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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº : 0102501-58.2016.8.05.0001
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : EMPRESA BAIANA DE AGUAS E SANEAMENTO S A
EMBASA
Recorrido(s) : MARINALVA BRITO DOS SANTOS

Origem : 7ª VSJE DO CONSUMIDOR (MATUTINO


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
G
DRA, DÚVIDA: PARA AFERIR SE A FATURA JUNTADA É DA ÉPOCA DO EVENTO, O
PARÂMETRO É O MÊS DE VENCIMENTO DA FATURA? EX: ROMPIMENTO DA
ADUTORA OCOREU NO DIA 01/04/2015, DEVE SER JUNTADO NECESSARIAMENTE
A FATURA DO MÊS DE ABRIL? SE FOR JUNTADA FATURA DE MAIO?

VOTO-E M E N T A
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. FORNECIMENTO DE ÁGUA. ROMPIMENTO
ADUTORA. PRELIMINARES AFASTADAS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. MÁ
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. PARTE AUTORA QUE COMPROVA TER SIDO
DIRETAMENTE ATINGIDA PELO EVENTO. DANOS MORAIS CONFIGURADOS.
VALORARBITRADO DE ACORDO COM OS PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA.
1. AA parte Recorrente insurge contra sentença que julgou procedente a ação, nestes
termos: “Pelo exposto com base no art. 37, § 6º da Constituição Federal, nos arts. 186, 927 e 944
do Código Civil e nos arts. 14 c/c o art. 6º, VI do Código de Defesa do Consumidor, JULGO
PROCEDENTE a ação para condenar a ré EMPRESA BAIANA DE AGUAS E SANEAMENTO
S A EMBASA a pagar para a parte autora o valor de R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais)
pelo dano moral praticado contra sua pessoa, quantia esta que deverá ser acrescida de juros de
1% ao mês e correção monetária pelo INPC, incidentes a partir desta decisão, na forma da
súmula 362, do STJ..”.
2. Trata-se de ação indenizatória movida em razão da falha na prestação de serviços das
Rés em razão do rompimento da adutora que abastece a cidade de Salvador e ocasionou
falta de fornecimento de água por 7 dias em sua residência.
3. A Recorrente busca a reforma da sentença, aduzindo, em síntese, a incompetência do
juízo ante a necessidade de realização de prova pericial e a ilegitimidade passiva; no
mérito, alega a ausência de comprovação dos danos alegados, que a responsabilidade
pela execução da obra era da CCR, COMPANHIA DO METRO DA BAHIA, não possuindo
qualquer responsabilidade pelo evento ocorrido; que não ocorreram danos morais na
hipótese. Pugnando em caráter eventual pela redução do quantum.

4. 5. . Inicialmente, cumpre-me afastar as preliminares suscitadas. No que tange à


preliminar de incompetência absoluta dos juizados para julgar a causa, ante a
complexidade da prova a ser produzida, tenho que a matéria posta à apreciação não
demanda produção de prova pericial. Com efeito, para o deslinde da matéria, se faz
suficiente a análise das provas carreadas aos autos pelas partes, havendo elementos
suficientes para o julgamento do mérito da ação, sendo necessário tão somente a
demonstração do nexo casual , e do fundamento da responsabilidade. A legitimidade
passiva restou devidamente demonstrada, visto que a responsabilidade pelos danos
ocasionados pelo rompimento da adutora é de solidária entre a concessionária ré e a
empresa CCR, haja vista a participação de ambas as empresas na causação do evento
danoso.
4. 3. Com efeito, a situação aventada nos autos inclui-se entre aquelas da responsabilidade
do fornecedor do serviço. No âmbito constitucional, a carta magna assevera a
responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas
de direito privado prestadoras de serviço público, calcada na teoria do risco , conforme
assevera o art.37, § 6º, in verbis:
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
5. Cumpre ainda destacar o art.14 do CDC, que institui a responsabilidade objetiva dos
fornecedores de serviços pelos danos causados , calcada na teoria do risco do
empreendimento. Aqui se fala em responsabilidade objetiva do prestador de serviços, vale
dizer, não há o que se perquirir sobre culpa, competindo àquele que deu causa responder
pelos danos que tenha causado ao consumidor, é o que se extrai do art. 14 do CDC, in
verbis: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”.
6. Os aspectos observados das provas constantes dos autos demonstram ter a
Recorrida suportado a irregularidade do serviço que é essencial à vida ensejada pela
falha na prestação do serviço da própria Ré, que considero por sentimentos negativos que
ultrapassam o mero aborrecimento cotidiano.
7. No tocante à impugnação quanto aos danos morais verifica-se que essa má
prestação causou ao consumidor constrangimento, que transcende à esfera do mero
aborrecimento, sobretudo em virtude da ausência de fornecimento por vários dias. Nesse
caso, a responsabilidade pela má prestação de serviço pela recorrente encontra-se
configurada, uma vez que sua omissão está a causar danos à Recorrente.
8. Reconhecida a existência dos danos morais por parte da ré contra o autor, esses
devem ser fixados com equilibrada reflexão, examinando a questão relativa à fixação do
valor da respectiva indenização.
9. No particular, o prudente arbítrio do magistrado exige não deva ser considerada,
apenas, a situação econômica do causador do dano, porque, se tal for o critério, resvalar-
se-á para o extremo oposto, com amplas possibilidades de propiciar ao ofendido o
enriquecimento sem causa. Há que se atender, porém, e também com moderação, ao
efeito inibidor da atitude repugnada.
10. O valor da indenização fixado pelo juiz sentenciante, a título de danos morais,
guarda compatibilidade com o comportamento do recorrente e com a repercussão
do fato na esfera pessoal da vítima e, ainda, está em harmonia com os princípios
da razoabilidade e proporcionalidade, devendo ser mantido.
11. Isto posto, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO INTERPOSTO e
NEGO-LHE PROVIMENTO, para manter a sentença objurgada pelos próprios
fundamentos. Custas processuais e honorários advocatícios pelo recorrente, que arbitro
em 20% sobre o valor da condenação.
12. Salvador, Sala das Sessões, 13 de JULHO de 2017
13. BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
14. Juíza Relatora
15. BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
16. Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº : 0036530-29.2016.8.05.0001
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : COMPANHIA DO METRO DA BAHIA
EMPRESA BAIANA DE AGUAS E SANEAMENTO S A
EMBASA
Recorrido(s) : SAMUEL MERCES ALMEIDA

Origem : 1ª VSJE DO CONSUMIDOR (MATUTINO)


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO

Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais


Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA MARIA
CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata
do julgamento. Custas processuais e honorários advocatícios pelo recorrente, que
arbitro em 20% sobre o valor da condenação.

Salvador, Sala das Sessões, 13 de JULHO de 2017


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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