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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A GESTÃO SUSTENTÁVEL DE PROCESSOS NA FABRICAÇÃO


DE ARGAMASSAS INDUSTRIALIZADAS COMO UM
DIFERENCIAL PARA A QUALIDADE DOS PRODUTOS.

Cleidson de Oliveira Fonseca

Orientador

Prof. Dr. Luiz Claudio Lopes Alves

Rio de Janeiro

2014
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A GESTÃO SUSTENTÁVEL DE PROCESSOS NA FABRICAÇÃO


DE ARGAMASSAS INDUSTRIALIZADAS COMO UM
DIFERENCIAL PARA A QUALIDADE DOS PRODUTOS.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada


como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Engenharia da produção.

Por: Cleidson de Oliveira Fonseca.


3

AGRADECIMENTOS

A Deus pela força, coragem, determinação e perseverança. Por estar


presente em todos os momentos da vinha vida, dando-me forças para vencer
todos os obstáculos que apareceram no decorrer deste curso.

A Empresa Argamassa Brasil pela contribuição nas informações


necessárias para o desenvolvimento desse trabalho.

Ao orientador Prof. Dr. Luis Claudio Lopes Alves pela extraordinária


paciência e livre compartilhamento de seus conhecimentos para a realização
desse trabalho.

Aos professores pelo brilhante trabalho que foi feito durante o


decorrer do curso, e na ajuda na superação dos obstáculos e diferentes
problemas, através de uma liderança bem definida e uma disposição em
contribuir com seus conhecimentos.

A meus filhos que tiveram a paciência de passar várias noites e fins


de semana na minha ausência para que eu pudesse realizar as atividades para
a conclusão deste curso.

Aos meus pais pelo incentivo a nunca desistir de meus sonhos e a


enfrentar todas as dificuldades que a vida nos empõe.
4

DEDICATÓRIA

Aos meus filhos: Matheus, Ana Júlia,


Marcela.
5

RESUMO

A construção civil é um dos maiores consumidores de recursos naturais, pois é


um mercado em crescimento devido ao grande déficit de habitações e aos
programas de financiamento de habitações populares e obras públicas o PAC,
isso traz a necessidade de empresas que possam suprir a demanda do
mercado de argamassas industrializadas e produtos cimentícios. Nos
segmentos industriais direcionados para a produção de materiais de construção
para habitação, observamos também que a tendência a má utilização dos
recursos naturais não renováveis na sua produção, devida à falta de
capacitação tecnológica das empresas. A falta de processos produtivos
organizados e eficientes leva ao desperdício de recursos: matérias-primas,
energia, tempo. Estes fatores são responsáveis pelas não-conformidades
técnica de materiais e componentes da construção civil resulta em habitações e
obras civis de baixa qualidade, afetando o cidadão, as empresas e o habitat
urbano como um todo. Desperdício, baixa produtividade, poluição urbana e
déficit habitacional fazem parte desse cenário. Visando ações Sustentáveis de
combate ao desperdício e não-conformidade este trabalho propõe-se
demonstrar as ferramentas para a gestão sustentável dos processos, pelas
quais, devem ser submetidos os processos produtivos dos produtores de
argamassas industrializadas, para o atendimento as normas técnicas, para
evitar deterioração da qualidade dos produtos, pois a não-conformidade
sistemática de alguns fabricantes desestabilizam, por efeito "dominó", grande
parte do mercado. Deste modo, este trabalho propõe-se fomentar a Gestão
sustentável dos processos e a Produção Mais Limpa, pois as questões
ambientais passaram a ser vistas como elementos essenciais na gestão de
processos das empresas que desejam produzir em conformidade com as
6

normas técnicas, e combater a não-conformidade sistemática, visando sempre


à melhoria da qualidade na produção habitacional.

METODOLOGIA

Severino (2002) destaca que a metodologia é um conjunto de


métodos ou caminhos percorridos na busca do conhecimento. Sendo assim, a
pesquisa é um conjunto de procedimentos sistemáticos fundamentados no
raciocínio lógico, objetivando encontrar soluções para os problemas propostos,
mediante a utilização de métodos científicos.

Para Vergara (2004), a pesquisa descritiva expõe características de


determinada população ou determinado fenômeno. Não tem compromisso de
explicar os fenômenos que a descreve, embora sirva de base para tal
explicação.

Para Lakatos ; Marconi (1992, p. 43) a pesquisa bibliográfica permite


que o pesquisador entre "[...] em contato direto com tudo aquilo que foi escrito
sobre determinado assunto [...]", o que possibilita o reconhecimento dos
aspectos importantes que cercam o tema, no caso específico deste estudo, a
satisfação.

Este trabalho é fundamentado através da pesquisa bibliográfica de


vários autores que versem pelo tema proposto, de forma a demonstrar os
fatores determinantes para uma gestão sustentável dos processos de
fabricação de argamassas industrializadas com um diferencial na qualidade dos
produtos, como responsável pelas não conformidades dos produtos e pelos
problemas nas habitações e obras civis.

A pesquisa também foi feita através dos sites de organismos


governamentais responsáveis pela implantação e manutenção dos programas
7

de sustentabilidade e qualidade para os materiais de construção civil.


Demonstrando as etapas de implantação dos programas de Produção Mais
Limpa através de dados relacionados a gestão sustentável dos processos e
sua forma de implantação nos processos de fabricação de argamassas
industrializadas.

Então as atividades desenvolvidas neste trabalho foram a de


pesquisa bibliográfica, tabulação dos dados e conclusão a partir, da análise
crítica dos autores pesquisados e dos organismos governamentais
responsáveis pelos programas setoriais de sustentabilidade, produção mais
limpa e controle de qualidade.
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SUMÁRIO

CAPÍTULO I

ORIGEM DAS ARGAMASSAS 17

1.1 Origem e evolução das argamassas industriais 19

1.2 O surgimento das argamassas colantes no Brasil 21

CAPÍTULO II

MATÉRIAS PRIMAS 24

2.1. Areia natural. 24

2.1.2 Areias industrializadas 28

2.1.2.1 Lavra e processamento 30

2.3. Cimento Portland 33

2.3.1 história do cimento portland 35

2.3.2 Definições 36

2.3.3 Vantagens das adições no cimento 36

2.3.4 Cimento Portland CP II (NBR 11578). 37

2.3.5 Cimento Portland de Alto Forno CP III (com escória - NBR 5735). 38
9

2.3.6 Cimento Portland CP IV (com pozolana - NBR 5736) 39

2.3.7 Cimento Portland CP V ARI - (Alta Resistência Inicial - NBR 5733).. 39

2.3.8 Cimento Portland CP (RS) - (Resistente a sulfatos - NBR 5737) 40

2.3.9 Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) - (NBR 13116) 41

2.3.10 Cimento Portland Branco (CPB) - (NBR 12989)... 41

2.4. Calcário calcítico. 42

2.4.1 Propriedades físicas 43

2.4.2 Sua utilização 44

2.5. Aditivos 45

2.5.1 Copolímeros. 46

2.5.2 Retentores de água. 47

CAPÍTULO III

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO 48

3.1 Hierarquia do Processo 50

3.2. Processo de fabricação de argamassas industrializadas 51

CAPÍTULO IV

SUSTENTABILIDADE 55

4.1 Reduzir 57

4.2 Reutilizar 58

4.3 Reciclar 58

4.4 Sustentabilidade na Construção Civil 61


10

4.4.1 Pré-condições de empreendimentos sustentáveis 61

CAPÍTULO V

PRODUÇÃO LIMPA 64

5.1. Conceitos 64

5.2 Princípios da Produção mais limpa 69

5.3 Descrição das fases de implantação da metodologia da


produção mais limpa 70

5.3.1 Fase 1: Pré-avaliação 70

5.3.2. Fase 2: Capacitação e sensibilização dos profissionais da empresa 71

5.3.3. Fase 3: Elaboração do diagnóstico ambiental e de processos 72

5.3.4. Fase 4: Elaboração do balanço ambiental, econômico e tecnológico do


processo produtivo 73

5.3.5. Fase 5: Avaliação do balanço elaborado e identificação de oportunidades


de produção mais limpa 74

5.3.6. Fase 6: Priorização das oportunidades identificadas na avaliação 75

5.3.7. Fase 7: Elaboração do estudo de viabilidade econômica das


prioridade.. 78

5.3.8. Fase 8: Estabelecimento de um plano de Monitoramento 79

5.3.9. Fase 9: Implantação das oportunidades de produção mais limpa


priorizadas 80

5.3.10. Fase 10: Definição dos indicadores do processo produtivo 81

5.3.11. Fase 11: Documentação dos casos de produção mais limpa 82


11

5.4. Sistemas de gestão integrada relação entre programas de


produção mais limpa e sistemas de gestão ambiental 82

CONCLUSÃO 85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 90
12

FIGURAS

Figura01: Dragagem de areia 24

Figura02: Areia de cava 28

Figura03: Pedra de Quartzo ( areia artificial). 29

Figura 04: Lavra de areia a céu aberto. 32

Figura05: Fábrica de cimento 33

Figura06: Adições no cimento portland. 37

Figura07: Rochas calcárias. 42

Figura08: Filler calcário calcítico 45

Figura 09: Layout de uma fábrica de argamassas 51

Figura 10: Hierarquia do processo: processo, sobprocesso, atividades, tarefas...


52

Figura 11: Sustentabilidade na construção civil 57

Figura 12: Usina de reciclagem 61

Figura 13: Fluxo de emissões 66

Figura14: Elementos essenciais da estratégia de Produção Mais Limpa 67

Figura 15: FLUXO DO CUSTO DAS EMISSÕES 68

Figura 16 - Níveis de aplicação da produção mais limpa 76


13

Figura 17 - Esquema de Integração dos Sistemas de Gestão Figura 03:


Esquema de Integração dos Sistemas de Gestão 83

QUADROS

Quadro 01: espectro dos principais modelos de processos 50

Quadro 02 - Tipos de misturadores de argamassa 53


14

LISTA DE NOTAÇÕES, ABREVIATURAS

CEPAL = Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe

ECO-92 = Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento

ONG's = Organizações Não Governamentais

ONU = Organização das Nações Unidas

CNUCED = Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento

CDS = Comissão de Desenvolvimento Sustentável

ECOSOC = Conselho Econômico e Social das Nações Unidas

ASBEA = Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura

CBCS = Conselho Brasileiro de Construção Sustentável

CIB = Conselho Internacional para a Pesquisa e Inovação em Construção

CONAMA = Conselho Nacional do Meio Ambiente

FIEMG = Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

USP = Universidade de São Paulo

ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas

EMBRAPA = Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

INMET = Instituto Nacional de Meteorologia

PROCEL = Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica


15

SIAC = Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e


Obras

PBQP-H = Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat

INTRODUÇÃO

O mercado da construção civil é um mercado em crescimento devido


ao grande déficit de habitações e aos programas de financiamento de
habitações populares e obras públicas o PAC, isso traz a necessidade de
empresas que possam suprir a demanda do mercado de argamassas
industrializadas e produtos cimentícios.

Nos segmentos industriais direcionados para a produção de


materiais de construção para habitação, observamos também que a tendência
que até 10% da produção em não-conformidade, além de desperdícios que
podem chegar até 30% da produção, devido à falta de capacitação tecnológica
das empresas e falta de uma gestão sustentável de seus processos.

A gestão de processos como um diferencial sustentável na


fabricação de argamassas resulta no aproveitamento sustentável das matérias-
primas minimizando os impactos ambientais gerados a cada etapa do processo
de fabricação das argamassas industrializadas, além de diminuir o
desperdício, baixa produtividade, poluição urbana e déficit habitacional fazem
parte desse cenário.

Visando ações de sustentabilidade e combate a não-conformidade e


este trabalho propõe-se demonstrar as ferramentas de gestão de processos a
que devem ser submetidos os processos produtivos dos fabricantes de
argamassa industrializadas, para o atendimento as normas técnicas, para evitar
deterioração da qualidade dos produtos, pois a não-conformidade sistemática
de alguns fabricantes desestabilizam, por efeito "dominó", grande parte do
16

mercado. Esta atividade ilegal beneficia somente alguns fabricantes,


revendedores de materiais e construtores inescrupulosos, e prejudica o usuário
final da habitação.

Deste modo, este trabalho propõe-se fomentar uma gestão


sustentável dos processos as empresas que desejam produzir em
conformidade com as normas técnicas, e combater a não-conformidade
sistemática, visando sempre a melhoria da qualidade na produção habitacional.

O capítulo I descreve a origem das argamassas e sua utilização


desde o ínicio da história até a década de 70, a sua introdução no Brasil até
os dias atuais.

O Capitulo II fala sobre os tipos de matérias-primas utilizadas na


fabricação das argamassas, seus conceitos e definições. Como vários autores
conceituam as matérias-primas, normas da ABNT, sua composição física e
química e os ensaios necessários para sua caracterização.

O capítulo III descreve o que são processos industriais, conceitos e


modelos a partir do ponto de vista de vários autores. Descrição sobre os
processo de fabricação de argamassas industrializadas e sistemas de dosagem
e envaze.

O capítulo IV define Sustentabilidade seus conceitos na visão de


vários autores, sustentabilidade na construção civil, reuso, reciclagem e
redução de consumos como diferencias na qualidade e processos como
diferencial competitivo. Aspectos importantes do aproveitamento de resíduos
gerados em outros processos na fabricação de argamassas industrializadas.

O capítulo V são abordados o programa de produção Mais Limpa,


conceitos a partir do entendimento de vários autores, sua utilização no
mercado da construção civil e na produção de argamassas industrial. são
demonstrados que a produção mais limpa melhora a tecnologia dos processos
industriais e o know-how reduzindo os índices de não conformidade dos
17

produtos fabricados em empresas que adota técnicas de gestão voltadas a


sustentabilidade e a produção mais limpa.

O capítulo VI é feito uma análises dos fatos apresentados nesta


pesquisa e a relação entre a gestão sustentável dos processo e a qualidade
dos produtos produzidos.

CAPÍTULO I

ORIGEM DAS ARGAMASSAS

Há milhares de anos que a arquitetura e a construção de edifícios


sempre estiveram muito associadas ao uso de argamassas.

O homem primitivo, na tentativa de melhorar sua qualidade de vida,


procurou dentro dos recursos naturais, criar condições favoráveis para se
proteger, passando a edificar abrigos. Inicialmente, estas construções eram
frágeis, porém com a evolução dos conhecimentos dos materiais existentes
passou a edificar construções mais sólidas. (RAQUEL; NASCIMENTO,
2006,p.13).

[...] Supõe-se que, no começo, certos povos arrumavam as


pedras umas sobre as outras, simplesmente empilhando-as de
modo aleatório, o que comprometia a estabilidade. É certo que
algumas civilizações evoluiriam nessa técnica talhando as
pedras em formatos adequados, conseguiram executar
edificações que duraram séculos. Outras, porém, partiram para
ligar os componentes constituintes das alvenarias com uma
massa plástica contendo aglomerante, inerte e água,
denominada de argamassa, de modo a auferir estabilidade à
alvenaria (OLIVEIRA, 1959; COUTINHO, 1973).

Supõe-se que há 8 mil anos, certos povos empilhavam tijolos de


adobe (argila amassada com água e seca ao sol) ou pedras umas sobre as
outras de maneira aleatória, a seco com a interposição duma camada fina de
argila amassada com água. (RAQUEL; NASCIMENTO, 2006,p.13).
18

Os Romanos utilizaram as pozolanas (material de origem vulcânica)


na preparação de Argamassas, devido às suas propriedades hidráulicas

Componentes activos das pozolanas:


Compostos de cálcio: 3 a 10%
Compostos de alumínio: 15 a 20%
Compostos de sílica: 40 a 60%

As Argamassas utilizadas pelos Romanos eram constituídas


essencialmente por:

Cinzas vulcânicas ou pozolanas


Pó de Tijolo ou de Telha
Cal Hidratada
Areias
Matérias orgânicas (gorduras)

Segundo Coutinho (1997), os Romanos adicionavam clara de ovo,


sangue, banha ou leite aos concretos e argamassa rudimentares utilizadas em
suas construções para melhorar a trabalhabilidade das misturas.

A construção em zonas marítimas e fluviais levou o Homem a


procurar Aglomerantes Hidráulicos. (APFAC, 2007, p.5).

Segundo SELMO (1989) nos livros de BOLTSHAUER (1963)


constam, que na Grécia, no período micênio (por volta de 2000 a.C.), a argila
crua foi empregada em construções de taipa ou pau-a-pique, envolvendo as
estruturas resistentes de madeira.

Técnica idêntica foi utilizada pela arquitetura romana etrusca


(séculos VII ao VI a.C).

Nas construções egípcias modestas, de 1600 a 1100 a.C., a argila


em pasta era utilizada envolvendo a armação estrutural das casas, feita de
caules de plantas ou de tronco de palmeiras. A argila cozida em placas
molduradas e com baixos relevos foi também empregada na arquitetura grega,
para revestir os paramentos de pedra das fachadas. Os gregos e os romanos
19

preparavam misturas de cal, areia e água, ou adicionavam gesso para obter o


estuque, que constitui uma especialidade para revestimentos internos. Em
certos casos, adicionavam também na mistura o pó de mármore. Os romanos
fizeram uso amplo das argamassas, tanto no assentamento das alvenarias,
como nos revestimentos de seus edifícios. Portanto, há mais de 2.000 anos, a
argamassa vem sendo utilizada para assentamento e revestimento dos blocos
de pedra que constituem as paredes das edificações.

De acordo com WESTPHAL (2004), no Brasil, a argamassa passou


a ser utilizada no primeiro século para assentamento de alvenaria de pedra
(largamente utilizada na época). A cal utilizada na argamassa era obtida
através da queima de conchas e mariscos. O óleo de baleia era também muito
utilizado como aglomerante.

1.1 Origem e evolução das argamassas


industriais

Em 1893 foi registrada a primeira patente de manufatura de


argamassas secas na Europa. No entanto, ainda em 1950, o cimento era
enviado para as obras de forma separada dos agregados, especialmente areias
de quartzo, onde seriam armazenados até ao momento da utilização, sendo
então misturadas com água, nas proporções pretendidas e em seguida
aplicadas, antes de acabar o seu tempo aberto. Desta forma, ao montar o
estaleiro de obra seria necessário garantir a existência de espaço suficiente
não apenas para o armazenamento das matérias-primas, como para a sua
mistura. Seria também necessário afetar a mão de obra exclusivamente para a
tarefa de dosear e preparar as argamassas, sendo que apesar deste fato,
poucas ou nenhumas garantias existiriam acerca da constância da qualidade
das argamassas produzidas.
20

Entre 1950 e 1960, tanto na Europa Central como nos Estados


Unidos, a nova indústria de construção, com maior exigência em qualidade e
rapidez de execução, iria obrigar à substituição da mistura dos componentes
das argamassas na obra, por argamassas secas prontas a aplicar. Evolui-se
também no transporte, com sistematização do transporte a granel e a
mecanização dos sistemas de mistura.

Em face deste cenário surgiria uma nova indústria na construção


civil, a das Argamassas Industriais, fabricadas em fábrica, que possibilitou uma
progressiva melhoria na qualidade das argamassas utilizadas e também a
criação de uma vasta gama de produtos, com maior grau de especificação.

Nos anos sessenta, inicia-se no centro da Europa, a utilização de


argamassas preparadas em centrais, transportadas em caminhões silos para
obra. Estas argamassas são denominadas Argamassas Retardadas ou
Estabilizadas.

A estabilização destas é conseguida à base de adjuvantes


retardadores de pega e introdutores de ar. Os componentes destas
argamassas, doseados por peso, normalmente, numa central de mistura, são
transportados para obra e aí depositado
21

em recipientes específicos, os quais têm por norma uma cubagem


de 250 a 350 litros cada, ou seja, ¼ a 1 metro cúbico. Estas Argamassas
Estabilizadas permitem a sua utilização num prazo que oscila entre 12, 24 ou
32 horas no máximo. Este sistema ainda hoje é utilizado, todavia, o seu
mercado tem vindo a ser substituído gradualmente pelo das Argamassas
Secas, as quais permitiram um novo acréscimo qualitativo e uma
especialização que as Estabilizadas não conseguem oferecer.

As argamassas secas, à semelhança das argamassas estabilizadas


resultam da mistura de um ou mais ligantes orgânicos ou inorgânicos,
agregados, cargas, aditivos e/ou adjuvantes doseados e misturados em
centrais especializadas, no entanto apresentam-se "em pó". Uma vez
produzidas, as argamassas secas são seguidamente, transportadas para a
obra, em caminhões cisternas e ali misturadas com água, em betoneiras
normais ou em máquinas de amassadura e projeção.

1.2 O surgimento das argamassas colantes no Brasil

No Brasil as argamassas colantes industrializadas suguem no início


da década de 70 com forma de minimizar os problemas de desplacamentos em
revestimentos cerâmicos em pisos e paredes causados pela mão de obra
desqualificada e falta de um controle de qualidade da argamassa feita em obra.

“O experimento prático brasileiro (por exemplo, no estado do


Rio de Janeiro a utilização de areias argilosas com até 30% de
argilas é prática comum). Comprova que as argamassas feitas
com areias argilosas apresentam melhor trabalhabilidade e
melhor resiliência sendo, que a capacidade de aderência e a
resistência podem (ou não) ser prejudicadas em função do teor
e da natureza de materiais finos”. (SABATINI, 1989).
22

Seguida de um processo inovador que, constituía o assentamento


do revestimento cerâmico sem precisar deixá-lo imerso em água. Desde então
continuam processos de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias a
fim de ter uma argamassa específica para cada tipo de aplicação. (ROSSA,
2009, p.5)

Atualmente, há mais de 100 fabricantes, pulverizados em pequenas


produções regionais. Também existem algumas grandes indústrias com
fábricas em diversas cidades do Brasil. Praticamente 100% do mercado foi
convertido para utilizar argamassa colante industrializada.

“A argamassa colante mais comercializada é a ACI,


representando cerca de 80% do volume de argamassas. O
consumo estimado de argamassa colante é de 3 milhões de
toneladas/ano, valor calculado por meio de uma correlação
entre consumo de argamassa colante por m2 de revestimento
cerâmico”. (CONSTRUÇÃO E NEGÓCIOS, 2011).

Atualmente encontramos argamassas específicas de acordo com o


tipo de utilização (revestimento cerâmico, interno, externo, porcelanatos,
pedras, mármores e granitos, pastilhas de vidro e porcelana e etc.).

No Brasil, estima-se que aproximadamente 1,5% das argamassas


básicas consumidas sejam industrializadas, com maior utilização em São
Paulo, ao redor de 4%; existe, assim, um desafio de mudança na cultura das
obras, pois ainda existe muito espaço para o crescimento na utilização das
argamassas industrializadas.

O volume estimado do mercado de argamassa básica do Brasil é de


100 milhões de t/ano; a base de cálculo é balizada no volume de cimento
destinado à produção do material, pois existe uma proporção em relação à
quantidade de cimento utilizada x a quantidade de argamassa produzida.
Destas, 1,5% é industrializada, representando um volume de 1,5 milhão t/ano.

O mercado não tem a cultura da utilização das argamassas básicas


industrializadas, mas, com essa necessidade pela construção civil, há grande
potencial de crescimento para o produto. (CONSTRUÇÃO E NEGÓCIOS,
2011).
23

O diretor da divisão de Infraestrutura, do Departamento da Indústria


da Construção (DECONCIC) da Fiesp, Manuel Rossitto, foi enfático ao afirmar
que “2011 é o ano de crescimento da nossa construção”, mas ressaltou que a
inovação tecnológica e a segurança jurídica são pilares essenciais para
garantir investimentos, que até 2022, deverão atingir mais de R$ 2 trilhões.
(SINAPROCIM, 2011).

As argamassas colantes apresentam um avanço em relação às


tradicionais, abrindo a possibilidade de se utilizar um processo de execução
mais produtivo, como o uso de desempenadeira dentada, em relação a sua
elevada resistência a aderência e maior capacidade de retenção de água.

A resistência de aderência representa a capacidade da argamassa


de suportar esforços de tração direta normais ao plano de referência, e
tangenciais de cisalhamento.

Com relação à capacidade de retenção de água, a propriedade da


argamassa colante associada a ela e o tempo em aberto, definido como um
período decorrido desde a extensão da argamassa no substrato até o momento
em que não mais apresenta capacidade de ancorar satisfatoriamente a
cerâmica, proporcionando uma resistência de aderência menor que 0,5 MPa.

As características descritas anteriormente são decorrentes da


tecnologia utilizada na formulação das argamassas industrializadas, que além
de cimento e areia, normalmente utilizados no traço das argamassas, são
adicionados aditivos especiais, cujas propriedades visam resistir às tensões de
movimentações presentes nos revestimentos, e promover um maior tempo de
trabalho e resistência à aderência do revestimento.
24

CAPÍTULO II

MATÉRIAS PRIMAS

2.1. Areia natural

Figura01: Dragagem de areia

Fonte: : Manual de agregados para construção civil


25

Areias são grãos, essencialmente de quartzo, resultantes da


degradação ou decomposição das rochas em que entra sílica. A separação do
quartzo das rochas pelos agentes de erosão se faz por causa de sua maior
resistência, tanto ao desgaste de ordem física, quanto à composição química.
“Esses grãos de quartzo, uma vez desintegrados da rocha primitiva, são
transportados pelos diversos agentes erosivos externos, indo formar as praias,
as dunas e outras infinidade de depósitos de areias” (GUERRA, 1978).

Entretanto, materiais decompostos e mantidos in si tu (manto de


alteração de pedreiras), que não sofreram qualquer tipo de transporte também
são areia. O transporte, por sua vez, pode ser fluvial e eólico. Este último traz
para os grãos elevado grau de arredondamento. Isto é muito bom porque
aumenta a trabalhabilidade da argamassa ou concreto, embora piore a
aderência dos grãos à pasta.

A norma NBR 7225 – Materiais de pedra e agregados naturais


normatiza três produtos diferentes:

1) Areia grossa, -2+1,2 mm,

2) Areia média, -1,2+0,42 mm e

3) Areia fina, -0,42+0,075 mm.

Já a norma NBR 7211 – Agregado para concreto considera quatro


produtos:

1) Areia grossa;

2) Areia média;

3) Areia fina;

4) Areia muito fina.


26

A cor da areia é muitas vezes utilizada como critério de avaliação da


sua pureza. Areias misturadas com saibro ou argila têm coloração amarelada
ou avermelhada. Cor castanha pode indicar a presença de feldspatos,
alterados ou não, embora muitas vezes seja devida a presença de quartzo
escuro. Areias com muscovita, biótica, ilmenita ou pirita têm brilho. Cores
cinzentas podem indicar a presença de lamas ou lodos.

Alguns minerais, como as sílicas não cristalinas (opala, calcedônia,


ágata), argilas e dolomitas podem reagir com o cimento, resultando em
compostos expansivos e por isto são nocivos (SBRIGHI, 2000 e NEVILLE,
1997).

“Finalmente, a presença da matéria orgânica (partículas de húmus)


sempre é prejudicial à pega e endurecimento das argamassas e concretos”
(PETRUCCI, PAULON,1995 ).

As Normas NBR 7211, 7218, 7219, 7220,7221 e ASTM C 123 tratam


dos limites destas impurezas.

A areia é extraída de leito de rios, várzeas, depósitos lacustres,


mantos de decomposição de rochas, pegmatitos e arenitos decompostos. O
Sumário Mineral (2007) afirma que, em 2006 foram produzidos 358 milhões de
toneladas de agregados, representando um aumento de 8% em relação a
2005.

Deste total, 146 milhões de toneladas são representados por pedras


britadas e 212 milhões de toneladas por areia. No Brasil, 90% da areia é
produzida em leito de rios, sendo que no Estado de São Paulo, maior produtor
brasileiro, a relação é diferente, 45% da areia produzida é proveniente de
várzeas, 35%, de leitos de rios, e o restante, de outras fontes. O estado
responde por 39% da produção nacional, seguido de Rio de Janeiro (16%),
Minas Gerais (12,5%), Paraná (6,5%), Rio Grande do Sul (4,2%) e Santa
Catarina (3,5%).

Em relação à areia:
27

 Cerca de 2.000 empresas registradas se dedicam à extração de areia,


na grande maioria, pequenas empresas familiares;

 Gerando cerca de 45.000 empregos diretos;

 Destas, 60% produzem menos de 100.000 toneladas/ano;

 35% produzem entre 100.000 e 300.000 toneladas/ano;

 E 5% delas produzem mais do que 300.000 toneladas/ano.

O frete é um dos principais itens dos custos das pequenas empresas


do segmento de brita, chegando a representar cerca de 40% do preço final
obrigando, o produtor a operar próximo aos centros consumidores, localizando-
se a atividade mineradora nas regiões limítrofes das grandes cidades, que,
com o inevitável crescimento urbano, acaba “envolvendo” as pedreiras,
iniciando-se ai os conflitos com a comunidade vizinha e com os órgãos ligados
ao meio ambiente.

Segundo a NBR 7211 (ABNT, 2005), agregados miúdos são


“agregado cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75
mm e ficam retidos peneira com abertura de malha de 150 µm, em ensaio
realizado de acordo com ABNT NBR NM 248, com peneiras definidas pela
ABNT NBR NM ISO 3310-1”.

A distribuição granulométrica da areia influencia diretamente no


desempenho da argamassa, interferindo na trabalhabilidade e no consumo de
água e aglomerantes, no estado fresco; no revestimento acabado, exerce
influência na fissuração, na rugosidade, na permeabilidade e na resistência de
aderência (ANGELIM et al., 2003).

Segundo CINCOTTO & CARNEIRO (1999), foram os trabalhos de


FÜLLER & TROMPSON (1907), FURNAS (1931) e de ANDEREGG (1931)
“que embasaram o desenvolvimento de curvas granulométricas de
argamassas, para ser estudada a influência do agregado nas suas
propriedades, ressaltando-se que nestes estudos a dosagem do aglomerante e
do agregado foi realizada a partir da curva”.
28

Em geral, a areia é caracterizada pelo seu módulo de finura,


especificações de faixas granulométricas, ou selecionada a partir de normas,
as quais especificam a granulometria dentro de certas faixas. Não existe um
consenso entre os autores nacionais, pois curvas granulométricas distintas
podem levar ao mesmo módulo de finura. Algumas vezes utiliza-se também o
coeficiente de uniformidade. O coeficiente de uniformidade traduz uma
continuidade na distribuição granulométrica da areia. É definida como sendo a
relação entre os diâmetros correspondentes à abertura da malha pela qual
passam 60% e 10% em massa de areia (CARNEIRO, 1999).

Figura02: Areia de cava

Fonte: Manual de agregados para construção civil

2.1.2 Areias industrializadas


29

As areias industriais são constituídas essencialmente de quartzo,


tendo como impurezas óxidos de ferro, minerais pesados e argilas. As areias
industriais variam bastante, em termos de propriedades físicas e composição
química. São matérias primas minerais de origem secundária e aquelas de
melhor qualidade industrial foram produzidas a partir de sedimentos arenosos,
arenitos e quartzitos que sofreram concentração através de vários ciclos de
deposição e erosão.

Figura03: Pedra de Quartzo ( areia artificial).

Fonte: Manual de agregados para construção civil

“As areias industriais encontram-se no domínio dos sedimentos


e das rochas sedimentares. Este ambiente reúne as condições
para formação de extensos depósitos de areia, tais como:
grandes volumes de quartzo nos sedimentos e rochas, ampla
rede de bacias e elevada competência das drenagens etc.
Neste contexto, encontram-se as bacias sedimentares do
30

interior do cristalino, as bacias costeiras e as bacias


hidrográficas”. (AZEVEDO e RUIZ, 1990).

Segundo esses autores, as areias industriais exploradas estão


associadas a pacotes rochosos definidos como formação geológica, a
coberturas sedimentares ou a depósitos litorâneos.

No Estado de São Paulo, as áreas produtoras de areia industrial


estão distribuídas em três unidades geológicas: i) formações Pirambóia e
Botucatu; ii) coberturas cenozóicas e iii) depósitos arenosos litorâneos. “As
formações Pirambóia e Botucatu caracterizam-se como sedimentos flúvio-
eólicos e eólicos e são responsáveis pela maior atividade de produção de areia
nesse Estado”. (FERREIRA e DAITX, 1997).

O horizonte superior da formação Pirambóia e inferior da formação


Botucatu são constituídos por areias com alto teor de sílica, pouca argila, baixo
teor de ferro e minerais pesados, distribuição granulométrica entre fina e
média, distribuição granulométrica homogênea e elevado grau de
arredondamento e esfericidade. Essas características naturais favorecem o
aproveitamento dessas areias, após o beneficiamento, permitindo a obtenção
de uma variedade de produtos com módulos de finura de 40-50 e 80-100, com
uso nos diversos segmentos industriais.

Os mesmos autores afirmam os horizontes dessas formações, que


se encontram lixiviados (esbranquiçados), apresentam uma areia com baixo
teor de ferro e, por isso, permite o seu uso na indústria vidreira e química. Os
arenitos da formação Botucatu, não lixiviados, apresentam teor de ferro mais
elevado e, em face disto, são usados na indústria de fundição.

2.1.2.1 Lavra e processamento


31

As areias de quartzo são lavradas por diferentes métodos,


dependendo do tipo de depósito. No caso dos depósitos não consolidados e
cobertos por uma pequena lâmina d’água, a lavra é conduzida com o auxílio de
dragas flutuantes.

A draga usa uma tubulação de sucção para escavar a areia que é


bombeada através de uma tubulação para uma pilha, em terra, ou diretamente
para uma unidade de processamento.

Quando o depósito apresenta lentes duras de argila, a tubulação de


sucção é equipada com uma cabeça cortadora, de forma a facilitar a
escavação do material, nas frentes de lavra, abaixo da lâmina d’água. “Neste
caso, poderão também ser usadas retro-escavadeiras (draglines); no entanto,
estas apresentam custos operacionais e de manutenção mais elevados, além
de menos eficientes” (ZDUNZYK e LINKOUS, 1994).

“Em algumas minerações no Sul do Brasil, a lavra é feita a céu


aberto, em bancadas, com a extração da areia por retro-escavadeiras, seguido
do transporte, por caminhões basculantes, para a usina de beneficiamento”
(FERREIRA e DAITX, 2003).

No caso da areia ser resultante do processamento de um quartzito, a


lavra é feita a céu aberto com o auxílio de trator de esteira ou explosivos para
aquelas lentes mais compactas. Este é o caso do depósito de quartzito,
atualmente em lavra, no município de Queluz-SP.

De acordo ainda com FERREIRA e DAITX (2003), “no caso de


depósitos de areia não consolidados ou pouco consolidados, e que se
encontram acima da lâmina d’água ou do lençol freático, a lavra é feita com o
auxílio de escavadeira hidráulica e pá carregadeira”. A areia lavrada é estocada
em pilha e, a seguir, alimentada em unidade de processamento.

As areias industriais das regiões produtoras do Estado de São Paulo


são lavradas de diferentes formas. Antes de iniciar a lavra, a vegetação é
retirada com uma pequena camada de solo (0,2 – 1 m), usando pá
32

carregadeira e a seguir esse material é disposto em local adequado, para


futura utilização, quando da reabilitação da área minerada.

Nos municípios de Descalvado e Analândia, as empresas fazem a


lavra a céu aberto (Figura 1), em bancadas com altura de 10 m e taludes de
45q-80q, usando escavadeiras e escarificador para a extração da areia.

Esta, quando proveniente das bancadas inferiores (Formação


Botucatu e Pirambóia), onde está intensamente lixiviada, destina-se à produção
de areias para as indústrias de vidro de boa qualidade, cerâmica e química. A
areia explorada da Rochas e Minerais Industriais (CETEM 2005; pag111).

A bancada superior (Cobertura Cenozóica), onde não ocorreu


lixiviação, é destinada à produção de areias industriais para fundição. Da frente
de lavra, as areias explotadas são transportadas para as unidades específicas
de beneficiamento, onde são processadas, separadamente (Ferreira, 1997;
Nava, 1997).

Figura 04: Lavra de areia a céu aberto.

Fonte: Manual de agregados para construção civil


33

2.3. Cimento Portland

2.3.1 história do cimento portland

Figura05: Fábrica de cimento

Fonte: Manual de agregados para construção civil

“O material, conhecido dos antigos egípcios, ganhou o nome atual


no século XIX graças à semelhança com as rochas da ilha britânica de
Portland”.
34

Por Arnaldo Forti Battagin

A palavra CIMENTO é originada do latim CAEMENTU, que


designava na velha Roma espécie de pedra natural de rochedos e não
esquadrejada. A origem do cimento remonta há cerca de 4.500 anos. Os
imponentes monumentos do Egito antigo já utilizavam uma liga constituída por
uma mistura de gesso calcinado. As grandes obras gregas e romanas, como o
Panteão e o Coliseu, foram construídas com o uso de solos de origem
vulcânica da ilha grega de Santorino ou das proximidades da cidade italiana de
Pozzuoli, que possuíam propriedades de endurecimento sob a ação da água.

O grande passo no desenvolvimento do cimento foi dado em 1756


pelo inglês John Smeaton, que conseguiu obter um produto de alta resistência
por meio de calcinação de calcários moles e argilosos. Em 1818, o francês
Vicat obteve resultados semelhantes aos de Smeaton, pela mistura de
componentes argilosos e calcários. Ele é considerado o inventor do cimento
artificial. Em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente
pedras calcárias e argila, transformando-as num pó fino. Percebeu que obtinha
uma mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto as pedras
empregadas nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi
patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento Portland,
que recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e
solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland.

No Brasil, estudos para aplicar os conhecimentos relativos à


fabricação do cimento Portland ocorreram aparentemente em 1888, quando o
comendador Antônio Proost Rodovalho empenhou-se em instalar uma fábrica
na fazenda Santo Antônio, de sua propriedade, situada em Sorocaba-SP.
Várias iniciativas esporádicas de fabricação de cimento foram desenvolvidas
nessa época. Assim, chegou a funcionar durante apenas três meses, em 1892,
uma pequena instalação produtora na ilha de Tiriri, na Paraíba, cuja construção
data de 1890, por iniciativa do engenheiro Louis Felipe Alves da Nóbrega, que
estudara na França e chegara ao Brasil com novas ideias, tendo inclusive o
projeto da fábrica pronto e publicado em livro de sua autoria. Atribui-se o
fracasso do empreendimento não à qualidade do produto, mas à distância dos
35

centros consumidores e à pequena escala de produção, que não conseguia


competitividade com os cimentos importados da época.

A usina de Rodovalho lançou em 1897 sua primeira produção – o


cimento marca Santo Antonio – e operou até 1904, quando interrompeu suas
atividades. Voltou em 1907, mas experimentou problemas de qualidade e
extinguiu-se definitivamente em 1918. Em Cachoeiro do Itapemirim, o governo
do Espírito Santo fundou, em 1912, uma fábrica que funcionou até 1924, com
precariedade e produção de apenas 8.000 toneladas por ano, sendo então
paralisada, voltando a funcionar em 1935, após modernização.

Todas essas etapas não passaram de meras tentativas que


culminaram, em 1924, com a implantação pela Companhia Brasileira de
Cimento Portland de uma fábrica em Perus, Estado de São Paulo, cuja
construção pode ser considerada como o marco da implantação da indústria
brasileira de cimento. As primeiras toneladas foram produzidas e colocadas no
mercado em 1926. Até então, o consumo de cimento no país dependia
exclusivamente do produto importado. A produção nacional foi gradativamente
elevada com a implantação de novas fábricas e a participação de produtos
importados oscilou durante as décadas seguintes, até praticamente
desaparecer nos dias de hoje.

2.3.2 Definições

O cimento portland é uma das substâncias mais consumidas pelo


homem e isso se deve a características que lhe são peculiares, como
trabalhabilidade e moldabilidade (estado fresco), e alta durabilidade e
resistência a cargas e ao fogo (estado duro). Insubstituível em obras civis, o
cimento pode ser empregado tanto em peças de mobiliário urbano como em
36

grandes barragens, em estradas ou edificações, em pontes, tubos de concreto


ou telhados. Pode até ser matéria-prima para a arte.

O cimento pode ser definido como um pó fino, com propriedades


aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece sob a ação de água. Na
forma de concreto, torna-se uma pedra artificial, que pode ganhar formas e
volumes, de acordo com as necessidades de cada obra. Graças a essas
características, o concreto é o segundo material mais consumido pela
humanidade, superado apenas pela água.

Segundo a NBR 5732,1991 “o cimento portland comum é um


glomerante hidráulico obtido pela moagem de clínquer Portland ao qual se
adiciona, durante a operação, a quantidade necessária de uma ou mais formas
de sulfato de cálcio”. Durante a moagem é permitido adicionar a esta mistura
materiais pozolânicos, escórias granuladas de alto-forno e/ou materiais
carbonáticos.

2.3.3 Vantagens das adições no cimento

As adições ao cimento melhoram certas características do concreto


e preservam o ambiente ao aproveitar resíduos e diminuir a extração de
matéria-prima.
37

Figura06: Adições no cimento portland.

Fonte: ebah adições minerais

2.3.4 Cimento Portland CP II (NBR 11578)

O Cimento Portland Composto é modificado. Gera calor numa


velocidade menor do que o gerado pelo Cimento Portland Comum. Seu uso,
portanto, é mais indicado em lançamentos maciços de concreto, onde o grande
volume da concretagem e a superfície relativamente pequena reduzem a
capacidade de resfriamento da massa. Este cimento também apresenta melhor
resistência ao ataque dos sulfatos contidos no solo. Recomendado para obras
correntes de engenharia civil sob a forma de argamassa, concreto simples,
armado e protendido, elementos pré-moldados e artefatos de cimento. Veja as
recomendações de cada tipo de CP II:

a. Cimento Portland CP II-Z (com adição de material pozolânico),


empregado em obras civis em geral, subterrâneas, marítimas e
38

industriais. E para produção de argamassas, concreto simples, armado e


protendido, elementos pré-moldados e artefatos de cimento. O concreto
feito com este produto é mais impermeável e por isso mais durável.

b. Cimento Portland Composto CP II-E (com adição de escória


granulada de alto-forno), composição intermediária entre o cimento
portland comum e o cimento portland com adições (alto-forno e
pozolânico). Este cimento combina com bons resultados o baixo calor de
hidratação com o aumento de resistência do Cimento Portland Comum.
Recomendado para estruturas que exijam um desprendimento de calor
moderadamente lento ou que possam ser atacadas por sulfatos.

c. Cimento Portland Composto CP II-F (com adição de material


carbonático - fíler), para aplicações gerais. Pode ser usado no preparo
de argamassas de assentamento, revestimento, argamassa armada,
concreto simples, armado, protendido, projetado, rolado, magro,
concreto-massa, elementos pré-moldados e artefatos de concreto, pisos
e pavimentos de concreto, solo-cimento, dentre outros.

2.3.5 Cimento Portland de Alto Forno CP III (com escória - NBR 5735)

Apresenta maior impermeabilidade e durabilidade, além de baixo


calor de hidratação, assim como alta resistência à expansão devido à reação
álcali-agregado, além de ser resistente a sulfatos. É um cimento que pode ter
aplicação geral em argamassas de assentamento, revestimento, argamassa
armada, de concreto simples, armado, protendido, projetado, rolado, magro e
outras. Mas é particularmente vantajoso em obras de concreto-massa, tais
como barragens, peças de grandes dimensões, fundações de máquinas,
pilares, obras em ambientes agressivos, tubos e caneletas para condução de
39

líquidos agressivos, esgotos e efluentes industriais, concretos com agregados


reativos, pilares de pontes ou obras submersas, pavimentação de estradas e
pistas de aeroportos.

2.3.6 Cimento Portland CP IV (com pozolana - NBR 5736)

Para obras correntes, sob a forma de argamassa, concreto simples,


armado e protendido, elementos pré-moldados e artefatos de cimento. É
especialmente indicado em obras expostas à ação de água corrente e
ambientes agressivos. O concreto feito com este produto se torna mais
impermeável, mais durável, apresentando resistência mecânica à compressão
superior à do concreto feito com Cimento Portland Comum, a idades
avançadas. Apresenta características particulares que favorecem sua aplicação
em casos de grande volume de concreto devido ao baixo calor de hidratação.

2.3.7 Cimento Portland CP V ARI - (Alta Resistência Inicial - NBR 5733)

Com valores aproximados de resistência à compressão de 26 MPa a


1 dia de idade e de 53 MPa aos 28 dias, que superam em muito os valores
normativos de 14 MPa, 24 MPa e 34 MPa para 1, 3 e 7 dias, respectivamente,
o CP V ARI é recomendado no preparo de concreto e argamassa para
produção de artefatos de cimento em indústrias de médio e pequeno porte,
como fábricas de blocos para alvenaria, blocos para pavimentação, tubos,
lajes, meio-fio, mourões, postes, elementos arquitetônicos pré-moldados e pré-
fabricados. Pode ser utilizado no preparo de concreto e argamassa em obras
40

desde as pequenas construções até as edificações de maior porte, e em todas


as aplicações que necessitem de resistência inicial elevada e desforma rápida.
O desenvolvimento dessa propriedade é conseguido pela utilização de uma
dosagem diferente de calcário e argila na produção do clínquer, e pela moagem
mais fina do cimento. Assim, ao reagir com a água o CP V ARI adquire
elevadas resistências, com maior velocidade.

2.3.8 Cimento Portland CP (RS) - (Resistente a sulfatos - NBR 5737)

O CP-RS oferece resistência aos meios agressivos sulfatados,


como redes de esgotos de águas servidas ou industriais, água do mar e em
alguns tipos de solos. Pode ser usado em concreto dosado em central,
concreto de alto desempenho, obras de recuperação estrutural e industriais,
concretos projetados, armado e propendido, elementos pré-moldados de
concreto, pisos industriais, pavimentos, argamassa armada, argamassas e
concretos submetidos ao ataque de meios agressivos, como estações de
tratamento de água e esgotos, obras em regiões litorâneas, subterrâneas e
marítimas. De acordo com a norma NBR 5737, cinco tipos básicos de cimento -
CP I, CP II, CP III, CP IV e CP V-ARI - podem ser resistentes aos sulfatos,
desde que se enquadrem em pelo menos uma das seguintes condições:

 Teor de aluminato tricálcico (C3A) do clínquer e teor


de adições carbonáticas de no máximo 8% e 5% em massa,
respectivamente;

 Cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de escória


granulada de alto-forno, em massa;

 Cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de


material pozolânico, em massa;
41

 Cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de longa


duração ou de obras que comprovem resistência aos sulfatos.

2.3.9 Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) - (NBR 13116)

O Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) é designado


por siglas e classes de seu tipo, acrescidas de BC. Por exemplo: CP III-32 (BC)
é o Cimento Portland de Alto-Forno com baixo calor de hidratação, determinado
pela sua composição. Este tipo de cimento tem a propriedade de retardar o
desprendimento de calor em peças de grande massa de concreto, evitando o
aparecimento de fissuras de origem térmica, devido ao calor desenvolvido
durante a hidratação do cimento.

2.3.10 Cimento Portland Branco (CPB) - (NBR 12989)

O Cimento Portland Branco se diferencia por coloração, e está


classificado em dois subtipos: estrutural e não estrutural. O estrutural é
aplicado em concretos brancos para fins arquitetônicos, com classes de
resistência 25, 32 e 40, similares às dos demais tipos de cimento. Já o não
estrutural não tem indicações de classe e é aplicado, por exemplo, em
rejuntamento de azulejos e em aplicações não estruturais. Pode ser utilizado
nas mesmas aplicações do cimento cinza. A cor branca é obtida a partir de
matérias-primas com baixos teores de óxido de ferro e manganês, em
condições especiais durante a fabricação, tais como resfriamento e moagem do
42

produto e, principalmente, utilizando o caulim no lugar da argila. O índice de


brancura deve ser maior que 78%. Adequado aos projetos arquitetônicos mais
ousados, o cimento branco oferece a possibilidade de escolha de cores, uma
vez que pode ser associado a pigmentos coloridos.

2.4. Calcário calcítico

Figura07: Rochas calcárias.

Fonte: Manual de agregados para construção civil

O calcário é uma rocha sedimentar originada de material precipitado


por agentes químicos e orgânicos. O cálcio é um dos elementos mais comum,
estimado em 3-4% da crosta terrestre, todavia, quando constituinte dos
calcários tem origem nas rochas ígneas. Por meio das atividades de erosão e
corrosão, incluindo a solução de ácidos carbônicos ou outros de origem
mineral, as rochas são desintegradas e o cálcio em solução é conduzido para o
mar por meio da drenagem das águas. Após atingir o oceano, parte do
carbonato de cálcio dissolvido precipita-se, em decorrência da sua baixa
solubilidade na água marinha.
43

2.4.1 Propriedades físicas

 Calcita (CaCO3) CaO 56% - Componente mais comum nos calcários e


mármores, bem como de outras rochas sedimentares e metamórficas.
Ocorre no sistema cristalino e hexagonal com boa clivagem
romboédrica. Dureza 3 (escala Mohs). Densidade 2,72. Comumente
ocorre na cor branca ou sem cor (hialino) e coloridas quando contém
impurezas.

 Dolomita CaCO3.MgCO3 CaO 30,4% MgO 21,95% - Sua origem pode


ter sido secundária, por meio da substituição do cálcio pelo magnésio.
Sistema cristalino hexagonal, comumente em cristais romboédricos com
faces curvadas. Dureza 3,5 a 4,0. Densidade 2,87. Comumente ocorre
nas cores brancas e róseas.

 Aragonita (CaCO3) CaO 56% - É menos estável que a calcita e muito


menos comum. Forma-se a baixas temperaturas e ocorre em depósitos
aflorantes ou próximos à superfície, especialmente nos calcários, em
rochas sedimentares e metamórficas. Sistema cristalino ortorrômbico.
Dureza 3,5 a 4,0. Densidade 2,93 a 2,95. Comumente ocorre na forma
hialina.

 Siderita (FeCO3 ) - Cristais romboédricos, nas cores castanha ou preta,


são mais comuns. Dureza 3,5 a 4,0. Densidade 3,7 a 3,9.

 Ankerita (Ca2MgFe(CO3)4 - Ocorre no sistema hexagonal, comumente


com cristais romboédricos. Dureza 3,5 a 4,5. Densidade 2,96 a 3,1. As
cores mais comuns: branca, rósea ou cinza.
44

 Magnesita (MgCO3 ) - Sistema hexagonal. Usualmente ocorre na forma


granular ou massa terrosa. As cores mais comuns variam desde o
branco ao amarelo; em outras cores quando ocorrem impurezas.

2.4.2 Sua utilização

Nas atividades diárias é comum o uso de produtos contendo carbonato de


cálcio nas mais variadas aplicações, tais como:

 Desde os materiais de construção civil à produção de alimentos;

 Da purificação do ar ao tratamento de esgotos;

 Do refino do açúcar à pasta de dentes;

 Da fabricação de vidros e aço à fabricação de papéis, plásticos, tintas,


cerâmica e tantos outros.

O carbonato de cálcio está sempre presente, desempenhando um


papel invisível na maioria dos setores da indústria moderna. Assim, o calcário,
notadamente o calcítico, é de longe a rocha carbonatada mais comum, seguida
do dolomito e do mármore, este um produto metamórfico. Todas essas rochas
carbonatadas são também as mais comercializadas em todo mundo.

Na produção de argamassas o calcário dolomítico é utilização na


forma de Filler, que é o calcário moído bem fino, que serve para preencher os
vazios dos agregados e dar plasticidade a massa. É encontrado no mercado
nas core branca (dolomítico) e cinza (calcítico), e geralmente suas
granulometrias são passantes da malha 200.
45

Figura08: Filler calcário calcítico.

Fonte: Manual de agregados para construção civil

2.5. Aditivos

MEHTA E MONTEIRO(2008) comentam que a ASTM C 125 define o


aditivo como qualquer material que não seja água, agregados, cimentos
hidráulicos ou fibras e que sejam usados como ingredientes do concreto ou
argamassa e adicionado à massa imediatamente antes e durante a mistura.

Ainda de acordo com MEHTA e MONTEIRO (2008), o Comitê ACI


212 relaciona certas finalidades importantes para os quais os aditivos são
usados, como por exemplo:
46

 Aumentar a plasticidade do concreto sem aumentar o teor de água;

 Reduzir a exsudação1 e segregação2;

 Retardar ou acelerar o tempo de pega;

 Acelerar a velocidade de desenvolvimento da resistência nas primeiras


idades;

 Reduzir a taxa de evolução do aquecimento e aumentar a durabilidade


do concreto em condições específicas de exposição.

2.5.1 Copolímeros

Os copolímeros EVA é um copolímero termo plástico composto de


monômeros acetato de venila e etileno. O EVA é obtido através da emulsão e
polimerização dos componentes( álcool polivinílico, etileno líquido, acetato de
vinila e catalisadores) sob pressão e temperatura controladas,sendo obtido,
assim, o látex. Após a adição de outros produtos e controle do seu pH o Látex
para por uma secagem em um atomizador de partículas, onde passa por um
aquecimento de 170 a 200ºC. A água dispersa evatora deixando o copolímero
da form de um pó branco muito fino, nesta etapa pode-se adicionar
agentes( argila, sílica, carbonato de cálcio) que impedem o empelotamento do
pó após o empacotamento e armazenagem do produto.
47

Tem a função de dar flexibilidade e elasticidade nas argamassas,


além de melhorar a adesividade da argamassa a superfície, aumento nas
resistência mecânicas a aderência e a compressão.

Segundo ANDRADE(2007) os polímeros são materiais compostos


de origem natural ou sintética que apresentam massas molares elevada,
formadas pelas repetições de um grande número de unidades estruturais
básicas.

Suas principais características:

 A boa resistência à corrosão;

 Baixa massa específica;

 Boas características de isolamento térmico e elétrico;

2.5.2 Retentores de água

São compostos orgânicos sulúveis em água formados por ésteres de


celulose (HEC), o HEC Hidroxietil celuloseque é um polímero termoplástico, de
alta massa molecular, obtido através da modificação da estrutura da celulose,
pela substituição de um ou mais grupos hidroxila por grupos hidroxietil, por
meio da reação entre álcali-celulose e óxido etileno. Tem como principal
finalidade conferir maior capacidade de retenção de água, melhor
trabalhabilidade, maior adesividade e maior elasticidade ás mesmas. Nas
argamassas colantes

O HEC pode se apresentar na forma de soluão aquosa, gel ou


sólido, em função da temperatura e do grau de substituição dos grupos de
hidroxila pelos hidroxietil. et al (SARKAR, WALKER, 1995).
48

CAPÍTULO III

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO

Na concepção mais freqüente, processo é qualquer atividade ou


conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um
output a umcliente específico. Os processos utilizam os recursos da
organização para oferecer resultados objetivos aosseus clientes (Harrington,
1991)

Um processo de produção é um sistema de ações que estão inter-


relacionadas de forma dinâmica e que estão orientadas para a transformação
de determinados elementos. Como tal, os elementos de entrada (conhecidos
como factores) passam a ser elementos de saída (produtos), na sequência de
um processo em que é incrementado o seu valor.

Convém destacar que os factores são os bens que são utilizados


com fins produtivos (as matérias-primas). Os produtos, por sua vez, estão
destinados à venda ao consumidor ou ao grossista.

As ações produtivas são as actividades desenvolvidas no âmbito do


processo. Podem ser acções imediatas (que geram serviços que são
consumidos pelo produto final, independentemente do seu estado de
transformação) ou acções mediatas (que geram serviços que são consumidos
por outras acções ou actividades do processo).

Por outro lado, ainda que exista uma grande quantidade de


tipologias de produtos, podemos mencionar as principais: os produtos finais,
que oferecem os mercados onde a organização interactua, e os produtos
intermédios, podendo ser utilizados como fatores noutra ou noutra ações que
constituem o mesmo processo de produção.
49

Mais formalmente, um processo é um grupo de atividades realizadas


numa seqüência lógica com o objetivo de produzir um bem ou um serviço que
tem valor para um grupo específico de clientes (Hammer e Champy, 1994).

O processo também pode ser qualquer atividade que recebe uma


entrada (input), realiza uma transformação agregando-lhe valor e gera uma
saída (output) para um cliente externo ou interno. Processos fazem uso dos
recursos da organização para gerar resultados concretos.

Qualquer processo que entra em contato físico com o produto ou


serviço que será fornecido a um cliente externo, até o ponto em que o produto
é embalado (por exemplo, a manufatura de computadores, preparação de
alimento para consumo em massa, refinação de petróleo, conversão de minério
de ferro em aço). Não inclui os processos de transporte e distribuição.

Os processo tem seu início e final bem determinados, podemos uns


terem impacto maior que outro na própria viabilidade da empresa e nem
sempre tomam forma lineares nas empresas.

Quadro 01: espectro dos principais modelos de processos


50

3.1 Hierarquia do Processo

 Macroprocesso é um processo que geralmente envolve mais de uma


função da organização, e cuja operação tem impacto significativo nas
demais funções da organização. Dependendo da complexidade do
processo este é dividido em subprocessos.

 Subprocesso: divisões do macroprocesso com objetivos específicos,


organizado seguindo linhas funcionais. Os subprocessos recebem
entradas e geram suas saídas em um único departamento.
51

Figura 09: Layout de uma fábrica de argamassas

Fonte: Fabrica do projeto

3.2. Processo de fabricação de argamassas industrializadas


52

PROCESSO

SUBPROCESSOS

ATIVIDADES

TAREFAS

Figura 10: Hierarquia do processo: processo, sobprocesso, atividades, tarefas

Fonte: Grupo de Análise de Valor – Departamento de Engª de Produção –


UFSC

A fabricação de argamassas industrializadas consiste em sistema de


produção por bateladas que podem variar de acordo com a capacidade de
capa unidade de fabril. Consiste em um processo de dosagem e mistura das
matérias-primas em seu estado anidro.

A composição da argamassa compreende: a) cimento portland


comum, branco ou aluminoso, na proporção de 25,0 a 40,0%; b) areias naturais
ou artificiais com 80,0 a 90,0% de silica, e/ou areias naturais ou artificiais de
carbonato de cálcio e magnésio, na proporção de 60,0 a 75,0%, e c) extrato
composto de 50,0 kg de cimento portland comum, branco ou aluminoso e
aditivos químicos, na proporção de 6,1 a 11,5%.

O processo de fabricação compreende as etapas de: a) preparação


do extrato em misturador de hélice em contracorrente, adicionando-se os
53

aditivos químicos ao cimento, durante aproximadamente 04 minutos; e b)


mistura e homogeneização do extrato, cimento e areias, no misturador de
hélice em contra-corrente.

As misturas, de acordo com a norma NBR 7200 (ABNT, 1998),


devem ser feitas por processos mecanizados ou, em casos excepcionais, por
processo manual.

A mistura manual não é aconselhável, pois não é garantida a correta


homogeneização da argamassa, o que compromete as suas propriedades.

Muitos são os equipamentos atualmente disponíveis para o preparo


mecânico da argamassa. Tais equipamentos podem ser classificados de
acordo com o sistema de mistura, com o tipo do eixo e com o regime de
produção.

Quadro 02 - Tipos de misturadores de argamassa

Critérios de classificação Tipos de misturadores

Tipo de mistura • por queda livre ou gravitacional

• forçada

Tipo de eixo • horizontal

• vertical

• inclinado

• planetário

Regime de produção • intermitente (por batelada)

• contínuo

Os misturadores são essenciais para a mistura da argamassa, pois


não garantem a perfeita homogeneidade da mistura. O ideal é que o preparo
da argamassa seja feito com equipamento específico e melhor adaptado para a
54

produção de argamassa de acordo com seu sistema produtivo, seja ele,


contínuo ou por bateladas.
55

CAPÍTULO IV

SUSTENTABILIDADE

Conforme Abreu, Figueiredo Junior e Varvakis (2004), a importância


da questão ambiental vem sendo continuamente reforçada por uma série de
mensagens. Surgiram entre os anos de 1960 e 1990, formas distintas de
ambientalismo, cada uma enfatizando diferentes considerações legais, de
mercado, éticas e do conceito de valor.

Valle (1995) destaca que em 1960 surgiram os primeiros


movimentos ambientalistas motivados pela contaminação das águas e do ar
nos países industrializados. Já nos anos 90,

Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, editou a agenda Global


Compact, solicitando aos empresários do mundo dos negócios que aplicassem
um conjunto de princípios sobre os direitos humanos, trabalhistas e questões
ambientais.

Crescentemente incorporada aos mercados e às estruturas de


regulação da sociedade, a questão ambiental passou a ser vista cada vez mais
como um elemento essencial a ser considerado no processo de gestão
(GOBBI; BRITO, 2005).

Nascimento (2005) ressalta que o campo de abrangência da gestão


ambiental nas empresas, ao longo das últimas décadas, foi sendo ampliado e
seu conceito expandido, incluindo as repercussões sociais das ações
ambientais e a elevação destas preocupações para o nível estratégico das
empresas.

Para Andrews et al. (2001, p. 36), a gestão ambiental define "uma


estrutura gerencial que possibilita a organização visualizar seus impactos no
56

meio ambiente, através de um sistema que facilita o acesso, a catalogação e a


quantificação dos impactos ambientais das operações de toda organização".

Maimon (1996, p. 72) conceitua a gestão ambiental como um


"conjunto de procedimentos para gerir ou administrar uma organização, de
forma a obter o melhor relacionamento com o meio ambiente".

Neste sentido, a gestão ambiental consiste na administração dos


recursos e das operações das empresas visando à preservação do meio
ambiente e/ou a recuperação de áreas degradadas por suas atividades
(FERREIRA, 2003; TINOCO; KRAEMER, 2004).

Darnall et al. (2001) salienta que a adoção de práticas de gestão


ambiental altera profundamente a performance ambiental e econômica da
organização, assim como o seu relacionamento com fornecedores,
consumidores, empregados, agências de financiamento e reguladores das
políticas ambientais.

Definitivamente a minimização de resíduos é uma das principais


maneiras de se reduzir o impacto ambiental. Envolve processos durante todo o
ciclo de vida de uma construção, desde a racionalização do processo
construtivo, componentes reusados e/ou renováveis, até o fim do seu ciclo de
vida.

O desenvolvimento desse processo objetiva ampliar os benefícios


ambientais conseguidos com cada um dos critérios a seguir:

Essa seqüência foi elaborada para que haja reconhecimento de


prioridades na hora de decidir o que deve ser feito com o entulho. O reuso
(reutilizar) foi colocado como segunda opção porque apresenta benefícios como
menor gasto de energia, menores taxas de emissão de poluentes (gases) e menor
uso de água que a reciclagem.
57

Figura 11: Sustentabilidade na construção civil

Fonte: Jornal SC

4.1 Reduzir

Quando não é possível recusar um produto ou material, há a


possibilidade de reduzir o consumo do mesmo. A melhor forma de resolver um
problema constante, como é o caso dos resíduos, é a de evitar o seu
aparecimento. Reduzindo sua quantidade, reduz também o lixo gerado por ele,
seja pelas embalagens ou pelo descarte em si. Na fabricação de argamassas
pode-se, por exemplo, reduzir a quantidade de rejeito de areia simplesmente
britando o rejeito em um moinho de rolo e voltando esse material para o
sistema.
58

4.2 Reutilizar

Consiste no aproveitamento de produtos sem que estes sofram


quaisquer tipos de alterações ou processamento complexos. Antes de um
produto ser jogado fora, ele ainda tem muitos usos sem ter que passar por um
processo de restauração ou reciclagem. Muitas vezes é preciso ser criativo,
inovador, usar um produto de várias maneiras.

O reuso dos materiais na fabricação de argamassas normalmente


muito simples, trata-se de um reaproveitamento do resíduo dos produtos ou o
pó gerado durante o envase ou de sacos rasgados. Para isso seria necessário
um programa para organizar a seleção ou separação para que os materiais
sejam separados por tipos de argamassas,peneirados, para depois serem
retornados ao processo como, produto, agregado ou filler.

Entretanto, seria ideal que toda fábrica já tivesse dentro do seus


projetos meios para separar e dosar estes materiais, ou seja, é preciso que
haja uma idéia prévia sobre o reuso.

4.3 Reciclar

A reciclagem consiste na reintrodução, no processo produtivo, dos


resíduos, quer esses sejam sólidos, líquidos ou gasosos para que possam ser
reelaborados, dentro de um processo produtivo que envolva gasto de energia,
gerando assim um novo produto idêntico ou não ao que lhe deu origem. Por ser
59

um processo que consome energia e até gera resíduos, a reciclagem é


considerada o último recurso no reaproveitamento de materiais.

Na fabricação de argamassas industrializadas, a areia tem boa


reciclabilidade, no entanto seu processo é feito somente em escala industrial
resultando num inevitável consumo de energia, sem contar com o transporte e
lugar para armazenamento. Por isso não é costume reciclá-lo e sim reutilizá-lo
para fabricação de outros produtos com uma granulometria compatível.

Da mesma forma, o vidro é também reciclado em escala industrial,


embora não demande tanta energia em comparação àquela que foi usada na
sua fabricação. Além disso, o vidro pode ser reciclado quantas vezes forem
necessárias sem perder suas propriedades. O único fator que pode dificultar e
até mesmo impedir sua reciclagem é a adição de filmes e películas. Depois de
aplicadas elas precisam ser retiradas através de processos químicos tóxicos
que são obviamente prejudiciais, e, muitas vezes, não é possível removê-las.

O aspecto mais importante da reciclagem na fabricação de


argamassas é a utilização de agregados que são considerados como
subprodutos ou mesmo resíduos de outros processos, como no caso das
areias artificiais extraídas das pedreiras. Estes agregados miúdos formam um
grande passivo ambiental para a exploração de pedras ornamentais, mármores
e granitos, pois enchem os pátios e são levados pelas chuvas para os leitos
dos rios que acabam sendo assoreado por esse resíduo.

O processo de classificação desse material nada mais é que o


fracionamento do pó de pedra até um determinado diâmetro para resultar no
produto final chamado de areia industrial. Para isso, é utilizado peneiras que
podem ser vibratória ou rotativas. Antes do fracionamento é preciso que o
material passe por um processo de britagem, onde são usados equipamentos
para a diminuição dos grãos, no primeiro estágio é utilizado um britador de
martelos ou mandíbulas é ideal para a produção do agregado reciclado se
tiverem ajuda de outro para a britagem secundária, mas é muito fácil se
encontrar contaminantes como ferro e aço. O impacto proporciona o desgaste
das peças contamina o material reciclado.
60

Devidamente reciclado, o entulho apresenta propriedades físicas tão


boas quanto à dos materiais originais e apropriadas para seu emprego como
matéria prima na produção de argamassas industrializadas ou outros materiais.
No entanto, é importante ressaltar que o entulho possui características
bastante peculiares.

Há estudos comprovados que mostram um diferencial expressivo


entre os valores anunciados para os materiais convencionais agregados
reciclado, possibilitando a compreensão de que existe viabilidade econômica
para a consideração da implantação da reciclagem.

O agregado reciclado pode substituir diversos tipos de matérias


primas. A destinação final vai depender da finura e da composição do
agregado. Os agregados que vem de telhas e blocos serão novamente
utilizados para a produção dos mesmos e terão que ser moídos até um
diâmetro bem fino; o processo de fabricação a partir do agregado é o mesmo
que seria para a matéria prima convencional. Já o agregado utilizado para
concretos,argamassas, além de passar por uma rigorosa avaliação. O
agregado pode, de maneira geral, servir para a fabricação da maioria dos
materiais de construção, desde concreto estrutural até argamassa, basta
atentar para seu o diâmetro e sua composição.
61

Figura 12: Usina de reciclagem

Fonte: ecobrit

4.4 Sustentabilidade na Construção


Civil

A sustentabilidade, com suas múltiplas implicações, devem ser


buscadas em todas as esferas das ações correlatas ao sistema da construção
civil. A abordagem que se fará a seguir busca aproximar o conceito amplo da
sustentabilidade na construção civil

4.4.1 Pré-condições de empreendimentos sustentáveis


62

O primeiro passo para a sustentabilidade na construção é o


compromisso das empresas da cadeia produtiva a criarem as bases para o
desenvolvimento de projetos efetivamente sustentáveis. Apresentamos aqui
três pré-condições fundamentais para a construção dessa base:

Pré-condição 1 - Um projeto de sustentabilidade tem que ter qualidade

A qualidade garante que níveis de excelência sejam atingidos,


mantidos e disseminados nos processos das empresas. A gestão da qualidade,
especialmente a busca por melhoria contínua, é um pré-requisito para a
sustentabilidade porque estimula a melhoria constante dos processos
empresariais, que estão ligados ao consumo de recursos naturais,
produtividade, desperdício, durabilidade, entre outros.

Pré-condição 2 - Sustentabilidade não combina com informalidade

É fundamental selecionar fornecedores, tanto de materiais e


serviços, assim como a equipe da mão-de-obra. As empresas que trabalham
com fornecedores informais também se tornam informais, alimentando este
ciclo nocivo. É preciso garantir a legalidade de toda a empresa e de todos os
seus processos. Além de garantir a legitimidade da empresa, a seleção de
fornecedores formais estimula o aumento da profissionalização na cadeia
63

produtiva e conseqüente eliminação de empresas com baixa produtividade que


só se mantêm no mercado por economias advindas de atividades ilícitas.

Pré-condição 3 - Busca constante pela inovação

Utilizar novas tecnologias, quando possível é adequado. Caso


inviável, buscar soluções criativas respeitando o contexto. É importante que as
empresas tenham relações estreitas com agentes promotores de inovação na
cadeia produtiva, tanto na oferta de novos materiais e equipamentos, quanto na
capacitação da mão-de-obra. A base para a sustentabilidade na construção é
alinhar ganhos ambientais e sociais com os econômicos, daí a necessidade e
importância de inovações.
64

CAPÍTULO V

PRODUÇÃO LIMPA

5.1. Conceitos

Em 1989, a expressão "Produção Mais Limpa" foi lançada pela


UNEP (United Nations Environment Program) e pela DTIE (Division of
Technology, Industry and Environment) como sendo a aplicação contínua de
uma estratégia integrada de prevenção ambiental a processos, produtos e
serviços, visando o aumento da eficiência da produção e a redução dos riscos
para o homem e o meio ambiente.

A indústria brasileira descobre a Produção Mais Limpa na década de


noventa, mais precisamente após a Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92.

A partir desse novo paradigma, a poluição ambiental passa a ser


sinônimo de desperdício nas empresas responsáveis, e seus processos
passam por mudanças que buscam diminuir o consumo de água, energia e
matérias-primas (BELMONTE, 2004, apud ARGENTA, 2007).

Fernandes et al (2001) define a Produção Mais Limpa da seguinte


forma: "a aplicação contínua de uma estratégia econômica,
ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim
de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e
energia, através da não-geração, minimização ou reciclagem de
resíduos gerados em um processo produtivo. Produção Mais Limpa
também pode ser chamada de Prevenção da Poluição, já que as
técnicas utilizadas são basicamente
as mesmas". (FERNANDES et. al., 2001)

De acordo com o conceito proposto por Fernandes (2001), a


Produção mais Limpa pressupõe quatro atitudes básicas. A primeira, e a mais
65

importante, é a busca pela não geração de resíduos, através da racionalização


das técnicas de produção. Quando o primeiro conceito não pode ser aplicado
integralmente, a segunda atitude proposta pela Produção Mais Limpa é a
minimização da geração dos resíduos. Já o reaproveitamento dos resíduos no
próprio processo de produção é a terceira atitude defendida pela Produção
Mais Limpa, enquanto a quarta alternativa para a Produção mais Limpa é a
reciclagem, com o aproveitamento das sobras ou do próprio produto para a
geração de novos materiais (CETESB, 2007, apud HENRIQUES e QUELHAS,
2007).

A Produção Mais Limpa é vista entre os especialistas como uma


forma moderna de tratar as questões de meio ambiente nos processos
industriais. Dentro desta metodologia pergunta-se "onde estão sendo gerados
os resíduos?" e não mais somente "o que fazer com os resíduos gerados?".
Dessa forma, evita-se o desperdício, tornando o processo mais eficiente
(MAROUN, 2003, apud HENRIQUES e QUELHAS, 2007).

"O que se pode fazer com os resíduos e as emissões existentes?"


66

Figura 13: Fluxo de emissões

Fonte: Centro de tecnologias Limpa do SENAI RS

A Produção Mais Limpa, com seus elementos essenciais, adota uma


abordagem preventiva, em resposta à responsabilidade financeira adicional
trazida pelos custos de controle da poluição e dos tratamentos de final de tubo,
conforme proposto na figura 1:
67

Figura14: Elementos essenciais da estratégia de Produção Mais Limpa

Fonte: adaptado de UNIDO/ UNEP (1995)

A Produção Mais Limpa, relativamente ao desenho dos produtos,


busca direcionar o design para a redução dos impactos negativos do ciclo de
vida, desde a extração da matéria- prima até a disposição final. Em relação aos
processos de produção, direciona para a economia de matéria-prima e energia,
a eliminação do uso de materiais tóxicos e a redução nas quantidades e
toxicidade dos resíduos e emissões. Em relação aos serviços, direciona seu
foco para incorporar as questões ambientais dentro da estrutura e entrega de
serviços.

"De onde vêm nossos resíduos e emissões?"


"Por que afinal se transformaram em resíduos?"
68

Figura 15: FLUXO DO CUSTO DAS EMISSÕES

Fonte: Centro de tecnologias Limpa do SENAI RS

O aspecto mais importante da Produção Mais Limpa é que a mesma


requer não somente a melhoria tecnológica, mas a aplicação de know-how e a
mudança de atitudes. Esses três fatores reunidos é que fazem o diferencial em
relação às outras técnicas ligadas a processos de produção.

A aplicação de know-how busca melhorar a eficiência, adotando


melhores técnicas de gestão, fazendo alterações por meio de práticas de
housekeeping ou soluções caseiras e revisando políticas e procedimentos
quando necessário. Mudar atitudes significa encontrar uma nova abordagem
para o relacionamento entre a indústria e o ambiente, pois repensando um
processo industrial ou um produto, em termos de Produção Mais Limpa, pode
ocorrer a geração de melhores resultados, sem requerer novas tecnologias.
Com isso, a estratégia geral para alcançar os objetivos é de sempre mudar as
condições na fonte em vez de lutar contra os sintomas (CEBDS, 2009).
69

5.2 Princípios da Produção mais limpa

Vários autores, entre eles, Henriques e Quelhas (2007) apontam que


os sistemas de Produção Mais Limpa são circulares e usam menor número de
materiais, menos água e energia. Desse modo, os recursos fluem pelo ciclo de
produção e consumo em ritmo mais lento.

De modo geral, os princípios da Produção Limpa questionam a


necessidade real do produto ou procuram outras formas pelas quais essa
necessidade poderia ser satisfeita ou reduzida.

Os autores acima citados ressaltam que a Produção Mais Limpa


implementa o princípio de prevenção e precaução, de uma nova abordagem
holística e integrada para questões ambientais centradas no produto. Essa
abordagem assume como pressuposto que a maioria de nossos problemas
ambientais é causada pela forma e ritmo no qual produzimos e consumimos os
recursos, além de considerar a necessidade da participação popular na tomada
de decisões políticas e econômicas.

Segundo Kind (2005 apud HENRIQUES e QUELHAS, 2007) a


tecnologia de Produção Mais Limpa é um exemplo de como os recursos
naturais podem ser utilizados em prol do desenvolvimento sustentável. Diminuir
os desperdícios implica em maior eficiência no processo industrial e menores
investimentos para soluções de problemas ambientais. Em contrapartida,
reduzir a poluição através do uso racional de matérias-prima significa uma
opção ambiental e econômica definitiva, conforme afirmam os autores.

Assim, o processo de transformação de matérias-primas e insumos


em produtos, e não em resíduos, tornam uma empresa mais competitiva.
(LEMOS e NASCIMENTO, 1999)
70

5.3 Descrição das fases de implantação da metodologia da


produção mais limpa

A implantação da metodologia de Produção Mais Limpa pressupõe


inovação, incremento competitivo e responsabilidade sócio-ambiental, uma vez
que tal processo prevê em sua origem, a prevenção da poluição e a busca do
crescimento e desenvolvimento econômico sustentado.

Assim nesta seção busca-se apresentar, de maneira breve, as fases


de implantação e as ações necessárias para operacionalização de tal
metodologia, conforme proposto pelo Centro Nacional de Tecnologias Limpas -
CNTL (apud ARAÚJO, 2002).

5.3.1 Fase 1: Pré-avaliação

De acordo com o CNTL (op cit.), a etapa de pré-avaliação consiste


em realizar uma breve avaliação das atividades executadas pela empresa
através da realização de uma visita técnica, a qual tem como objetivo identificar
as possibilidades da implantação da Produção Mais Limpa, bem como o tempo
dedicado a ela. Sendo assim, deve-se buscar atender três objetivos básicos:
71

 Definir a amplitude da avaliação: consiste em definir o escopo da


avaliação, ou seja, se o trabalho irá atender a toda a planta industrial ou
processos previamente selecionados;

 Estabelecer a estratégia a ser adotada para execução do trabalho:


consiste em definir o tempo de aplicação da metodologia e os horários
para capacitação e sensibilização dos funcionários;

 Elaborar o(s) fluxograma(s) de produção: consiste em identificar as


etapas que compõe os serviços a serem analisados.

5.3.2. Fase 2: Capacitação e sensibilização dos profissionais da empresa

Segundo o CNTL (ibid), um dos pontos cruciais da metodologia


fundamenta-se na elaboração de uma equipe de trabalho ou força tarefa,
também denominada Ecotime. Esta equipe deve ser capacitada e
sensibilizada, de forma a disseminar os fundamentos da Produção Mais Limpa
para os demais funcionários da empresa.

Dependendo do porte da empresa e da complexidade da sua planta


industrial, deve se buscar um Ecotime que "cubra" todos os setores da
empresa. Para microempresas, muitas vezes pode ser formado por apenas
uma pessoa.

A sensibilização do Ecotime deve consistir no reconhecimento da


prevenção como etapa anterior às ações de "fim-de-tubo" e no entendimento
da Produção Mais Limpa como princípio de melhoria contínua. Nesta fase,
deve-se ressaltar os problemas ambientais atuais e os impactos ambientais
causados pelo setor em que se enquadra a empresa.
72

A capacitação do Ecotime consiste na explicitação das etapas que


compõe a implementação da P+L, assim como no atendimento a dúvidas que
por ventura podem vir a surgir durante o decorrer do trabalho em campo.

5.3.3. Fase 3: Elaboração do diagnóstico ambiental e de processos

De acordo com o CNTL (ibid), o diagnóstico ambiental e de


processos é a base de dados da Produção Mais Limpa. Este deve fornecer
uma "fotografia" da real situação da empresa diante da sua relação com o meio
ambiente. Assim, tal diagnóstico deve permitir reconhecer:

 As principais matérias-primas, auxiliares e insumos utilizados no(s)


processo(s) produtivo(s), inclusive os toxicologicamente mais
importantes com respectiva quantidade utilizada e custo de aquisição;

 O volume de produtos produzidos;

 Os principais equipamentos utilizados no(s) processo(s) produtivo(s);

 As fontes de abastecimento e finalidades do uso de água, bem como o


tipo de tratamento utilizado;

 O consumo de energia;

 O consumo de combustíveis;

 Os locais de armazenamento e formas de acondicionamento de


matérias-primas, insumos e produtos;

 A conformidade ou não com a legislação ambiental;

 Os resíduos sólidos gerados, a forma de acondicionamento, o local e


tipo de armazenamento e a sua destinação final;
73

 A existência ou não de emissões atmosféricas e sistemas de controle


utilizados;

 A existência ou não de efluentes líquidos e sistemas de tratamento


utilizados;

 Os custos relativos ao controle dos resíduos gerados (armazenamento,


tratamento, transporte, disposição, e outros) e perdas de matéria-prima
e insumos.

5.3.4. Fase 4: Elaboração do balanço ambiental, econômico e tecnológico do


processo produtivo

Conforme o CNTL (ibid), o balanço ambiental deve ser "alimentado"


com os dados obtidos no diagnóstico ambiental e de processos, principalmente
os que dizem respeito às entradas e saídas do processo produtivo. Utilizam-se
os fluxogramas simplificados realizados na etapa de Pré-Avaliação de forma
combinada com os dados obtidos no diagnóstico. Desta forma, elabora-se o
balanço ambiental através da construção de fluxogramas de processo (entrada
e saída).

O desenvolvimento de fluxogramas para os processos e atividades


setoriais da empresa fornece as informações sobre os locais das saídas de
poluentes de cada atividade ou processo.

Considera-se que, num processo industrial, as entradas são


constituídas pelas matérias- primas, produtos auxiliares, água e energia. As
saídas são os produtos acabados e semi- acabados. No entanto, encontram-se
nos processos industriais outras saídas que são os poluentes gerados, os
quais devem ser tratados de maneira adequada.
74

Ainda de acordo com o CNTL (ibid), a metodologia de Produção


Mais Limpa expõe de maneira contundente a proteção ambiental integrada à
produção, a qual propõe os seguintes questionamentos: De onde vêm nossos
resíduos e emissões? Por que afinal se transformaram em resíduos?

Desta forma, o balanço ambiental deve responder a tais


questionamentos, a fim de procurar identificar os pontos críticos da geração
dos resíduos, bem como as informações sobre a sua causa e, posterior
conseqüência.

Com relação ao Balanço Econômico, este deve conter os custos


referentes ao controle dos resíduos, ou seja, a soma dos custos de tratamento
de efluentes, resíduos sólidos e emissões atmosféricas, além dos custos com
transporte, acondicionamento e disposição final dos resíduos gerados.

De igual maneira devem-se apurar os custos com perdas de


matéria-prima, sendo possível analisar o real custo do resíduo gerado, sendo
este muitas vezes desconhecido pela empresa (CNTL, ibid).

Em relação ao Balanço Tecnológico, deve-se verificar o nível de


tecnologia adotada pela empresa. Roberto (2009) apud Nascimento (2000)
escreve que é de fundamental importância a realização e difusão de pesquisas,
como por exemplo, concurso das Universidades e Centros de Pesquisa
Nacionais, uma vez que durante a execução das atividades são identificadas
demandas tecnológicas reais, as quais devem alimentar o trabalho em campo.

5.3.5. Fase 5: Avaliação do balanço elaborado e identificação de oportunidades


de produção mais limpa

A avaliação do balanço consiste na identificação de oportunidades


e/ou problemas diagnosticados na elaboração do balanço ambiental,
econômico e tecnológico do processo produtivo. Estas oportunidades e ou
75

problemas podem estar relacionados ao impacto ambiental proporcionado por


determinada atividade, a problemas de saúde e segurança ocupacional dos
trabalhadores, a custos associados ao controle de resíduos (fim-de-tubo), a
problemas tecnológicos, entre outros.

As informações apuradas, até então, devem permitir a identificação


de oportunidades de aplicar a metodologia de Produção Mais Limpa para a
solução dos problemas diagnosticados (possíveis desperdícios de materiais,
procedimentos operacionais inadequados, entre outros).

Além disso, devem-se determinar as interfaces com outras áreas ou


ambientes da empresa, que afetam a área avaliada. Sendo assim, a avaliação
consiste em descrever os problemas encontrados, as oportunidades de
aplicação da metodologia proposta para solução dos mesmos, a estratégia ou
ação a ser implementada, bem como as barreiras e necessidades para efetiva
aplicação.

Roberto (2009), apud Valle (1995), afirma que deve ser dada
especial atenção aos pontos críticos dos sistemas que geram maior quantidade
de resíduos e ao controle dos processos produtivos que apresentam desvios
em sua eficiência, gerando mais resíduos do que originalmente estimado.

5.3.6. Fase 6: Priorização das oportunidades identificadas na avaliação

O CNTL (CNTL/SENAI-RS apud BARBIERE, 2006) propõe que a


priorização das oportunidades esteja fundamentada na escala de prioridades
para prevenção de resíduos, ou seja, os níveis de aplicação da Produção Mais
Limpa, conforme figura 2.
76

Figura 16 - Níveis de aplicação da produção mais limpa

Fonte: CNTL/SENAI-RS apud BARBIERE, 2006.

Desta forma, deve-se evoluir do nível 1 para os demais níveis, pois


os mesmos representam o quão preventivo é a ação a ser implementada. Ao
analisar a alternativa de redução de resíduos na fonte (Nível 1), percebe-se
que existem duas opções a serem seguidas, ou seja, a modificação no
processo ou a modificação no produto.

De acordo com o CNTL (apud ARAÚJO, 2002), a modificação no processo


pode envolver:

 Técnicas de housekeeping: consiste em limpezas periódicas, uso


cuidadoso de matérias-primas e com o processo, alterações no layout
físico, ou seja, disposição mais adequada de máquinas e equipamentos
que permitam reduzir os desperdícios, elaboração de manuseio para
materiais e recipientes, etc. O housekeeping permite, ainda, mudanças
77

nas condições operacionais, ou seja, alterações nas vazões, nas


temperaturas, nas pressões, nos tempos de residência e outros fatores
que atendam às práticas de Prevenção de Resíduos;

 Substituição de matérias-primas: consiste na identificação de materiais


mais resistentes que possam vir a reduzir perdas por manuseio
operacional, ou ainda, a substituição de materiais tóxicos por atóxicos e
não-renováveis por renováveis;

 Mudanças tecnológicas: utilização de equipamentos mais eficientes do


ponto de vista da otimização dos recursos utilizados, uso de controles e
de automação que permitam rastrear perdas ou reduzir o risco de
acidentes de trabalho, entre outras.

Quanto às modificações do produto (nível 1), o CNTL (op cit) propõe


que se leve em consideração as seguintes opções para minimização de
resíduos:

 substituição de produto: essa opção pode envolver o cancelamento de


uma linha produtiva, no qual o produto acabado apresente problemas
ambientais significativos, ou ainda, a substituição de um produto com
características tóxicas por outro menos tóxico;

 - redesenho do produto (ecodesign): consiste em desenvolver uma nova


concepção do produto que leve em consideração a variável ambiental
como fator de redução de custos e oportunidades de negócios. Nesta
fase, há necessidade de uma análise combinada de substituição de
materiais tóxicos por atóxicos e não renováveis por renováveis,
alterações nas dimensões do produto, aumento da vida útil do produto,
facilidade de reciclagem de seus componentes e otimização produtiva
ou de processos.

Encerradas as opções de redução de resíduos na fonte (nível 1),


deve-se buscar alternativas para reciclagem interna (nível 2). Neste nível,
considera-se que os resíduos que não podem ser evitados, devem,
preferencialmente, ser reintegrados ao processo de produção da empresa. A
78

reciclagem interna busca fazer com que o resíduo possa retornar a cadeia
produtiva ou mesmo ser reaproveitado por setores administrativos.

Conforme o CNTL (ibid), após analisadas as possibilidades de


modificação no processo e modificação no produto (nível 1) e reciclagem
interna (nível 2), deve-se proceder uma análise da reutilização de resíduos e
emissões fora da empresa, ou seja, através da reciclagem externa (nível 3).
Nesta fase, deve-se adotar medidas internas que viabilizem uma reciclagem
externa dos resíduos, como a segregação de resíduos na fonte. Entende-se
que se um resíduo não tem valor "para mim", pode ter valor "para outro". Pode
ser obtida através da reorientação de resíduos gerados para uso em outros
processos, ou recuperação, para venda, de resíduos valiosos.

É importante ressaltar que a priorização dever ser feita em conjunto


com a alta gerência, pois são eles que determinam o planejamento estratégico
da empresa, assim como a sua disponibilidade financeira e tecnológica para
mudanças nos processos produtivos e/ou

produtos. Roberto (2009), apud ARAÚJO ( 2002)

5.3.7. Fase 7: Elaboração do estudo de viabilidade econômica das prioridades

Nesta fase deve-se analisar a viabilidade das opções de Produção


Mais Limpa por meio de dados econômicos, técnicos e dos conseqüentes
benefícios ambientais.

O CNTL (ibid) afirma que a elaboração do estudo de viabilidade


econômica das prioridades baseia-se no fato de que algumas oportunidades de
Produção Mais Limpa podem implicar em investimentos, geralmente devido à
compra de equipamentos com alto grau de inovação tecnológica.
79

Desta forma, deve-se obrigatoriamente comparar as alternativas de


Produção Mais Limpa, a fim de identificar qual a opção mais viável do ponto de
vista econômico.

Segundo Roberto (1989), apud ARAÚJO (2002) os métodos de


avaliação mais difundidos para avaliar as propostas de investimento são o
Prazo de Retorno, também conhecido como Payback, o Valor Presente Líquido
(VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR). De acordo com o autor, não existe
uma única metodologia que seja adequada para tal avaliação. O autor sugere o
estudo de cada caso, bem como o emprego de mais de um método de
avaliação, dado as limitações previstas em cada metodologia de avaliação.

No entanto, de acordo com o objetivo desse estudo, não cabe


descrever de forma detalhada os métodos de avaliação, somente ressaltar a
importância de se utilizar a metodologia adequada para cada situação, visando
eficiência ao final do processo.

5.3.8. Fase 8: Estabelecimento de um plano de Monitoramento

O plano de monitoramento consiste em estabelecer os pontos de


medição para analisar a eficiência do processo produtivo. Conforme o CNTL
(ibid), deve-se indicar no fluxograma produtivo os pontos de monitoramento e
os parâmetros a serem monitorados, a fim de que seja possível manter um
controle sobre as operações realizadas na empresa. Tais procedimentos têm
como objetivo principal assegurar a melhoria contínua dos processos e
produtos.

Para processos não complexos, geralmente, utiliza-se da ferramenta


5W 1H para fins de monitoramento das operações. Conforme Souza (1995,
apud ARAÚJO, 2002), a ferramenta do 5W 1H provém das palavras em inglês
80

what (o que), who (quem), where (onde), when (quando), why (por que) e how
(como). Desta forma, sabe-se o que será monitorado, quem, onde, quando e
por que irá se monitorar determinado processo.

Para processos complexos, recomenda-se utilizar, de forma


combinada, o 5W 1 H com outras ferramentas (check-list - para verificação das
etapas a serem cumpridas, gráficos de controle para fins de análise de
tendências na ocorrência de problemas e, comparações, entre outras que se
fizerem convenientes).

Conforme afirma Roberto(2009), apud ARAÚJO (2002) o


monitoramento pode envolver desde uma simples medição de efluentes, até
um completo programa para realização de um balanço ambiental, tecnológico e
econômico por etapa do processo.

5.3.9. Fase 9: Implantação das oportunidades de produção mais limpa


priorizadas

Nesta fase tem-se o controle das opções economicamente viáveis,


ou seja, após análise das oportunidades de implantação de Produção Mais
Limpa devem-se colocar as opções em prática. Tal procedimento consiste, de
maneira restrita, na implantação propriamente dita das oportunidades de
Produção Mais Limpa priorizadas pela alta direção.

Segundo a CNTL (apud ARAÚJO, 2002) o sucesso da implantação


das oportunidades de Produção Mais Limpa consiste em atender os seguintes
critérios:

 Discutir com a equipe de avaliação, supervisores, gerentes e


trabalhadores operacionais as opções;
81

 Executar serviços de suporte e antecipar problemas que poderão


ocorrer;

 Desenhar projetos fáceis de acompanhar, para demonstrar resultados


benéficos desejados;

 Prever mecanismos de realimentação, para atualização de dados,


correção de erros, preenchimento de falhas, etc;

 Acompanhar e avaliar as novas tecnologias de prevenção de resíduos.

5.3.10. Fase 10: Definição dos indicadores do processo produtivo

Diversos autores, entre eles Nascimento (2000, apud ARAÚJO,


2002) argumentam que, após a realização das etapas anteriores, torna-se
possível a obtenção de uma ferramenta muito importante no processo de
implantação da Produção Mais Limpa: os indicadores de eficiência ou,
indicadores de desempenho dos setores de produção que, em geral, serão
legítimos, naturais e insuspeitos ao processo.

Segundo o CNTL (apud ARAÚJO, 2002), os indicadores ambientais


podem ser absolutos como, por exemplo, o consumo total de energia elétrica e
água na empresa. Contudo, são os indicadores de processo que permitem uma
análise ambiental mais precisa. Estes caracterizam-se pelas medições
realizadas no "chão-de-fábrica" e são extremamente importantes para
identificação de pontos críticos no processo, pois determinam em qual parte do
processo está havendo maiores perdas ou desperdícios.

Com relação aos indicadores financeiros, estes geralmente são


expressos através da linguagem técnica da alta direção. Ao invés de medidas
físicas como quilograma (kg), toneladas (ton), os mesmos são associados a
valores em moeda corrente. Esta associação permite à alta direção verificar o
82

benefício econômico da implementação das opções da Produção Mais Limpa,


conforme afirma Araújo (2002).

5.3.11. Fase 11: Documentação dos casos de produção mais limpa

O CNTL (apud ARAÚJO, 2002) considera que a documentação dos casos de


Produção Mais Limpa deve ser realizada a fim de que a alta direção tenha de
maneira eficiente relatórios, demonstrando as opções propostas pela
metodologia implementada, assim como opções de Produção Mais Limpa a
serem implementadas. Da mesma forma, deve servir de exemplo para futuras
aplicações da metodologia na empresa.

5.4. Sistemas de gestão integrada relação entre programas de


produção mais limpa e sistemas de gestão ambiental

Segundo Roberto(2009), apud Hubmaier (2003) o sistema de gestão


integrada combina processos, práticas e procedimentos adotados por uma
organização, para implementar uma política integrada, atingir objetivos e traçar
metas quanto a qualidade (NBR ISO 9001), meio ambiente (NBR ISSO 14001),
saúde e segurança no trabalho (OHSAS 18001), entre outras variáveis,
83

buscando eficiência compartilhada, ao invés de utilizar sistemas de gestão


isolados.

Diversos autores, entre eles Henriques e Quelhas, 2007 afirmam


que entre as principais vantagens da implementação do sistema de gestão
integrada, sobressaem-se: redução da duplicação de recursos internos e infra
estrutura, diminuição do número de documentos e complexidade na
organização, minimização dos custos de implantação, certificação e
manutenção dos sistemas, melhora da gestão e do desempenho
organizacional.

A figura 3 apresenta como os sistemas de gestão se integram.


Neste, verifica-se o sistema de gestão ambiental, juntamente com a gestão da
qualidade, saúde e segurança, prevenção da poluição e responsabilidade
social fazem parte de um sistema compartilhado, o sistema de gestão
integrada.

Figura 17 - Esquema de Integração dos Sistemas de Gestão Figura 03:


Esquema de Integração dos Sistemas de Gestão

Fonte: Adaptado de MAFFEI (2001) apud HENRIQUES e QUELHAS (2007)


84

É interessante ressaltar que a implantação de um sistema de


gerenciamento ambiental - SGA constitui numa estratégia para que o
empresário, em processo contínuo, identifique oportunidades de melhoria para
a redução de impactos ambientais gerados dentro da empresa. Dessa forma,
seguindo a premissa inicial de prevenção a poluição, surge a integração dos
sistemas de gerenciamento ambiental (SGA) com a Produção Mais Limpa
(P+L). Assim, este novo sistema leva em consideração todos os fatores e
aspectos ambientais envolvidos nas diferentes etapas, como: transporte de
matérias-primas para a produção, entrada, estocagem, manuseio e consumo
de matéria-prima no processo; a operacionalização do processo e, por fim, as
saídas do processo. (KIND, 2005 apud HENRIQUES e QUELHAS, 2007 )

A aplicação da metodologia de Produção Mais Limpa impõe às


empresas que a questão ambiental é mais uma estratégia para a
competitividade, pois através da redução do uso de matérias-primas, água e
energia, assim como na eliminação ou minimização dos resíduos sólidos,
efluentes líquidos e emissões atmosféricas geradas, torna-se possível a
adequação aos requisitos do desenvolvimento sustentável, dentro de uma
condição essencialmente relacionada à "ecoeficiência" (HENRIQUES E
QUELHAS, 2007).

Desta forma, conforme afirma Maroun (2003, apud HENRIQUES e


QUELHAS, 2007) o sistema de gestão ambiental assegura o envolvimento de
toda a empresa com a melhoria contínua, através de programas na área de
meio ambiente, como a Produção Mais Limpa, que provê métodos de análise
dos impactos e propõe soluções econômicas, técnica e ambientalmente viáveis
no caminho da "ecoeficiência" dos processos industriais.
85

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que o setor da construção civil é responsável pelo


consumo de cerca de 50% dos recursos do planeta, sendo assim, um dos
maiores causadores do impacto ambiental. Não dá para pensar em
sustentabilidade sem trabalhar o setor da construção civil. A idéia é incorporar
aspectos ecológicos, ambientais, econômicos e sociais a construção. Muita
gente acha que a sustentabilidade é um modismo temporário, mas não pode
ser classificada assim porque não há outro caminho, os recursos vão se
esgotar é preciso conscientizar as pessoas. Pode-se afirmar que a gestão
sustentável dos processos de fabricação de argamassas industrializadas como
um diferencial para a qualidade dos produtos é mais uma estratégia para a
competitividade, pois através da redução do uso de matérias-primas e energia,
assim como na eliminação ou minimização dos resíduos sólidos e emissões
atmosféricas torna-se possível a adequação aos requisitos do desenvolvimento
sustentável e como conseqüência uma melhora significativa na qualidade dos
produtos.

Ao descobrir a Produção Mais Limpa na década de noventa, a


indústria brasileira mais precisamente após a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92. A partir desse novo
paradigma, a poluição ambiental passa a ser sinônimo de desperdício nas
empresas responsáveis, e seus processos passam por mudanças que buscam
diminuir o consumo de energia e matérias-primas. A gestão sustentável é vista
entre os especialistas como uma forma moderna de tratar as questões de meio
ambiente nos processos industriais. Esta metodologia preocupa-se em saber
“onde estão sendo gerados os resíduos? e não mais somente "o que fazer com
os resíduos gerados?". Dessa forma, evita-se o desperdício, tornando o
processo mais eficiente.
86

A implantação de um sistema de gerenciamento ambiental - SGA


constitui numa estratégia para que o empresário, em processo contínuo,
identifique oportunidades de melhoria para a redução de impactos ambientais
gerados dentro da empresa, o que influencia diretamente no custo final do
produto e torna a empresa mais competitiva. Na visão empresarial a gestão
sustentável dos recursos torna-se uma importante ferramenta para administrar
processos onde são utilizados recursos minerais escassos e responder a
sociedade que cobra a preservação desses recursos. No caso da produção das
argamassas industrializadas, a demanda por recursos minerais é muito grande
e esses recursos estão em sua maioria escassos foram necessárias
adaptações nos processos produtivos para melhorar a eficiência no
aproveitamento das matérias-primas e diminuição no consumo de energia.

A tecnologia de Produção Mais Limpa é um exemplo de como os


recursos naturais podem ser utilizados em prol do desenvolvimento
sustentável. Diminuir os desperdícios implica em maior eficiência no processo
industrial e menores investimentos para soluções de problemas ambientais. Em
contrapartida, reduzir a poluição através do uso racional de matérias-prima
significa uma opção ambiental e econômica definitiva.

No Brasil a construção civil vem passando por um processo de


mudança em seus sistemas construtivos, cultural e social. Tratando de forma
mais responsável a utilização dos materiais de construção e recursos
disponíveis. As mudanças também aconteceram nos canteiros de obra, e
principalmente na maneira de lidar com os desperdícios gerados nos canteiros
de obra, assim como na indústria de materiais de construção. A partir dai,
começou a mudança cultural nos canteiros de obra, porém não houve um
investimento mássico em treinamento, para formação da mão de obra. As
construtoras ao adquirir às argamassas industrializadas em substituição as
fabricadas no canteiro não se preocuparam com o impacto que a utilização
desses materiais causaria nas construções e obras civis. Essa mudança
cultural se arrasta desde os anos 70 até os dias atuais, pois as construções
ainda não se adaptaram as novas tecnologias e a industrialização da
87

construção civil. O mercado da construção civil é muito competitivo, exige


obras eficientes e com menos desperdícios.

O desperdício gerado nos canteiros de obras pode chegar a 30%


sem a utilização das argamassas industrializadas, e estes percentuais pode
cair para até 10%, no uso das argamassas industrializadas, que são valores
significativos quando se trata de um mercado competitivo como é o da
construção civil.

Com o advento da Produção Mais Limpa, relativamente ao desenho


dos produtos, busca direcionar o design para a redução dos impactos
negativos do ciclo de vida, desde a extração da matéria- prima até a disposição
final. Em relação aos processos de produção, direciona para a economia de
matéria-prima e energia, a eliminação do uso de materiais tóxicos e a redução
nas quantidades e toxicidade dos resíduos e emissões. O que favorece todas
as etapas nos canteiros de obra e na unidade de produção de argamassas
industrializadas acaba se tornando um diferencial econômico e social, pois
demonstra a preocupação da empresa com o meio ambiente.

O grande desafio da produção sustentável de argamassas


industrializadas é criar mecanismos para o treinamento sistemático da mão de
obra. É criar meios para que a mudança cultural também atinja os pequenos
fabricantes que vivem na informalidade o que favorece o aparecimento das
patologias que encontramos nas edificações e obras civis espalhadas por todo
o Brasil.

A eficiência da indústria de Construção Civil é tão importante para a


nação como o é para o industrial individualmente. Uma indústria competente se
caracteriza por um reduzido volume de desperdício dos recursos localmente
disponíveis, de toda ordem: materiais, humanos, energéticos, financeiros,
temporais.

O setor da Construção Civil em geral e, em particular, o setor da


Construção de Edifícios apresenta hoje, no país, um absurdo desperdício de
recursos, traduzido por uma produtividade destacadamente inferior, quando
comparada à de outros segmentos industriais.
88

O custo social deste desperdício está ainda para ser quantificado,


mas é evidente que ele é demasiadamente alto para um país com carências
tão gritantes quanto o nosso. E, ao permanecer inalterada esta situação (de a
produtividade do setor continuar atrasada em relação à de outros setores).

O mercado da construção civil, querer sistemas de construção


eficientes, que minimizem as manifestações patológicas a partir de problemas
de qualidade em de argamassas simples ou mistas, que facilmente
comprometem o desempenho das edificações, mais é a falta do
comprometimento de alguns fabricantes o responsável por não-conformidades
e retrabalhos nos canteiros de obras, pois faltam pessoal especializado para
controlar a qualidade dos produtos recebidos, só sendo percebidos com a
manifestação e queda de desempenho nas construções.

Já os diferentes tipos de argamassas, são fatores que podem


favorecer o produto apresenta-se fora de especificação, chegando ao mercado
consumidor fora das especificações de qualidade estabelecidas pelas ABNT.
No caso das argamassas colantes o programa setorial TESIS, fiscaliza as
argamassas colantes do tipo ACI, que vão para o varejo.

Os programas setoriais deveriam sofre ampliações para abranger a


variedades de argamassas e produtos afins que são colocadas no mercado da
construção civil.

Uma pesquisa feita em 1995 comprova que os custos de


acompanhamento pós a entrega de uma obra é equivalente a 3 a 5 % do custo
total da obra, podendo em alguns casos ser maior. Os motivos são à grande
diversidade de desperdícios que são originados nas etapas dos projetos,
decorrentes por pessoas não capacitadas e falta de embasamento tecnológico
e conhecimento de sustentabilidade disponível.

A construção civil é tão importante que absorve grande parte do


PIB, por isso a necessidade de manter esse mercado constante, já que a
construção civil é responsável pela ocupação de grande parte da mão-de-obra
desqualificada, além de movimentar toda a cadeia produtiva. A falta de
89

investimentos neste setor pode trazer graves conseqüências à economia do


país.

Nesta pesquisa concluímos que são muitas as fragilidades dos


programas setoriais mantidos pelo governo no que diz respeito ao controle de
qualidade, sustentabilidade e meio ambiente das argamassas industrializadas,
pois não há uma fiscalização efetiva as empresas produtoras de argamassas
industrializadas que estão no mercado, não há também uma fomentação de
informações aos consumidores desses produtos, facilitando a circulação de
produtos não-conformes fora das especificações da ABNT e de fabricantes
desqualificados, sem compromisso com a qualidade. Por isso, que os
problemas ambientais como a degradação de recursos minerais, ambientais
podem causar ineficiência na execução de serviços que utilizam as
argamassas podem ocasionar patologias, perdas de materiais, retrabalho e etc.
São muitas as dificuldades em se estabelecer parâmetros para as perícias
técnicas, pois os problemas podem ocorrer pela falta da qualidade dos
materiais de construção (argamassas industrializadas) pela falta de controle
nos seus processos industriais ou por falta de qualificação da mão de obra.

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