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CIDADANIA E SOCIEDADE

Tema: Cultura e Arte


CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br

Curso sobre Cidadania e Sociedade


Centro Universitário Leonardo da Vinci

Autora
Vânia Konell

Organização
Elisabeth Penzlien Tafner
Meike Marly Schubert
Sonia Adriana Weege
Tatiana Milani Odorizzi

Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch

Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a Distância


Prof.ª Francieli Stano Torres

Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância


Prof. Hermínio Kloch

Diagramação e Capa
Letícia Vitorino Jorge

Revisão
Joice Carneiro Werlang
José Roberto Rodrigues
Cidadania e Sociedade 1

CULTURA E ARTE

Ementa

Conceitos de cultura e arte.

1 INTRODUÇÃO

A cultura e a arte são áreas que interagem entre si e com as demais áreas de
conhecimento. Estudar, pesquisar e refletir sobre as diferentes culturas e suas manifestações
artísticas possibilita a compreensão da vida e das relações entre os sujeitos no meio social. A
cultura, assim como a arte, é dinâmica, vai mudando conforme o tempo e o espaço. A cultura
e a arte devem ser estudadas a partir de três concepções: erudita, popular e de massa.

A cultura erudita é aquela proveniente de estudos, pesquisas e que geralmente está


associada às instituições acadêmicas, por se tratar de um processo de legitimação. A arte está
associada a esta área, pois envolve a compreensão de conhecimentos artísticos, históricos,
filosóficos e sociais. Assim, a arte erudita, também conhecida como a de vanguarda, é concebida
conhecendo lugares como galerias de arte, exposições e museus, bem como toda a estrutura
e dinâmica de mediação que ocorrem entre os locais e o espectador, propondo humanização
dos sentidos.

Já a cultura de massa surge com as novas tecnologias e com os meios de comunicação,


como: jornais, televisão, rádio, cinema, música, internet, entre outros. A cultura de massa tem
relação com o consumismo, devido à influência que a mídia exerce. A arte está relacionada
à cultura de massa, devido à tecnologia utilizada e à grande quantidade de signos criados.

E, por último, a cultura popular, que está relacionada ao que pertence à maioria do povo
e que não é ensinada necessariamente em espaços formais de educação. É a definição de
várias áreas de conhecimento, como: folclore, dança, música, festa, literatura, arte, artesanato
etc. O conhecimento da cultura popular é passado de geração a geração.

Desta forma, caro acadêmico, convidamos você para primeiramente compreender a


cultura e a arte e como essas áreas de conhecimento interagem com o meio social.

2 CULTURA

A cultura é um aspecto social mutante em constante questionamento, pois é considerada


por muitos pesquisadores como representação da intervenção da sociedade nos ambientes, sendo
por isso difícil de conceituar.

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Para José Luiz dos Santos (1949, p. 45):

Cultura é uma construção histórica, seja como concepção, seja como dimensão do processo
social. Ou seja, a cultura não é algo natural, não é decorrência de leis físicas e biológicas. Ao
contrário, a cultura é produto coletivo da vida humana. Isso se aplica não apenas à percepção da
cultura, mas também à sua relevância, à importância que passa a ter. Aplica-se ao conteúdo de
cada cultura particular, produto da história de cada sociedade. Cultura é um território bem atual
das lutas sociais por um destino melhor. É uma realidade e uma concepção que precisam ser
apropriadas em favor do progresso social e da liberdade, em favor da luta contra a exploração
de uma parte da sociedade por outra, em favor da superação da opressão e da desigualdade.

Nesta perspectiva, a cultura é considerada como um movimento humano decorrente da


convivência em grupo e da interação social. Portanto, é necessária a percepção das especificidades
de cada grupo cultural, para com elas observar e descobrir os signos existentes em busca da
identidade de cada povo.

São os valores culturais que identificam um povo, uma comunidade e cada pessoa. É
através da cultura que se pode observar e caracterizar a história de vida, os costumes, as crenças
e os hábitos de um determinado grupo social.

FONTE: Disponível em: <http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/


viewFile/1038/791>. Acesso em: 8 jun. 2015

José Luiz dos Santos (2006, p. 7) descreve que a cultura é uma preocupação do mundo
atual, buscando “entender os caminhos que conduziram os grupos humanos às suas relações
presentes e suas perspectivas de futuro”. O autor, quando relata cultura e diversidade, descreve que:

O desenvolvimento da humanidade está marcado por contatos e conflitos entre


modos diferentes de organizar a vida social, de se apropriar dos recursos naturais
e transformá-los, de conceber a realidade e expressá-la. A história registra com
abundância as transformações por que passam as culturas, mais frequentemen-
te por ambos os motivos. Por isso, ao discutirmos sobre cultura, temos sempre
em mente a humanidade em toda a sua riqueza e multiplicidade de formas de
existência. São complexas as realidades dos agrupamentos humanos
e as características que os unem e diferenciam, e a cultura as expressa.

Nesse sentido, Eduardo David de Oliveira (2006, p. 155) se manifesta dizendo que “o
homem é um ser cultural. A cultura é construída, forjada de acordo com os acontecimentos da
história e criada a partir das contingências, sempre muito singulares, das comunidades humanas”.

A compreensão de cultura é extremamente complexa, pois recebe novas definições


com o passar do tempo, mas a partir da segunda metade do século XX cria-se uma concepção
ampliada de cultura, como descreve Marilena Chauí (2008, p. 57):

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A partir de então, o termo cultura passa a ter uma abrangência que não possuía
antes, sendo agora entendida como produção e criação da linguagem, da religião,
da sexualidade, dos instrumentos e das formas do trabalho, das formas da habi-
tação, do vestuário e da culinária, das expressões de lazer, da música, da dança,
dos sistemas de relações sociais, particularmente os sistemas de parentesco ou a
estrutura da família, das relações de poder, da guerra e da paz, da noção de vida
e morte. A cultura passa a ser compreendida como o campo no qual os sujeitos
humanos elaboram símbolos e signos, instituem as práticas e os valores, definem
para si próprios o possível e o impossível, o sentido da linha do tempo (passado,
presente e futuro), as diferenças no interior do espaço (o sentido do próximo e
do distante, do grande e do pequeno, do visível e do invisível), os valores como
o verdadeiro e o falso, o belo e o feio, o justo e o injusto, instauram a ideia de lei,
e, portanto, do permitido e do proibido, determinam o sentido da vida e da morte
e das relações entre o sagrado e o profano.

Na perspectiva de cultura como aprendizagem de saberes cotidianos é fundamental que


se traga a posição de Waldenyr Caldas (1986, p. 13), ao dizer que o pensamento humano cria
o modo de vida, os costumes e as regras, dizendo que a cultura:

Quando aplicada ao nosso estilo de vida, ao convívio social, nada tem a ver
com a leitura de um livro ou aprender a tocar um instrumento, por exemplo. Na
realidade, o trabalho do antropólogo, estudioso da cultura humana, começa pela
investigação de culturas, ou seja, pelo modo de vida, padrões de comportamento,
sistema de crenças, que são características de cada sociedade. Noutras pala-
vras, pode-se dizer que nenhuma sociedade, nenhum povo, seja ele atrasado ou
desenvolvido, primitivo ou civilizado, jamais agirá de forma idêntica aos demais.
Poderá haver, isto sim, algumas semelhanças.

A cultura pode ser entendida como importante agente para debater o estar e ser no
mundo, que é entendido como um movimento que está intimamente ligado a tudo e a todos os
aspectos sociais, culturais, históricos e filosóficos. Segundo José Luiz dos Santos (1996, p. 8),
“cada realidade cultural tem sua lógica interna, que devemos conhecer para que façam sentido
suas práticas, costumes, concepções e as transformações pelas quais passam”.

Cada povo, cada região tem suas especificidades culturais que compreendem a sua
forma de pensar e de agir evidenciando a diversidade cultural existente. A partir da diversidade
cultural compreende-se a identidade cultural de cada povo. Para Oliveira (2006, p. 84): “a
identidade se constrói com relação à alteridade. Com aquilo que não sou eu. É diante da
diferença do outro que a minha diferença aparece”. Diferentes nações, etnias, identidades
regionais, comunidades ou outros tipos de grupos sociais organizam e dão sentido à sua
existência.

O Brasil, por exemplo, apresenta uma diversidade cultural ampla, pois é resultado de
uma miscigenação étnica e cultural, principalmente dos povos indígenas, africanos e europeus.
Esta miscigenação se dá devido ao processo histórico que ocorreu no Brasil.

Assim, a educação no Brasil estabeleceu, nas diretrizes e bases da educação nacional,


a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar

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da educação básica. A lei tem como propósito o conhecimento desses dois grupos étnicos, tais
como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas
no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira, o negro e o índio na formação da sociedade
nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes
à história do Brasil.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em seu documento, também descrevem


sobre Pluralidade Cultural, explicando que o estudo das diferentes culturas deve contribuir
para a formação de uma nova mentalidade, onde toda forma de discriminação e exclusão seja
superada, proporcionando ao povo brasileiro “uma vivência plena de sua cidadania” (BRASIL,
1997, p. 13).

Tal perspectiva vem ao encontro da necessidade de ampliar o conhecimento cultural,


com o propósito de banir aspectos de enxergar apenas a sua cultura específica. A partir da
concepção de que o ser humano apenas considera o seu modo de vida como o “mais correto”
e “melhor”, assim, ele age em uma lógica do etnocentrismo. De acordo com Meneses (1999,
p. 13):

Etnocentrismo é um preconceito que cada sociedade ou cada cultura produz, ao mes-


mo tempo em que procura incutir, em seus membros, normas e valores peculiares. Se sua
maneira de ser e proceder é a certa, então as outras estão erradas, e as sociedades que
as adotam constituem ‘aberrações’. Assim, o etnocentrismo julga os outros povos e culturas
pelos padrões da própria sociedade, que servem para aferir até que ponto são corretos e hu-
manos os costumes alheios. Desse modo, a identificação de um indivíduo com sua sociedade
induz à rejeição das outras.

Por meio do conhecimento da diversidade cultural é possível distanciar pensamentos


etnocêntricos que promovem o preconceito. Entende-se que conhecendo a cultura do outro em
um contexto de diversidade pode-se identificar e valorizar cada movimento cultural de forma
a promover uma vivência plena com respeito e ética social. Entende-se que conhecendo a
cultura do outro em um contexto de diversidade se pode identificar e valorizar cada movimento
cultural, de forma a distanciar preconceitos e desigualdades.

3 ARTE

“A ciência descreve as coisas como são: a arte, como são sentidas, como se sente
que são”. Fernando Pessoa (1986)

Desde a pré-história o ser humano está cercado de fenômenos artísticos, como desenho,

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gravura, pintura, dança, escultura, música, literatura, entre outros. Atualmente percebe-se uma
grande variedade de práticas artísticas que permeiam o universo cultural, que circundam entre
as várias linguagens artísticas, como: artes visuais, artes cênicas, dança e música. Ao refletir
sobre a arte, alguns questionamentos surgem: O que é arte? Que tipo de arte conhecemos?
A arte tem alguma função?

O homem primitivo, por exemplo, precisou criar objetos que correspondessem a suas
necessidades de sobrevivência, representando por meio de desenhos nas cavernas os seus
anseios para suas caçadas. A partir da concepção de arte primitiva, Marilena Chauí (2008, p.
403) questiona sobre o “que dizem os desenhos nas paredes da caverna”. A autora afirma que “o
mundo é visível, e para ser visto é que o artista dá a ver o mundo”. Com isso, a arte inicialmente
teve aspecto de utilidade. Mas com o passar do tempo, os utensílios e as representações
começaram a ser criados pelo prazer em si, desvinculando da ideia unicamente de utilidade.

Assim, a arte surge com novas compreensões, como cita Marilena Chauí (2003, p.
406-407):

A distinção entre artes da utilidade e artes da beleza acarretou uma separa-


ção entre técnica (o útil) e arte (o belo), levando à imagem da arte como ação
individual espontânea, vinda da sensibilidade e da fantasia do artista como
gênio criador. Enquanto o técnico é visto como aplicador de regras e receitas
vindas da tradição ou da ciência, o artista é visto como dotado de inspiração,
entendida como uma espécie de iluminação interior e espiritual misteriosa,
que leva o gênio a criar a obra.

O belo para a arte passa a ser concebido pela experiência artística. A partir da abordagem
do belo ou juízo do gosto, a arte também é estudada por uma disciplina filosófica que é conhecida
como estética. A palavra estética é a tradução da palavra grega aesthesis, que significa
conhecimento sensorial, experiência e sensibilidade. A estética estuda as sensações que a
arte provoca no ser humano, desde sensações boas até sensações que causam desconforto,
inquietude, aflição etc.

A partir das manifestações artísticas criadas desde a pré-história até a contemporaneidade,


percebe-se que diferentes povos culturais criam suas particularidades artísticas, como é o caso,
por exemplo, das culturas indígenas. Os povos indígenas, devido aos saberes ancestrais,
se apropriam de elementos da sua etnia para conceber o belo por meio das manifestações
culturais. A pintura corporal dos povos indígenas tem representação ritualística, desta forma,
cada sociedade assume um significado artístico diferente, como é o caso da pintura corporal
na atualidade que é representada pela tatuagem, e esta tem apenas o significado de decorar.

A arte tem inúmeras possibilidades de definição, pois se compreende como uma


manifestação dinâmica, onde são atribuídos conceitos no tempo e espaço.

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A arte é muitas coisas. Uma das coisas que a arte é, parece, é uma transfor-
mação simbólica do mundo. Quer dizer: o artista cria um mundo outro – mais
bonito ou mais intenso ou mais significativo, ou mais ordenado – por cima
da realidade imediata [...]. Naturalmente, esse mundo do outro que o artista
cria ou inventa nasce de sua cultura, de sua experiência de vida, das ideias
que ele tem na cabeça, enfim, de sua visão de mundo [...]. (GULLAR, apud
CHAUÍ, 2003, p. 271).

A palavra arte deriva do latim ars, artis, que significa profissão ou habilidade natural ou
adquirida. Também corresponde ao termo grego tékhne, “técnica”, que significa “toda atividade
humana submetida a regras em vista da fabricação de alguma coisa” (CHAUÍ, 2003, p. 275).
Este conceito também se tem na cultura greco-romana, que significava ofício. Assim, a primeira
definição da arte estava ligada ao propósito de fazer ou produzir. A segunda definição de arte
é compreendida como conhecimento, visão ou contemplação, isto significa que a obra pode
retratar aspectos históricos, sociais e educativos. Já a terceira definição está ligada à arte como
expressão, que é uma experiência com o sensível.

A partir destas abordagens, percebe-se que é difícil um conceito definitivo para responder
o que é arte. Pois a arte se transforma, se modifica de acordo com o contexto cultural no qual
está inserida.

A obra Mona Lisa, criada pelo artista do Renascimento Leonardo da Vinci, é tida como
um exemplo de obra de arte que é conhecida por grande parte da população mundial. Seu
misterioso sorriso é pesquisado e admirado por muitos.

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FIGURA 8 - LEONARDO DA VINCI. MONA LISA. 1503–1507

Óleo sobre madeira de álamo, color. 77 cm x


53,5 cm. Museu do Louvre, Paris.

FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.


org/wiki/Mona_Lisa#/media/
File:Mona_Lisa,_by_Leonardo_da_
Vinci,_from_C2RMF_retouched.
jpg>. Acesso em: 20 maio 2015

Séculos depois de Leonardo da Vinci, o artista do movimento artístico Dadaísmo,


Marcel Duchamp, atuou como um dos maiores expoentes da vanguarda artística do século XX.
Duchamp reproduziu a obra original Mona Lisa em cartões postais, desenhando na imagem
um bigode e escrevendo embaixo da mesma: L.H.O.O.Q. A obra do artista Duchamp não se
trata de uma ofensa à obra original, mas uma brincadeira irônica com reverência aos antigos
mestres da pintura.

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FIGURA 9 - MARCEL DUCHAMP. MONA LISA (L.H.O.O.Q). 1919.


READY-MADE CERTIFICADO

Lápis sobre produção fotográfica. Color; 17,8


cm x 12 cm. Coleção privada.

FONTE: Disponível em: <http://museuhoje.


com/app/v1/br/arte/55-
marcelduchamp>. Acesso em: 20
maio 2015

Foi com o princípio de repensar o sentido de arte do seu tempo que Duchamp colocou
em questão o que seria arte. Isto leva a pensar que conceituar arte não é definitivo, uma vez
que cada um pode conceber a obra de uma forma.

Chauí (2003, p. 403) descreve que “a obra de arte dá a ver, a ouvir, a sentir, a pensar, a
dizer. Nela e por ela, a realidade se revela como se jamais a tivéssemos visto, ouvido, sentido,
pensado ou dito”. Assim, para a autora (2003, p. 407), as artes na atualidade tornam-se:

Trabalho da expressão e mostram que, desde que surgiram pela primeira vez,
foram inseparáveis da ciência e da técnica. Assim, por exemplo, a pintura e a arquitetura da
Renascença são incompreensíveis sem a matemática e a teoria da harmonia e das proporções;
a pintura impressionista, incompreensível sem a física e a óptica, isto é, sem a teoria das cores
etc. A novidade está no fato de que, agora, as artes não ocultam essas relações, os artistas
se referem explicitamente a elas e buscam nas ciências e nas técnicas respostas e soluções

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para problemas artísticos.

Nesta abordagem a arte parte para a construção de um sentido novo (a obra) e o institui
como parte da cultura. Segundo Chauí (2008), “o artista é um ser social que busca exprimir seu
modo de estar no mundo na companhia dos outros seres humanos, reflete sobre a sociedade,
volta-se para ela, seja para criticá-la, seja para afirmá-la, seja para superá-la”.

A obra Guernica, pintada pelo artista do Cubismo, Pablo Picasso, propaga o sentido da
arte enquanto expressão, pois revela na obra o sentido da dor, do belo, do terrível, do sublime,
ou seja, mostra por meio da arte o sentido da cultura e da história na vida em sociedade. Esta
obra retratou o bombardeio que a cidade espanhola Guernica sofreu por aviões alemães.

FIGURA 10 - PABLO PICASSO. GUERNICA. 1937

Pintura a óleo. 349 cm x 776 cm. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia.
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Guernica_%28quadro%29#/media/File:Mural_
del_Gernika.jpg>. Acesso em: 20 maio 2015

Nota-se que a arte é uma ciência do conhecimento que representa um elo entre o
passado, presente e o futuro, pois demonstra o pensar, o agir e todos os aspectos culturais
existentes desde o homem primitivo até o homem contemporâneo.

A arte pertence à cultura erudita, que são as artes desenvolvidas a partir de um


conhecimento acadêmico, são aquelas que estão dentro de lugares como galerias de arte
e museus. Mas, também, a arte faz parte da cultura popular, e este conhecimento popular é
reconhecido como patrimônio cultural. Para Suíse Monteiro Leon Bordest:

O patrimônio cultural de um povo é formado pelo conjunto dos saberes, faze-


res, expressões, práticas e seus produtos, que remetem à história, à memória
e à identidade de um povo. A preservação do patrimônio cultural significa,
principalmente, cuidar (reproduzir sempre e os manter vivos) dos bens aos

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quais esses valores estão associados, ou seja, cuidar de bens representativos


da história e da cultura de um lugar ou de um grupo social. A Constituição
brasileira de 1988, em seus artigos 215 e 216, ampliou a noção de patrimônio
cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material e
imaterial e, também, ao estabelecer outras formas de preservação – como o
registro e o inventário – além do tombamento, instituído pelo Decreto nº 25,
de 30 de novembro de 1937, que determina especialmente a proteção de
edificações, paisagens e conjuntos históricos urbanos. O patrimônio imate-
rial cuida da preservação dos bens culturais de natureza imaterial, como os
ofícios e saberes artesanais, as maneiras de pescar, caçar, plantar, cultivar e
colher, de utilizar plantas como alimentos e remédios, de construir moradias,
mas também manifestos através das danças e músicas, incluindo também os
modos de vestir e falar, os rituais e festas religiosas e populares, as relações
religiosas, sociais e familiares que revelam os múltiplos aspectos da cultura
cotidiana de uma comunidade (IPHAN/MinC, 2012).

Nos dias atuais a arte contemporânea está associada à indústria cultural, apropriando-se
da tecnologia e das interferências da mídia, fazendo parte da cultura de massa. Os meios de
comunicação, como a televisão, fotografia, cinema, internet, rádio e redes sociais fazem com
que o conhecimento artístico seja divulgado com maior facilidade e rapidez, de forma acessível
a grande parte da população.

A arte na atualidade ou arte contemporânea, que surgiu mais intensamente a partir


de 1960, busca romper com aspectos tradicionais da arte. A arte contemporânea passa a
ser pensada como integrante da vida e do mundo, no qual é concebida em lugares formais
e informais, buscando a participação do público. Tem como característica a apropriação de
materiais e objetos encontrados no cotidiano. Neste sentido, a obra tem um tempo de duração
determinada.

A artista canadense Jana Sterbak fez uma exposição, em 1987, causando polêmica
por mostrar que o corpo humano, por mais bem vestido e arrumado que esteja, não passa de
carne e osso.

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FIGURA 11 - JANA STERBAK, VANITAS. VESTIDO


DE CARNE PARA ALBINO ANORÉXICO.1987

FONTE: Disponível em: <http://performatus.net/jana-


sterbak/>. Acesso em: 20 maio 2015

A arte contemporânea proporcionou aos artistas maior liberdade de criação, sendo


que ampliou o conceito das linguagens artísticas do que pode ou não ser considerado como
arte. Desta forma, podemos dizer que a arte contemporânea é uma arte conceitual, pois a
ideia proposta pelo artista é mais importante que o objeto em si, valorizando a experiência
que irá causar no público. Desta forma, pode-se pensar a arte na atualidade como uma área
do conhecimento em uma relação com a natureza, com a realidade urbana e com o mundo
tecnológico. Com isso surgem diferentes linguagens contemporâneas que se articulam, como
a pintura, gravura, escultura, desempenho, happening, instalação, assemblage, ready–made,
fotografia, literatura, video-art, body-art, land-art etc.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORDEST, Suíse Monteiro Leon. Reflexões sobre identidade cultural e


patrimônio imaterial em Mato Grosso – BRASIL. Disponível em: <http://
observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal14/Geografiasocioeconomica/
Geografiacultural/30.pdf>. Acesso em: 20 maio 2015.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares


Nacionais: pluralidade cultural. Brasília: MEC-SEF, 1997.

CALDAS, Waldenyr. O que todo cidadão precisa saber sobre cultura. São Paulo:
Global, 1986.

OLIVEIRA, Eduardo. Cosmovisão Africana no Brasil: elementos uma filosofia


afrodescendente. Curitiba: Gráfica Popular, 2006.

PESSOA, Fernando. Obras em prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.

SANTOS, José Luiz dos. 1949 – O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 2006.

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