Disciplina: Zooarqueologia Docente: Gabriela Prestes Discente: Gelciane dos Santos Barbosa Rafaela dos Santos Pinto Turma: Arqueologia 2017 Relatório 2: Campo do Caranazal
No dia 11 de Maio de 2019, fomos para a nossa segunda Aula de Campo da
disciplina de Zooarquelogia, nosso ponto de estudo e conhecimento dessa vez foi na Floresta Encantada, localizada no Bairro Caranazal. Ao chegarmos à Pousada Caranazal, fizemos uma Roda de Conversa, para início de diálogo, onde fomos apresentados para um dos donos da pousada, o Sr. Luiz (Luizinho), cujo qual, é formado em Gestão Ambiental e foi o nosso guia turístico durante a nossa visita na pousada. No seu primeiro contato com a nossa equipe, ele nos fez uma breve apresentação, explicando sobre umas das principais características do local que são o período de cheia, onde a área fica praticamente toda inundada e a água chega até a atingir as copas de algumas árvores e o período de seca, onde a água predominante é somente a de um pequeno igarapé, o Cuicuera, cujo qual, tem a extensão de aproximadamente 20km da sua nascente à sua foz.. Esses fenômenos naturais de cheia e de seca têm um período de duração de seis meses cada, durante o ano. O Sr. Luiz, ainda enfatizou que na semana antecedente à nossa visita estava acontecendo o repiquete, fenômeno este, que é o sobe e desce da água do lago, por um curto período de tempo, que acontece tanto na seca quanto cheia. O subir ou descer do rio, só é possível ser identificado uma semana após o repiquete. A pousada está situada em um ambiente calmo, margeado por uma vegetação de igapó, conhecida também como floresta encantada por alguns turistas. Na época da seca, as árvores jogam os seus frutos diretamente no chão, formando uma nova geração das mesmas e durante o período de cheia, os frutos caem direto na água e servem de alimentos para os peixes, o que facilita a captura de algumas espécies de peixes quando os pescadores que conhecem a região usam esses frutos como iscas. Seguem abaixo, as frutas mais comuns na região e as espécies de peixes que servem como iscas, como por exemplo, a paracutaca, que é o fruto que serve como isca para a pesca do tambaqui e sarabá para a pesca do pacu. Essa técnica em que os frutos são usados como iscas para os peixes, é uma características dos pescadores que moram próximo à pousada. Dentre essa, há outras técnicas usadas para a captura de peixes, que variam de acordo com o tamanho e a espécie de cada um, são elas, o arpão, malhadeira, espinhel, técnica de mergulho e a garatéia. Devido às intervenções do homem na área, como remoção do solo e desmatamentos e queima da vegetação para construções, as plantas da savana foram umas das sobreviventes às essas interferências do homem ao meio ambiente. Entre as plantas que resistiram a essas mudanças, destaca-se a Chuá (planta com cheiro de macaco). Hoje a vegetação predominante na área da pousada é secundária, antigamente à uns 10 mil anos segundo Sr. Luiz, era a savana quem predominava. As plantas da região têm várias outras utilidades, seguem abaixo o exemplo de algumas espécies e sua principal utilidade para os moradores da região: - Jará: o seu fruto é bastante consumido como alimento; - Caranã: Usado na confecção de artesanatos; - Jarina: Usada para extração do marfim vegetal;
Ainda segundo o Sr. Luiz, é comum encontrar no lago próximo à pousada
algumas espécies de animais como jacaré, sucuri, peixe-boi, tracajá, arraia e ariranha, que é um predador natural de algumas espécies, dentre muitas outras. Vale ressaltar que nessa época do ano a pesca é mais difícil, devido ao grande volume de água, o que faz com que os peixes fiquem mais dispersos no lago. As maneiras mais viáveis nesse período é a pesca com as técnicas de mergulho, malhadeira, espinhel e o arpão. Os animais que aparecem no quintal da pousada são capturados e devolvidos ao seu habitat natural. Algumas espécies são liberadas para consumo, como o porco do mato, que os nativos podem matar para comer. Eles aproveitam tudo, a carne, o couro e a banha que é usada na medicina pelos moradores da região. Devido a acidez presente na água, que é uma característica natural do igarapé, os mosquitos mantém-se mais afastados no percurso do igarapé. No final do campo pude perceber o quanto foi importante nossa visita á Floresta Encantada e a nossa troca de diálogo com o Sr. Luiz, pois vi o quanto se parece sua vivência no Caranazal com a minha na Comunidade. Se parecem também as várias técnicas de captura de peixe que se diferencia com cada época do ano.