You are on page 1of 11

INFORMATIVO esquematizado

Informativo 677 – STF


Márcio André Lopes Cavalcante
Julgados excluídos por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com
base em peculiaridades do caso concreto: MS 30860/DF; MS 25125/DF

DIREITO CONSTITUCIONAL

Competência revisional do CNMP

O CNMP não possui competência para rever processos disciplinares instaurados e julgados
contra servidores do Ministério Público pela Corregedoria local.
A competência revisora conferida ao CNMP limita-se aos processos disciplinares instaurados
contra os membros do Ministério Público da União ou dos Estados (inciso IV do § 2º do art.
130-A da CF), não sendo possível a revisão de processo disciplinar contra servidores.
Comentários Determinado servidor do MPSP respondeu a processo administrativo e recebeu como
sanção a pena de demissão.
Esse servidor ingressou com reclamação no CNMP contra essa decisão do MPSP e o
Conselho anulou a demissão, por considerá-la desproporcional, determinando que outra
fosse aplicada.
O MPSP, não se conformando com a decisão do CNMP, impetrou mandado de segurança.
A respeito dessa situação concreta, destaco as seguintes questões jurídicas relevantes:

1) De quem é a competência para julgar MS proposto contra ato do CNMP (ou do CNJ)?
R: trata-se de competência do STF, com base no art. 102, I, da CF:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do
Ministério Público; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Exceção ao art. 102, I, r, da CF/88: se for proposta uma ação popular contra ato do CNJ ou
do CNMP, a competência não é do STF, mas sim da 1ª instância.

2) O Ministério Público de São Paulo pode impetrar MS diretamente no STF ou para atuar na
Corte Suprema precisa ser por meio do Procurador Geral da República?
R: os Ministérios Públicos estaduais possuem legitimidade ativa autônoma para atuar
originariamente no STF, no desempenho de suas prerrogativas institucionais e no âmbito de
processos cuja natureza justifique a sua participação formal.
Assim, o Ministério Público do Estado de São Paulo poderia, no caso concreto, impetrar o
MS diretamente no STF.

3) O CNMP possui competência para rever condenações administrativas impostas a


1

servidores do Ministério Público?


Página

R: NÃO.

www.dizerodireito.com.br
O CNMP possui competência revisora apenas para os processos disciplinares instaurados
contra os membros do Ministério Público (Promotores, Procuradores da República etc.),
não sendo possível a revisão de processo disciplinar instaurado contra servidores. Essa é a
redação do inciso IV do § 2º do art. 130-A da CF:
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação
administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais
de seus membros, cabendo-lhe:
(...)
IV – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do
Ministério Público da União ou dos Estados julgados há menos de um ano;

4) O CNMP possui competência para julgar originariamente servidores do Ministério Público?


R: SIM. Essa possibilidade está prevista no inciso III do § 2º e no inciso I do § 3º, ambos do
art. 130-A da CF:
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação
administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais
de seus membros, cabendo-lhe:
(...)
III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público
da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da
competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos
disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com
subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções
administrativas, assegurada ampla defesa;

§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor nacional, dentre os


membros do Ministério Público que o integram, vedada a recondução, competindo-lhe,
além das atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:
I – receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos membros do
Ministério Público e dos seus serviços auxiliares;

5) Por que o CNMP possui competência para julgar originariamente servidores do Ministério
Público, mas não detém competência para julgar a revisão de processos administrativos
instaurados contra os servidores?
R: segundo a Min. Cármen Lúcia, foi uma opção do constituinte reformador (que editou a
EC 45/04) com o intuito de fazer com que o CNMP não se transformasse em uma mera
instância revisora dos processos administrativos disciplinares instaurados nos órgãos
correicionais competentes contra os servidores auxiliares do Ministério Público em
situações que não digam respeito à atividade-fim da própria instituição.
Buscou-se evitar que o CNMP ficasse sobrecarregado com a revisão de processos
disciplinares de menor importância institucional e resolvidos pelos órgãos correicionais
competentes.
Assim, somente as ilegalidades perpetradas por membro do Ministério Público dão ensejo à
competência revisora do CNMP.

6) E se houver alguma ilegalidade no processo administrativo disciplinar instaurado pela


corregedoria local contra o servidor do MP?
R: eventuais abusos e arbitrariedades praticados pelos órgãos correicionais locais nos
2

processos disciplinares contra servidores poderão ser questionados não no CNMP, mas sim
Página

no Poder Judiciário local, garantida a inafastabilidade da jurisdição, bem como preservando


o CNMP e o STF de tais demandas.

INFORMATIVO esquematizado
Resumindo:
Processo administrativo disciplinar SIM Fundamento:
contra servidor do MP pode tramitar (desde que o CNMP aceite Art. 130-A, § 2º, III
originariamente no CNMP? receber a reclamação) e § 3º, I, da CF
Processo administrativo disciplinar SIM (claro) Fundamento:
contra membro do MP pode tramitar (desde que o CNMP aceite Art. 130-A, § 2º, III
originariamente no CNMP? receber a reclamação) e § 3º, I, da CF
O CNMP pode rever processo
Fundamento:
administrativo disciplinar contra
NÃO Art. 130-A,
servidor do MP julgado pela
§ 2º, IV, da CF
Corregedoria local?
O CNMP pode rever processo
Fundamento:
administrativo disciplinar contra
SIM (claro) Art. 130-A,
membro do MP julgado pela
§ 2º, IV, da CF
Corregedoria local?
Processo Primeira Turma. MS 28827/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 28.8.2012.

DIREITO ADMINISTRATIVO

Controle de questões de concurso pelo Poder Judiciário

É possível que o Poder Judiciário anule questão objetiva de concurso público


que foi elaborada de maneira equivocada?

Trata-se de tema polêmico.

Neste julgado, a 1ª Turma do STF afirmou que, excepcionalmente, é possível que o Poder
Judiciário anule questão objetiva de concurso, desde que seja verificada a existência de erro
grosseiro na resposta (manifesto equívoco).

Vale ressaltar, no entanto, que há inúmeros precedentes do STF afirmando não ser possível ao
Poder Judiciário anular questões de concurso.
Comentários É possível que o Poder Judiciário anule questão objetiva de concurso público que foi
elaborada de maneira equivocada?
Trata-se de tema polêmico.

Neste julgado, a 1ª Turma do STF afirmou o seguinte:


 Em regra, o Poder Judiciário não pode se substituir à banca examinadora do concurso
público para aferir a correção das questões de prova.
 Excepcionalmente, é possível que o Judiciário anule questão objetiva de concurso,
desde que seja verificada a existência de erro grosseiro na resposta (manifesto
equívoco).
 Ressalte-se, então, que nem sempre será possível a ingerência judicial na análise dos
gabaritos oferecidos pelas bancas examinadoras de concurso público. De acordo com as
peculiaridades do caso concreto, será possível ou não anular a questão se a resposta
oferecida apresentar erro grosseiro.
 Assim, o controle do Poder Judiciário em relação a questões de provas de concursos
3

públicos restringe-se às hipóteses em que se está diante de equívoco manifesto.


Página

INFORMATIVO esquematizado
Obs: neste caso concreto, julgado pela 1ª Turma, trata-se de uma questão de Direito Civil
(questão 71) do 25º Concurso para Procurador da República, tendo ela sido anulada pelo
STF, permitindo que o candidato participasse das etapas seguintes com a atribuição do
ponto a ela inerente.
Decisões Ressalte-se que há inúmeras decisões do STF afirmando que não é possível ao Poder
negando Judiciário rever as questões de concurso público. Confira:
essa
possibilidade (...) 1. Pacífica a jurisprudência desta Corte de que o Poder Judiciário não pode se substituir
à banca examinadora do concurso público para aferir a correção das questões de prova e a
elas atribuir a devida pontuação, consoante previsão editalícia.
(RE 405964 AgR, Relator Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, julgado em 24/04/2012)

(...) Não compete ao Poder Judiciário, no controle da legalidade, substituir a banca


examinadora para censurar o conteúdo das questões formuladas.
(MS 30144 AgR, Relator Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado em 21/06/2011)

(...) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que ao Poder


Judiciário não é dado substituir banca examinadora de concurso público, seja para rever os
critérios de correção das provas, seja para censurar o conteúdo das questões formuladas.
Agravo regimental a que se nega provimento.
(AI 827001 AgR, Relator Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, julgado em 01/03/2011)
Posição do Também não há uma posição segura no STJ:
STJ
(...) A intervenção do Judiciário para controlar os atos de banca examinadora de concurso
público restringe-se à averiguação da legalidade do procedimento, não sendo-lhe possível
substituir a referida banca para reexaminar o conteúdo das questões formuladas, os
critérios de correção das provas ou a resposta do gabarito final. (...)
(AgRg no AREsp 187.044/AL, Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 07/08/2012)

(...) Na hipótese de flagrante ilegalidade de questão objetiva de prova de concurso público


ou ausência de observância às regras previstas no edital, tem-se admitido sua anulação pelo
Judiciário por ofensa ao princípio da legalidade. Precedentes do STJ. (...)
(AgRg no AREsp 165.843/RJ, Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 07/08/2012)

(...) 2. A competência do Poder Judiciário, em se tratando de concurso público, limita-se ao


exame da legalidade das normas instituídas no edital e dos atos praticados na realização do
certame, sendo vedado o exame dos critérios de formulação de questões, de correção de
provas, atribuição de notas aos candidatos, matérias cuja responsabilidade é da banca
examinadora.
3. Excepcionalmente, em havendo flagrante ilegalidade de questão objetiva de prova de
concurso público - o que não inclui, por óbvio, a prova de dissertação impugnada pelos
recorrentes - ou a ausência de observância às regras previstas no edital, tem-se admitido
sua anulação pelo Judiciário por ofensa ao princípio da legalidade. (...)
(AgRg no REsp 1260777/SC, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 06/03/2012)
Processo Primeira Turma. MS 30859/DF, rel. Min. Luiz Fux, 28.8.2012.
4
Página

INFORMATIVO esquematizado
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Legitimidade do MP para ACP

O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública sobre direitos
individuais homogêneos quando presente o interesse social.
Comentários A ACP possui vários legitimados ativos, ou seja, pessoas que podem ajuizar a ação.
Dentre eles, encontra-se o Ministério Público (art. 5º, da Lei n. 7.347/85).
Veja o rol legal dos legitimados:
Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública;
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V - a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à
ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico.

O Ministério Público está legitimado a promover ação civil pública para a defesa de direitos
difusos, coletivos e individuais homogêneos.

No entanto, o MP somente terá representatividade adequada para propor a ACP se os


direitos/interesses discutidos na ação estiverem relacionados com as suas atribuições
constitucionais, que são previstas no art. 127 da CF:
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis.

Desse modo, indaga-se:

O MP possui legitimidade para ajuizar ACP na defesa de qualquer


direito difuso, coletivo ou individual homogêneo?
O entendimento majoritário está exposto a seguir:
Direitos Direitos Direitos
DIFUSOS COLETIVOS (stricto sensu) INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS

SIM SIM 1) Se esses direitos forem


indisponíveis: SIM
O MP está sempre O MP está sempre (ex: saúde de um menor)
legitimado a defender legitimado a defender
qualquer direito difuso. qualquer direito coletivo. 2) Se esses direitos forem
disponíveis: DEPENDE
(o MP sempre possui (o MP sempre possui
representatividade representatividade O MP só terá legitimidade
adequada). adequada). para ACP envolvendo direitos
individuais homogêneos
disponíveis se estes forem de
5

interesse social (se houver


Página

relevância social).

INFORMATIVO esquematizado
Quatro conclusões importantes:
1) Se o direito for difuso ou coletivo (stricto sensu), o MP sempre terá legitimidade para
propor ACP.

2) Se o direito individual homogêneo for indisponível (ex: saúde de um menor carente), o


MP sempre terá legitimidade para propor ACP.

3) Se o direito individual homogêneo for disponível, o MP pode agir desde que haja
relevância social.
Ex1: defesa dos interesses de mutuários do Sistema Financeiro de Habitação.
Ex2: defesa de trabalhadores rurais na busca de seus direitos previdenciários.

4) O Ministério Público possui legitimidade para defesa de direito individual indisponível,


mesmo quando a ação vise à tutela de pessoa individualmente considerada (tutela do
direito indisponível relativo a uma única pessoa).
Ex: MP ajuíza ACP para que o Estado forneça uma prótese auditiva a um menor carente
portador de deficiência.

Assim, o MP sempre terá legitimidade quando os direitos envolvidos tiverem:


 Interesse social; ou
 Caracterizarem-se como individuais indisponíveis.

Exemplos de direitos individuais homogêneos dotados de relevância social


(Ministério Público pode propor ACP nesses casos):
1) MP pode questionar edital de concurso público para diversas categorias profissionais de
determinada prefeitura, em que se previa que a pontuação adotada privilegiaria candidatos
que já integrariam o quadro da Administração Pública municipal (STF RE 216443);
2) Na defesa de mutuários do Sistema Financeiro de Habitação (STF AI 637853 AgR);
3) Em caso de loteamentos irregulares ou clandestinos, inclusive para que haja pagamento
de indenização aos adquirentes (REsp 743678);
4) O Ministério Público tem legitimidade para figurar no polo ativo de ACP destinada à
defesa de direitos de natureza previdenciária (STF AgRg no AI 516.419/PR);
5) O Ministério Público tem legitimidade para propor ACP com o objetivo de anular Termo
de Acordo de Regime Especial - TARE firmado entre o Distrito Federal e empresas
beneficiárias de redução fiscal. O referido acordo, ao beneficiar uma empresa privada e
garantir-lhe o regime especial de apuração do ICMS, poderia, em tese, implicar lesão ao
patrimônio público, fato que legitima a atuação do parquet na defesa do erário e da
higidez da arrecadação tributária (STF RE 576155/DF);
6) O MP tem legitimação para, por meio de ACP, pretender que o poder público forneça
medicação de uso contínuo, de alto custo, não disponibilizada pelo SUS, mas
indispensável e comprovadamente necessária e eficiente para a sobrevivência de um
único cidadão desprovido de recursos financeiros;
7) Defesa de direitos dos consumidores de energia elétrica.
6
Página

INFORMATIVO esquematizado
Exemplos de direitos individuais homogêneos destituídos de relevância social
(Ministério Público NÃO pode propor ACP nesses casos):
1) O MP não pode ajuizar ACP para veicular pretensões que envolvam tributos (impostos,
taxas etc.), contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser
individualmente determinados (art. 1º, parágrafo único, da LACP). Ex: o MP não pode
propor ACP questionando a cobrança excessiva de uma determinada taxa, ainda que
envolva um expressivo número de contribuintes;
2) O MP não pode pleitear a indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado
(Súmula 470-STJ);
3) “O Ministério Público não tem legitimidade ativa para propor ação civil pública na qual
busca a suposta defesa de um pequeno grupo de pessoas - no caso, dos associados de
um clube, numa óptica predominantemente individual.” (STJ REsp 1109335/SE);
4) O MP não pode buscar a defesa de condôminos de edifício de apartamentos contra o
síndico, objetivando o ressarcimento de parcelas de financiamento pagas para reformas
afinal não efetivadas.

GÊNERO:
Os direitos ou interesses coletivos (lato sensu) são o gênero.
Eles são chamados de direitos ou interesses
transindividuais, metaindividuais ou supraindividuais.

ESPÉCIES:
Esses direitos coletivos (em sentido amplo) são divididos em três espécies:

COLETIVOS
DIFUSOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
(em sentido estrito)
Ex: determinado lote de um
Ex: direito ao meio ambiente Ex: reajuste abusivo das
remédio causou lesão a alguns
ecologicamente equilibrado. mensalidades escolares.
consumidores.
São classificados como direitos
ACIDENTALMENTE COLETIVOS
São classificados como direitos São classificados como direitos
(isso porque são direitos
ESSENCIALMENTE COLETIVOS. ESSENCIALMENTE COLETIVOS.
individuais, mas tratados como
se fossem coletivos)
Há uma transindividualidade
ARTIFICIAL, formal ou relativa
São transindividuais São transindividuais
(são direitos individuais que,
(há uma transindividualidade (há uma transindividualidade
no entanto, recebem
real ou material) real ou material)
tratamento legal de direitos
transindividuais)

Têm natureza INDIVISÍVEL. Têm natureza INDIVISÍVEL. Têm natureza DIVISÍVEL.


Tais direitos pertencem a todos
O resultado será o mesmo O resultado da demanda pode
de forma simultânea e indistinta.
para aqueles que fizerem ser diferente para os diversos
O resultado será o mesmo parte do grupo, categoria ou titulares (ex: o valor da
para todos os titulares. classe de pessoas. indenização pode variar).

Os titulares são pessoas: Os titulares são pessoas: Os titulares são pessoas:


 indeterminadas e  indeterminadas,  determinadas; ou
7

 indetermináveis.  mas determináveis.  determináveis.


Página

INFORMATIVO esquematizado
Não se tem como determinar Os titulares são, a princípio,
(dizer de maneira específica) indeterminados, mas é
quem são os titulares desses possível que eles sejam
direitos. Isso porque são identificados.
direitos que não pertencem a
apenas uma pessoa, mas sim à Os titulares fazem parte de um
coletividade. grupo, categoria ou classe de
pessoas.

Caracterizam-se, portanto, pela Caracterizam-se, portanto, pela Caracterizam-se, portanto, pela


indeterminabilidade ABSOLUTA. indeterminabilidade RELATIVA. DETERMINABILIDADE.
Os titulares desses direitos NÃO EXISTE uma relação jurídica base
possuem relação jurídica entre si. entre os titulares.
Os titulares não são ligados
entre si, mas seus interesses
Os titulares são ligados por Os titulares são ligados entre si
decorrem de uma ORIGEM
CIRCUNSTÂNCIAS DE FATO. ou com a parte contrária em
COMUM.
Os titulares se encontram em virtude de uma RELAÇÃO
uma situação de fato comum. JURÍDICA BASE.
Outros exemplos:
interesses ligados aos
membros de um mesmo
sindicato ou partido; Outros exemplos:
Outros exemplos:
integrantes de um mesmo Ex: pílula de farinha como
patrimônio histórico;
conselho profissional (ex: OAB) anticoncepcional: só tem
moralidade administrativa;
direito a mulher que
publicidade enganosa
O MP tem legitimidade para comprovar que tomou o
divulgada pela TV.
promover ACP cujo remédio daquele lote.
fundamento seja a ilegalidade
de reajuste de mensalidades
escolares (Súmula 643-STF).

Obs: a definição legal dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos é
fornecida pelo art. 81, parágrafo único do CDC.

Processo Segunda Turma. RE 216443/MG, rel. orig. Min. Menezes Direito, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 28.8.2012.

DIREITO PENAL

Homicídio qualificado

É possível haver homicídio qualificado praticado com dolo eventual?


 No caso das qualificadoras do motivo fútil e/ou torpe: SIM
 No caso de qualificadoras de meio: NÃO

Comentários É possível haver homicídio qualificado praticado com dolo eventual?


 No caso das qualificadoras do motivo fútil e/ou torpe: SIM (posição do STJ e do STF)
 No caso de qualificadoras de meio: NÃO (posição do STF HC 95136/PR)

No caso julgado pela 2ª Turma, o réu foi denunciado pela suposta prática do crime de homicídio
qualificado pela surpresa (art. 121, § 2º, IV, CP), e embriaguez ao volante (art. 306 do Código de
8

Trânsito) porque, ao conduzir veículo em alta velocidade e em estado de embriaguez,


Página

ultrapassara sinal vermelho e colidira com outro carro, cujo condutor viera a falecer.

INFORMATIVO esquematizado
A 2ª Turma considerou que, em se tratando de crime de trânsito, cujo elemento subjetivo
teria sido classificado como dolo eventual, não se poderia, ao menos na hipótese sob
análise, concluir que tivesse o paciente deliberadamente agido de surpresa, de maneira a
dificultar ou impossibilitar a defesa da vítima.

Assim, a 2ª Turma aplicou o entendimento prevalecente no sentido de que o dolo eventual é


incompatível com a qualificadora prevista no inciso IV do § 2º do art. 121 do CP (traição,
emboscada, dissimulação).

Por que o dolo eventual é incompatível com a qualificadora da surpresa?


Para que incida a qualificadora da surpresa é indispensável que fique provado que o agente
teve a vontade de surpreender a vítima, impedindo ou dificultando que ela se defendesse.
Ora, no caso do dolo eventual, o agente não tem essa intenção, considerando que não quer
matar a vítima, mas apenas assume o risco de produzir esse resultado.
Como o agente não deseja a produção do resultado, ele não direcionou sua vontade para
causar surpresa à vítima. Logo, não pode responder por essa circunstância (surpresa).
Processo Segunda Turma. HC 111442/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 28.8.2012.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Julgue os itens a seguir:
1) (Promotor/PI – 2012) O STF não detém competência originária para processar e julgar ação popular
proposta contra ato do presidente do CNMP. ( )
2) A competência revisora conferida ao CNMP limita-se aos processos disciplinares instaurados contra os
membros do Ministério Público da União ou dos Estados, não sendo possível a revisão de processo
disciplinar contra servidores. ( )
3) (DPE/AL – 2009) O objeto dos interesses difusos é transindividual e tem natureza divisível. ( )

4) (DPE/RO – 2012) Com relação aos interesses coletivos, assinale a opção correta.
A) Os titulares de interesses coletivos em sentido estrito agregam-se por circunstâncias de fato.
B) Os titulares de interesses difusos são caracterizados pela indeterminabilidade relativa.
C) Os titulares de interesses difusos ligam-se por relação jurídica base.
D) Os interesses individuais homogêneos são caracterizados por uma transindividualidade artificial ou relativa.
E) O objeto dos interesses individuais homogêneos é indivisível.

5) (DPE/RO – 2012) De acordo com o que dispõe o art. 94 da CF, um quinto das vagas dos tribunais deve
ser destinado a advogados. Entretanto, o tribunal de justiça de determinado estado da Federação,
deixando de observar o critério constitucional, nomeou, para vaga destinada a um advogado, o juiz
mais antigo da carreira, antes mesmo que a OAB formalizasse qualquer lista com eventuais candidatos
ao cargo. Nessa situação, desrespeitou-se, em relação aos advogados, o interesse
A) individual homogêneo.
B) individual disponível.
C) público secundário.
D) difuso.
E) coletivo em sentido estrito.

6) (DPE/RO – 2012) O MP ajuizou ação civil pública, visando anular acordo firmado entre o estado X e
determinada empresa, por meio do qual o ente federativo concedia à empresa o benefício de inserção
9

em regime especial de apuração tributária. Alegou o MP que a inserção da empresa no referido regime
Página

acarretaria cobrança de tributo em valor menor que o devido, o que geraria prejuízo ao referido estado e
lesão ao patrimônio público. Com relação à situação hipotética acima descrita, assinale a opção correta.

INFORMATIVO esquematizado
A) A ação civil pública não é cabível na hipótese, sendo a ação popular o instrumento adequado para o caso.
B) A legitimidade do MP para ajuizar a referida ação civil pública fundamenta-se no fato de o MP estar
tutelando a defesa do erário e a higidez da arrecadação tributária.
C) O MP não possui legitimidade para ajuizar a referida ação civil pública, dada a caracterização de
direito disponível, cujos beneficiários são individualizáveis.
D) O MP não tem legitimidade para ajuizar a referida ação civil pública, visto que a ele não cabe propor
ação coletiva cujo objeto seja matéria tributária.
E) O MP só teria legitimidade para ajuizar a referida ação civil pública provocado por associação ou
entidade de representação dos contribuintes, situação em que o parquet figuraria no polo ativo da
ação como substituto processual.

7) (Promotor/RR – 2012) O MP não possui legitimidade para promover ACP na defesa de direitos dos
consumidores de energia elétrica, dada a vedação expressamente prevista na lei que dispõe sobre a ACP. ( )

8) (Juiz TJPB – 2011) Por força de vedação prevista em lei, o MP não possui legitimidade para promover
ação civil pública na defesa de direitos dos consumidores de energia elétrica. ( )

9) (Juiz TJCE – 2012) É prescindível analisar a natureza do interesse ou direito individual homogêneo —
disponível ou indisponível — para estear a legitimação extraordinária do MP no ajuizamento da ação
civil pública. ( )

10) (Promotor/SE – 2010) No que se refere à adequação e ao alcance atualmente conferidos pela
legislação, doutrina e jurisprudência relativamente à ação civil pública e à tutela dos direitos difusos,
coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos, bem como à legitimação do MP, assinale
a opção correta.
A) A ação civil pública é instrumento hábil conferido ao MP contra a cobrança excessiva de taxas que
alcancem expressivo número de contribuintes.
B) Ao MP não se permite a utilização de ação civil pública com o escopo de impedir aumento abusivo de
mensalidades escolares por estabelecimentos privados de ensino fundamental de certo município brasileiro.
C) O MP tem legitimação para, mediante ação civil pública, compelir o poder público a adquirir e
fornecer medicação de uso contínuo, de alto custo, não disponibilizada pelo SUS, mas indispensável e
comprovadamente necessária e eficiente para a sobrevivência de um único cidadão desprovido de
recursos financeiros.
D) A proteção da moralidade administrativa, objeto precípuo da ação popular, somente tem lugar em
ação civil pública movida pelo MP em caráter subsidiário.
E) O MP está legitimado a agir, por meio de ação civil pública, em defesa de condôminos de edifício de
apartamentos contra o síndico, objetivando o ressarcimento de parcelas de financiamento pagas para
reformas afinal não efetivadas.

11) (Promotor/TO – 2012) Com relação à teoria constitucional e à tutela dos direitos difusos e coletivos,
assinale a opção correta.
A) São considerados interesses coletivos os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam
titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.
B) Direitos ou interesses transindividuais não possuem titulares individuais determinados e pertencem
a uma comunidade ou coletividade.
C) O interesse público secundário é o interesse social, o da sociedade ou da coletividade, assim como a
proteção ao meio ambiente.
D) Os interesses relacionados a condôminos de um edifício excedem o âmbito estritamente individual,
10

constituindo interesses públicos.


E) Direitos difusos e direitos coletivos distinguem-se pela coesão como grupo, categoria ou classe
Página

anterior à lesão, própria dos direitos difusos, e não dos coletivos stricto sensu.

INFORMATIVO esquematizado
12) (Promotor/TO – 2012) Possuem legitimidade ativa para a ACP a DP, o MP, a União, os estados, o DF, os
municípios, as entidades do terceiro setor, as autarquias, as empresas públicas, as fundações e as
sociedades de economia mista. ( )

13) (Promotor/TO – 2012) Compete ao MP pleitear, em ACP, indenização decorrente de seguro obrigatório de
danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres, em benefício do segurado. ( )

14) (Promotor/RO – 2010) Se determinada organização de classe, por intermédio de resolução, estabelecer,
como condição prévia para a obtenção do registro profissional, a aprovação dos graduados em exames
específicos, o MP não terá legitimidade ativa para o ajuizamento de ação civil pública contra referida
resolução, ante a natureza individual dos interesses envolvidos. ( )

15) (Promotor/PI – 2012) A respeito dos direitos coletivos, considerados em sentido amplo, assinale a
opção correta.
A) Os direitos transindividuais e metaindividuais, direitos coletivos em sentido amplo, abrangem os
direitos difusos, coletivos, individuais homogêneos e o individual indisponível.
B) Os bens que integram o patrimônio financeiro do Estado inserem-se no âmbito do interesse público
primário.
C) A lei confere exclusividade ao MP na defesa judicial do interesse público primário.
D) O interesse público secundário é protegido pelos denominados direitos difusos, coletivos, individuais
homogêneos e individuais indisponíveis, pertencentes à sociedade.
E) Em regra, o MP tem legitimidade para a defesa dos interesses público e particular.

16) (Promotor/PI – 2012) Com relação aos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos, assinale a
opção correta.
A) Os direitos individuais homogêneos são indivisíveis, embora seus titulares sejam determinados.
B) Os titulares dos direitos difusos podem ser individualmente determinados.
C) Tanto os interesses difusos quanto os direitos coletivos são de natureza indivisível.
D) Os direitos coletivos correspondem aos direitos metaindividuais, cujos titulares são pessoas
indeterminadas.
E) É vedada a investigação de afronta a direitos individuais homogêneos por meio de inquérito civil.

17) (Juiz TJPA – 2012 - adaptada) O MP não pode propor ACP para a defesa de direitos individuais
homogêneos porque estes são de exclusivo interesse de seus titulares. ( )

18) (Juiz TJPB – 2011) Os interesses ou direitos difusos são transindividuais, de natureza indivisível, e seus
titulares, pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; por outro lado, os interesses ou
direitos individuais homogêneos, também indivisíveis, decorrem de origem jurídica comum. ( )

19) (DPE/BA – 2010) A demanda coletiva ajuizada em face da publicidade de um medicamento emagrecedor
milagroso visa tutelar os interesses difusos, também denominados transindividuais, de natureza indivisível,
de que sejam titulares pessoas indeterminadas e indetermináveis, ligadas por circunstâncias fáticas, não
cabendo mencionar relação jurídica anterior entre os titulares desse tipo de direito. ( )

20) (DPE/MA – 2011) Segundo a jurisprudência do STJ, são absolutamente incompatíveis o dolo eventual e
as qualificadoras do homicídio, não sendo, portanto, penalmente admissível que, por motivo torpe ou
fútil, se assuma o risco de produzir o resultado. ( )
11

Gabarito
1. C 2. C 3. E 4. Letra D 5. Letra E 6. Letra B 7. E 8. E 9. E 10. Letra C
Página

11. Letra B 12. E 13. E 14. E 15. Letra A 16. Letra C 17. E 18. E 19. C 20. E

INFORMATIVO esquematizado

You might also like