepta a inicial, se esta, em seu bojo, atende as
exigências do artigo 282, III do CPC, permitindo à parte adversa que apresente sua
defesa de forma integral ou satisfatória. Uma vez comprovada a remessa indevida
do nome e CPF do requerente no Banco de dados de negativados, em razão de
débito já adimplido pelo devedor, aflora-se a obrigação de indenizar do causador do
dano, a título de dano moral, como forma de compensar os transtornos e
humilhação sofridos perante a sociedade. Nesse caso desnecessária é a
demonstração da ocorrência do dano sofrido uma vez que, caracteriza pela simples
comprovação da remessa indevida. Indenização fixada na r.sentença que se
afigura, in casu justa e razoável, não está sujeita à redução. Ainda que a
requerente tenha sido vencida, embora em parte ínfima do pedido, as custas
processuais e os honorários advocatícios devem ser suportados apenas pela
requerida”. (RAC n. 2198/2004 – Des. Jurandir Florêncio de Castilho).
“APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS - PROCEDÊNCIA -
DECISÃO CORRETA - NOME INSCRITO NO SPC INDEVIDAMENTE - ANTECIPAÇÃO
CONCEDIDA - PROVA DO PREJUÍZO - DESNECESSIDADE - ART. 159 CC DE 1916 -
VALOR FIXADO COMPATÍVEL COM A LESÃO - RECURSO IMPROVIDO. A indevida
inscrição do nome do ofendido no SPC autoriza a antecipação da tutela para sua
exclusão e motiva a indenização por dano moral, independentemente da prova
objetiva do prejuízo. A fixação do valor indenizatório deve servir para amenizar o
sofrimento do ofendido e também desestimular a repetição do ato lesivo. Sentença
mantida”. (RAC n. 44349/2003 – Dr. Gerson Ferreira Paes).
“INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - INJUSTA NEGATIVAÇÃO NO SPC - DEVER DE
INDENIZAR - DESNECESSIDADE DE PROVA DO PREJUÍZO - VALOR DA
INDENIZAÇÃO - RECURSOS IMPROVIDOS. A permanência da inscrição em órgão de
restrição ao crédito, depois de quitada a dívida, acarreta a responsabilidade pela
indenização, independente da prova objetiva do dano. Na fixação da indenização há
que se atentar para a não configuração do enriquecimento seu causa da vítima”.
(RAC n. 18301/2004 – Des. Evandro Estáblie)

Caio Mário da Silva PEREIRA ensina que "o indivíduo é titular de


direitos integrantes de sua personalidade, o bom conceito que
desfruta na sociedade, os sentimentos que estornam a sua
consciência, os valores afetivos, merecedores todos de igual proteção
da ordem jurídica" (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade
Civil. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 1998. p. 59).

A Constituição Federal de 1988 preceitua em seu artigo 5º, inciso X,


que:

“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) X - São
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação;"

Dessa forma, claro é que a empresa requerida, ao cometer


imprudente ato, afrontou confessada e conscientemente o texto
constitucional acima transcrito, devendo, por isso, ser condenada à
respectiva indenização pelo dano moral sofrido pelo requerente.

Diante do narrado, fica claramente demonstrado o absurdo descaso e


negligência por parte da requerida, que permaneceu com o nome do
requerente até o presente momento inserido no cadastro do SERASA,
fazendo-a passar por um constrangimento lastimável.

O ilustre jurista Rui Stoco, em sua obra Responsabilidade Civil e sua


Interpretação Judicial, 4 ed. Ver. Atual. E ampl.. Editora RT, p..59,
nos traz que:

“a noção de responsabilidade é a necessidade que existe de


responsabilizar alguém por seus atos danosos”.

A única conclusão a que se pode chegar é a de que a reparabilidade


do dano moral puro não mais se questiona no direito brasileiro,
porquanto uma série de dispositivos, constitucionais e
infraconstitucionais, garantem sua tutela legal.
À luz do artigo 186 do Código Civil, aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Para que se caracterize o dano moral, é imprescindível que haja: a)


ato ilícito, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência; b) ocorrência de um dano, seja ele de
ordem patrimonial ou moral; c) nexo de causalidade entre o dano e o
comportamento do agente.

A presença do nexo de causalidade entre os litigantes está patente,


sendo indiscutível o liame jurídico existente entre eles, pois se não
fosse a manutenção do nome do requerente no rol de protestados a
mesma não teria sofrido os danos morais pleiteados, objeto desta
ação.

Evidente, pois, que devem ser acolhidos os danos morais suportados,


visto que, em razão de tal fato, decorrente da culpa única e exclusiva
da empresa requerida, esta teve a sua moral afligida, foi exposta ao
ridículo e sofreu constrangimentos de ordem moral, o que
inegavelmente consiste em meio vexatório.

Dano moral, frise-se, é o dano causado injustamente a outrem, que


não atinja ou diminua o seu patrimônio; é a dor, a mágoa, a tristeza
infligida injustamente a outrem com reflexo perante a sociedade.

Neste sentido, pronunciou-se o E. Tribunal de Justiça do Paraná:

“O dano simplesmente moral, sem repercussão no patrimônio, não há


como ser provado. Ele existe tão-somente pela ofensa, e dela é
presumido, sendo bastante para justificar a indenização” (TJPR - Rel.
Wilson Reback – RT 681/163).

A respeito, o doutrinador Yussef Said Cahali aduz:

“O dano moral é presumido e, desde que verificado ou pressuposto


da culpabilidade, impõe-se a reparação em favor do ofendido” (Yussef
Said Cahali, in Dano e sua indenização, p. 90).

DO PEDIDO
Em razão do exposto, requer:

a) seja deferido o pedido de LIMINAR, para que a empresa reclamada


retire o nome do requerente do banco de dados do Serviço de
Proteção ao Crédito – SPC e seus respectivos congêneres, sob pena
de multa diária a ser arbitrada por este douto juízo;

b) seja notificada a empresa reclamada para, querendo, contestar a


presente, devendo comparecer nas audiências de conciliação e
instrução/julgamento, sob pena de revelia e confissão quanto à
matéria de fato, e no final a condenação da empresa no pagamento
dos valores pleiteados, acrescidos de correção monetária, juros de
mora.

c) seja ao final, julgado procedente o pedido ora formulado,


condenando a reclamada ao pagamento de 40 (quarenta) salários
mínimos à guisa de dano moral.

Protesta-se provar o alegado, por todos os meios de provas em


direito admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal do
representante legal da reclamada, oitiva das testemunhas, juntada de
documentos.

Atribui à causa o valor de R$ XX.XXX,XX (por extenso).

Termos em que,

Pede e espera deferimento.

Localidade, (dia) de (mês) de (ano).

ADVOGADO

OAB/XX número

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