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C O LU N A

CAÇADOR DE CARROS

Comprar carro usado com vistoria cautelar


aprovada pode ser uma fria
Espaço de seminovos na concessionária
Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

Felipe Carvalho 
22/05/2019 07h00

R E S U M O DA N OT Í C I A

Vistoria cautelar não é padronizada por nenhum órgão, tampouco é obrigatória

Mesmo as mais completas, não contemplam avaliações cruciais

Quem acreditar só nesse laudo, pode fazer um péssimo negócio

Nos últimos anos, cresceu de maneira expressiva o número de empresas que


realizam vistorias cautelares. Sabe aquela expressão "tem um em cada
esquina"? É por aí.

Essa vistoria consiste em checar itens importantes num carro usado, que vão
desde a documentação até a parte estrutural do mesmo. Com isso, o
comprador se sente mais seguro no momento da negociação e o vendedor
passa mais credibilidade.

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Considero um serviço importante para quem tem pouco conhecimento para


avaliar um carro, mas alerto que não garante um bom negócio. Nesses 7 anos
procurando e avaliando carros usados para clientes, me deparei com muitos
casos que o vendedor apresentou uma vistoria cautelar aprovada, porém na
minha avaliação o carro foi reprovado.

Isso porque a vistoria cautelar apresenta resultados exatos e não pode


expressar uma opinião subjetiva, algo que eu tenho liberdade para fazer. Tenho
muitas histórias para contar, mas optei por um caso bem claro de carro muito
ruim, porém aprovado em vistoria cautelar.

Foi na avaliação de um Honda City 2011 para um cliente de São Paulo. Ele viu
o carro pessoalmente e gostou, mas preferiu ouvir o que eu tinha para falar do
carro e pediu minha avaliação. Além do laudo cautelar aprovado, o preço
pedido estava bem acima da média. Com essas informações, era de se
esperar no mínimo um bom carro.

Infelizmente não foi o que aconteceu, pois quando cheguei na loja, me deparei
com um carro muito ruim, que eu não compraria nem se estivesse pela metade
do preço.

Alguns itens que vou citar da avaliação até poderiam ser tolerados,
dependendo da negociação, mas a soma deles pesou na reprovação. Tenho
certeza de que o leitor vai concordar comigo.

Para começar, o farol do lado direito tinha uma etiqueta com data de 2014, ou
seja, a peça foi trocada. Isso levanta suspeita de uma colisão, comprovada
quando vi que o para-lamas desse mesmo lado fora removido e refeito por
algum funileiro, que por sinal fez um péssimo trabalho.

Depois notei que os pneus pareciam bons, mas quando cheguei mais perto,
ficou nítido que foram "riscados" por algum borracheiro, ou seja, visualmente
bons, mas fora das especificações de segurança.

Os discos de freio estavam com desgaste além do normal e exigiriam troca


imediata.

Além do para-lamas dianteiro direito que citei, foi observado outros pontos
refeitos na lataria do carro. Vale lembrar que é bem comum reparos em carros
usados, até o meu já passou por isso e fiz questão de registrar no meu canal
do YouTube. Mas nesse City, o trabalho foi feito sem nenhum capricho, talvez
com o menor orçamento possível para apenas "maquiar" o carro no momento
da venda.

Ao entrar no carro, mais decepções. O cheiro era ruim, algo que não consegui
decifrar do que era, mas bastava para ser desagradável ficar lá dentro.

O painel acusava pouco mais de 100 mil km, uma quilometragem boa para um
carro dessa idade. Mas eu olhava para as laterais de porta, os bancos, os
pedais e o volante e eles indicavam uso bem além disso.

Ao checar o manual, notei que faltava justamente o caderno de revisões e


também não tinha nenhum selinho no para-brisa que indicasse no mínimo uma
última troca de óleo.

Com a falta dessas informações e com o notável desgaste interno, não preciso
de nenhuma ferramenta para afirmar que esse carro teve a quilometragem
adulterada. Como não preciso provar isso para ninguém, basta minha opinião
subjetiva para não seguir com o negócio.

Voltando a vistoria cautelar, ali constava um verde e vistoso APROVADO no


canto direito superior. A pessoa que comprar esse carro acreditando apenas
nesse laudo, estará fazendo um péssimo negócio.

Acontece que o vistoriador que aprovou esse carro, não estava de todo errado.
Seguindo normas da empresa que trabalha, observou que a documentação
estava em ordem, que os registros de chassi e motor estavam corretos, que a
estrutura não apresentava nenhum reparo, que não havia qualquer registro de
quilometragem maior que aquela no banco de dados que ele consultou e, por
fim, aprovou o coitado do City. Talvez ele também não tenha gostado do carro,
mas não poderia reprová-lo somente pelo gosto pessoal.

Já eu, seguindo critérios diferentes numa avaliação, posso e devo. Partindo do


princípio que não compraria o carro para mim, o resultado só pode ser a
reprovação, mesmo que o carro atenda critérios que o classifique como apto
para ser comercializado.

Vale dizer, que essas vistorias não são padronizadas por nenhum órgão,
tampouco são obrigatórias. Cada empresa segue um critério de avaliação, o
que permite que os resultados também sejam diferentes. Mesmo as mais
completas, não contemplam avaliações cruciais na compra de um carro
usado, que é a avaliação mecânica e do carro no uso, diferente do que eu faço
em minhas avaliações, onde não posso deixar esses pontos de lado. Assumo o
risco de colocar o carro na rua para ter certeza se o carro serve ou não para o
meu cliente.

A única vistoria obrigatória é a de transferência. Essa não tem como escapar, já


que o Detran da sua cidade vai exigir para transferir o carro para o seu nome.
Ela é mais simples, checa apenas documentos e alguns itens de segurança.

Para finalizar, não questiono a importância das empresas de vistoria, que


certamente contribuem na tomada de decisão, mas exponho esse caso para
que fique claro que você não deve acreditar apenas no que está escrito num
papel, mas sim avaliar o carro além dos critérios apontados.

A importante dica que eu sempre dou, é avaliar o carro acompanhado de


alguém, seja um profissional ou um amigo que entende do assunto. E mesmo
para os que se consideram bons avaliadores, numa compra pessoal, pode ser
traído pelo lado emocional. Sendo assim, não descarte o auxílio de outra
pessoa.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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