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“Quebra-quilos – Um debate historiográfico sobre o levante popular do final do Império.


VIVIANE DE OLIVEIRA LIMA
Universidade Federal Fluminense – UFF.

A Revolta do Quebra-Quilos ocorreu nos anos de 1874 e 1875, nas províncias de


Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas, em reação a medida do Governo
Imperial de implantar o sistema métrico francês, substituindo o antigo sistema de pesos e
medidas no Brasil. A lei foi implantada no ano de 1862 e estabelecia um prazo de dez anos
para que fosse gradativamente substituída. Neste período, a referida lei previa que o ensino do
novo sistema métrico deveria ser feito em escolas primárias, além da distribuição pelo governo
de tabelas de conversão.
Os governantes tinham a intenção de, com esta medida, ordenar e civilizar o território,
porém, os homens livres e pobres do Nordeste não compartilhavam desta idéia, uma vez que,
seu “mundo”, possuía uma ordem própria e eles já estavam familiarizados com o antigo
sistema, que já fazia parte de seus hábitos e costumes.
Desconfiada de que estava sendo roubada e enganada através da conversão de um
sistema de medidas para outro, a população decidiu invadir as feiras e praças para destruir os
instrumentos de medição, passou também a atacar “as câmaras municipais, coletorias e
cartórios para queimar e rasgar documentos públicos relativos a registro de propriedades,
hipotecas e listas de impostos, e assaltaram cadeias para soltar os presos”.1
O sistema substituía pelo quilograma, metro e litro, as “antigas medidas lineares, a
vara, o côvado e a jarda, e as medidas de volume que eram onças, libras e arretéis, com as
quais se quantificavam a carne-seca, o bacalhau e o açúcar. Os líquidos, anteriormente,
mediam-se as canadas e aos quartilhos, e os grãos e a farinha em selamins, quartas e
alqueires”.2 A lei previa um prazo de dez anos para a substituição gradual do sistema, e após
este prazo, foi decretado um conjunto de instruções provisórias para a sua execução como, por
exemplo, prisões ou multas àqueles que insistissem em utilizar o antigo sistema.

1
BASILE, Marcelo Otávio N. de C. “Consolidação e Crise do Império”. In: Maria Yedda Linhares (org.).
História Geral do Brasil. 9ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. Pág. 275.
2
MAIOR, Armando Souto. Quebra-quilos – Lutas sociais no outono do Império. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1978. Págs. 20, 21 e 22.
A revolta ocorreu num momento delicado para o Império, logo após a Guerra do
Paraguai, durante o conflito entre a Igreja e o Estado na chamada Questão Religiosa, crise
econômica e etc. Justamente num período onde o Brasil tentava se firmar como nação, como
país civilizado. A lei de implantação do sistema métrico junto com várias outras medidas,
como a lei de recrutamento militar, por exemplo, são decretadas num esforço dos governantes
de melhor organizar, ordenar e principalmente civilizar e modernizar o país.
A elite imperial, ofuscada pelas luzes da Europa, idealizava um Brasil que não existia e
buscava impor leis, medidas modernizadoras, que em nada eram compartilhadas pelos homens
livres pobres, pelo simples fato, destes viverem no “país real”3, que se opunha a essa imagem
idealizada, de hábitos e costumes vindos da Europa. Esse Brasil representava a carestia do
abastecimento das cidades, a falta de hábitos de higiene aliados à falta de obras públicas,
possuía uma parcela da população destituída e analfabeta, outra ligada por laços de parentesco
e favores pessoais, privilégios e proteções.
O quotidiano da massa de destituídos em nada tinha a ver com o “mundo da boa
sociedade”, que a julgava atrasada em relação ao país ideal. O “mundo da desordem” era a
constante presença desse país real, que em nada se assemelhava às ambições que o “mundo do
governo” tinha para o país, de uma sociedade ordenada e harmônica, que não impedisse seus
desmandos.4
O próprio imperador era influenciado por este país ideal, e tentava por meio da cultura
criar uma identidade para essa sociedade. É em função desse pensamento que Dom Pedro II vê
com bons olhos as instituições criadas ao longo do Império, como o Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, a Academia Imperial de Belas Artes e o Colégio Pedro II, todos
freqüentados pela boa sociedade que compartilhava com ele desse país ideal.
Mesmo dita por alguns autores a Revolta de maior amplitude do Segundo Reinado, a
revolta do Quebra-quilos é pouco estudada e até mesmo desconhecida de muitos. Num esforço

3
NEVES, Lúcia M. B. P. e MACHADO, Humberto F. O Império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1999.
4
As designações dos três mundos do Império: do governo, da desordem e do trabalho, além da classificação de
boa sociedade, foram extraídos de: MATTOS, Ilmar R. O Tempo Saquarema – A Formação do Estado Imperial.
Rio de Janeiro: Access, 1994.

2
de mudar esta realidade e divulgar um pouco mais o assunto, traçaremos um breve debate
historiográfico sobre as causas que levaram esses homens livres e pobres ao conflito.
O trabalho de maior vulto da historiografia brasileira sobre esse tema é chamado
“Quebra-quilos – Lutas sociais no outono do Império”, do historiador Armando Souto Maior.
O autor aborda as possíveis causas da revolta como a Questão Religiosa e a lei de
recrutamento militar que muitas vezes são apontados como as principais causas do levante.
É bem provável, que entre os revoltosos, existissem pessoas insatisfeitas com a postura
do império diante da Igreja e aproveitassem o momento da manifestação para expressar sua
indignação, com gritos de morras à monarquia.
O Governo Imperial realmente achava que a revolta do Quebra-Quilos e a Questão
Religiosa estavam intrinsecamente ligados, e isto pode ser facilmente notado nas falas do
presidente do Conselho, Ministro da Guerra e da Fazenda, Rio Branco. Ao saber das
manifestações, Rio Branco escreve uma carta ao Imperador, relatando os acontecimentos da
Paraíba e dizendo ainda, que o padre Ibiapina parecia ser o possível agitador. “O pretexto é o
recrutamento, os novos pesos e medidas e a Questão Religiosa.”5
O fato é que o governo tentava achar um culpado, uma causa convincente para a
revolta, que não questionasse suas ações. Como a Questão Religiosa estava em ebulição,
natural que os padres nordestinos se tornassem “bodes expiatórios”. Porém, como afirma
Armando Souto Maior, não se pode estabelecer “uma ligação material completa entre o
Quebra-quilos e o clero de modo particular.” A Igreja Católica encontráva-se ressentida sim,
mas a conduta dos padres das regiões onde o movimento aconteceu, eram reações políticas
individuais de caráter local.6
Aliado a isto, há a reação contra a nova lei de serviço militar obrigatório, que era
chamada pelos revoltosos de “lei do cativeiro”, pois a população acreditava ser uma forma de
escravizá-los. É importante notar, que acabávamos de sair da Guerra do Paraguai, e o
recrutamento militar reforçava o medo de uma nova guerra.

5
“Carta ao Imperador de 25 de novembro de 1874” e Cartas do Presidente do Conselho dirigidas ao imperador
Pedro II, Museu Imperial, Petrópolis. Apud: MAIOR, Armando Souto. Op. Cit. Pág. 65.
Padre Ibiapina era um adepto do ultramontanismo, que se colocou contra o Governo Imperial após a Questão
Religiosa.
6
MAIOR, Armando Souto. Quebra-quilos – Lutas sociais no outono do Império. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1978. Pág. 78.

3
O autor atribui as causas da sedição, como ele mesmo se refere à revolta, a esta nova
lei de recrutamento militar, a lei dos pesos e medidas e principalmente contra os impostos
novos ou aumentados.
“No Brasil a reação à cobrança do quinto do ouro é um exemplo
clássico do quanto o fisco é responsável pela dinâmica histórica da
Independência. No Quebra-quilos, o excesso de tributos apresentar-se-á
também como um aspecto importante de sua etiologia, onde aparecerá
paralelamente, o curioso problema da adoção de um novo sistema de
pesos e medidas, que parecia uma simples providência administrativa e
se transformou no seu aspecto mais visível e do qual decorreria, por
extensão, a sua própria designação.”7

De acordo com texto acima, fica claro que o pensamento do autor é de que a revolta
teria ocorrido essencialmente por causa dos impostos, como a maioria das revoltas ocorridas
no Brasil.
Para Hamilton de Mattos Monteiro, outro autor que trata o tema nos livros “Crise
agrária e luta de classes – O Nordeste brasileiro entre 1850 e 1889” e “Nordeste insurgente
(1850-1890)”, a principal causa da revolta foi a crise que o nordeste passava na década de
1870. Os revoltosos viam no Estado a causa de todos os seus males. As sobrecargas fiscais, a
nova lei de recrutamento militar e a de pesos e medidas, enfim, a ação reguladora que o
governo imperial tentou implementar, ocorreu na pior hora, pois a crise da economia
nordestina fez com que a população não agüentasse a situação e reagisse contra ela.
A crise do Império fez com que a revolta tomasse dimensões ainda maiores,
representando toda insatisfação popular contra o Governo. Assim, podemos perceber que
segundo o autor, a população via o Estado como o causador da crise, e da crise se teria
originado a revolta.
“A revolta do quebra-quilos, na verdade, tem suas origens na crise por
que passava a economia nordestina, o problema dos impostos e a nova
lei de recrutamento serviram para acionar a sedição. A isto
acrescentam-se também, o problema de ordem religiosa (a oposição
liberal ante um governo conservador e a prisão de D. Vital) que não só
aproveitaram-se da crise econômica, como também ajudaram a exaltar
os ânimos.”8

7
MAIOR, Armando Souto. Op. cit. Pág. 20.
8
MONTEIRO, Hamilton de Mattos. Nordeste insurgente (1850-1890). São Paulo: Brasiliense, 1987. Págs. 52
e53.

4
De acordo com Monteiro, a crise econômica que assolou o Nordeste era o principal
fator da revolta. Isso porque, segundo seu estudo, no período de 1850 a 1889, a região passou
por uma sucessão de crises causadas pelos “problemas ligados à produção em si, à
comercialização e às condições climáticas.”9
O comércio de exportação, tanto de açúcar, quanto de algodão sofriam forte
concorrência estrangeira, uma vez que a Inglaterra desenvolvia a produção de açúcar de
beterraba e os Estados Unidos a produção de algodão. O solo dava sinais de desgaste, devido
às secas dos anos de 1851, 1853, 1855, 1856, 1859, além da grande seca que se estendeu de
1869 a 1870. Aliado a isto, temos grandes períodos de estiagem seguidos de chuvas
intermitentes que prejudicavam a produção.10
Outro autor que concorda com esta idéia é Henrique Augusto Millet, porém seu estudo
é contemporâneo aos acontecimentos. Na época da revolta, Millet era jornalista em Recife e
em 1876 suas publicações nos jornais foram reunidas em um livro chamado “Os Quebra-kilos
e a crise da lavoura.”
O jornalista acompanhava de perto a crise pela qual a lavoura passava, e julgava ser
esta a principal causa do conflito. Por conta disso, Millet também descartava a possibilidade
de influência política ou religiosa, já que estes, segundo ele, conheciam de sobra à
impossibilidade de lutar contra o Governo e não se comprometeriam sem proveito. O que não
impede que um ou outro mais exaltado tenha por vezes insuflado os sediciosos. Porém,
segundo o autor:
“A sedição Quebra-kilos tem raízes mais profundas; nasce do mao estar
das nossas populações do Interior; mao estar de que não pode duvidar
quem se acha em contato com ellas, e preende-se pelos laços mais
evidentes á tremenda crise pela qual está passando a nossa Agricultura, e
a das nossas vizinhas do norte e do sul, desde que a alça do cambio, junta
a falta de credito sufficiente e a juro razoável, há tornado o preço dos
nossos principaes gêneros de exportação inferior as mais das vezes ao
custo da producção.”11

9
MONTEIRO, Hamilton de Mattos. Crise Agrária e luta de classes: O Nordeste brasileiro entre 1850 e 1889.
Brasília: Horizonte, 1980. Pág. 43.
10
Idem, ibidem. Págs. 39 a 49.
11
MILLET, Henrique Augusto. Os quebra-kilos e a crise da lavoura. Recife: Typografia do Jornal do Recife,
1876. Pág. 2.

5
Henrique A. Millet também chama atenção para o alto valor dos impostos de aferição
de pesos e medidas, que só tinha de real a exigência pecuniária, pois na maioria das vezes “os
pesos e medidas não são sujeitos a confrontação alguma com os padrões legais:
principalmente hoje que nem os próprios vereadores, e com maioria de razão os aferidores,
sabem utilizar-se de padrões (especialmente os de medidas para secos e líquidos) remettidos
pelo Governo sem as necessárias explicações.”12
Esta afirmação nos permite perceber que as reivindicações dos sediciosos contra o
sistema métrico eram pertinentes, uma vez que eles realmente poderiam ser vítimas de roubos,
pois os instrumentos de medição não eram devidamente inspecionados e o Governo não
cumpria com uma das determinações da lei, que era de distribuir tabelas de conversão e
explicações sobre o novo sistema.
Geraldo Irineo Joffily no livro “O Quebra-quilo – A revolta dos matutos contra os
doutores – 1874”, faz um estudo sobre a revolta ressaltando seu caráter popular e a
insatisfação do povo com os governantes, ou melhor, com os doutores como ele chamava.
Joffily faz um mapeamento das condições econômicas do Nordeste, das condições de
vida dos homens livres pobres, que ele chamava de matutos e das revoltas anteriores, como a
que ocorreu em 1852 contra o registro de nascimentos e óbitos, para depois abordar o Quebra-
quilos, mostrando o contexto do conflito.
Assim como os outros autores, analisa e descarta o envolvimento da Questão Religiosa
na revolta e acredita que os motivos que levaram ao movimento, foram: a lei de recrutamento
militar, o “imposto do chão”, imposto cobrado pelo chão das feiras, mas enfatiza que o fator
que desencadeia a revolta é a mudança do sistema de pesos e medidas. Quanto a destruição de
arquivos e papéis diz o autor, que “era a desforra natural das vítimas de um aparelho
burocrático emperrado e despótico”13, discordando daqueles que julgavam os revoltosos
ignorantes e inconscientes.
Um fator importante de seu trabalho é que chama a atenção para presença de escravos
na revolta. Segundo Joffily, os escravos buscavam a liberdade por meios legais, uma vez que a
Lei do Ventre Livre havia criado um fundo de emancipação que libertaria alguns escravos

12
Idem, ibidem. Pág. 32. É importante notar que o advérbio de tempo, hoje, refere-se ao tempo em que o texto foi
escrito, e não aos dias atuais.
13
JOFFILY, Geraldo Irineo. O Quebra-Quilo – A Revolta dos matutos contra os doutores – 1874. Brasília:
Thesaurus, 1977. Pág. 56.

6
anualmente e previa que os escravos com condições de pagar seu preço, tinham direito a
comprar sua alforria. Portanto, entraram na luta na tentativa de que essas determinações
fossem cumpridas.
Já Simão Patrício Netto num artigo chamado “A sedição dos Quebra-kilos”, publicado
pela Revista do Instituto Histórico Paraybano, em 1928, diz que a origem principal do levante
foi o estabelecimento do padrão de pesos e medidas.
Apesar de ter um olhar preconceituoso sobre os revoltosos, chamando-os de atrasados,
sendo este o motivo de não permitirem inovações como a mudança para o sistema métrico, é o
único que percebe na revolta um caráter patriótico, além de citar que estas inovações viriam
em detrimento aos supostos direitos consuetudinários.
Preconceituoso ou não, o autor levanta a hipótese dos sediciosos estarem lutando pela
permanência de seus costumes e valores há muito adquiridos e que, portanto, faziam parte de
seu cotidiano. A mudança representava um rompimento muito brusco com as práticas do seu
dia-a-dia, e a interferência direta do Governo em suas vidas.
“Os nossos camponezes estavam acostumados a medida de vara, com
bitola de cinco palmos; feitas em oitavados de madeira de lei, de
preferência a sucupira e frei Jorge, facilmente aferível a mão de cada
qual; com a libra de 450 grammas equivalente ao peso de alguns
dobrões de quarenta réis, - o popularíssimo gabão de cobre, e com as
indefectíveis e immutaveis tigellas portuguezas.”14

Todos os autores concordam, porém, com o caráter violento da repressão à revolta.


“A repressão foi considerada pela historiografia como extremamente
violenta. Podemos distinguir nela duas etapas diferentes: numa primeira,
a sugestão do emprego de “meios suasórios e brandos”, com a
demonstração da verdade.”15

“Numa Segunda etapa passaram ao emprego de medidas “enérgicas”


com a exemplar punição dos autores e coniventes.”16

14
NETTO, Simão Patrício. A sedição dos Quebra-kilos. Revista do Instituto Histórico Paraybano, vol. 6, 1928.
Pág. 69.
15
MONTEIRO, Hamilton de M. Nordeste insurgente (1850-1890). São Paulo: Brasiliense, 1987. Pág. 69.
16
Idem, ibidem. Pág. 70.

7
Essa punição exemplar chamava-se de “coletes de couro”, uma punição criada pelo
capitão das forças armadas Longuinho, que coordenou os trabalhos de repressão. E consistia
no seguinte:
“Amarrados os prisioneiros, eram, em seguida, metidos em grosseiros
coletes de couro cru; ao ser molhado, o couro encolhia-se, comprimindo
o tórax das vítimas, quase asfixiando-as.”17

É assim, de forma extremamente violenta que as reivindicações dos quebra-quilos, por


continuidade de suas tradições, são reprimidas e encerradas.
Os quebra-quilos foram na verdade um exemplo ímpar de contestação às medidas
implementadas pela Coroa, num período em que as agitações contra o governo começavam a
despontar.
Finalizando, gostaríamos de frisar que esta pesquisa se embasa teoricamente no estudo
do historiador E. P. Thompson, uma vez que ele rejeita a concepção de que revoltas populares
aconteceriam simplesmente como reação a estímulos econômicos ou que determinadas
revoltas ocorreriam unicamente por causa da fome, o que, segundo ele, seria o mesmo que
dizer que se tratava de uma reação instintiva. Para Thompson, o que legitimaria uma revolta
era a defesa de direitos e costumes tradicionais, compartilhados pela comunidade.
Esta pesquisa vem mostrar que os revoltosos lutavam contra um Estado que os
oprimia, naquilo que eles tinham de maior valor, os costumes. Aliado às reivindicações contra
o aumento de impostos, os quebra-quilos destruíram inúmeros instrumentos de medição do
novo sistema, que representavam materialmente a tirania do governo imperial.
Mesmo assim, foram estupidamente reprimidos. E hoje podemos notar que “o maior
mal que causarão foi a destruição de documentos preciosos com a incineração de muitos
archivos públicos.”18

Bibliografia:

BASILE, Marcelo Otávio N. de C. “Consolidação e Crise do Império”. In: Maria Yedda


Linhares (org.). História Geral do Brasil. 9ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

17
MAIOR, Armando S. Op. cit. Pág. 33
18
Arquivo Nacional. Publicações Históricas do Archivo Nacional. Nº 34. Rio de Janeiro, 1937. Pág. 164.

8
CARVALHO, José Murilo de. Pontos e Bordados: Escritos de história e política. Belo
Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
EISENBERG, Peter L. Modernização sem Mudança – A indústria açucareira em
Pernambuco: 1840/1910. Rio de Janeiro: Paz e Terra; Campinas: Universidade Estadual
de Campinas, 1977.
FAUSTO, Bóris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001.
JOFFILY, Geraldo Irineo. O Quebra-Quilo – A Revolta dos matutos contra os doutores –
1874. Brasília: Thesaurus, 1977.
MAIOR, Armando Souto. Quebra-quilos – Lutas sociais no outono do Império. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1978.
MATTOS, Ilmar R. O Tempo Saquarema – A Formação do Estado Imperial. Rio de Janeiro:
Access, 1994.
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Brasiliense, 1987.
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Horizonte, 1980.
MILLET, Henrique Augusto. Os quebra-kilos e a crise da lavoura. Recife: Typografia do
Jornal do Recife, 1876.
NEVES, Lúcia M. B. P. e MACHADO, Humberto F. O Império do Brasil. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1999.
NETTO, Simão Patrício. A sedição dos Quebra-kilos. Revista do Instituto Histórico
Paraybano, vol. 6, 1928.
RUDÉ, George. A multidão na história. Rio de Janeiro: Campus, 1991.
______. Ideologia e protesto popular. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 1980.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos.
São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
THOMPSON, E. P. Costumes em comum: Estudos sobre a cultura popular tradicional. São
Paulo: Companhia das Letras, 1998.
VAINFAS, Ronaldo. “História das mentalidades e História Cultural.” In: CARDOSO, Ciro F.
& VAINFAS, Ronaldo. (org.). Domínios da história: ensaios de teoria e metodologia. Rio
de Janeiro: Campus, 1997.

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