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Acorde diminuto

O que é um acorde diminuto?


Acorde diminuto é o acorde formado pelos graus musicais: 1, 3b, 5b, 7bb

Obs: 7bb é o mesmo que sétima diminuta. Como 5b é quinta diminuta, nesse acorde temos duas
notas diminutas. Logo, não é à toa que se esse acorde se chama “acorde diminuto”, não é
mesmo?!

Vamos montar um acorde então para ver como fica.

Montando um acorde diminuto


Exemplo em Dó diminuto:

Primeiro grau: C

Terceiro grau menor: Eb

Quinto grau diminuto: Gb

Sétimo grau diminuto: A

Acorde resultante: Cº

O símbolo mais utilizado para o acorde diminuto é uma bolinha em cima da letra do acorde: C°.
Mas alguns autores também utilizam a notação “dim“: Cdim.

O intervalo diminuto
Uma maneira fácil de pensar no acorde diminuto é lembrar do intervalo “um tom e meio”, pois
todos os graus do acorde diminuto possuem um tom e meio de distância entre si. Confira:

Distância do 1º grau ao 3º grau menor: 1 tom e meio

Distância do 3º grau menor ao 5º grau diminuto: 1 tom e meio

Distância do 5º grau diminuto ao 7º grau diminuto: 1 tom e meio

Isso confere uma característica muito particular: esse acorde se repete a cada 1 tom e meio. Em
outras palavras, se você montar um acorde diminuto no braço do violão, da guitarra, do teclado
ou de qualquer instrumento e depois deslocar esse mesmo acorde 1 tom e meio para cima ou
para baixo, o acorde continuará o mesmo!

A única coisa que vai mudar é a localização das notas em relação aos dedos, mas o acorde como
um todo terá as mesmas notas, ou seja, será exatamente igual. Confira abaixo no braço do violão
o acorde de Dó diminuto e suas respectivas notas:
Agora esse acorde deslocado 1 tom e meio para cima:

Mais 1 tom e meio:

Mais 1 tom e meio:

Moral da história: C° = Eb° = Gb° = A°

Isso é muito conveniente, pois se desejarmos tocar, por exemplo, A°, podemos tocar C° (já que é
o mesmo acorde!). Isso é útil se estamos tocando em uma região do braço onde o acorde Cº está
mais próximo do que o acorde Aº. Em outra situação, o acorde mais próximo e conveniente de
se tocar pode ser D#°, então podemos tocar ele também em vez de A°. Legal, não?!

Quantos acordes diminutos existem


Observe agora que, como existem 12 notas e um acorde diminuto corresponde a outros 4 acordes
idênticos a ele, podemos concluir que só existem 3 acordes diminutos diferentes. São eles: C°,
C#° e D°. Os demais acordes diminutos são consequência desses 3 acordes:

C° = D#° = F#° = A°
C#° = E° = G° = A#°
D° = F° = G#° = B°
Muito bem, já sabemos como se forma o acorde diminuto, então chegou a hora de analisá-lo do
ponto de vista de funções harmônicas e aplicações gerais. Preparado? Então vamos nessa:

Função harmônica do acorde diminuto


O acorde diminuto possui dois trítonos. Eles estão entre:

1. o primeiro grau e a quinta diminuta;


2. a terça menor e a sétima diminuta.

Bom, caso já não tenha ficado explícito, o acorde diminuto possui função dominante! Ter dois
trítonos não é pouca coisa, não é mesmo?! Logo, podemos utilizá-lo para substituir acordes
dominantes (como o V7, por exemplo). Nesse caso, podemos trocar o acorde V7 pelo acorde
diminuto localizado um semitom acima dele. Por exemplo, o acorde G7 poderia ser substituído
pelo acorde G#° (ou seus equivalentes B°, D° e F°).

Fica como exercício para você conferir as notas de G#° e comparar com as notas de G7. Você verá
que o trítono de G7 está presente no acorde G#°, o que possibilita essa substituição. Essa é uma
das aplicações do acorde diminuto, servir como opção de acorde dominante. Confira abaixo um
exemplo de substituição do acorde G7 por um acorde diminuto:

Baixe o arquivo do Guitar Pro e confira: V7pordiminuto.gpro

Diminuto auxiliar
Quando o acorde diminuto possui o mesmo baixo (nota mais grave) do acorde que ele resolve,
ele é chamado de diminuto auxiliar. Exemplos:

| G7M | G° | G7M |, | C7M | G° | G7 |

O acorde diminuto auxiliar retarda a resolução e confere um mínimo movimento harmônico, já


que mantém o baixo.

Acorde diminuto ascendente e


descendente
Outra aplicação, e talvez a mais utilizada, é tocar o acorde diminuto para explorar o efeito de
aproximação cromática. Nesse caso, o acorde diminuto costuma ser tocado um semitom acima ou
abaixo do acorde que se deseja resolver, sendo chamado, respectivamente, de diminuto
descendente e diminuto ascendente.

Legal, mas podemos usar o diminuto ascendente e diminuto descendente para resolver em
qualquer acorde maior ou menor? Bom, na teoria sim, mas na prática nem sempre isso vai soar
bem. O diminuto descendente não atua com função dominante, pois não possui o mesmo trítono
do acorde V7, ao contrário do diminuto ascendente.

Talvez você tenha ficado confuso agora, afinal nós já afirmamos que o acorde diminuto possui
dois trítonos, então como o diminuto descendente não atua com função dominante? Afinal ele
ainda possui dois trítonos! Bom, apenas relembrando, o conceito de trítono se refere a uma
necessidade de resolução. Quando tocamos um trítono, surge a necessidade de que esse intervalo
“tenso” se resolva, e a resolução esperada é fazer cada nota desse trítono se deslocar um semitom.
Por exemplo, o trítono do acorde G7 está entre as notas Fá e Si. Quando a nota Fá caminha um
semitom para baixo, vira Mi, e quando a nota Si caminha um semitom para cima, vira Dó. Por
isso, o acorde esperado para resolver essa tensão é o acorde de Dó, que contém essas duas notas
encontradas (Mi e Sol, terceiro e quinto graus do acorde, respectivamente). Se o acorde G7
resolvesse em outro acorde que não fosse Dó, teríamos uma resolução deceptiva. Até aqui, nenhum
conceito novo. Agora, imagine que uma música está na tonalidade de Si maior e aparece a
sequência de acordes G7 – F#7 – B. Nesse caso, o acorde F#7 é o dominante que resolveu em Si
maior, enquanto o acorde G7 atuou como acorde de aproximação cromática.

Não estaria incorreto dizer que G7 era um dominante que teve resolução deceptiva, mas sua
função principal nessa música seria o efeito de aproximação cromática, até porque a resolução
esperada de G7 é Dó maior, que não pertence à tonalidade de Si maior. Ou seja, não faz muito
sentido pensar em G7 como dominante que estava iniciando uma modulação e sofreu resolução
deceptiva se ele proporcionou outro efeito para a música independente desse. A mesma coisa
ocorre com o diminuto descendente. Os trítonos do acorde diminuto descendente não resolvem
da mesma maneira que o acorde V7, portanto, o diminuto descendente acaba tendo unicamente
a função cromática, e isso faz com que sua utilização nem sempre fique agradável.

Vamos analisar agora essas duas abordagens (diminuto ascendente e descendente) e descobrir
quais são mais utilizadas quando o acorde que se deseja resolver é maior ou menor.

Resolução para acordes menores


Quando o acorde que se deseja resolver é um acorde menor, o diminuto ascendente é, sem
dúvida, o mais utilizado e funciona sempre! Dificilmente não vai ficar bonito. Mas tem muita
gente que gosta de utilizar o diminuto descendente também para essa resolução. Então não se
restrinja ao diminuto ascendente! Explore ambos os conceitos.

Resolução para acordes maiores


Já para os acordes maiores, o diminuto ascendente também pode ser utilizado quase sempre
pelo fato de ser muito semelhante ao VIIm7(b5) (acorde de sétimo grau do campo harmônico
maior). Devido a esse fato, o diminuto ascendente acaba soando como se fosse tonal.

Já o diminuto descendente é muitas vezes substituído pelo SubV7 (falaremos deste acorde no
próximo módulo) quando o desejo é explorar esse efeito cromático para acordes maiores. Cabe
a cada um definir seus gostos.

Quando podemos utilizar o acorde


diminuto ascendente ou o descendente
Resumindo, o diminuto ascendente, para ambos os acordes maiores e menores, pode ser
utilizado sem receios. Já o diminuto descendente necessita de mais cautela.

Falando de maneira bem genérica, o diminuto ascendente é a função mais comum do acorde
diminuto nas músicas, especialmente para resolução em acordes menores.

Diminuto como acorde de passagem


Em ambos os casos ascendente e descendente o acorde diminuto aparece como um acorde de
passagem.

Confira abaixo algumas aplicações do acorde diminuto em contextos harmônicos distintos.


Nestes exemplos do Guitar Pro, iremos trabalhar em cima de cadências do tipo II, V, I.

Para acordes menores, a sequência trabalhada será: | Em7(b5) | A7(#5) | Dm7(9) |.

Para acordes maiores, a sequência será: | Dm7 | G7 | C7M |.

Então vamos lá! Temos 4 cadências para mostrar (diminuto ascendente e descendente para
resolução em acorde maior e menor).

 Diminuto ascendente resolvendo em acorde menor: Baixe o arquivo: ascendentemenor.gpro

Aqui nesse arquivo nós mostramos como fica a substituição pura do A7(#5) pelo diminuto
ascendente C#°. Na próxima estrofe, resolvemos aproveitar o compasso do acorde dominante
para tocar A7(#5) e depois fazer uma cadência cromática C7M, C#°, Dm7(9).

Portanto, mostramos que é possível utilizar o diminuto ascendente tanto sozinho como também
dentro de uma cadência cromática.

 Diminuto ascendente resolvendo em acorde maior: Baixe o arquivo: ascendentemaior.gpro

Primeiramente, mostramos nesse arquivo como fica a substituição simples do G7 pelo B°.
Depois, utilizamos o compasso do dominante para ficar brincando com alternações entre o G7 e
o B°. Essa brincadeira faz parecer que estamos tocando vários acordes, passa a impressão que
manjamos muito de harmonia, quando na realidade estamos apenas alternando entre acordes
de mesma função harmônica, sem mistério nenhum. Para dar uma impressão ainda maior de
que você está tocando vários acordes e variando sua harmonia, experimente utilizar também os
diminutos equivalentes B° = D° = F° = G#° para enriquecer ainda mais sua base.

 Diminuto descendente resolvendo em acorde menor: Baixe o arquivo: descendentemenor.gpro

Como de costume, primeiro nós mostramos a substituição pura do A7(#5) pelo D#°. O detalhe
aqui é que optamos pelo acorde Dm7 em vez de Dm7(9) depois do D#°, pois assim conseguimos
manter um cromatismo na segunda corda (passando pelas casas 8, 7 e 6 do violão). Se
tocássemos o acorde Dm7(9), a sequência seria mais brusca e menos agradável ao ouvido devido
à passagem direta da casa 7 para a casa 5 ali na segunda corda. Mas não se preocupe tanto com
esse detalhe agora, estudaremos melhor esse conceito quando entrarmos no tema de
reamonização. Preste atenção por enquanto somente na cadência criada.

Da mesma forma que fizemos antes, aqui também trabalhamos a ideia de cromatismo tocando a
sequência Em7(b5), D#° e Dm7. Observe bem como ficou essa sonoridade.

 Diminuto descendente resolvendo em acorde maior: Baixe o arquivo: descendentemaior.gpro

Por fim, no diminuto descendente para acorde maior nós exploramos as mesmas ideias
anteriores, cabendo apenas destacar que preferimos tocar C7M(9) em vez de C7M, pois o acorde
C#° possui muitas notas em comum com o C7M, então a cadência perderia um pouco da sua
força (quase não daria pra perceber que é uma cadência!). Tocando C7M(9) nós modificamos
uma nota a mais entre esses dois acordes (C7M e C#°), numa tentativa de diferenciá-los para
nosso ouvido.

Depois de todos esses exemplos, talvez você tenha concordado com o fato de que, na prática, os
diminutos descendentes necessitam de mais atenção e trabalho da nossa parte, pois nem sempre
eles casam bem. Esses exercícios servem como base para esse conceito. Já os diminutos
ascendentes são só alegria e diversão, sem muito esforço cerebral associado. Qual deles você
gostou mais?!

Compartilhe agora com seus amigos e inclua acordes diminutos nos arranjos de suas músicas!

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