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Autora
Vânia Konell
Organização
Elisabeth Penzlien Tafner
Meike Marly Schubert
Sonia Adriana Weege
Tatiana Milani Odorizzi
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Letícia Vitorino Jorge
Revisão
Joice Carneiro Werlang
José Roberto Rodrigues
Cidadania e Sociedade 1
CULTURA E ARTE
Ementa
1 INTRODUÇÃO
A cultura e a arte são áreas que interagem entre si e com as demais áreas de
conhecimento. Estudar, pesquisar e refletir sobre as diferentes culturas e suas manifestações
artísticas possibilita a compreensão da vida e das relações entre os sujeitos no meio social. A
cultura, assim como a arte, é dinâmica, vai mudando conforme o tempo e o espaço. A cultura
e a arte devem ser estudadas a partir de três concepções: erudita, popular e de massa.
E, por último, a cultura popular, que está relacionada ao que pertence à maioria do povo
e que não é ensinada necessariamente em espaços formais de educação. É a definição de
várias áreas de conhecimento, como: folclore, dança, música, festa, literatura, arte, artesanato
etc. O conhecimento da cultura popular é passado de geração a geração.
2 CULTURA
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2 Cidadania e Sociedade
Cultura é uma construção histórica, seja como concepção, seja como dimensão do processo
social. Ou seja, a cultura não é algo natural, não é decorrência de leis físicas e biológicas. Ao
contrário, a cultura é produto coletivo da vida humana. Isso se aplica não apenas à percepção da
cultura, mas também à sua relevância, à importância que passa a ter. Aplica-se ao conteúdo de
cada cultura particular, produto da história de cada sociedade. Cultura é um território bem atual
das lutas sociais por um destino melhor. É uma realidade e uma concepção que precisam ser
apropriadas em favor do progresso social e da liberdade, em favor da luta contra a exploração
de uma parte da sociedade por outra, em favor da superação da opressão e da desigualdade.
São os valores culturais que identificam um povo, uma comunidade e cada pessoa. É
através da cultura que se pode observar e caracterizar a história de vida, os costumes, as crenças
e os hábitos de um determinado grupo social.
José Luiz dos Santos (2006, p. 7) descreve que a cultura é uma preocupação do mundo
atual, buscando “entender os caminhos que conduziram os grupos humanos às suas relações
presentes e suas perspectivas de futuro”. O autor, quando relata cultura e diversidade, descreve que:
Nesse sentido, Eduardo David de Oliveira (2006, p. 155) se manifesta dizendo que “o
homem é um ser cultural. A cultura é construída, forjada de acordo com os acontecimentos da
história e criada a partir das contingências, sempre muito singulares, das comunidades humanas”.
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A partir de então, o termo cultura passa a ter uma abrangência que não possuía
antes, sendo agora entendida como produção e criação da linguagem, da religião,
da sexualidade, dos instrumentos e das formas do trabalho, das formas da habi-
tação, do vestuário e da culinária, das expressões de lazer, da música, da dança,
dos sistemas de relações sociais, particularmente os sistemas de parentesco ou a
estrutura da família, das relações de poder, da guerra e da paz, da noção de vida
e morte. A cultura passa a ser compreendida como o campo no qual os sujeitos
humanos elaboram símbolos e signos, instituem as práticas e os valores, definem
para si próprios o possível e o impossível, o sentido da linha do tempo (passado,
presente e futuro), as diferenças no interior do espaço (o sentido do próximo e
do distante, do grande e do pequeno, do visível e do invisível), os valores como
o verdadeiro e o falso, o belo e o feio, o justo e o injusto, instauram a ideia de lei,
e, portanto, do permitido e do proibido, determinam o sentido da vida e da morte
e das relações entre o sagrado e o profano.
Quando aplicada ao nosso estilo de vida, ao convívio social, nada tem a ver
com a leitura de um livro ou aprender a tocar um instrumento, por exemplo. Na
realidade, o trabalho do antropólogo, estudioso da cultura humana, começa pela
investigação de culturas, ou seja, pelo modo de vida, padrões de comportamento,
sistema de crenças, que são características de cada sociedade. Noutras pala-
vras, pode-se dizer que nenhuma sociedade, nenhum povo, seja ele atrasado ou
desenvolvido, primitivo ou civilizado, jamais agirá de forma idêntica aos demais.
Poderá haver, isto sim, algumas semelhanças.
A cultura pode ser entendida como importante agente para debater o estar e ser no
mundo, que é entendido como um movimento que está intimamente ligado a tudo e a todos os
aspectos sociais, culturais, históricos e filosóficos. Segundo José Luiz dos Santos (1996, p. 8),
“cada realidade cultural tem sua lógica interna, que devemos conhecer para que façam sentido
suas práticas, costumes, concepções e as transformações pelas quais passam”.
Cada povo, cada região tem suas especificidades culturais que compreendem a sua
forma de pensar e de agir evidenciando a diversidade cultural existente. A partir da diversidade
cultural compreende-se a identidade cultural de cada povo. Para Oliveira (2006, p. 84): “a
identidade se constrói com relação à alteridade. Com aquilo que não sou eu. É diante da
diferença do outro que a minha diferença aparece”. Diferentes nações, etnias, identidades
regionais, comunidades ou outros tipos de grupos sociais organizam e dão sentido à sua
existência.
O Brasil, por exemplo, apresenta uma diversidade cultural ampla, pois é resultado de
uma miscigenação étnica e cultural, principalmente dos povos indígenas, africanos e europeus.
Esta miscigenação se dá devido ao processo histórico que ocorreu no Brasil.
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da educação básica. A lei tem como propósito o conhecimento desses dois grupos étnicos, tais
como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas
no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira, o negro e o índio na formação da sociedade
nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes
à história do Brasil.
3 ARTE
“A ciência descreve as coisas como são: a arte, como são sentidas, como se sente
que são”. Fernando Pessoa (1986)
Desde a pré-história o ser humano está cercado de fenômenos artísticos, como desenho,
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gravura, pintura, dança, escultura, música, literatura, entre outros. Atualmente percebe-se uma
grande variedade de práticas artísticas que permeiam o universo cultural, que circundam entre
as várias linguagens artísticas, como: artes visuais, artes cênicas, dança e música. Ao refletir
sobre a arte, alguns questionamentos surgem: O que é arte? Que tipo de arte conhecemos?
A arte tem alguma função?
O homem primitivo, por exemplo, precisou criar objetos que correspondessem a suas
necessidades de sobrevivência, representando por meio de desenhos nas cavernas os seus
anseios para suas caçadas. A partir da concepção de arte primitiva, Marilena Chauí (2008, p.
403) questiona sobre o “que dizem os desenhos nas paredes da caverna”. A autora afirma que “o
mundo é visível, e para ser visto é que o artista dá a ver o mundo”. Com isso, a arte inicialmente
teve aspecto de utilidade. Mas com o passar do tempo, os utensílios e as representações
começaram a ser criados pelo prazer em si, desvinculando da ideia unicamente de utilidade.
Assim, a arte surge com novas compreensões, como cita Marilena Chauí (2003, p.
406-407):
O belo para a arte passa a ser concebido pela experiência artística. A partir da abordagem
do belo ou juízo do gosto, a arte também é estudada por uma disciplina filosófica que é conhecida
como estética. A palavra estética é a tradução da palavra grega aesthesis, que significa
conhecimento sensorial, experiência e sensibilidade. A estética estuda as sensações que a
arte provoca no ser humano, desde sensações boas até sensações que causam desconforto,
inquietude, aflição etc.
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A arte é muitas coisas. Uma das coisas que a arte é, parece, é uma transfor-
mação simbólica do mundo. Quer dizer: o artista cria um mundo outro – mais
bonito ou mais intenso ou mais significativo, ou mais ordenado – por cima
da realidade imediata [...]. Naturalmente, esse mundo do outro que o artista
cria ou inventa nasce de sua cultura, de sua experiência de vida, das ideias
que ele tem na cabeça, enfim, de sua visão de mundo [...]. (GULLAR, apud
CHAUÍ, 2003, p. 271).
A palavra arte deriva do latim ars, artis, que significa profissão ou habilidade natural ou
adquirida. Também corresponde ao termo grego tékhne, “técnica”, que significa “toda atividade
humana submetida a regras em vista da fabricação de alguma coisa” (CHAUÍ, 2003, p. 275).
Este conceito também se tem na cultura greco-romana, que significava ofício. Assim, a primeira
definição da arte estava ligada ao propósito de fazer ou produzir. A segunda definição de arte
é compreendida como conhecimento, visão ou contemplação, isto significa que a obra pode
retratar aspectos históricos, sociais e educativos. Já a terceira definição está ligada à arte como
expressão, que é uma experiência com o sensível.
A partir destas abordagens, percebe-se que é difícil um conceito definitivo para responder
o que é arte. Pois a arte se transforma, se modifica de acordo com o contexto cultural no qual
está inserida.
A obra Mona Lisa, criada pelo artista do Renascimento Leonardo da Vinci, é tida como
um exemplo de obra de arte que é conhecida por grande parte da população mundial. Seu
misterioso sorriso é pesquisado e admirado por muitos.
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Foi com o princípio de repensar o sentido de arte do seu tempo que Duchamp colocou
em questão o que seria arte. Isto leva a pensar que conceituar arte não é definitivo, uma vez
que cada um pode conceber a obra de uma forma.
Chauí (2003, p. 403) descreve que “a obra de arte dá a ver, a ouvir, a sentir, a pensar, a
dizer. Nela e por ela, a realidade se revela como se jamais a tivéssemos visto, ouvido, sentido,
pensado ou dito”. Assim, para a autora (2003, p. 407), as artes na atualidade tornam-se:
Trabalho da expressão e mostram que, desde que surgiram pela primeira vez,
foram inseparáveis da ciência e da técnica. Assim, por exemplo, a pintura e a arquitetura da
Renascença são incompreensíveis sem a matemática e a teoria da harmonia e das proporções;
a pintura impressionista, incompreensível sem a física e a óptica, isto é, sem a teoria das cores
etc. A novidade está no fato de que, agora, as artes não ocultam essas relações, os artistas
se referem explicitamente a elas e buscam nas ciências e nas técnicas respostas e soluções
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Nesta abordagem a arte parte para a construção de um sentido novo (a obra) e o institui
como parte da cultura. Segundo Chauí (2008), “o artista é um ser social que busca exprimir seu
modo de estar no mundo na companhia dos outros seres humanos, reflete sobre a sociedade,
volta-se para ela, seja para criticá-la, seja para afirmá-la, seja para superá-la”.
A obra Guernica, pintada pelo artista do Cubismo, Pablo Picasso, propaga o sentido da
arte enquanto expressão, pois revela na obra o sentido da dor, do belo, do terrível, do sublime,
ou seja, mostra por meio da arte o sentido da cultura e da história na vida em sociedade. Esta
obra retratou o bombardeio que a cidade espanhola Guernica sofreu por aviões alemães.
Pintura a óleo. 349 cm x 776 cm. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia.
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Guernica_%28quadro%29#/media/File:Mural_
del_Gernika.jpg>. Acesso em: 20 maio 2015
Nota-se que a arte é uma ciência do conhecimento que representa um elo entre o
passado, presente e o futuro, pois demonstra o pensar, o agir e todos os aspectos culturais
existentes desde o homem primitivo até o homem contemporâneo.
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Nos dias atuais a arte contemporânea está associada à indústria cultural, apropriando-se
da tecnologia e das interferências da mídia, fazendo parte da cultura de massa. Os meios de
comunicação, como a televisão, fotografia, cinema, internet, rádio e redes sociais fazem com
que o conhecimento artístico seja divulgado com maior facilidade e rapidez, de forma acessível
a grande parte da população.
A artista canadense Jana Sterbak fez uma exposição, em 1987, causando polêmica
por mostrar que o corpo humano, por mais bem vestido e arrumado que esteja, não passa de
carne e osso.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALDAS, Waldenyr. O que todo cidadão precisa saber sobre cultura. São Paulo:
Global, 1986.
SANTOS, José Luiz dos. 1949 – O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 2006.
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