You are on page 1of 2

Poesia Negra de Expressão Portuguesa (1953)

Ana T. Rocha

Em 1953, Mário Pinto de Andrade (Angola) e Francisco José Tenreiro (São Tomé
e Príncipe) organizaram e publicaram o Caderno de Poesia Negra de Expressão
Portuguesa, “um testemunho de assinalável importância para a história das chamadas
literaturas africanas de língua portuguesa”, nas palavras do crítico e intelectual angolano
Luís Kandjimbo.
Dedicado a Nicolás Guillén, o Caderno apresenta primeiramente um texto
introdutório de Mário Pinto de Andrade e
conclui com uma nota final, assinada por
Francisco José Tenreiro. Ambos se engajaram na
composição deste Caderno pelo desejo de expor
e afirmar uma identidade poética nova que,
como a classifica Mário Pinto de Andrade, era já
o “fruto amadurecido duma nova consciência
dos problemas africanos”. O pretendido era,
igualmente, selecionar esta poesia, distinguindo-
a de uma outra ainda mergulhada no exotismo.
Neste sentido, o Caderno traz poemas de Alda do
Espírito Santo e Francisco José Tenreiro (São
Tomé e Príncipe), Agostinho Neto, António
Jacinto e Viriato da Cruz (Angola) e Noémia de Sousa (Moçambique).
Em 2012, a editora NÓSSOMOS reedita o Caderno, numa edição facsimilar,
disponibilizando-nos, assim, o acesso a um texto que manifesta um momento do processo
de estabelecimento dos cânones literários das literaturas africanas de língua portuguesa.
Ou seja, o momento em que a afirmação da diferença em relação à literatura colonial,
unia a “poesia negra” dos cinco países africanos de língua portuguesa. Importa concluir
acrescentando que, presentemente, a abordagem tem de ser outra e uma que tenha em
conta a singularidade de cada uma destas literaturas nacionais, apesar das aproximações,
nomeadamente linguísticas, com outras literaturas.

You might also like