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UNIVERSIDADE SAGRADO CORAÇÃO

JOÃO VICTOR DA SILVA

DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS DA INSERÇÃO


DA ÍNDIA NO CENÁRIO INTERNACIONAL

BAURU
2018
JOÃO VICTOR DA SILVA

DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS DA INSERÇÃO


DA ÍNDIA NO CENÁRIO INTERNACIONAL

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao centro de ciências
exatas e sociais da universidade do
sagrado coração, como parte dos
requisitos para o título de bacharel em
Relações Internacionais, sob
orientação da Prof.ª M.ª Beatriz Sabia
Ferreira Alves.

BAURU
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com
ISBD

Silva, Joao Victor da


S5864d
Desafios contemporâneos da inserção da Índia no cenário
internacional / Joao Victor da Silva. -- 2018.
90f. : il.

Orientadora: Prof.ª M.ª Beatriz Sabia Ferreira Alves.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Relações


internacionais) - Universidade do Sagrado Coração - Bauru - SP

1. Índia. 2. Desenvolvimento. 3. Globalização. 4. Desafios. 5.


Grandes Potências. I. Alves, Beatriz Sabia Ferreira. II. Título.

Elaborado por Laudeceia Almeida de Melo Machado – CRB-8/8214


JOÃO VICTOR DA SILVA

DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS DE INSERÇÃO DA ÍNDIA NO


CENÁRIO INTERNACIONAL

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Centro de Ciências Exatas
e Sociais aplicadas da Universidade do
Sagrado Coração, como parte dos
requisitos para obtenção do título de
bacharel em Relações Internacionais, sob
orientação da Prof.ª M.ª Beatriz Sabia
Ferreira Alves.

Banca examinadora:

_____________________________
Prof.ª M.ª Beatriz Sabia Ferreira Alves
Universidade do Sagrado Coração

_____________________________
Prof.ª M.ª Fred Aparecido Matano
Universidade do Sagrado Coração

_____________________________
Prof. Dr. Bruno Vicente Lippe
Universidade do Sagrado Coração

Bauru, ____ de __________ 2018.


Dedico este trabalho aos meus pais, por
me darem a ferramenta mais importante, a
oportunidade do conhecimento.
AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente a minha orientadora, Prof.ª M.ª Beatriz Sabia Ferreira Alves,
pelo acompanhamento desde o começo deste projeto, pela sua orientação e amizade.
Ao Prof.ª M.ª Fred Aparecido Matano, e o Prof. Dr. Bruno Vicente Lippe, por fazerem
parte na reta final do curso, participando como minha banca examinadora.
Agradeço a meus pais pelo incentivo, apoio, companheirismo e amor incondicional,
principalmente nos momentos mais difíceis que passei nesses últimos tempos, e pela
paciência por terem comigo.
Agradeço também minha amiga Beatriz Fernandes pelo apoio em todos os anos em
que estive na universidade.
RESUMO

A Índia está por toda parte, na moda, na cozinha, na pauta de reuniões de


grandes empresas e de chefes de Estados de países dos 5 continentes. É a
democracia que mais cresce no mundo, tem a população mais jovem do planeta e
uma classe média que equivale a toda população dos Estados Unidos. Com mais de
um bilhão de habitantes, seu mercado tem potencial para ser o maior do mundo. O
país asiático não é apenas o palco ideal para as novidades do mercado, como também
vem buscando cada vez mais o seu desenvolvimento. Com uma força de trabalho bem
qualificada, instituições educacionais de ponta surgindo e crescente investimento
externo, emerge como precursor de novas tecnologias. Embora os indianos
comemoram essa ascensão meteórica, também estão correndo contra o tempo para
levar os benefícios da globalização aos 400 milhões de habitantes que vivem a baixo
da linha de pobreza. É preciso encontrar a energia sustentável que irá abastecer o
seu crescimento econômico explosivo e orientar a política internacional e interna a fim
de garantir a segurança do país e seu status como potência global. A Índia é um
mundo em microcosmo: os desafios que ela enfrenta são universais, desde o combate
ao terrorismo, a pobreza e a doença até a proteção do meio ambiente e a criação de
empregos. As exigências desses desafios para o país estão estimulando soluções,
que podem levar ao patamar das grandes potências. Se for bem-sucedida, não
apenas se salvará como também irá trazer grandes benefícios para o resto do mundo.
O presente trabalho teve como objetivo apresentar os grandes desafios de inserção
que a Índia terá no cenário internacional. As pesquisas para a realização desse
trabalho foram feitas através de uma documentação indireta, através da pesquisa
documental e de pesquisa bibliográfica.

Palavras-chave: Índia. Desenvolvimento. Globalização. Desafios. Grandes


Potências.
ABSTRACT

India is everywhere, in fashion, in the kitchen, in the agenda of meetings of large


companies and heads of states of countries of the 5 continents. It is the fastest growing
democracy in the world, has the youngest population on the planet and a middle class
that equals the entire population of the United States. With over one billion inhabitants,
its market has the potential to be the largest in the world. The Asian country is not only
the ideal stage for the innovations of the market, but it is also increasingly seeking its
development. With a well-qualified workforce, cutting-edge educational institutions and
growing foreign investment, it emerges as a precursor of new technologies. While
Indians celebrate this meteoric rise, they are also running out of time to bring the
benefits of globalization to the 400 million people living below the poverty line. It is
necessary to find the sustainable energy that will fuel its explosive economic growth
and guide international and domestic policy in order to ensure the country's security
and its status as a global power. India is a world in microcosm: the challenges it faces
are universal, from combating terrorism, poverty and disease to protecting the
environment and creating jobs. The demands of these challenges for the country are
stimulating solutions, which can lead to the level of the great powers. If it is successful,
it will not only save itself but will also bring great benefits to the rest of the world. The
present work had as objective to present the great challenges of insertion that India
will have in the international scene. The research for the realization of this work were
made through an indirect documentation, through documentary research and
bibliographical research.

Keywords: India. Development. Globalization. Challenges. Great Powers.


Sumário
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 8

1.1 A REALIDADE INDIANA ....................................................................... 12

1.2 HISTORIA .......................................................................................... 12

2. DIMENSÃO SOCIAL E CULTURAL ..................................................... 15

2.1. O SISTEMA DE CASTAS NA ÍNDIA ............................................... 15

2.2. DIMENSÃO POLÍTICA .................................................................... 18

2.3. DIMENSÃO ECONÔMICA INDIANA .............................................. 21

3. PRINCIPAIS SETORES ECONÔMICOS .............................................. 25

3.1. A QUESTÃO ENERGÉTICA INDIANA ........................................... 25

3.1.1. Carvão ........................................................................................ 26

3.1.2. Petróleo ...................................................................................... 27

3.1.3. Energia nuclear.......................................................................... 28

3.1.4. As energias renováveis ............................................................ 28

3.1.5. Promessas da índia na COP21 ................................................. 30

3.1.6. Oportunidades ........................................................................... 31

4. EQUILÍBRIO DE PODER NA REGIÃO ................................................. 32

4.1. CÍRCULOS CONCÊNTRICOS E SOBREPOSTOS ........................ 34

4.2. O NACIONALISMO ......................................................................... 35

4.3. CONTEXTO GLOBAL EM MUDANÇA............................................ 36

4.4. UM CENÁRIO MENOS PREVISÍVEL ............................................. 38

4.5. RELAÇÕES MULTILATERAIS........................................................ 40

4.5.1. Índia e ASEAN ........................................................................... 41

4.5.2. Índia e BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) .. 42

4.5.3. India e IBAS ............................................................................... 45

4.6. HARD E SOFT POWER.................................................................. 47

5. OS DESAFIOS DA ÍNDIA FRENTE AO SISTEMA INTERNACIONAL 53


5.1. A INFLUÊNCIA DA CHINA NA REGIÃO......................................... 53

5.2. RELAÇÕES ÍNDIA-RÚSSIA............................................................ 56

5.2.1. IRIGC .......................................................................................... 57

5.2.2. Relacionamento militar ............................................................. 58

5.2.3. Relações econômicas ............................................................... 60

5.2.4. Cooperação no setor da energia .............................................. 62

5.2.5. Cooperação espacial................................................................. 62

5.2.6. Ciência e Tecnologia ................................................................. 63

5.3. RELAÇÕES ÍNDIA-ESTADOS UNIDOS ......................................... 64

5.4. AS RELAÇÕES ÍNDIA-JAPÃO ....................................................... 68

5.5. DIÁLOGO DE SEGURANÇA QUADRILATERAL. .......................... 70

5.6. QUESTÃO NUCLEAR INDIANA ..................................................... 71

5.6.1. O acordo nuclear Eua-Índia e a participação da Índia no


comércio nuclear ............................................................................................. 74

5.6.2. Desenvolvimentos recentes e status atual ............................. 75

5.7. OS DIREITOS HUMANOS NA ÍNDIA ............................................. 76

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 81

7. REFERENCIAS ..................................................................................... 84
8

1. INTRODUÇÃO

A ascensão da República da Índia ao cenário internacional constitui de uma


das histórias mais importantes das últimas duas décadas. Junto China, simboliza a
mudança de poder em direção à Ásia. Índia deverá ultrapassar a China nos próximos
anos, considerada a maior democracia do mundo, representada pelo quarto maior
poder militar e um dos países mais que mais contribuem para as Operações de
Manutenção da Paz da Organização das Nações Unidas (ONU).
Embora muitos analistas reconheçam a recém descoberta importância da Índia
o país permanece como um dos países mais incompreendidos no cenário
internacional. Atualmente não existem desafios globais, como mudanças climáticas,
proliferação nuclear, redução da pobreza, crise energética, e do combate ao
terrorismo que possam ser enfrentados sem a contribuição e o engajamento ativo da
Índia.
A necessidade de se entender a Índia nunca foi maior. discutir sua ascensão e
suas implicações para o futuro, passando pelos desafios domésticos e sua política
externa é a proposta deste trabalho, cujo o objetivo é analisar seus desafios
contemporâneos de inserção da Índia no cenário internacional na complexa transição
de poder que o mundo vive nos dias de hoje.
Com uma população de quase 1,3 bilhão, como uma sociedade aberta e
diversificada que inclui as maiores religiões do mundo como: hinduístas, muçulmanos,
siques, cristãos, budistas, jainista, zoroastristas e Judeus entre outras. No país falam
23 línguas oficiais. A Índia é um “microcosmo” do mundo, fazendo jus ao nome dado
ao livro da escritora Mira Kamdar Planeta Índia (2008), sua geografia abrange todos
os climas, desde o Himalaia coberto por neve até as praias ensolaradas de Gokarna
e de desertos, onde vagueiam nômades. Com alto registro de crescimento econômico
e se desenvolvendo em ritmo acelerado a Índia se divide em uma minúscula minoria
rica, uma classe média crescente e quase 400.000.000 (quatrocentos milhões) que
vivem com menos de 2 dólares por dia. O país enfrenta todos os problemas
fundamentais de nosso tempo, extrema desigualdade social, insegurança no
emprego, uma crescente crise energética, escassez de água, destruição do meio
ambiente, aquecimento global, ataques terroristas em uma escala difícil de
imaginar.
9

O objetivo da Índia tem um alcance desafiador: transformar até 2030, um país


em desenvolvimento de mais de um bilhão de pessoas em uma nação desenvolvida
e um líder global, em uma era de escassez e deterioração ambiental. Se for bem-
sucedida, a Índia demonstrará que é possível tirar da pobreza centena de milhões de
pessoas, e também irá mostra que uma democracia multiétnica e multirreligiosa não
é algo impossível de ser realizado no cenário internacional, a estratégia da Índia é de
fato uma das maiores apostas do século 21.
Segundo Guimarães (1998), a política externa Indiana começou diante do
Movimento dos Países Não-Alinhados (MNA), movimento com o objetivo de criar um
caminho independente no campo das relações internacionais que permita aos
membros não se envolver no confronto entre as grandes potências. Segundo
Guimarães (1998), sua dinâmica internacional está associada às estruturas
hegemônicas de poder econômico e político da qual o país escolhe participar,
organizando-se em alianças que possa favorecê-lo na busca de seus objetivos. O
movimento de Não-Alinhamento indiano mais tarde deu maior autonomia para a
elaboração de projetos e articulação de sua política. (GUIMARÃES, 1998).
O perfil de não-alinhamento diplomático conduzido pelo Primeiro-Ministro
Jawaharlal Nehru (1947-1964), a Primeira-Ministra Indira Gandhi (1966-1977 e 1980-
1984), representou um momento de desvio na política externa indiana ao manter um
alinhamento próximo da União Soviética, com objetivo de obter proteção no Conselho
de Segurança da ONU, em função da interferência indiana em terras paquistanesas
durante a Guerra de Independência de Bangladesh. A partir dos anos 1990, a política
externa de Nova Deli mudou suas orientações de forma mais centrada no auto
interesse econômico da Índia (GUIMARÃES, 1998).
Segundo Mohan (2006) a Índia atuava a partir de uma estratégia que dividia
em três pilares sua política externa. A primeira sua vizinhança, a segunda sua
vizinhança estendida, que era o sudeste asiático, oriente médio e África Oriental, e
em terceiro o cenário global. Contudo, Mohan (2006) aponta que os problemas
históricos ligados à separação do Sul da Ásia em linhas religiosas, a criação do
Paquistão, um sistema socialista que provocou declínio econômico e perda de
influência após sua independência e a Guerra Fria não permitiram ao país estabelecer
com sucesso sua estratégia de inserção internacional.
10

Stuenkel (2015) afirma que o país vem se beneficiando dos baixos preços do
petróleo no mercado internacional, uma vez que a Índia é grande importador do
produto, o governo do país conseguiu conquistar a confiança dos mercados por meio
das medidas de liberalização econômica, simplificação da burocracia e reforma dos
ambientes para negócios no país, o afrouxamento de sua política monetária, a
desburocratização, bem crescimento demográfico indiano associado ao avanço do
processo de urbanização, e o aumento dos custos da força de trabalho chinesa que
levam os investidores a procurar alternativas em outros países, neste caso, a Índia.
Com tudo a Índia ainda necessita de racionalização e em muitos sectores da
economia, exemplo o comércio de roupas é muito atrasado, os bancos são
ineficientes, as ruas são a personificação do caos. Mas a Índia também é uma das
grandes potências científicas e tecnológicas do mundo em múltiplos sectores. Possui
programas espaciais e é uma potência nuclear. A Índia controla já 2/3 do mercado
internacional de serviços de software. São empresas indianas que controlam marcas
emblemáticas como os automóveis Jaguar e Rover. Empresas como o grupo Tata, a
Infosys ou a Wipro emergem como potências no setor de tecnologia em nível global.
O primeiro capítulo visa desenhar uma breve análise histórica de atuação da
Índia como ator internacional, O segundo capítulo, investiga os aspectos da
diplomacia da Índia e o equilíbrio de poder na Ásia, por fim, o terceiro capítulo pretende
apontar e expor os desafios da Índia frente ao sistema internacional.
Estas pesquisas serão realizadas através de uma documentação indireta, ou
seja, a pesquisa implicará no levantamento de dados de várias fontes, quaisquer que
sejam os métodos, possuindo o intuito de recolher informações prévias sobre o campo
de interesse, podendo ser feito através da pesquisa documental e da pesquisa
bibliográfica, que abrange toda bibliografia publicada, como estudos sobre o tema,
boletins, jornais, revistas, livros, teses, pesquisas, monografias, entre outras.
E todos os dados e as informações coletadas e apresentadas no trabalho serão
interpretados de forma imparcial, expositiva, explicativa, informativa e explicativa, ou
seja, os dados coletados serão expostos de acordo com o tema e a proposta dos
estudos sobre o assunto em questão.
Por um tempo considerável ainda por vir, a Índia será uma grande potência com
uma grande parte da população na pobreza. Contudo como um país em ascensão a
11

Índia tem mostrado consistentemente uma cautela tática e uma iniciativa estratégica,
e as vezes ao mesmo tempo.
A Índia tem a seu alcance todos os elementos de que se necessita para
arquitetar uma trajetória diferente. Por ser uma país em desenvolvimento, pode optar
por se desenvolver de modo diferente dos Estados Unidos ou da China. Ela pode (e
deve) forjar seu próprio caminho.
12

1.1 A REALIDADE INDIANA

Para se entender a Índia contemporânea e seus interesses, é necessário levar


em consideração a história milenar do país, ao longo do tempo, o Estado assimilou as
mais diferentes culturas dos mais diversos povos que invadiram ou simplesmente
cruzaram seu território. Apesar de ser um país de grandes contrastes e disparidades
sociais, encontra-se uma “unidade em sua diversidade”, com um ambiente social
classificado como pluralista e multicultural.
Nos diversos aspectos sociopolíticos e socioculturais que podem ter um
impacto na ascensão da Índia, o mais importante é a experiência democrática, o que
deixa o pais bem à frente de boa parte dos seus vizinhos. A democracia indiana
sobreviveu durante décadas e hoje está se expandindo e aprofundando

1.2 HISTORIA

Segundo Cristian Violatti um autor independente, orador público e editor da


Ancient History Encyclopedia, e com base no livro História da Índia (2017) do
Professor Doutor Emiliano Unzer Macedo, a região onde se localiza a Índia é o berço
da chamada Civilização do Vale do Indo, que surgiu de várias tribos do período
neolítico, na década de 1920, pesquisadores encontraram no vale duas grandes
cidades antigas que chamaram de Mohenjo-Daro e Harapa. Onde se acredita que seja
os vestígios da primeira grande civilização indiana: os drávidas ou dravidianos (povo
de pele morena em tradução hindi).
As ruínas indicam que ambas as cidades foram cuidadosamente planejadas
para os padrões da época, descobertas indicam que essas cidades eram dotadas de
uma sociedade complexa comandada por sacerdotes (onde mais tarde daria o
surgimento das castas) e dotada de uma agricultura extensiva, com atividade
comercial e pratica religiosas da qual se traçam as raízes do Hinduísmo (VIOLATTI,
2013).
Após o seu desaparecimento por volta de 1500 A.C mesma época que de
pastores nômades, os Arianos, migraram para a região a ainda um debate muito
grande se os Arianos causaram ou não o fim da Civilização do Vale do Indo, mas esta
hipótese não é unanimemente aceita nos dias atuais.
13

Conquistadores Arianos tinham controle de grande parte do subcontinente em


1500 a.C. E se estabeleceram a Civilização Védica rigidamente estratificada
conhecida por castas. Muita informação sobre essa civilização, que foi avançada em
várias artes e ciências, é derivada dos Vedas, uma coleção de escritos sagrados.
Estados autônomos foram estabelecidos, com o reino de Magadha no vale do rio
Ganges (Na região de Bihar) alcançando proeminência no século 6 a.C (VIOLATTI,
2013).
Invasões vieram posteriormente da Pérsia e da Grécia, incluindo a de
Alexandre, o Grande da Macedônia, em 326 a.C. Através deste tumulto, Magadha
reforçou sua posição como o centro de um império em expansão. A dinastia Maurya
foi fundada em 321 a.C. No seu apogeu do período Maurya sob Ashoka (272-232 a.C),
o império absorveu todo o subcontinente e se estendeu do Afeganistão para Bengala
(atual Bangladesh). Ashoka, considerado o primeiro imperador da Índia muitas de
suas características culturais duradouras, incluindo seu emblema e filosofia. Ashoka
espalhou os ensinamentos do budismo pela Índia (MACEDO, 2017).
Este império, por sua vez, fragmentou-se sob ondas de invasão entre 100 e
300 d.C, quando os Guptas (uma família de nobres) tomaram o poder e reuniram em
Magadha em 319-606 d.C, a arte, cultura e filosofia indianas tiveram outro
renascimento e o hinduísmo ganhou força novamente. Este centro de poder foi, por
sua vez, quebrado na invasão dos hunos, trazendo confusão para o norte da Índia.
Conquistadores muçulmanos começaram a entrar no Norte por volta do sétimo
século, essa fase da história teve seu apogeu na dinastia mongol de 1526 a 1738. Um
dos grandes legados da índia mongol é estético: deu à cultura indiana novas artes na
poesia, na arquitetura, no design de jardins e notavelmente em alguns dos maiores
palácios e mundos do mundo, edifícios funerários, dos quais o Taj Mahal considerado
uma das 7 maravilhas do mundo moderno (MACEDO, 2017).
No entanto, a dinastia Moghul também teve efeitos negativos, especialmente
para o sul, onde os impérios comerciais, estabelecidos durante séculos e
historicamente envolvidos no comércio marítimo com parceiros como o Egito e o
Império Romano, foram destruídos, com o declínio do Império Moghul em estados
feudais e frequentemente rivais, surgiram novos invasores, portugueses, holandeses,
franceses e britânicos, entraram no Oceano Índico (MACEDO, 2017).
14

Em 1690, a Companhia Britânica das Índias Orientais estabeleceu-se em


Calcutá para trocar tecidos, chá e especiarias. A empresa tinha seu próprio exército
privado, com o qual expulsou os franceses de Madras em 1748. Os planos franceses
de controle do subcontinente foram finalmente encerrados pelas decisivas vitórias
britânicas em 1756-63. Uma a uma, a empresa conquistou os estados indianos até
controlar virtualmente todo o subcontinente até 1820. Aqueles estados que
permaneceram invictos entraram em aliança com a Grã-Bretanha.
A Índia foi governada pelo governo britânico depois de 1858 através de um
vice-rei e um conselho, embora várias centenas de "estados principescos"
continuassem a manter uma certa independência. O Congresso Nacional Indiano,
fundado em 1885, moveu-se lentamente de uma posição de conselheiro e crítico para
a administração britânica para exigir a transferência de poder para os políticos
indianos nativos (MACEDO, 2017).
Em 1930, o Congresso Nacional Indiano, liderado por Jawaharlal Nehru e
Mahatma Gandhi, adotou uma política de desobediência civil com o objetivo de
alcançar plena independência nacional. Seria uma luta longa, mas a independência
foi alcançada em 1947, com a condição de que áreas predominantemente
muçulmanas no Norte formassem um país separado do Paquistão. Mohammed Ali
Jinnah seria o primeiro-ministro do Paquistão, enquanto Nehru se tornaria o primeiro
ministro da República da Índia. A saída das autoridades coloniais, incluindo as forças
armadas britânicas, foi pacífica, mas a divisão do Paquistão causou um movimento
populacional maciço com um grande número de mortes.
15

2. DIMENSÃO SOCIAL E CULTURAL

O subcontinente indiano é uma região caracterizada por uma grande


diversidade de etnias, línguas, culturas e religiões, esta enraizados nos fatores
socioculturais e atualmente nas tendências emergentes da demografia devido ao
rápido processo urbanização.
Outro fator importante é sua sociedade e cultura profundamente religiosa. A
religião desempenha um papel central e definitivo na vida de muitas pessoas. Embora
a Índia seja um país de maioria hindu, tem uma grande população Muçulmana, Cristã
e Budista.
Com tudo é importante mostrar o sistema de castas Indiano pois é uma divisão
social muito presente em sua sociedade como um todo.

2.1. O SISTEMA DE CASTAS NA ÍNDIA

Segundo o Prof. Ramesh Chandra em seu livro Identity and genesis of Caste
System in India (2004), o sistema de castas é mais elaborado do que em qualquer
outro país hindu ou budista. A sociedade é tão fragmentada que pode haver vinte ou
trinta castas distintas dentro de uma aldeia.
Este modelo de sociedade tem uma hierarquia de grupos, atribuídos a
nascimentos, cada um dos quais tradicionalmente é caracterizado por uma ocupação
distinta e tinha seu próprio nível de status social. Como um indivíduo não pode mudar
sua afiliação de casta, a família pertence em sua totalidade e para sempre a apenas
uma casta nomeada, e assim cada casta desenvolveu uma subcultura distinta que é
transmitida de geração em geração.
A categoria mais alta de castas são aquelas pessoas chamadas Brâmanes no
sistema hindu; eles eram tradicionalmente padres e intelectuais. Abaixo deles,
estavam as castas chamados Xátrias, incluindo especialmente guerreiros (hoje os
militares) e governantes. Em terceiro no ranking estavam os Vaixás, castas
preocupadas com o comércio e a propriedade da terra. A categoria do quarto escalão
eram os sudras, principalmente os agricultores. Abaixo dessas quatro categorias e
dificilmente reconhecidas no modelo antigo e tradicional, havia muitas castas tratadas
como "intocáveis" e tradicionalmente chamadas Dalit, colocados fora do sistema,
16

haviam várias centenas de tribos, com padrões culturais e de subsistência muito


variados (CHANDRA, 2004).
Segundo Louis Dumont antropólogo francês todo o sistema foi marcado não
apenas por diferenças extremas de status e poder, mas por graus relativos de pureza
espiritual, são todos aqueles que desrespeitam o Dharma (código de conduta) de sua
própria casta e também os criminosos, o sistema de castas deu um contexto à vida
dos hindus. Ser expulso de sua casta para eles é o pior dos castigos, aplicado apenas
para crimes particularmente sérios como assassinatos, estupros ou roubo.
A Casta em que uma pessoa nasce vale por toda sua existência, o que significa
que não é possível haver nenhuma mobilidade social dentro da família, a casta de
uma pessoa e de todos os seus descendentes já está definida no seu nascimento,
porque, do ponto de vista da religião hinduísta (ainda muito forte na sociedade
indiana), por volta do século 6 a.C., o sistema de castas já dominava de fato a vida
cotidiana na indiana (DUMONT, 1992).
Os hinduístas acreditam que os únicos meios de salvação eram obedecer às
regras do sistema de castas e seguir os complexos rituais realizados pelos Brâmanes,
porém segundo muitos relatos registrados em livros, estas regras e rituais, não
satisfaziam os desejos espirituais da população.
Dumont também nota que o sistema de hierarquia varia de uma região para
outra. Assim, uma profissão pode ser considerada pura em uma localidade e impura
em outra existem muitos símbolos que diferenciam as classes porque cada casta
tende a ter sua própria subcultura persistente. A localização das pessoas nesse
sistema socioeconômico pode ser medida pela maneira como se vestem, seus nomes
pessoais, a maneira como falam um dialeto local, as divindades que adoram, com
quem estão dispostos a comer publicamente, a localização de sua moradia, e
especialmente suas ocupações. A combinação de todas essas características forma
as subcastas e pode ser um sinal de onde os indivíduos e suas famílias estão situados
na hierarquia de castas (DUMONT, 1992).
O sistema de castas é o ponto fraco o da sociedade indiana pois milhões de
dalits, sofrem de forma permanente a discriminação, constantemente reforçada pelo
Estado e por entidades privadas e ainda exerce forte influência na divisão de classes
do país, embora o Estado moderno lute contra ele por meio de políticas públicas que
buscam igualar os direitos entre os cidadãos.
17

O ativista Dalit Paul Divakar denuncia que os orçamentos do Governo Indiano


mostram que há desvio de fundos destinados à melhoria das castas e tribos
marginalizadas é uma prática rotineira.

Claramente mostra que o desenvolvimento económico do setor não é uma


prioridade do governo. Os dalits continuam atrasados porque não são
implantadas as políticas e por falta de desenvolvimento com fins específicos,
o que deveria ser punido pelo artigo 4 da Lei de Castas e Tribos
Desfavorecidas, de 1989. (DIVAKAR, 2015)

Perante a lei Indiana, todos são iguais e têm os mesmos direitos garantidos
pela constituição de 1950, Para proteger a discriminação resultante da casta, a
Constituição da Índia proíbe a discriminação com base na religião, raça, casta, sexo
ou local de nascimento (Artigo 15); promove a igualdade de oportunidades no
emprego público (Artigo 16); Abole a “Intocabilidade” (Artigo 17) e protege os dalits
em outras seções da injustiça social e de todas as formas de exploração (Artigo 46).
A Índia também aprovou a Lei de Proteção aos Direitos Civis, de 1955 e a Lei de
Inadimplência de Intocabilidade em 1955, Lei de Castas Agendadas / Acordos de
Prevenção de Atrocidades (1989).
Para elevar as castas desfavorecidas, a Constituição da Índia permite a ação
afirmativa por meio de discriminação positiva (uma forma reserva) na educação e no
emprego, que é baseada na casta e no atraso socioeconômico. Mais tarde, isso foi
estendido a outras castas atrasadas. Essas reservas são restritas a instituições
administradas pelo governo ou apoiadas pelo governo, porém não ao setor privado.
O Governo Indiano fixou 15% de reservas para castas, 7,5% para tribos
programadas e 27% para outras castas atrasadas. Os estados podem variar as
fórmulas enquanto permanecem dentro do limite de 50%. Uma proporção
considerável de castas adere ao budismo e o cristianismo também se qualificam para
reserva em empregos e na educação.
porém a lei é muito desrespeitada, e a descriminação ainda é muito forte no
interior do país fazendo com que muitas organizações internacionais de direito
humanos critiquem o governo por falta de políticas mais incisivas e concretas de
inclusão, alguns problemas identificados foram Nepotismo baseado na casta,
empregos particulares sendo dominados por castas específicas barreiras
discriminatórias para pessoas de baixa casta e estereótipos associados a certas
castas que levam à discriminação.
18

2.2. DIMENSÃO POLÍTICA

A República da Índia é uma democracia parlamentar no qual o Presidente da


Índia é o chefe de Estado e o Primeiro Ministro da Índia é o chefe do governo. A Índia
segue o sistema polity dual, isto é, um governo duplo que consiste na autoridade
central no centro e estados na periferia. A constituição define os poderes e limitações
da organização dos governos central e estadual, e é bem reconhecida, rígida e
considerada suprema; ou seja, as leis da nação devem obedecer a ela.
Há uma provisão para uma legislatura bicameral consistindo de uma Câmara
alta (Rajya Sabha), que representa os estados da federação indiana e uma câmara
baixa (Lok Sabha), que representa o povo da Índia como um todo. A constituição
indiana prevê um judiciário independente, que é liderado pelo Supremo Tribunal, que
visa proteger a constituição, resolver disputas entre o governo central e os estados,
resolver disputas interestaduais, anular quaisquer leis centrais ou estaduais que
contrariem a constituição e proteger os direitos fundamentais dos cidadãos, emitindo
mandados para sua execução em casos de violação.
Os governos são formados por meio de eleições realizadas a cada cinco anos,
por partidos que assegurem a maioria dos membros em suas respectivas casas
inferiores (Lok Sabha e o Rajya Sabha). A Índia teve sua primeira eleição geral em
1951, que foi vencida pelo Congresso Nacional Indiano, um partido político que
passou a dominar as eleições subsequentes até 1977, quando um governo não-
parlamentar foi formado pela primeira vez na Índia independente. Os anos 90 viram o
fim da dominação de partido único e a ascensão de governos de coalizão.
A Índia tem um sistema multipartidário com reconhecimento concedido a
partidos nacionais e estaduais e distritais. O status é revisado periodicamente pela
Comissão Eleitoral da Índia. Outros partidos políticos que desejam participar nas
eleições locais, estaduais ou nacionais devem ser registrados pela Comissão Eleitoral
da Índia (ECI). Os partidos registrados são promovidos como partes reconhecidas em
nível nacional ou estadual com base em critérios objetivos. Uma parte reconhecida
goza de privilégios como o tempo de transmissão gratuita na televisão estatal e do
rádio, consulta no estabelecimento de datas eleitorais e dando contribuições no
estabelecimento de regras e regulamentos eleitorais.
19

De acordo com a última publicação da Comissão Eleitoral em 2017, o número


total de partidos registrados foi 1841, com 7 nacionais, 49 estaduais e 1785 não
reconhecidos.
Todos os partidos registrados que contestam as eleições precisam escolher um
símbolo em uma lista de símbolos disponíveis oferecidos pela comissão. Todos os 29
estados do país, juntamente com os territórios de Pondicherry e o Território da Capital
Nacional de Deli, elegeram governos, a menos que o governo do Presidente seja
imposto sob certas condições como; A Legislatura estadual é incapaz de eleger um
líder como ministro-chefe, divisão de uma coalizão, perda de maioria na assembleia,
eleições adiadas por motivos inevitáveis como guerras.
Segundo Oliver Stuenkel autor do livro A índia e a ordem global (2014). A Índia,
após décadas de combate a baixos níveis de crescimento econômico e ao status de
pais de terceiro mundo, está finalmente em ascensão. Cada vez mais ela participa
como convidada especial de grupos exclusivos como G-8 (grupo dos países mais
desenvolvidos) e atualmente é vista como membro especial de instituições como a
organização mundial do comercio (OMC). O pais vem se tornando o destino de muitos
líderes e empresários nos últimos 5 anos, independente de como as negociações
progridam, sua candidatura não a um assento permanente no Conselho de Segurança
das Nações Unidas não pode ser descartada, pois apesar de complicações nas
negociações o peso de sua projeção de poder não ser descartada.
A Índia não apenas se vê como uma grande potência emergente, mais também
tem sido descrita por analistas como um “Estado pivô” (quando estado busca
estabelecer um sistema defensivo em outro pais para atacar um terceiro.) dos Estados
Unidos e da Europa para conter a China mais também como um dos BRICS.
Depois de muitas décadas e várias frustrações, a Índia agora está no caminho
certo para se torna uma grande potência, a mudança de paradigmas começou quando
o país assinou um pacto nuclear o presidente George W. Bush em julho de 2005 o
U.S.–India Civil Nuclear Agreement, que tem por objetivo ampliar a cooperação no
desenvolvimento nuclear entre os dois países, esse acordo é visto como um divisor
de águas nas relações entre os dois países e, de certa maneira, introduziu novo
conceito aos esforços pela não-proliferação de armas nucleares, esse foi um dos
avanços faz parte de uma transformação que vem se realizando na política externa
indiana a partir do final da guerra fria. Depois de quase meio século de falsas guinadas
20

e potencias desperdiçados, a Índia veem-se tornando um Estado decisivo para o


equilíbrio de global de poder (STUENKEL, 2014).
Embora o crescimento econômico da Índia tenha sido amplamente discutido
nos últimos anos, sua política externa foi pouco discutida e analisada. Ao contrário de
seus rivais chineses que vem criando politicas próprias ao redor do mundo com
grandes projetos de infraestrutura e empréstimo de capital a países de interesses, os
lideres indianos não anunciaram novas doutrinas de política externa, mesmo assim,
trabalham constantemente nos últimos anos para elevar a posição regional e
internacional do país, contudo os principais esforços são para definir sua vizinhança
e encontrar um modo operação conciso com a China e o Paquistão (seus dois grandes
rivais regionais), e recuperar sua posição em suas antigas áreas de influência: No
chifre da África, Golfo Persico, Ásia Central e no Sudeste Asiático, e ao mesmo tempo,
ampliar suas relações com grandes potencias como Estados Unidos, União Europeia
e Japão.
Segundo Raja Mohan analista da Foreing Affairs em seu artigo India and the
Balance of Power (2006) a Índia aparece no cenário internacional como a primeira
grande democracia economicamente poderosa e culturalmente vibrante e multicultural
fora do Ocidente (Estados Unidos e Europa).

“India is arriving on the world stage as the first large, economically powerful,
culturally vibrant, multiethnic, multireligious democracy outside of the
geographic West. As it rises, India has the potential to become a leading
member of the "political West" and to play a key role in the great political
struggles of the next decades. Whether it will, and how soon, depends above
all on the readiness of the Western powers to engage India on its own terms.”
Mohan, 2006.

A principal estratégia para a Índia no século 21 se divide em três círculos


estratégicos com um ponto em comum, o primeiro abrange os países vizinhos, a Índia
buscou a preferência e o poder de veto sobre as ações das potências externas na
região. No segundo engloba a área conhecida como vizinhança extensa que
atravessa a Ásia e chega ao litoral do oceano índico, a Índia tem procurado
contrabalancear a influência da China e de seus aliados impedindo-as de prejudicar
seus interesses. E no terceiro inclui o cenário global inteiro, a Índia tentando ocupar
um lugar entre as grandes potências, como um ator importante nas questões de paz
de segurança internacional (STUENKEL, 2014).
21

Historicamente três fatos impediram a Índia de atingir essas metas estratégicas.


Primeiro, a separação do subcontinente em linhas religiosas (Índia e Paquistão em
1947, depois em Índia e Bangladesh, em 1971) isso deixou a Índia em conflito
contínuo com o Paquistão e uma grande divisão interna entre muçulmanos e hindus,
o conflito acabou por separar a Índia fisicamente de estados historicamente aliados
da Índia como Afeganistão e o Irã, e de nações do sudeste asiático.
A criação de um estado claramente islâmico no Paquistão gerou problemas
muito profundos para o envolvimento da Índia no Oriente médio. Essas tensões
uniram-se com grandes rivalidades de Estados Unidos e União Soviética, reduzindo o
espaço de negociações da Índia na região.
O segundo obstáculo foi o sistema nacional socialista indiano, que causou um
declínio econômico constante e uma perda de influência nos anos pós sua
Independência.
O modelo Socialista levou a Índia a evitar envolvimento comercial com o mundo
exterior. Com esse resultado a Índia vem foi desconectada de seus mercados naturais
e das áreas culturalmente relacionadas.
Por último, a Guerra Fria, cujo início se deu logo após a Segunda Guerra
Mundial e levou a Índia para o lado soviético, em resposta ao apoio dos Estados
Unidos ao Paquistão e a China, colocando ela em isolamento regional, isso fez com
que a Índia perdesse sua influência na região.
. Na década de 90, a Índia conseguiu se livrar de duas grandes restrições: o
socialismo de estado e o fim da Guerra Fria, isso deu espaço para o pais rever e
reinventar sua política externa, se posicionando para enfrentar a ascensão da China,
mudando sua abordagem estratégica com os países vizinhos e começando a trabalhar
parcerias com as grandes potencias (STUENKEL, 2014).

2.3. DIMENSÃO ECONÔMICA INDIANA

O sucesso econômico da Índia está longe de ser algo recente, depois de três
décadas de lento avanço após a sua independência, a economia do país cresceu à
taxa de 6% ao ano entre 1980 a 2002, e 7,5% ao ano de 2002 a 2006, o que faz dela
uma delas uma das economias mais atrativas nas duas últimas décadas, o tamanho
da classe média quadruplicou ( para perto de 250 milhões de pessoas ) e 1% dos
22

pobres ultrapassou a linha de pobreza a cada ano. Hoje em dia, a Índia é a terceira
maior economia do mundo em paridade de poder de compra. (DAS, 2006).
Sua ascensão econômica tem uma forma é diferente adotado por o resto dos
países da região, Em vez de adotar o modelo mais comum na Ásia que é: Exportação
de bens manufaturados de baixo custo e mão de obra intensiva para o Ocidente (como
é na China, Indonésia, Taiwan e Bangladesh.
A Índia se fixou mais em seu mercado interno em vez da exportação, mais em
consumo que em investimento, mais em serviço que em indústria, e mais em alta
investimento, mais em alta tecnologia que manufaturas menos qualificadas (como a
China e Bangladesh adotam).
Essa estratégia que a Índia adotou, evitou em sua maior parte crises globais,
mostrando um grau de estabilidade tão impressionante quanto seu desenvolvimento
(DAS, 2006).
O modelo voltado para o consumo também agrada a população, se comparada
com outras estratégias de desenvolvimento. Com esse resultado, a desigualdade
cresceu bem menos na Índia do que outras nações, boa parte do crescimento de sua
economia deve-se ao aumento na produtividade, um sinal real do seu
desenvolvimento e não a aumento de capital ou de mão de obra (como nas maiorias
dos países em desenvolvimento).
Mas o que é mais notável é que, em vez de crescer com a ajuda do Estado, a
Índia está crescendo, em muitos aspectos, apesar do Estado. O empreendedor é o
principal sucesso recente da Índia (DAS, 2006). Hoje o país tem empresas privadas
altamente competitivas e um mercado de ações crescente (National Stock Exchange
of India e Bombay Stock Exchange 10° e 12° em maior volume de capital).
Contudo, Índia é ainda um país pobre. Seu PIB per capita continua baixo,
aproximadamente 25% da população ainda vive abaixo da linha da pobreza e as
desigualdades são muito fortes. Metade das crianças de menos de 5 anos sofre de
desnutrição. O desemprego afeta cerca de 7% da população ativa.
E embora a Índia esteja gerando bens de manufatura de alta tecnologia, de
capital e conhecimento intensivos, ela vem fracassando em criar uma revolução
industrial ampla e de trabalho intensivo, como a China e a Indonésia vem fazendo.
A economia indiana resistiu melhor do que a de outros países emergentes à
desaceleração econômica mundial e se beneficiou da queda dos preços mundiais do
23

petróleo nos últimos anos. O crescimento econômico da Índia se mostrou dinâmico


(7,5% do PIB em 2017), estimulado pelas despesas públicas. Apesar disso, estes
números devem ser abordados com alguma cautela, na medida em que o novo
método de cálculo do PIB da Índia é suscetível em inflar seu bom desempenho. Suas
atividades desaceleraram ligeiramente no final do ano fiscal de 2016/17, devido às
medidas surpresa anunciadas pela administração de seu o primeiro-ministro Narendra
Modi, o imposto sobre bens e serviços (GST, na sigla em inglês) vai substituir mais de
doze outros impostos, criando um mercado único com mais de um bilhão de cidadãos
facilitando a burocracia para empresas nacionais e estrangeiras que residem na Índia,
o crescimento deverá acelerar em 2018, sustentado por uma recuperação do
consumo.
Em 2016, o primeiro-ministro Narendra Modi prosseguiu seu programa de
reformas que visam consolidar as contas públicas, promover o investimento e o
desenvolvimento industrial, e tentar melhorar o clima de negócios. Apesar de
apresentarem uma tendência decrescente, o déficit orçamentário (6,7% do PIB) e a
dívida pública (68,5% do PIB) continuam elevados.
O investimento privado vem desacelerando, e o crescimento foi principalmente
impulsionado pelas despesas públicas. Em agosto de 2016, foi votado um IVA
(imposto sobre o valor acrescentado) federal único em substituição de vários
impostos, como o começo para uma reforma fiscal, mas sua aplicação tem sido até
agora fonte de mais complicações.
Em novembro de 2016, o primeiro-ministro decidiu, sem aviso prévio, destruir
parte das notas em circulação para reduzir o peso da economia informal e combater
a corrupção, pois boa parte da compra de votos era usada com dinheiro vivo, criando
um certo caos de imediato: a medida provocou escassez de capital, entretanto essa
medida deu certo em certa proporção, pois o dinheiro acabou ficando no setor
produtivo e gerou um certo controle sobre a inflação já que tirou grande quantidade
de papel moeda.
O orçamento de 2018 continua favorável ao mercado e visa apoiar o
crescimento, ao mesmo tempo que prevê uma redução do déficit público.
24

Figura 1 - Indicadores de crescimento

Fonte: (IMF – WORLD ECONOMIC OUTLOOK DATABASE, [201-] apud SANTANDER, 2018)
25

3. PRINCIPAIS SETORES ECONÔMICOS

A Índia é a quarta potência agrícola mundial. A agricultura representa perto de


17% do PIB e emprega quase 50% da população ativa. A porcentagem da população
empregada no setor agrícola tem diminuído nos últimos anos, mas sua contribuição
para o PIB tem aumentado. Os principais produtos agrícolas do país são o trigo, o
painço, o arroz, o milho, a cana-de-açúcar, o chá, a batata e o algodão. A Índia é
também o segundo produtor mundial de gado bovino, o terceiro de ovinos e o quarto
em produção de peixe.
O carvão é a principal fonte de energia do país (a Índia é o terceiro produtor
mundial de carvão). O setor têxtil exerce um papel predominante na indústria
manufatureira. A indústria química é o segundo setor industrial do país em termos de
tamanho. O setor industrial emprega um quinto da população ativa e representa um
pouco menos de 30% do PIB.
O setor de serviços é a parte mais dinâmica da economia indiana. Ele
representa 53% do PIB e emprega pouco mais de um quarto da população ativa. Sua
contribuição para o PIB diminuiu recentemente. O rápido crescimento do setor de
softwares tem impulsionado a exportação de serviços e modernizado a economia do
país.

Figura 2: Atividade econômica Índia

Fonte: (IMF – WORLD ECONOMIC OUTLOOK DATABASE, [201-] apud SANTANDER, 2018)

3.1. A QUESTÃO ENERGÉTICA INDIANA

De acordo com Joslyn Chittilapally gerente de sustentabilidade na Aditya Birla


Financial Services a Índia vem enfrentando um grande problema com a falta de
energia, de seus quase 1,3 bilhão de habitantes 300 milhões não têm acesso à energia
26

e grande parte das cidades estão sujeitas a apagões, e para sustentar seu rápido
crescimento a energia passa a ser a principal política para o desenvolvimento indiano,
o principal foco da questão energética é a disponibilidade de acesso a população.
A visão ampla do governo é fornecer energia limpa e ao menor custo possível.
O consumo de energia na Índia quase dobrou desde 2000, tornando o terceiro maior
consumidor de energia no embora o consumo per capita seja de apenas um terço da
média global, isso de certa forma soa como um sinal de alerta para o governo, pois é
um sinal que a produção tende aumentar a produção, Atualmente 75% de sua
demanda de energia é atendida por combustíveis fósseis, uma parcela que vem
aumentando à medida que as famílias se afastam do uso de biomassa sólida
(principalmente lenha) para gás de petróleo liquefeito (GLP) para cozinhar por
exemplo.

3.1.1. Carvão

Segundo dados World Energy Outlook de 2017 o carvão foi, de longe, o


combustível mais importante para a produção energética indiana. No futuro, ainda que
adote “políticas verdes”1, a Índia continuará dependente dessa fonte de energia,
embora tenha conseguido criar termelétricas de forma muito mais limpa e eficiente. A
geração de energia baseada em carvão contribuiu para mais de 174 gigawatts (GW)
de geração de energia no país, cobrindo mais de 44% das necessidades energéticas
do país em 2014-2015 segundo o World Energy Outlook.
O país ainda conta com a terceira maior reserva de carvão no mundo, cerca de
12% do total mundial e produziu quase 500 milhões de toneladas de equivalente de
carvão em 2013. Com o objetivo de limitar a dependência das importações, em 2015
o governo anunciou planos para mais do que o dobrar a produção de carvão do país
até 2020, o que espera empregar quase 1 milhão de pessoas.
O grande problema debatido na sociedade indiana é que 90% do carvão
indiano é extraído por meio de mineração aberta. Este método tem custos de produção
relativamente baixos, porém o impacto ambiental é gigante, os principais problemas
são a forma de degradação da terra, desmatamento, erosão e escoamento de água

1 Politicas verdes é uma ideologia política que visa criar uma sociedade ecologicamente
sustentável Wall, Derek (2010).
27

ácida, para os rios. Considerando que mais de 60% dos recursos de carvão na Índia
estão localizados em áreas florestais, e com o aumento da demanda por carvão
resulta na perda da cobertura florestal, o que preocupa as organizações e ONGS
internacionais, pois sem as florestas o risco de enchente nas cidades em época de
monções é grande.
Além disso, a poluição do ar durante o processo de mineração provoca
impactos humanos e sociais significativos, a maioria dos distritos de mineração de
carvão tem um alto grau de poluição de acordo com o Ministério do Meio Ambiente e
Florestas da Índia. Isso é agravado pelos incêndios das minas comuns em Jharia,
Raniganj e outras regiões de mineração de carvão na Índia. Além disso, cerca de 30
milhões foram deslocados entre 1951 e 2006 para criar espaço para o
desenvolvimento do carvão (CHITTILAPALLY, 2016).

3.1.2. Petróleo

A geração de energia à base de petróleo contribuiu com mais de 48 GW de


geração de eletricidade na Índia, cobrindo mais de 19% das necessidades de
eletricidade em 2014-2015. A geração de energia baseada em gás natural contribuiu
para mais de 25 GW de geração de eletricidade na Índia, cobrindo mais de 6% das
necessidades de eletricidade.
A Índia possui recursos petrolíferos modestos com reservas comprovadas de
cerca de 5,7 bilhões de barris. É um dos poucos países do mundo que conta com o
petróleo bruto, enquanto também é um exportador líquido de produtos refinados. A
produção doméstica de petróleo bruto de pouco mais de 900 mil barris por dia é longe
de ser suficiente para satisfazer uma capacidade de refinaria de 4,4 milhões de barris
por dia por isso precisa importar de outros lugares principalmente de países árabes.
A produção do setor de refinaria, por sua vez, é mais do que suficiente para atender
seu consumo de produtos de petróleo em cerca de 3,8 milhões de barris por dia (com
exceção do GLP, da qual a Índia importa cerca de metade daquela consumida).
A exploração de reservas de petróleo e gás está repleta de questões
ambientais e sociais, incluindo perda de habitat e biodiversidade, emissões de ar,
descargas de água e marinha, derramamentos de óleo, contaminação de águas
subterrâneas e confrontos com comunidades remotas. Por exemplo, no estado do
28

Nordeste de Nagaland, os derramamentos de petróleo na plataforma operada e agora


abandonados pela Corporação de Petróleo e Gás Natural estatal afetaram a qualidade
do solo, o rendimento das plantações e da saúde das comunidades nas áreas ao
redor.

3.1.3. Energia nuclear

A Índia tem 22 reatores nucleares operacionais em 7 localidades, com uma


capacidade instalada total próxima de 6 GW. Outras 4 usinas de energia nuclear estão
em construção, o que irá adicionar mais 4 GW e mais 12 em fase de planejamento.
Embora a participação atual da energia nuclear no seja relativamente pequena, em
cerca 2%, a Índia tem planos ambiciosos para gerar 20 GW até 2020 - cerca de 20 a
35% da geração de eletricidade.
Embora a energia nuclear seja mais limpa do que os combustíveis fósseis, seus
impactos negativos são enormes. Os movimentos de protesto em Jaitpur, Kovvada,
Mithi Virdi e Haripur mostraram como os projetos nacionais de energia nuclear estão
cada vez mais conflituosos com as populações locais e a segurança das partes
interessadas. Por exemplo, acredita-se que a planta proposta de Jaitpur esteja
localizada em uma zona de terremotos e também há um temor que destrua as
pescarias locais devido à liberação de água quente no mar próximo. Da mesma forma,
mais de 1 milhão de pessoas vivem dentro de um raio de trinta quilômetros da usina
nuclear de Kudankulam, excedendo demais as estipulações da Junta Reguladora de
Energia Atômica e tornando impossível evacuar pessoas de forma rápida e eficiente
em caso de desastre nuclear (CHITTILAPALLY, 2016).

3.1.4. As energias renováveis

3.1.4.1. Eólica e Solar

A energia eólica vem fazendo o progresso mais rápido e fornece a maior parte das
energias renováveis não hidrelétricas. A Índia tem a quinta maior capacidade instalada
de energia eólica do mundo, equivalente a 25 GW em 2014. A energia eólica cobre
cerca de 9% das necessidades de energia da Índia e a energia solar em torno de 1%.
29

A energia solar tem desempenhado apenas um papel limitado na geração de energia


até o momento, com capacidade instalada atingindo 5 GW em 2014, grande parte
disso adicionada nos últimos cinco anos. Atualmente indústria emprega mais de 125
mil pessoas.

3.1.4.2. Hidrelétrica

Atualmente, a Índia tem cerca de 45 GW de capacidade instalada (dos quais mais de


90% é gerada por grandes hidrelétricas) e outros 14 GW estão em construção, embora
algumas plantas de energia tenham sido atrasadas por problemas técnicos ou
ambientais e pela oposição pública. No entanto, seu desenvolvimento ficou atrás das
térmicas devido a questões como altos custos e oposição do pública. Atualmente
abrange cerca de 17% das necessidades energéticas do país. No quesito hidrelétrico
a Índia importa 1,5 GW de energia hidrelétrica do Butão e exporta 1,1 GW para países
como Paquistão, Nepal e Bangladesh.
Embora as usinas hidrelétricas não emitem grandes quantidades de gases de
efeito estufa, há efeitos negativos na criação de reservatórios e na alteração dos fluxos
naturais de água.
As barragens foram responsabilizadas por exacerbar o impacto das inundações
no estado de Uttarakhand em 2013. Alguns também danificam irreversivelmente a
vida selvagem e a biodiversidade, e outros devem destruir meios de subsistência,
submergir florestas e deslocar famílias - a mais grande polêmica foi represa Sardar
Sarovar. O renomado escritor indiano Arundhati Roy afirma: “As grandes barragens
são para o 'desenvolvimento' de uma nação o que as bombas nucleares são para o
seu arsenal militar, ambos são armas de destruição em massa”.

3.1.4.3. Bioenergia

A bioenergia corresponde cerca de um quarto do consumo de energia da Índia,


dominado pelo uso tradicional de biomassa para cozinhar em residências. Cerca de 5
GW de capacidade de geração de energia foram alimentados por biomassa em 2014.
A dependência desta forma de energia dá origem a uma série de problemas, incluindo
a poluição do ar interior.
30

Mais de dois terços dos 1,3 bilhão de habitantes da Índia continuam


dependendo de biomassa emissora de carbono e combustível à base de esterco para
cozinhar, de acordo com um relatório da Organização para o Desenvolvimento
Industrial das Nações Unidas (UNIDO), Sustainable Energy For All (CHITTILAPALLY,
2016).
A Poluição do ar e saúde, afirmado no relatório da Organização Mundial de
Saúde, afirma que mais da metade das mortes prematuras entre crianças menores de
cinco anos em todo o mundo são devido a pneumonia causada por partículas de
fumaça (fuligem) inalados da poluição do ar doméstico. Isso também causa mais de
3,8 milhões de mortes prematuras por ano de doenças, incluindo derrame e câncer
de pulmão.

3.1.5. Promessas da índia na COP21

Na COP21 (2015), a Índia prometeu adotar uma série de medidas para o


período de 2021 a 2030. Algumas das mais significativas incluem a redução da
intensidade de emissões de seu PIB em 33 a 35% até 2030, a partir dos níveis de
2005. Além disso, o país planeja obter cerca de 40% da capacidade instalada
acumulada de energia elétrica a partir de recursos energéticos não-fósseis até 2030.
Especificamente, propõe-se:

 Gerar 175 GW de energia renovável até 2022.


 Gerar 60 GW de energia eólica até 2022.
 Lançar uma aliança solar global, a InSPA (sigla em Inglês), e ampliar a
Missão Solar Nacional de 20 a 100 GW de energia solar até 2022.
 Promover 6 bilhões de dólares (380 bilhões de rúpias indianas) em
projetos de Corredor de Energia Verde.
 Instituir programas especiais para promover pequenas e usinas
hidrelétricas com projetos novos e eficientes de moinhos de água para a
eletrificação de pequenas aldeias.
 Promover uma utilização mais limpa e eficiente da geração de
eletricidade baseada na biomassa, aumentando sua capacidade
instalada para 10 GW até 2022.
31

Financiamento desse projeto é um facilitador muito importante para a


implementação dessas iniciativas. De acordo com a proposta da COP21 feitas da
Índia, pelo menos 2,5 trilhões de dólares serão necessários até 2030, tanto por meio
de recursos internos seja estatal ou privado quanto de financiamento internacional.
Nacionalmente, o governo está atendendo parcialmente suas necessidades,
inclusive por meio de um imposto sobre o carvão, cujo recursos serão usados para
financiar energia limpa e novas tecnologias. Com tudo, o financiamento internacional,
conforme prometido na COP21, seria vital para o cumprimento desses objetivos
(CHITTILAPALLY, 2016).

3.1.6. Oportunidades

Um equilíbrio razoável entre carvão limpo e fontes de energia renováveis


constitui a base da estratégia energética da Índia. Considerando que 80% da
infraestrutura indiana ainda está para ser construída até 2030, o país tem uma
oportunidade única de buscar o desenvolvimento enquanto gerencia o crescimento
das emissões e aumenta a segurança energética.
32

4. EQUILÍBRIO DE PODER NA REGIÃO

Segundo Charles W. Kegley em seu livro World Politics: Trends and


Transformation a teoria do equilíbrio de poder nas relações internacionais sugere que
a segurança nacional de um estado é reforçada quando a capacidade militar é
distribuída de modo que nenhum estado seja forte o suficiente para dominar todos os
outros. Se um estado se torna muito mais forte do que os outros, a teoria prevê que
ele tirará vantagem de sua força e atacará os vizinhos mais fracos, proporcionando
assim um incentivo para aqueles que ameaçam se unir em uma coalizão defensiva.
Alguns autores da Escola Realista2 sustentam que isso seria mais estável, pois
a agressão pareceria pouco atraente e seria evitada se houvesse equilíbrio de poder
entre as coalizões rivais.
O Sul da Ásia é uma região altamente instável, quase todos os países próximos
a Índia são abalados por conflitos internos, como guerras civis no Sri Lanka (1983 –
2009), movimentos de insurgências no Nepal (1967– presente)3, militância radical
mulçumana crescente no Bangladesh e Paquistão, ambos com forte atraso
econômico, a Ásia oriental, também conhecida como oriente médio vive assolada por
conflitos mortais e complexos e já deixou milhares de refugiados (KAMDAR, 2008, p.
316).
As relações da Índia com o Paquistão são de longe as mais conflitantes para o
cenário indiano. No ano em 2017 completou 70 anos da divisão da Índia e do
Paquistão, entre 200 mil e 1 milhão de pessoas morreram durante a divisão de
hinduístas e siques contra os mulçumanos.
A grande tensão na região é as três potencias nucleares (Índia, China e
Paquistão) que desempenham um papel mais relevante pois tem partes dos seus
territórios incluindo na zona de contenção da Caxemira, contudo disputa territorial
entre a Índia e Paquistão (e entre a Índia e a China).
A Caxemira é um complexo problema de geografia política que tem seu início
na época colonial britânica. O fim do império colonial na Índia deu lugar a dois estados
gerados nas diferentes identidades religiosas das populações, a Índia de maioria

2 Escola de pensamento teórica em relações internacionais.


A insurgência no Nepal trata-se de um conflito armado em curso entre os grupos
3

comunistas, conhecidos como naxalitas, e o governo da Índia junto com o Bangladesh.


33

Hindu e o Paquistão maioria mulçumana. Em algumas regiões era difícil a


identificação numa base religiosa, assim a Caxemira foi um caso paradigmático.
O estado regional da Caxemira tinha sido criado em 1846 e a maioria da
população era muçulmana mais o Marajá (governante da região) era hindu. Com o fim
da dominação colonial em 1947 prevaleceu a opção do marajá e a Caxemira foi
incluída na Índia, o que gerou uma imediata contestação armada dos mulçumanos
apoiados pelo Paquistão. A intervenção da ONU permitiu chegar a um cessar fogo
em 1949 e isso levou a demarcação de uma linha divisória entre a parte norte e uma
faixa ocidental controlada pelo Paquistão e a parte sul controlada pela Índia, ambos
continuam a reivindicar a totalidade do território (KAMDAR, 2008).
Entretanto, entra na disputa um terceiro participante, a China, que anexou uma
faixa no oriente da zona indiana e à qual o Paquistão cedeu a parte noroeste de sua
zona, com esse fator tornou-se ainda mais difícil a resolução do conflito. A imagem
abaixo mostra a divisão atual do território.

Figura 3 - Mapa da Caxemira.

Fonte: (JAMMU AND KASHMIR LOCATOR MAP, 2007)

Até o presente momento a Caxemira encontra-se dividida entre os três países


e em um o futuro próximo poderá passar por múltiplas soluções pacificas entre a
resolução do conflito, a Integração total na India ou no Paquistão, será muito pouco
provável, a situação dividida pelo território conforme a demarcação nos dias de hoje,
por enquanto está sendo aceita por todos. Outra solução apontada para a resolução
34

definitiva do conflito é a formação do Estado Independente da Caxemira Unificada


porem sem grandes pronunciamentos oficiais de India, Paquistão ou China.
Como em outras partes do mundo, a geopolítica do sul da Ásia é resultado de
sua geografia, história, contexto internacional e política interna.
Segundo Shivshankar Menon Diplomata indiano, que serviu como Conselheiro
de Segurança Nacional da Índia sob o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, e
escritor do livro Choices: Inside the making of India's foreign policy (2016), a sub-
região do sul da Ásia tem uma geografia delimitada apenas ao norte, onde fica os
Himalaias marcam uma clara fronteira geográfica, cultural e política entre o norte e o
sul das montanhas - essa barreira formada por montanhas durou ao longo da história
e só agora está sendo perfurado como resultado da tecnologia moderna. Para o leste,
oeste e sul, seja através do Afeganistão e Irã, ou Mianmar, ou do Oceano Índico, o
subcontinente está aberto à influência, à imigração e ao contato econômico ao longo
de sua história (MENON, 2016).

4.1. CÍRCULOS CONCÊNTRICOS E SOBREPOSTOS

Círculos concêntricos é uma técnica elaborada com base nos princípios da


segurança adotada durante o feudalismo na Europa na idade média. servia de
proteção para os castelos, era utilizada a estratégia de linhas de proteção em seus
entornos (barreiras físicas), formando círculos sucessivos. Eram construídos fossos e
muralhas para que as invasões fossem dificultadas, além da disposição de soldados.
Durante a maior parte de sua história, a prosperidade e a segurança do
subcontinente têm sido tão dependentes, talvez mais, de suas dimensões marítimas
quanto da ordem continental.
O Oceano Índico não é um oceano fechado, não é cercado por mares como o
Mediterrâneo, o Egeu, o Mar Negro ou os mares próximos à China, em torno dos quais
outras civilizações cresceram. Graças às monções previsíveis, o Oceano Índico não
precisou esperar que a era do vapor fosse unida, ao contrário de outros oceanos. A
navegação em águas profundas provavelmente se desenvolveu aqui primeiro. O
domínio marítimo, por definição, é de soma positiva, e o transporte hidroviário tem
sido historicamente mais fácil e barato do que o terrestre. Por grande parte, portanto,
o sul da Ásia é marítimo (MENON, 2016).
35

Como consequência desta geografia, ao longo da história, o sul da Ásia tem


sido uma unidade estratégica autônoma que também fazia parte de um universo maior
conectado, mas separado dos universos do Golfo Pérsico, Ásia Central e Pérsia, os
reinos marítimos do Sudeste Asiático, e Leste da Ásia.
Ao longo da história, o sul da Ásia foi mais próspero e estável quando suas
conexões externas com essas regiões floresceram ao lado de sua força interna. Isso
é muito diferente do Nordeste da Ásia, do norte da Europa ou da América do Norte,
que estavam relativamente isolados na história e desconectados de outras regiões
por sua segurança e prosperidade durante a maior parte de seu passado.
Esta geografia significa que a segurança do sul da Ásia é melhor pensada como
uma série de círculos concêntricos, mas sobrepostos. A grande Cordilheira do
Himalaia protegeu o subcontinente das grandes invasões chinesas e mongóis e ainda
hoje essa barreira natural evita grandes movimento de exércitos por vias terrestres,
entretanto a geografia aberta do Oceano Índico, afeta o resto da Ásia, pois todo o
movimento de carga que sai da região que vai para a Europa passa por esse oceano,
o que desperta grande interesse da marinha Chinesa em ter controle da região e isso
causa preocupação nos líderes Indianos (MENON, 2016).
.
4.2. O NACIONALISMO

A outra consequência da geopolítica aberta é o destino vinculado e as


sociedades abertas na região. Cada país do sul da Ásia tem etnias que ultrapassam
fronteiras políticas e compartilham profundas afinidades culturais e religiosas. Os
limites do estado são novos e recentemente definidos; as etnias, línguas, religiões e
culturas são antigas. Há uma história compartilhada de abertura no sul da Ásia, que é
mais forte do que em muitas outras regiões do mundo (MENON, 2016).
Paradoxalmente, essa afinidade através dos limites formais do Estado é uma
das razões pelas quais o nacionalismo é alto, mas a nacionalidade em todo o sul da
Ásia ainda é um trabalho em progresso. O Butão e as Maldivas são as exceções no
sul da Ásia por sua relativa homogeneidade em termos étnicos, religiosos e
linguísticos. A Índia e o Afeganistão são o outro extremo, onde cada grupo é uma
minoria em termos de idioma, região, etnia ou religião, onde a rixa e preocupações
como seitas e castas.
36

A Índia, excepcionalmente, escolheu basear seu nacionalismo não em uma


religião, etnia, língua ou inimigo comum, mas em uma ideia de Índia. Dada a natureza
plural e diversificada de sua sociedade, a Índia escolheu, após sua independência,
uma democracia, onde todos os segmentos sociais têm uma palavra. Essa ideia de
nacionalidade indiana está sob algum ataque político agora, mas parece provável que
se mantenha firme, uma vez que serve objetivamente ao interesse da maioria da
população, e é vista pela maioria dos indianos (MENON, 2016). O ponto geopolítico
resumido é que o alto grau de afinidades culturais entre as fronteiras estaduais das
antigas nações, mas os novos estados do sul da Ásia, produzem reações
nacionalistas sensíveis fortes defesas de soberania por parte dos estados.

4.3. CONTEXTO GLOBAL EM MUDANÇA

Um terceiro determinante importante da geopolítica do sul da Ásia é o contexto


internacional no qual se opera e busca desenvolver e transformar as sociedades. Isso
mudou naturalmente ao longo do tempo.
Durante a Guerra Fria e seu mundo bipolar, a maioria buscou a neutralidade e
ficaram de certa forma felizes em sair das brigas e alianças do mundo e se concentrar
em no próprio desenvolvimento.
Todos os países do sul da Ásia não estavam alinhados na prática, exceto o
Paquistão. Para um Paquistão com um déficit de identidade, depois de sua
independência da Índia, unir-se a uma grande potência ou aliança e buscar apoio
externo era uma forma de buscar paridade com uma Índia muito maior. E isso
permanece um imperativo paquistanês, apesar das mudanças fundamentais na
situação internacional desde o fim da Guerra Fria (MENON, 2016).
Para o resto do sul da Ásia, no entanto, mudanças na situação internacional
fizeram com que as décadas posteriores a 1990 fossem as melhores da história para
seu desenvolvimento econômico, para o crescimento da classe média e para sua
crescente integração na economia mundial. A Índia, por exemplo, tem crescido
constantemente seu PIB em mais de 6% ao ano por mais de 30 anos. A Índia é hoje
a sétima maior economia do mundo em PIB nominal e a terceira maior em termos de
PPC (paridade de poder de compra), e sua sociedade e economia foram mudadas
fundamentalmente pela reforma desde 1991. Nas duas décadas de abertura comercial
37

e investimento que se seguiram ao fim da Guerra Fria, a aceleração do crescimento


tem sido ampla entre as economias do sul da Ásia, com Sri Lanka, Butão, Bangladesh
e outros experimentando taxas de crescimento sem precedentes. De fato, o sul da
Ásia é hoje a região que mais cresce no mundo.
Combinado com o aparecimento simultâneo de poderes como a China, Coréia,
Indonésia e outros, e com o Japão agora se comportando como um poder mais normal
na região, a geopolítica em torno do sul da Ásia tornou-se muito mais complexa. O
poder é distribuído muito mais uniformemente que durante a Guerra Fria e
imediatamente depois disso. O centro de gravidade da economia mundial e da política
é agora a Ásia-Pacífico. Como resultado, fora do interesse da grande potência no sul
da Ásia, que foi limitado na década de 1980 ao Afeganistão como uma arena de
rivalidade entre EUA-União Soviética, ampliou para incluir seu potencial como
mercado, como uma fonte de poder militar, e se estende a um interesse em sua
estabilidade. Por exemplo, quando a pirataria se tornou um problema nos estreitos de
Malaca no final dos anos 80 e início dos anos 90, foram os poderes locais, liderados
por Cingapura, com a Índia, a Malásia e outros, que lidam com o problema. Quando a
pirataria ao largo do Chifre da África se tornou um problema em meados dos anos
2000, a OTAN, a UE, os EUA e potências regionais e locais, como a Índia, a China e
outras, mobilizaram seus recursos navais.
O mundo de hoje apoia menos o crescimento econômico na região e oferece
escolhas mais difíceis do que as binárias da Guerra Fria. Nem oferece as
oportunidades econômicas dos anos anteriores à crise econômica mundial de 2008.
Tanto a política mundial quanto a economia mundial estão se fragmentando e se
tornando cada vez mais regionais. O protecionismo cresceu em todo o mundo. A
ascensão da China e sua busca pela primazia, primeiro na Ásia e depois globalmente,
e sua visão hierárquica de uma ordem internacional centrada em si mesma,
sintetizada pela Iniciativa Belt Road (BRI), coloca um novo conjunto de questões e
desafios para a ordem estabelecida e à supremacia ocidental. A China está agora
usando meios econômicos, como o programa de infraestrutura da BRI, para buscar
resultados geopolíticos. Com efeito, a economia e a política não estão mais separadas
no mundo de hoje e, de fato, a política pode agora estar conduzindo a economia.
Desde 2008, o mundo assistiu à ascensão ao poder de centralizadores
autoritários em vários países grandes, incluindo China, Japão, Índia, Rússia, Turquia,
38

Reino Unido, EUA e outros países, que baseiam sua legitimidade em um apelo ao
nacionalismo ou nativismo. Em uma desaceleração da economia global, e em um
momento em que a capacidade de seus governos de gerar crescimento está
diminuindo, eles prometem cada vez mais, e confiam em apelos nativistas como "A
América Primeiro" ou "O Grande Rejuvenescimento da China".
No sul da Ásia, esse fenômeno assume formas locais: a Índia não é exceção à
tendência global, no Paquistão, o poder, a influência e o papel do exército foram
consideravelmente melhorados à custa de governos civis nominalmente no poder; em
Bangladesh, a centralização do poder mostrou-se útil no combate ao terrorismo e ao
extremismo e na obtenção de um alto crescimento econômico. O Sri Lanka deu um
passo além e reagiu à centralização autoritária após o fim da guerra civil, colocando
em prática um governo alternativo (MENON, 2016).
O resultado geral da chegada ao poder de autoritários centralizadores é que a
fragmentação e regionalização da política mundial se acentuam. Isso também significa
que a capacidade de compromisso e negociação entre poderes é diminuída, tornando
as relações entre poderes competitivos muito mais preocupantes do que no passado.
Parte dessa dinâmica é visível nas relações Índia-Paquistão e nas relações Índia-
China no último ano. Nenhum relacionamento é tão suave ou previsível como era há
alguns anos atrás.

4.4. UM CENÁRIO MENOS PREVISÍVEL

O cessar-fogo de 2003 ao longo da linha de controle entre a Índia e o Paquistão


quebrou, e a comunicação política entre os dois estados hoje é mínima. Como
consequência, a cúpula da SAARC (Associação da Ásia do Sul para a Cooperação
Regional, acrônimo em inglês) foi adiada e a cooperação na SAARC foi levada a níveis
sub-regionais que excluem o Paquistão. Mesmo que houvesse um aquecimento das
relações Índia-Paquistão, as causas subjacentes da tensão o terrorismo
transfronteiriço no Paquistão, a busca do Paquistão por “paridade estratégica” com a
Índia e a profundidade estratégica no Afeganistão estão enraizadas no interior do
Paquistão. A condição, portanto, é provável que se afirmam repetidas vezes, e
qualquer aquecimento provavelmente será temporário. A perspectiva de relações
39

difíceis Índia-Paquistão é um fato geopolítico que afeta e continuará afetando as


escolhas geopolíticas de outros países do sul da Ásia (STUENKEL, 2014).
Já as relações Índia-China, por outro lado, que sempre tiveram elementos de
cooperação e competição, também estão passando por uma mudança, mas a
perspectiva é mais positiva. O antigo “modus vivendi”4 dos anos 80 não é mais
suficiente. Sob esse modus vivendi, a Índia e a China discutiram suas diferenças,
como a questão da fronteira, mas não permitiram que a ausência de um acordo
atrapalhasse outras formas de cooperação, como o comércio por exemplo. Vários
sinais de frustração no relacionamento surgiram nos últimos dois anos, como a atitude
da China em relação à busca da Índia para se tornar membro do Grupo de
Fornecedores Nucleares (em contraste com sua atitude em 2008 para com a isenção
especial do GFN para a Índia), Tenções em suas fronteiras no Himalaia, questões
estratégicas no Nepal e a atitude da Índia para o BRI e assim por diante.
À medida que a Índia e a China cresceram, e suas definições de seus próprios
interesses se expandiram, elas se confrontam cada vez mais na periferia que
compartilham, seja na massa de terra do sul da Ásia, no arquipélago e no continente
asiático, no Índico. Oceano, ou nos mares perto da China como o Mar do Sul da China.
No entanto, que um novo marco estratégico para esse relacionamento provavelmente
será resolvido pelos dois países. Como os dois países têm outras prioridades
domésticas e internacionais, seus interesses centrais não estão em conflito
fundamental e suas diferenças podem ser gerenciadas.
Com a recente adesão da Índia a abertura econômica e a globalização teve um
efeito drástico no papel do pais na região. Como as nações do subcontinente
abandonaram suas antigas agendas Socialistas, a Índia está bem posicionada para
promover a integração econômica. Apesar do ritmo relativamente lento, o processo
de implementação do acordo de Livre Comercio da Ásia do Sul (SAFTA em Inglês)
formado por Índia, Paquistão, Nepal, Sri Lanka, Bangladesh, Butão e Maldivas
começou a ganhar força em 2004, que naquele momento sinalizou a aproximação dos
países da região (STUENKEL, 2014).
Ao mesmo tempo, o otimismo desse plano econômico de ser relativizado por
uma conscientização dos grandes problemas dos vizinhos próximos da Índia. A luta

4 modus vivendi: é uma frase em latim que significa um acordo entre partes cujas opiniões se
diferem, de tal maneira que elas concordam em discordar.
40

por democracia e justiça social no Nepal, a violência política e a ascensão do


extremismo islâmico em Bangladesh, bem como guerra civil no Sri Lanka ressaltam
os perigos potencias dos estados fragilizados no subcontinente.
Há também o futuro incerto no próprio Paquistão e do Afeganistão, a derrota
do extremismo religioso e a criação de estados modernos são de suma importância
para Índia. Uma estratégia indiana bem-sucedida de promoção de paz e da
prosperidade na região requer que se evite que os conflitos internos minem a
segurança regional (STUENKEL, 2014).
Tudo somado, portanto, a geopolítica do sul da Ásia tornou-se mais complexa
ultimamente e agora é mais imprevisível. Ambas as evoluções o aumento do
envolvimento e do interesse das grandes potências e a crescente dinâmica
competitiva entre a Índia, por um lado, e o Paquistão e a China, por outro mudam o
contexto em que os países do sul da Ásia buscam desenvolvimento econômico,
cooperação regional e sub-regional de segurança acaba gerando um equilíbrio de
poder na região.
No passado, as rivalidades entre grandes potencias, bem como as tensões
próprias da Índia como o Paquistão e a China, complicaram os esforços Indiana para
manter a ordem na região. Hoje, todas as grandes potencias, incluindo os Estados
Unidos e a China, apoiam o objetivo indiano de promover a integração econômica da
região.
Enquanto isso, o ambiente externo nunca foi tão propicio nos dias de hoje para
a resolução do conflito indo-paquistanês sobre a Caxemira. O conflito tornou-se cada
vez menos relevante para as relações da Índia com as grandes potencias, o que
corresponde à vontade por parte da Índia de trabalhar em uma solução (KAMDAR,
2008).

4.5. RELAÇÕES MULTILATERAIS

Depois ter ficado à margem das instituições regionais por várias décadas em
diferentes partes do mundo, a Índia agora um parceiro preferencial para ASEAN, A
Cúpula do Leste Asiático, Organização de Cooperação de Xangai e a União Africana,
IBAS e BRICS. Além disso, emergiu como um importante ator comerceia mundial.
41

4.5.1. Índia e ASEAN

A ASEAN foi criada 1967, tem como objetivos o desenvolvimento


socioeconômico da região, o bloco integrado por Brunei, Camboja, Cingapura,
Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã.
Os principais do bloco são: acelerar o crescimento econômico, progresso social
e desenvolvimento cultural na região e promover a paz e a estabilidade através do
respeito e justiça entre os países integrantes.
As relações de diálogo ASEAN-Índia cresceram rapidamente a partir de um
diálogo em 1992 para uma parceria plena em 1995. O relacionamento foi ainda mais
elevado com a convocação da Cúpula ASEAN-Índia em 2002 em Phnom Penh,
Camboja, desde então, a Cúpula ASEAN-Índia foi realizado anualmente.
O volume de fluxos comerciais e de investimento entre a ASEAN e a Índia
permaneceu relativamente baixo em comparação com outros parceiros de diálogo da
ASEAN. Entre 1993 em 2003, o comércio bilateral ASEAN-Índia cresceu a uma taxa
anual de 11,2%, 2,9 bilhões em 1993 para US $ 12,1 bilhões em 2003. Em 2016, o
comércio bilateral foi registrou US $ 58,45 bilhões, um crescimento negativo de 2,7%
em relação ao no ano anterior de US $ 60,05 bilhões. Durante o mesmo período, O
fluxo de investimentos da Índia para a ASEAN aumentou em 9,4%, de US $ 960
milhões em 2015 para US $ 1,05 bilhão em 2016.
O mais recente Plano de Ação para a Parceria de Diálogo entre a Índia e a
ASEAN concentra-se na cooperação política e de segurança, na cooperação
econômica e sociocultural, que visa diminuir a lacuna de subdesenvolvimento e
melhorando a conectividade entre países dentro do bloco e a Índia. A medida que as
duas regiões avançam, o caminho a seguir oferece muitas oportunidades para novas
formas de colaboração (BHOGAL, 2018).
Primeiro passo visa, a conectividade física que deve ser aumentada pelos
esforços de ambos para reduzir as barreiras ao comércio, barreiras não-tarifárias têm
o potencial de impedir significativamente o comércio e a integração entre ambos.
Em segundo lugar, além da cooperação em segurança na região do Oceano
Índico, a ASEAN e a Índia devem alavancar as plataformas existentes para aprofundar
a colaboração no desenvolvimento econômico de atividades relacionadas ao oceano
42

(como exploração de petróleo e gás natural bem como a pesca e a preservação da


biodiversidade).
Em terceiro lugar, no contexto digital, a cooperação e o diálogo sobre a
promoção do crescimento inclusivo devem ser realizados, juntamente com a
colaboração em estratégias de segurança cibernética.
Em quarto lugar, como os benefícios econômicos da melhoria da mobilidade da
mão-de-obra entre a Índia e a ASEAN são imensos, novos quadros políticos devem
ser desenvolvidos para melhorar o fluxo de trabalho entre eles (BHOGAL, 2018).
Finalmente, dado os grandes problemas na região, é bem provável que a
ASEAN e a Índia definam uma estratégia coletiva de “Soft Power” que apoiará uma
abordagem baseada em regras para a governança na região.

4.5.2. Índia e BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)

Rússia, China, Índia, Brasil e a África do Sul, formam a associação dos BRICS,
que visa impulsionar a economia, o comércio e os investimentos regionais dos países
que formam o bloco.
Todas essas nações ou estão em desenvolvimento ou recém-industrializadas,
e frequentemente são citadas como as forças motrizes da economia global do século
21. Juntos, representam mais da metade das populações do mundo e mais de um
quarto do PIB mundial (CASELLA, 2011). Quanto melhor for as relações dessas
nações, melhor acaba sendo para elas e indiretamente para o mundo, Pois todos
estão lidando de certa forma com grandes problemas, como a maior recessão da
história do Brasil, a queda da economia na Rússia, a desaceleração do crescimento
econômico na China, o crescimento estagnado de cerca de 1% na África do Sul e a
escassez de empregos na Índia, o crescimento do comércio entre os países de dentro
do bloco seria um cenário de ganha-ganha para todos e resolveria os problemas de
médio a longo prazo do recém formado bloco como um todo.
Os BRICS surgiram de um conceito desenvolvido pelo economista chefe do
banco de investimento Goldman Sachs, Jim O’Neil, em estudo de 2001, intitulado
“Building Better Global Economic Brics”. Nele, o perito analisou os países que se
destacam no cenário mundial atual em virtude do rápido crescimento de suas
economias: Brasil, Rússia, Índia e China (CASELLA, 2011).
43

Cinco anos mais tarde, em 2006, o conceito deu origem ao agrupamento


desses quatro países. Em 2011, a África do Sul juntou-se ao grupo, que adotou a sigla
BRICS.
Os BRICS não possuem uma estrutura formalizada, embora esteja caminhando
nessa direção. Ele funciona como um ambiente de ampliação do diálogo, identificação
de tendências em diversas áreas, além de ampliar as possibilidades de acordos
comerciais entre os participantes.
A quinta cúpula do BRICS, realizada março de 2013, foi fundamental para os
países de dentro do bloco decidiram pela criação de um Banco Internacional do grupo,
o Novo Banco de Desenvolvimento, que visa fomentar desenvolvimento dos cincos
países membros, e de demais nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento,
essa nova empreitada desagradou profundamente os Estados Unidos e a países da
União Europeia, pois são responsáveis pela maior parte do FMI e Banco Mundial,
respectivamente.
Outra medida que também não agradou aos EUA e União Europeia foi a criação
de uma reserva no valor de 100 bilhões de dólares. Essa medida foi tomada com o
objetivo de garantir a estabilidade econômica dos 5 países em caso de uma eventual
dificuldade financeira.
Com essas decisões, é possível perceber a importância econômica e política
desse grupo, assim como também é possível conjecturar a emergência de uma
rivalidade entre o BRICS, os EUA e União Europeia (CASELLA, 2011).
Com tudo o aprofundamento das recessões no Brasil, Rússia e na África do Sul
devido à queda das commodities, isolamento internacional e instabilidade política, já
afetou a hipótese dos BRICS, que em 2015 até mesmo o Goldman Sachs fechou seu
fundo BRICS depois que as ações do fundo caíram de US $ 800 milhões, para menos
de US $ 100 milhões no final de 2010 (RIZÉRIO, 2016).
Em seu lugar, os gestores financeiros de fundos de mercados emergentes
parecem ter encontrado seu substituto, os TICKs (Taiwan, Índia, China e Coreia do
Sul), com Taiwan e a Coréia do Sul, dominando as commodities brasileiras e russas
e sul africanas.
A palavra TICKs, que significa “carrapatos” em inglês, mostra o realinhamento
nos mercados emergentes (e no mundo em geral) com o setor de bens e serviços,
particularmente em tecnologia, se antes as maiores empresas no mundo eram do
44

ramo de Energia, isso é empresas petrolíferas logo após a crise de 2008 quem
assume o papel de liderança são empresas de tecnologia, Google, Apple, Microsoft e
Amazon por exemplo isso gerou um certo “apagão” nos BRICS (RIZÉRIO, 2016).
Com tudo é bom ressaltar que os TICKs ainda continuam no campo das ideias,
não ouve um diálogo formal entre os países para a elaboração formal de um grupo
para uma maior integração.

4.5.2.1. Os BRICS para a Índia

A cooperação na frente econômica é uma das áreas de foco da política da Índia


em relação ao BRICS. E acredita que os desafios globais só podem ser enfrentados
pelo esforço cooperativo, com a participação plena e igualitária das principais e
emergentes potências e economias.
Isso é mais importante, já que eles compartilham desafios comuns, pois os
desafios globais afetam de maneira semelhante países em desenvolvimento.
Além das discussões sobre como responder à crise financeira, a Índia vem
buscando diálogos e experiências sobre segurança alimentar, agricultura, doenças,
ajuda externa, energia e aquecimento global.
Com o Brasil, a Índia tem um acordo de parceria único que atraiu a atenção
internacional. Ambos os países desafiaram diretamente as nações ocidentais em
relação ao livre comércio durante várias rodadas de negociações na OMC por
exemplo.
A Índia tentou usar o BRICS como um fórum para engajar a China, já que este
se tornou o maior mercado para os países de rápida industrialização do Leste da Ásia.
E quer resolver a antiga desconfiança e a complicada relação entre os dois países
desde a guerra de 1962 entre eles.
A Índia compartilha fronteiras terrestres com a China, o Paquistão e
Bangladesh e enfrenta muitas ameaças potenciais. Embora as relações sino-indianas
tenham melhorado nos últimos anos, a Índia está ameaçada pela presença crescente
da China por meio de bases em Mianmar, Paquistão, Bangladesh e Sri Lanka, levando
a um possível cerco ao redor do subcontinente indiano e à concorrência potencial na
região do Oceano Índico.
45

O papel dominante da China dentro do bloco não é necessariamente conflitante


aos interesses da Índia. Na verdade, isso significa que a Índia pode utilizar o BRICS
para desempenhar seu papel como um poder de balanço entre os EUA e a China. De
um ângulo mais realista, para a Índia é melhor fazer parte dos BRICS do que estar
fora dele. Uma vez dentro do grupo, o princípio orientador do compromisso da Índia
deve ser baseado em uma avaliação de benefícios e custos marginais, à medida que
a Índia tenta se tornar um membro mais valioso no grupo.
Com tudo o BRICS não é tão importante para a política externa da Índia. O
BRICS é apenas uma união econômica e não uma união de defesa, quase nunca os
interesses políticos dos países estão alinhados, cada pais acaba tendo sua área de
influência estabelecida no mundo porem uma vez que essa área for de interesse de
algum membro podemos ver o bloco acabar, e ainda que o projeto BRICS esteja no
começo uma União Econômica entre eles certamente seria benéfica a todos.

4.5.3. India e IBAS

A origem do Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul, em inglês IBSA,


remete a uma proposta feita pela África do Sul proposta feita pelo partido African
National Congress, a ideia era formar um grupo de países do Sul que refletisse o G-
8, no entanto, a ideia foi esquecida após os ataques de 11 de setembro de 2001.
Neste mesmo ano, a relação entre os três países ampliou-se após o contencioso das
patentes farmacêuticas no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC).
O IBAS representa uma institucionalização da Cooperação Sul-Sul (processo
de articulação política e de intercâmbio econômico, científico, tecnológico, cultural e
em outras áreas entre países em desenvolvimento conhecidos até meados dos anos
90 como nações do Terceiro Mundo, e hoje chamados de Sul Global), que visa facilitar
e aprofundar o relacionamento destes países em diferentes áreas. O organismo
constitui-se como uma iniciativa estratégica de coordenação política dos três Estados
membros.
A formação oficial do grupo se deu logo após a reunião do G-8 de 2003, que
aconteceu entre os dias 1 e 3 de junho na cidade de Evian, França. No período foram
convidados 12 países emergentes para participarem da cúpula, entre eles o Brasil, a
África do Sul e a Índia. As discussões iniciadas em Evian pelos chefes de Estado,
46

resultaram no estabelecimento formal da iniciativa, que aconteceu em 6 de junho de


2003, quando os três Ministros das Relações Exteriores emitiram a “Declaração de
Brasília” que atua em três vertentes: coordenação política, cooperação setorial e
cooperação com terceiros países, implementada pelo Fundo IBAS.
É nesse sentido que se constitui a coordenação e a consulta política entre os
países do IBAS, com o objetivo de examinar temas da agenda internacional de
interesse mútuo e articular a ação do grupo no cenário internacional. Como explicado
por Vaz:
“O IBAS estabelece um quadro político em que a Índia, o Brasil e a África do
Sul preveem não somente promover a cooperação trilateral nas diferentes
áreas temáticas, mas também manter um diálogo político regular, orientado
para a coordenação de posições e para o desenvolvimento, na medida do
possível, de abordagens conjuntas para as principais questões mundiais e
para os desafios de desenvolvimento que enfrentam”. VAZ, 2010, p. 26.

Até o momento, o grupo realizou cinco reuniões de Cúpula, até 2011, foram
realizadas cinco Reuniões de Cúpula: a primeira foi em 2006 na cidade de Brasília,
depois em Tshwane (2007), Nova Délhi (2008), Brasília (2010) e Pretória (2011).
Ademais, os líderes se encontram no formato IBAS à margem de outras ocasiões,
como na OMC e, em 2011, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, quando
os três países ocuparam assentos não permanentes.
Índia, Brasil e África do Sul, possuem distintos graus de desenvolvimento, além
disso, suas realidades demográficas e econômicas são diferentes. Essas
considerações podem, por um lado, atrapalhar a articulação, e por outro, servir como
catalisador para a cooperação, as Cúpulas do IBAS abrangem a realização de sete
foros que reúnem grupos como: acadêmicos, empresários, pequenos e médios
empresários, mulheres, editores, representantes de governos locais, e parlamentares.
Desde sua criação, o IBAS concretizou amplo repertório de atitudes próximas
em temas como democracia, direitos humanos, inclusão social desenvolvimento
sustentável e econômico pretendendo buscar uma maior eficiência e efetividade nas
iniciativas de cooperação (com exceção na Área de Defesa). O principal tema
discutido entre os países são sobre a reforma das estruturas de governança nas
organizações internacionais, especialmente do Conselho de Segurança das Nações
Unidas.
47

4.5.3.1. FUNDO IBAS.

A Cooperação para o desenvolvimento externo ao grupo se dá por meio do


Fundo IBAS foi estruturado formalmente em maio de 2004 através do Plano de Ação.
A criação do Fundo se deu após a iniciativa sobre a Erradicação da Fome e da
Pobreza, conduzida pelo Brasil junto com à 58ª Assembleia Geral da ONU, em
setembro de 2003. Naquele momento Índia, Brasil e África do Sul indicaram interesse
em apoiar projetos de médio porte para o desenvolvimento de outros países. Os
projetos com suporte do Fundo IBAS se dão sob a coordenação do Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUD, privilegiando projetos que envolva o
alcance dos Objetivos do Milênio. Assim, comprometidos com as necessidades dos
países de Baixo Desenvolvimento Humano ou em situação de pós-conflito seja de
guerra ou desastres naturais.
Inicialmente, os países do IBAS se disponibilizaram em doar anualmente a
quantia de US$100.000 para esses projetos, contudo, desde 2006 a contribuição de
cada país é de US$1.000.000. As doações para o Fundo também são abertas para
todos os países, sociedade civil e instituições filantrópicas. Desde sua criação, o
Fundo aprovou 26 projetos (sendo 15 concluídos, 8 em andamento e 3 aprovados)
em países de diferentes regiões e continentes.

4.6. HARD E SOFT POWER.

Houve uma conversa considerável nos últimos anos sobre a Índia como um
ator considerável no “Soft Power global”. Esta é uma referência à disseminação de
certos aspectos da cultura indiana (como culinária indiana, música e dança) em todo
o mundo e sua crescente popularidade no Ocidente. É também uma referência a
Bollywood e sua crescente base de fãs internacionais, que agora inclui o Afeganistão,
o Oriente Médio, a África e nas Américas. A disseminação desses elementos da
cultura indiana” é muitas vezes saudada como “Soft Power” indiano, no entanto, o Soft
Power indiano é virtualmente inexistente em seu estado atual, e também é improvável
que a Índia se torne um verdadeiro “Soft Power global” tão cedo. Em vez disso, a
ascensão da Índia ao status de poder global, se e quando acontecer, será devido ao
48

seu “Hard Power”, e a Índia, no futuro previsível, terá que depender do seu poder
Militar para projetar sua influência no exterior.
A fim de analisar o Hard Power versus o Soft Power no contexto indiano, é
importante entender primeiro o que o poder “Hard” e o “Soft” se referem exatamente,
e como eles diferem. O poder “Hard” refere-se ao uso de meios militares e ou
econômicos para exercer a influência sobre o outro. Na prática, a aplicação do poder
“Hard” tende a ser fundamentalmente coercitiva por natureza (NYE, 2002).
O apoio secreto indiano ao Mukti Bahini (organização paramilitar) e mais tarde
a evidente intervenção militar em Bangladesh, a ameaça soviética de usar armas
nucleares contra a Grã-Bretanha e a França durante a Crise de Suez e a imposição
de sanções econômicas à Cuba socialista pelos Estados Unidos são exemplos de a
utilização de “Hard Power”. O poder “Soft”, por outro lado, refere-se à capacidade de
atrair e “seduzir” (em oposição a coagir) outras partes (NYE, 2002). O cientista político
americano Joseph Nye, que primeiro cunhou os termos “Hard” e “Soft Power”, em seu
livro O Paradoxo do Poder Americano (2002), identificou três categorias de Soft
Power: cultura, valores políticos e políticas. Porem diante da necessidade de explorar
melhor o conceito e evitar que a opinião pública e acadêmicos em geral utilizem o
termo “Soft Power” de forma errada, Nye publicou em 2004 o livro “Soft Power – The
Means To Success In World Politics”. Nele, o autor afirma que o ataque contra o
Iraque, em março de 2003, foi uma demonstração da derrota do poder brando
americano como o da vitória do poder bruto dos Estados Unidos. Nye afirma que
vencer a paz é mais difícil que vencer a guerra. E o poder brando é fundamental para
se vencer a paz (NYE, 2005).
A utilidade de cada um dos três elementos (cultura, valores políticos e políticas)
depende de sua capacidade de atrair Exemplos de poder “Soft” podem incluir a
extensa influência wahhabi (vertente mais radical do islã) em todo o mundo islâmico
devido ao patrocínio estatal saudita, o surgimento de estados marxista-leninistas na
África, Ásia e América Latina. com base no modelo da União Soviética e na
capacidade dos Estados Unidos de atrair historicamente um grande número de
imigrantes por causa de seus valores sócio-políticos e de uma sociedade livre e
democrática.
Embora exemplos de “Hard” e “Soft Power” abrange tanto na história como nos
dias atuais, não há uma maneira simples de medir o poder ou identificar os fatores e
49

condições que levam a ele. O “Hard Power” de um país é um agregado de vários


fatores, incluindo seu PIB, população total, orçamento de defesa, proezas
tecnológicas, produção e consumo de energia entre outros. As estatísticas que tentam
medir o Hard Power incluem o National Power Index e o Composite Index of National
Capability, ambos listando a Índia como o terceiro país mais poderoso do mundo com
base nesses critérios.
É consideravelmente mais difícil identificar os fatores subjacentes do Soft
Power, devido à sua natureza mais vaga e imprecisa, no entanto, verificar as
condições específicas que permitem que um Estado exerça o ‘‘Soft Power’’. Um dos
pré-requisitos mais importantes para se ter um grande ‘‘Soft Power’’ é ter “propriedade
nacional” de uma ideologia que pode ser usada como meio de influência, isto é, a
ideologia deve ser reconhecida como um atributo distinto e único daquele país em
particular. Durante a Guerra Fria, por exemplo, os Estados Unidos e União Soviética
representavam as corporações de facto da democracia capitalista e do socialismo
marxista, respectivamente. Como mencionado anteriormente, os estados marxista-
leninistas surgiram em todo o mundo durante este período (incluindo Cuba, Angola e
Vietnã, entre outros) e se aliaram à URSS, da mesma forma, democracias capitalistas
recém-formadas como as dos três principais poderes do Eixo (Alemanha, Japão e
Itália) ficaram sob o domínio do ‘‘Soft Power’’ americano no mundo pós-Segunda
Guerra Mundial e tornaram-se aliados próximos dos EUA.
Outra condição importante no desenvolvimento do ‘‘Soft Power’’ é ter uma
ideologia universal cujos valores podem ultrapassar as fronteiras nacionais, culturais
e étnicas e atrair uma gama diversificada de povos. Países que promovem tais valores
universais tendem a ser pluralistas e inclusivos por natureza e mantidos juntos por
uma ideologia compartilhada e valores políticos, como EUA e URSS em nosso
exemplo anterior. Por outro lado, os países que promovem o etnocentrismo e o
nacionalismo militarista, como fizeram a Alemanha nazista, a Itália fascista e o Japão
Imperial, terão dificuldade em exercer o “Soft Power”, uma vez que tais atitudes são
inerentemente contra intuitivas quando se trata de atrair e cooptar outros povos. Esses
países seriam forçados a depender do “Hard Power” para projetar sua influência, que
historicamente sempre acaba fracassando uma hora em todas as três principais
potências do Eixo a longo prazo, já que seu “Hard Power” não poderia competir com
o de seus inimigos.
50

Além dos aspectos ideológicos e políticos do “Soft Power”, também é


importante observar a natureza do Soft Power cultural. Muitos aspectos da “cultura”
americana, como Hollywood, MTV, Coca-Cola e jeans de marca, são muitas vezes
apontados como elementos do “Soft Power” americano.
Fundamentalmente, no entanto, tais aspectos superficiais e materialistas da
“cultura” americana não podem e não promovem atitudes pró-americanas entre os
estrangeiros. Não seria totalmente incomum descobrir que alguns dos manifestantes
antiamericanos mais violentos do Paquistão, do Irã e de outros lugares também
podem ser fãs de filmes de Hollywood ou beber regularmente Coca-Cola. Embora
esses aspectos da cultura americana possam ser populares em todo o mundo, eles
não podem ser considerados como aspectos de “Soft Power”. Em vez disso, o poder
cultural significativo seria capaz de influenciar significativamente o modelo de outras
culturas, já que as principais religiões do cristianismo e do islamismo influenciaram
inúmeras culturas em todo o mundo.
Agora que temos uma melhor compreensão da diferença entre os poderes, e
as características subjacentes de ambos, podemos retornar ao caso específico da
projeção de poder no contexto indiano.
O desenvolvimento do ‘‘Soft Power’’ indiano dependerá, em última instância,
da promoção de valores culturais e políticos significativos que atraiam pessoas de
outras nações para a Índia. Assim como a disseminação da “cultura” americana
superficial não pode contar como Soft Power, a promoção de aspectos superficiais e
sem sentido da cultura indiana, como comida, culinária, dança, etc., não aumentará o
poder da Índia em escala global. Tampouco Bollywood, fornece a força necessária
para tal projeção de poder, uma vez que Bollywood apenas retrata os aspectos
superficiais da cultura indiana mencionados anteriormente. A imensa popularidade de
Bollywood no Paquistão e no Afeganistão, por exemplo, não se transformou o
Paquistão para um país pró-índio, nem impede que os afegãos (incluindo a elite) de
cuspir no chão sempre que um ídolo Hindu é mostrado na TV. O fato é que a indústria
de entretenimento indiana praticamente não tem capacidade de influenciar o
paradigma de seus espectadores, e só pode bombardeá-los com lixo superficial.
Talvez se Bollywood colocasse menos ênfase nos números de música e dança
e se concentrasse mais na produção de filmes que retratam a história, a cultura e os
valores da Índia de uma forma mais profunda, essas mudanças de paradigma podem
51

ocorrer entre o público internacional. Mas Bollywood em seu estado atual está longe
de ser um verdadeiro veículo para o exercício do poder suave indiano.
A Índia pode atualmente ter quase zero de ‘‘Soft Power’’, mas isso não significa
que não possa se tornar um grande poder em algum momento no futuro. Pelo
contrário, a Índia tem talvez o maior potencial para exercer poder brando genuíno em
todos os países em desenvolvimento. Um fator importante a favor da Índia, que em
muitos outros casos seria um impedimento, é sua sociedade diversificada e pluralista.
Como mencionado acima, tais sociedades são naturalmente capazes de atrair outros
povos e nações, uma vez que tendem a ser menos discriminatórias e mais inclusivas
do que as sociedades homogêneas e etnocêntricas. A definição de um “indiano” é
fundamentalmente aberta, universal e expansiva, assim como as definições de
“americano” ou “soviético” são / foram. A natureza elástica desses termos permite que
uma pessoa se torne “indianizada”, “americanizada” ou “sovietizada”, enquanto ainda
mantém aspectos de sua cultura indígena, e é por isso que podemos ver rótulos como
“chinês-americano” ou “soviético”. Examinando a história da Índia, também podemos
encontrar exemplos da disseminação da "índio" para outros países. A época em que
a civilização indiana desfrutou da maior influência e poder brando foi a época em que
o budismo foi ativamente patrocinado por vários reis indianos e espalhado por toda a
Ásia.
Como o budismo é uma ideologia universal e não é restrito a quaisquer
fronteiras, sejam de castas, etnias, línguas ou outras, foi capaz de atrair adeptos de
muitas culturas diferentes. As universidades indianas, na forma de Mahavi Haras
budistas, como as de Nalanda, Vikramashila e Odantapuri, foram Harvard, Oxford e
Yale, do período clássico, atraindo estudantes de numerosos países distantes. De
fato, houve um tempo em que o ‘‘Soft Power’’ indiano na forma de budismo foi sentido
do Mar Cáspio para o Japão e da Sibéria para a Indonésia, com a Índia sendo
considerada o centro espiritual e cultural do mundo (KISHWAR, 2018). O budismo na
Índia, desde então, desapareceu nas páginas da história, mas os ideais budistas
fundamentais do multiculturalismo e da inclusão ainda definem a sociedade indiana
hoje, e podem formar a base do futuro ‘‘Soft Power’’ indiano.
Em contraste com sociedades heterogêneas e inclusivas, a expansão cultural
por sociedades homogêneas e mais exclusivas e etnocêntricas tende a ser muito mais
"soma zero" e "total", em vez de cooptar outras culturas e povos estrangeiros, eles
52

tendem a ser subjugados e assimilados em um todo maior. A expansão da civilização


chinesa é um dos melhores exemplos dessa assimilação forçada, até hoje em regiões
de fronteira como o Tibete e Xinjiang por exemplo. Dada a natureza inerentemente
coercitiva e unilateral de tal expansão e assimilação, não é de surpreender que a
China historicamente não tenha desfrutado do mesmo nível de Soft Power de
sociedades mais pluralistas e inclusivas como as da Índia, a antiga União Soviética,
ou dos Estados Unidos.
De fato, foi grandemente influenciado por aspectos ideológicos e culturais de
cada uma das três potências mencionadas (Budismo, Marxismo-Leninismo e
capitalismo, respectivamente), mas não retribui a troca exportando ideologias próprias
para qualquer uma das três potências.
Tendo examinado o status do “Soft Power” da Índia no passado e no presente,
podemos agora começar a tirar conclusões sobre o futuro do poder indiano
(KISHWAR, 2018). A indústria de entretenimento da Índia continuará a definir a Índia
para estrangeiros, mas, como descrito anteriormente, isso não será um meio eficaz
de projeção de poder. Em vez disso, a sociedade diversificada e pluralista da Índia, e
o fato de que tal sociedade permaneceu em uma peça apesar de todas as
probabilidades, pode servir como uma plataforma muito mais potente para o exercício
do Soft Power. A Índia pode ter algumas coisas para ensinar ao resto do mundo
quando se trata de multiculturalismo, especialmente em um mundo que está
rapidamente se globalizando e no qual as sociedades individuais lidam com as outras
em uma escala sem precedentes na história (KISHWAR, 2018). Por outro lado, no
entanto, a própria Índia ainda enfrenta inúmeros problemas internos, e a Índia ainda
está longe de servir como um modelo efetivo. de uma sociedade pluralista. Parece-
me que a Índia, pelo menos para o futuro próximo, terá que continuar a confiar em seu
Hard Power em constante expansão como meio de influência.
53

5. OS DESAFIOS DA ÍNDIA FRENTE AO SISTEMA INTERNACIONAL

A reorganização mundial ampliou imensamente o desafio da Índia em


estabelecer-se entre seus vizinhos asiáticos e no contexto global, é importante
analisar suas forças e fraquezas, bem como traços culturais e sociais, rivalidade
conflituosa entre os países em que a Índia faz fronteiras.
Outro grande fator importante para ser analisado é mostrar a relações da Índia
com as grandes potências estabelecidas, mostrando as diversas estratégias que vêm
sido sendo usado pelo país.

5.1. A INFLUÊNCIA DA CHINA NA REGIÃO

As relações sino-indianas, entre a República Popular da China (RPC) e a


República da Índia, embora a relação tenha sido amigável, nos dias de hoje existem
disputas fronteiriças e uma competição econômica entre os dois países que às vezes
levam a relações tensas. A relação moderna começou em 1950, quando a Índia estava
entre os primeiros países a encerrar laços formais com a República da China (Taiwan)
e reconhecer o PRC como o governo legítimo da China continental.
A China e Índia são os dois países mais populosos do mundo e as economias
que mais crescem. O crescimento da influência diplomática e econômica das regiões
aumentou a importância de seu relacionamento bilateral.
As relações culturais e econômicas remontam tempos antigos, a antiga Rota
da Seda não apenas serviu como uma importante rota comercial entre a Índia e a
China, mas também é creditada a ela a facilidade da disseminação do budismo da
Índia para o Leste da Ásia.
No século XIX, o crescente comércio de ópio da China com a Companhia das
Índias Orientais desencadeou a Primeira e a Segunda Guerra do Ópio, criando focos
de instabilidade e durante a Segunda Guerra Mundial, a Índia e a China
desempenharam um papel crucial na interrupção do progresso do Japão Imperial. As
relações entre a China contemporânea e a Índia foram caracterizadas por disputas
fronteiriças, resultando em três conflitos militares a Guerra Sino-Indiana de 1962, o
incidente de Chola em 1967 e a escaramuça sino-indiana de 1987.
54

No início de 2017, os dois países entraram em confronto no platô Doklam5, ao


longo da disputada fronteira sino-butanesa. No entanto, desde o final dos anos 80,
ambos os países reconstruíram com sucesso os laços diplomáticos e econômicos.
Em 2008, a China tornou-se o maior parceiro comercial da Índia e os dois
países também ampliaram suas relações estratégicas e militares. Além do comércio
e do comércio, existem outras áreas de interesse mútuo nas quais a China e a Índia
têm cooperado ultimamente. Nas palavras de Rejaul Karim Laskar, um estudioso da
política externa indiana, "Atualmente, os dois países estão cooperando em uma série
de acordos internacionais como o comércio, as mudanças climáticas e a reforma da
ordem financeira global, entre outros, para promover o interesse comum".
Apesar dos crescentes laços econômicos e estratégicos, existem vários
obstáculos para a Índia e a China superarem. A Índia enfrenta um forte desequilíbrio
comercial em favor da China. Os dois países não conseguiram resolver sua disputa
fronteiriça e os meios de comunicação indianos têm repetidamente reportado
incursões militares chinesas em território indiano, ambos os países estabeleceram
infraestruturas militares ao longo das fronteiras.
Além disso, a Índia continua cautelosa com as fortes relações bilaterais
estratégicas da China com o Paquistão, enquanto a China expressou preocupações
sobre as atividades militares e econômicas indianas no disputado Mar do Sul da
China.
Em junho de 2012, a China afirmou sua posição de que "laços sino-indianos"
poderiam ser a "parceria bilateral mais importante do século". Naquele mês, Wen
Jiabao, o primeiro-ministro da China e Manmohan Singh, o primeiro-ministro da Índia,
estabeleceram uma meta para aumentar o comércio bilateral entre os dois países para
US $ 100 bilhões até 2015.
A partir de 2017, o volume de comércio bilateral entre a Índia e a China ficou
em US $ 84,5 bilhões, com tudo este valor exclui o comércio bilateral entre a Índia e
Hong Kong, que é de outros US $ 34 bilhões.
De acordo com uma pesquisa da BBC World Service 2014, 33% dos indianos
consideram a China positiva, com 35% expressando uma opinião negativa, enquanto
27% dos chineses veem a Índia positivamente, com 35% expressando uma opinião

5 Área situada na tríplice fronteira entre Índia, Butão e China. Tanto o Butão quanto a China reivindicam
essa área e a Índia vem apoiando o Butão ao longo dos anos.
55

negativa. Uma pesquisa realizada em 2014 pelo Pew Research Center mostrou que
72% dos indianos estavam preocupados com o fato de que as disputas territoriais
entre a China e os países vizinhos poderiam levar a um conflito militar.
O Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, foi um dos principais
líderes mundiais a visitar Nova Deli depois que Narendra Modi assumiu como Primeiro
Ministro da Índia em 2014, A insistência da Índia em levar o assunto sobre o Mar da
China Meridional em vários fóruns multilaterais subsequentemente não ajudou o fato
de começar novamente a relação, enfrentando suspeitas tanto da administração
indiana quanto da mídia.
Conforme a Índia cresce economicamente mais as disputas vão se acentuando
deixando a China mais pressionada a agir, embora China e Índia sejam vizinhos, eles
também são rivais econômicos. A China é atualmente a segunda maior economia do
mundo, enquanto a Índia é a sétima. Em 2050, é previsto que ambos ocupem os dois
primeiros lugares.
Questões territoriais entre os dois países persistem nas regiões de Aksai Chin
e Arunachal Pradesh. Embora alguns considerem a crescente força militar e
econômica da Índia como um contrapeso ao poder regional chinês, Pequim a vê como
uma provocação.
À medida que a batalha pela supremacia regional se intensifica, o investimento
governamental é apenas uma das maneiras pelas quais um país pode aumentar sua
influência, mas que já está sendo proveitoso para a China na Ásia, na África e no resto
do mundo. Em Bangladesh, Nepal e nos pais que formam a ASEAN a Índia está
reagindo, na esperança de que o aprimoramento das relações ajude a combater a
marcha de Pequim em direção à hegemonia regional.
O lançamento de projetos de desenvolvimento por indianos em países da
região exemplifica os estreitos laços econômicos entre países que olham para China
como ameaça. O investimento cobrirá uma ampla gama de setores, incluindo saúde,
educação, informática e abastecimento de água energia e defesa.
Impulsionar o desenvolvimento na região certamente trará benefícios mútuos
para a Índia, e é por isso que os projetos de infraestrutura planejados estão recebendo
tanta proeminência. Melhorar as relações entre a Índia e países vizinhos é principal
objetivo estratégico da Índia no sul da Ásia.
56

5.2. RELAÇÕES ÍNDIA-RÚSSIA

As relações bilaterais entre a República da Índia e a Federação Russa começa


na Guerra Fria, a Índia e a antiga União Soviética (URSS) tinham um forte
relacionamento estratégico, militar, econômico e diplomático. Após o colapso da
URSS, a Rússia herdou a relação próxima com a Índia, enquanto a Índia melhorou
suas relações com o Ocidente.
Tradicionalmente, a parceria estratégica indo-russa foi construída sobre cinco
componentes principais: política, defesa, energia nuclear civil, cooperação
antiterrorismo e espaço. Esses cinco componentes principais foram destacados em
um discurso dado pelo ex-secretário de Relações Exteriores da Índia, Ranjan Mathai,
na Rússia. No entanto, nos últimos anos um sexto componente, econômico, cresceu
em importância, com ambos os países estabelecendo uma meta de US $ 30 bilhões
em comércio bilateral até 2025. Para facilitar essa meta, ambos os países estão
procurando desenvolver um acordo de livre comércio. O comércio bilateral entre os
dois países em 2012 cresceu mais de 24%.
O influente IRIGC (India-Russia Inter-Governmental Commission) é o principal
órgão que conduz os assuntos a nível governamental entre os dois países. Ambos os
países são membros de muitos organismos internacionais, onde colaboram em
conjunto em questões de interesse nacional compartilhado. Exemplos importantes
incluem a ONU, BRICS, G20 e SCO (Shanghai Cooperation Organisation). A Rússia
declarou publicamente que apoia a Índia recebendo um assento permanente no
Conselho de Segurança das Nações Unidas. Além disso, a Rússia manifestou
interesse em se juntar à SAARC com status de observador no qual a Índia é um
membro fundador.
A Índia é o segundo maior mercado para a indústria de defesa russa. Em 2017,
aproximadamente 68% da importação de hardware do Exército Indiano veio da
Rússia, tornando a Rússia a principal fornecedora de equipamentos de defesa. A Índia
tem uma embaixada em Moscou e dois consulados gerais (em São Petersburgo e
Vladivostok). A Rússia tem uma embaixada em Nova Deli e quatro consulados gerais
(em Chennai, Hyderabad, Kolkata e Mumbai).
De acordo com uma pesquisa da BBC World Service 2014, 45% dos russos
veem a Índia positivamente, com apenas 9% expressando uma visão negativa. A Índia
57

é o segundo maior mercado para a indústria de defesa russa, em 2017,


aproximadamente 68% da importação de hardware do Exército Indiano veio da
Rússia, tornando a Rússia a principal fornecedora de equipamentos de defesa. A Índia
tem uma embaixada em Moscou e dois consulados gerais (em São Petersburgo e
Vladivostok). A Rússia tem uma embaixada em Nova Deli e quatro consulados gerais
(em Chennai, Hyderabad, Kolkata e Mumbai).
A primeira grande iniciativa política, desde o colapso da União Soviética, entre
a Índia e a Rússia começou com a Parceria Estratégica assinada entre os dois países
em 2000.
O Presidente Vladimir Putin declarou em um artigo escrito por ele no hindu: "A
Declaração sobre Estratégica A parceria entre a Índia e a Rússia, assinada em outubro
de 2000, tornou-se um passo verdadeiramente histórico ".
O ex-primeiro-ministro Manmohan Singh também concordou com sua
contrapartida no discurso proferido durante a visita do presidente Putin em 2012 à
Índia, "O presidente Putin é um valioso amigo da Índia e o arquiteto original da parceria
estratégica Índia-Rússia". Ambos os países colaboram estreitamente em questões de
interesse nacional compartilhado, como ONU, BRICS, G20 e SCO, onde a Índia tem
status de observador e foi convidada pela Rússia a se tornar membro pleno. A Rússia
também apoia fortemente que a Índia receba um assento permanente no Conselho
de Segurança das Nações Unidas. Além disso, a Rússia apoiou vocalmente a adesão
da Índia ao NSG e à APEC. Além disso, também manifestou interesse em se juntar à
SAARC com status de observador no qual a Índia é um membro fundador.
Atualmente, a Rússia é um dos dois únicos países do mundo (o outro é o Japão)
que tem um mecanismo para revisões anuais de defesa em nível ministerial com a
Índia. A Comissão Intergovernamental Indo-Russa é um dos maiores e mais
abrangentes mecanismos governamentais que a Índia tem tido com qualquer país
internacionalmente. Quase todos os departamentos do governo da Índia participam
disso.

5.2.1. IRIGC

A Comissão Intergovernamental Indo-Russa (IRIGC) é o principal órgão que


conduz assuntos em nível governamental entre os dois países. Alguns descreveram
58

como o comitê de direção das relações entre a Índia e a Rússia. Está dividido em duas
partes, a primeira abrangendo Cooperação Comercial, Econômica, Científica,
Tecnológica e Cultural. Este é normalmente co-presidida pelo Vice-Primeiro Ministro
da Rússia e pelo Ministro das Relações Exteriores da Índia.
A segunda parte da comissão abrange a Cooperação Técnica Militar, que é co-
presidida pelos dois países e seus respectivos Ministros da Defesa. Ambas as partes
do IRIGC se reúnem anualmente. Além disso, para o IRIGC, existem outros órgãos
que conduzem as relações econômicas entre os dois países. Entre eles, o Fórum Indo-
Russo de Comércio e Investimento, o Conselho Empresarial Índia-Rússia, o Conselho
de Promoção de Comércio, Investimento e Tecnologia Índia-Rússia e a Câmara de
Comércio Índia-Rússia.

5.2.2. Relacionamento militar

A Rússia tem sido um importante fornecedor de equipamentos de defesa há


várias décadas. Com 68%, EUA 14% e Israel 7,2% são os principais fornecedores de
armas para a Índia (2012-2016), e a Índia e a Rússia aprofundaram sua cooperação
na fabricação de defesa Make in India assinando acordos para a construção de
fragatas navais, KA-226T helicópteros utilitários bimotores (joint venture (JV) para
fazer 60 na Rússia e 140 na Índia), míssil de cruzeiro Brahmos (JV com 50,5% na
Índia e 49,5% na Rússia).
Em dezembro de 1988, foi assinado um acordo de cooperação Índia-Rússia,
que resultou na venda de uma infinidade de equipamentos de defesa para a Índia e
também o surgimento dos países como parceiros de desenvolvimento, em oposição
a uma relação puramente comprador-vendedor. joint ventures de projetos para
desenvolver e produzir a Quinta Geração de Aviões de Caça (FGFA) e a Multirole
Transport Aircraft (MTA). O acordo está pendente de uma prorrogação de 10 anos.
Em 1997, a Rússia e a Índia assinaram um acordo de dez anos para mais cooperação
técnico-militar, abrangendo uma ampla gama de atividades, incluindo a compra de
armas completas, desenvolvimento e produção conjunta e comercialização conjunta
de armamentos e tecnologias militares.
Agora, a cooperação não se limita a uma relação comprador-vendedor, mas
inclui pesquisa e desenvolvimento conjuntos, treinamento, serviços para contatos de
59

serviço, incluindo exercícios conjuntos. Os últimos exercícios navais conjuntos


ocorreram em abril de 2007 no Mar do Japão e exercícios aéreos conjuntos foram
realizados em setembro de 2007 na Rússia. Uma comissão intergovernamental sobre
cooperação técnico-militar é co-presidida pelos ministros da defesa dos dois países.
A sétima sessão desta Comissão Intergovernamental foi realizada em outubro
de 2007 em Moscou. Durante a visita, foi assinado um acordo sobre desenvolvimento
conjunto e produção de possíveis caças multifuncionais entre os dois países.
Em 2012, os dois países assinaram um acordo de defesa no valor de US $ 2,9
bilhões durante a visita do presidente Putin à Índia para que os 42 novos Sukhois
fossem produzidos sob licença da PSU Hindustan Aeronautics, que somará os 230
Sukhois contratados anteriormente da Rússia. No geral, o preço dos 272 Sukhois -
três dos mais de 170 empregados até agora caíram - está em mais de US $ 12 bilhões.
Os helicópteros Mi-17 V5 de médio porte (59 para IAF e 12 para home ministério /
BSF) irão adicionar aos 80 helicópteros já contratados em 2008, no valor de US $ 1,34
bilhão. O valor dos projetos de defesa da Índia com a Rússia zoom norte após a
iminente tinta do contrato de design final para o desenvolvimento conjunto de um
lutador de quinta geração futurista stealth (tecnologia de furtividade). Esse contrato de
pesquisa e desenvolvimento está atrelado aos US$ 11 bilhões, a serem divididos
igualmente pelos dois países. Assim, se a Índia induzir mais de 200 caças da 5ª
geração, como espera a partir de 2022, o custo total deste gigantesco projeto para a
Índia chegará a cerca de US $ 35 bilhões, já que cada um dos jatos chegará a mais
de US $ 100 milhões. finalmente.
A Índia e a Rússia têm vários grandes programas militares conjuntos, incluindo:
Programa de mísseis de cruzeiro BrahMos, Programa de caça a jato de 5ª geração,
Programa Sukhoi Su-30MKI (230+ a ser construído pela Hindustan Aeronautics),
Ilyushin / HAL Aeronave de Transporte Tático, Helicópteros utilitários bimotores KA-
226T e algumas fragatas.
Entre 2013 e 2018, a Rússia representou 62% das vendas de armas para a
Índia, abaixo dos 79% entre 2008 e 2012.
Além disso, a Índia comprou e alugou vários equipamentos militares da Rússia:
o sistema de mísseis anti antiaéreo S-400 Triumf (compra pendente); 200 unidades
de Helicópteros Kamov Ka-226 que será feito na Índia sob a iniciativa Make in India;
Tanques T-90S Bhishma com mais de 1000 unidades para ser construído na Índia;
60

Submarino nuclear Akula-II (2 para serem alugados com opção de compra quando a
concessão expirar), programa de porta-aviões INS Vikramaditya; Bombardeiros Tu-
22M3 (4 pedidos, ainda não entregues); Atualização de US $ 900 milhões do MiG-29,
Helicópteros Mil Mi-17 (80 pedidos) mais em serviço; Avião de transporte Ilyushin Il-
76 Candid (6 ordens para ajustar o radar Phalcon israelense); A Base Aérea de
Farkhor, no Tajiquistão, é atualmente operada em conjunto pela Força Aérea Indiana
e pela Força Aérea do Tajiquistão.

5.2.3. Relações econômicas

As relações bilaterais entre os dois países concentram-se em setores altamente


diversificados, como maquinário, eletrônicos, aeroespacial, automotivo, transporte
marítimo comercial, produtos químicos, farmacêuticos, fertilizantes, aparelhos, pedras
preciosas, metais industriais, produtos petrolíferos, carvão, chá de alta qualidade e
produtos de café. O comércio bilateral em 2002 situou-se em US $ 1,5 bilhão e
aumentou em sete vezes, para US $ 11 bilhões em 2012, e ambos os governos
definiram uma meta comercial bilateral de US $ 30 bilhões até 2025.
Organismos bilaterais que conduzem as relações econômicas entre os dois
países incluem o IRIGC, o Fórum Indo-Russo sobre Comércio e Investimento, o
Conselho Empresarial Índia-Rússia, o Conselho de Promoção de Comércio,
Investimento e Tecnologia Índia-Rússia, o Conselho de CEOs Índia-Rússia e a
Câmara de Comércio Índia-Rússia.
Ambos os Governos desenvolveram conjuntamente uma estratégia econômica
que envolve o uso de vários componentes econômicos para aumentar o comércio
bilateral futuro. Estes incluem o desenvolvimento de um FTA (free-to-air ou sinal
aberto uma forma utilizada para se referir ao sinal de televisão e rádio que é
transmitido via satélite) entre a Índia e a UEE (União Econômica Eurasiática em
inglês), um tratado bilateral sobre a promoção e proteção de investimentos, um novo
mecanismo de planeamento económico integrado no IRIGC, a simplificação dos
procedimentos aduaneiros, novos acordos de longo prazo na expansão do comércio
de energia, incluindo nucleares. óleo e gás.
61

Finalmente, contratos de fornecedores de longo prazo em setores-chave como


petróleo, gás e diamantes em bruto. Empresas como Rosneft, Gazprom, Essar e
Alrosa atuam como fornecedores de longo prazo, respectivamente.
A Rússia declarou que irá cooperar com a Índia em sua iniciativa "Make in
India", por meio do engajamento no desenvolvimento de "Smart Cites", DMIC
(corredor econômico entre Delhi–Mumbai), setor aeroespacial, setor nuclear comercial
e melhoria na fabricação de produtos militares russos através de co-desenvolvimento
e coprodução.
A Rússia concordou em participar do vasto projeto de infraestrutura DMIC, que
custará mais de US $ 100 bilhões, e que eventualmente conectará Delhi e Mumbai a
ferrovias, rodovias, portos, interconectando cidades inteligentes e parques industriais.
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou em uma entrevista que uma das
prioridades de seu governo era a construção de uma cidade inteligente na Índia, "uma
cidade inteligente baseada nas tecnologias russas". A AFK Sistema provavelmente
será a principal empresa russa envolvida no projeto devido à sua experiência anterior
em projetos de cidades inteligentes em Ufa, Kazan e Rostov.
A Índia é atualmente o maior centro de corte e polimento do mundo para
diamantes, ambos os países concordaram em simplificar seu comércio bilateral de
diamantes por meio de reduções nas regulamentações e tarifas. O primeiro-ministro
indiano, Modi, afirmou em uma entrevista:
"Fiz três propostas ao presidente Putin. Primeiro, gostaria que a Alrosa tivesse
contratos diretos de longo prazo com mais empresas indianas. Tenho o prazer de
saber que eles estão caminhando nessa direção. "Quero que Alrosa e outros
negociem diretamente em nossa bolsa de diamantes. Decidimos criar uma Zona
Especial Notificada, onde as empresas de mineração podem trocar diamantes em
consignação e reexportar as não vendidas. Em terceiro lugar, pedi a reforma da
regulamentação para que a Rússia pudesse enviar diamantes em bruto para a Índia
e reimportar diamantes lapidados sem impostos extras ".
Os analistas preveem, através de procedimentos e iniciativas simplificados, que
o comércio bilateral nesta área aumentará significativamente.
Rússia concordou em construir mais de 20 reatores nucleares nos próximos 20
anos. Em 2012, o Grupo Gazprom e a GAIL da Índia concordaram em embarques de
GNL para a Índia de 2,5 milhões de toneladas por ano pelo período de 20 anos. As
62

remessas de GNL para este contrato devem começar a qualquer momento entre 2017
e 21. As empresas petrolíferas indianas investiram no sector petrolífero da Rússia.
Um exemplo notável é a ONGC-Videsh, que investiu mais de 8 mil milhões de dólares
com participações importantes em campos petrolíferos como o Sakhalin-1.
Em comunicado conjunto pelos governos divulgado pela financial express em
2014, eles afirmaram: "Espera-se que as empresas indianas participem fortemente de
projetos relacionados a novos campos de petróleo e gás no território da Federação
Russa. As partes estudarão as possibilidades de construir um sistema de dutos de
hidrocarbonetos, conectando a Federação Russa com a Índia ".

5.2.4. Cooperação no setor da energia

O setor de energia é uma área importante nas relações bilaterais indo-russas.


Em 2001, a ONGC-Videsh adquiriu 20% do projeto de petróleo e gás Sakhalin-I na
Federação Russa e investiu cerca de US $ 1,7 bilhão no projeto. A Gazprom, empresa
russa, e a Autoridade de Gás da Índia colaboraram no desenvolvimento conjunto de
um bloco na Baía de Bengala. O Projeto de Energia Nuclear Kudankulam, com duas
unidades de 1000 MW cada, é um bom exemplo da cooperação de energia nuclear
indo-russa. Ambas as partes manifestaram interesse em expandir a cooperação no
setor energético.
Em dezembro de 2008, a Rússia e a Índia assinaram um acordo para construir
reatores nucleares civis na Índia durante uma visita do presidente russo a Nova Déli.

5.2.5. Cooperação espacial

Historicamente, tem havido uma longa história de cooperação entre a União


Soviética e a Índia no espaço. Exemplos incluem Aryabhata foi o primeiro satélite da
Índia, em homenagem a um astrônomo indiano de mesmo nome. Foi lançado pela
União Soviética em 19 de abril de 1975 a partir de Kapustin Yar usando um veículo
de lançamento Kosmos-3M. Durante a visita do presidente Vladimir Putin à Índia em
dezembro de 2004, dois acordos bilaterais relacionados ao espaço foram assinados,
o acordo guarda-chuva intergovernamental sobre a cooperação no espaço para fins
63

pacíficos e o Acordo Inter Agência Espacial sobre a cooperação no sistema russo de


navegação por satélite GLONASS.
Posteriormente, vários acordos de acompanhamento do GLONASS foram
assinados. Em novembro de 2007, os dois países assinaram um acordo sobre a
exploração lunar conjunta. Estes programas de cooperação espacial estão em
implementação. Chandrayaan-2 foi uma missão conjunta de exploração lunar
proposta pela Organização de Pesquisa Espacial da Índia (ISRO) e pela Agência
Espacial Federal Russa (RKA) e teve um custo estimado de 4,25 bilhões de rands (US
$ 90 milhões). A missão, proposta para ser lançada em 2017 por um Veículo de
Lançamento de Satélite Geossíncrono (GSLV), incluía um satélite orbital lunar e um
rover feito na Índia, bem como um lander construído pela Rússia. Mas, devido aos
repetidos atrasos na joint venture, o lado indiano decidiu, em última análise,
desenvolver o lander (robô que pousa em solo lunar) e arcar com todos os custos da
missão.

5.2.6. Ciência e Tecnologia

A colaboração na ciência e tecnologia, âmbito do Programa Integrado de Longo


Prazo de Cooperação (ILTP) é o maior programa de cooperação nesta esfera para a
Índia e a Rússia. O ILTP é coordenado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia
do lado indiano e pela Academia de Ciências, Ministério da Ciência e Educação e
Ministério da Indústria e Comércio do lado russo. O desenvolvimento de aeronaves
SARAS Duet, produtos semicondutores, supercomputadores, vacinas, ciência e
tecnologia a laser, sismologia, materiais de alta pureza, software e TI e Ayurveda têm
sido algumas das áreas prioritárias de cooperação no âmbito da ILTP.
No âmbito deste programa, foram criados oito centros indo-russos para se
concentrarem em trabalhos conjuntos de pesquisa e desenvolvimento. Dois outros
Centros Conjuntos de Metais Não Ferrosos e Aceleradores e Lasers estão sendo
montados na Índia. Um Centro de Tecnologia Conjunto, com sede em Moscou, para
levar tecnologias de ponta ao mercado, também está sendo processado. Um
Conselho Conjunto do ILTP reuniu-se em Moscou, em 11 e 12 de outubro de 2007,
para rever a cooperação e dar-lhe mais orientações. Em agosto de 2007, foi assinado
64

entre o Departamento de Ciência e Tecnologia e a Fundação Russa de Pesquisa


Básica, Moscou, para buscar cooperação científica.

5.3. RELAÇÕES ÍNDIA-ESTADOS UNIDOS

Historicamente, os Estados Unidos davam apoio muito forte ao movimento de


independência da Índia, desafiando o Império Britânico. As relações entre a Índia e os
Estados Unidos foram pouco favoráveis à independência da Índia, pois a Índia
assumiu uma posição de liderança no Movimento dos Não-Alinhados e recebeu apoio
da União Soviética. Os EUA forneceram apoio à Índia 1962 durante a guerra com a
China. Durante a maior parte da Guerra Fria, os EUA tendem a ter relações melhores
com o Paquistão, principalmente como forma de conter a Índia, mais próxima aos
soviéticos, e usar o Paquistão para apoiar os Mujahideen afegãos contra a ocupação
soviética do Afeganistão. Um Tratado Indo-Soviético de Amizade e Cooperação,
assinado em 1971, também posicionou a Índia contra os EUA.
Após a guerra sino-indiana e a guerra indo-paquistanesa de 1965, a Índia fez
mudanças consideráveis em sua política externa. Desenvolveu um relacionamento
estreito com a União Soviética e começou a receber equipamento militar massivo e
assistência financeira da URSS. Isso teve um efeito adverso na relação indo-
americana. Os Estados Unidos viram o Paquistão como um contrapeso à Índia pró
soviética e começaram a dar a antiga assistência militar. Isso criou uma atmosfera de
desconfiança entre a Índia e os EUA. O relacionamento indo-americano sofreu um
revés considerável quando os soviéticos tomaram o Afeganistão quando a Índia
apoiou abertamente a União Soviética.
As relações entre a Índia e os Estados Unidos chegaram a um nível baixo
durante o início dos anos 70. Apesar dos relatos de atrocidades no Paquistão Oriental,
e sendo revelado atividades genocidas sendo perpetradas pelas forças
paquistanesas, EUA. O secretário de Estado Henry Kissinger e o presidente dos
Estados Unidos, Richard Nixon, não fizeram nada para desencorajar o então
presidente paquistanês Yahya Khan e o Exército do Paquistão. Kissinger estava
particularmente preocupado com a expansão soviética no sul da Ásia como resultado
de um tratado de amizade que havia sido assinado recentemente entre a Índia e a
65

União Soviética, e procurou demonstrar à República Popular da China o valor de uma


aliança tácita com os Estados Unidos.
Durante a Guerra indo-paquistanesa de 1971, as Forças Armadas Indianas,
junto com os Mukti Bahini, conseguiram libertar o Paquistão Oriental, que logo
declarou sua independência. Nixon temia que uma invasão indiana do Paquistão
Ocidental significasse a total dominação soviética da região e que prejudicaria
seriamente a posição global dos Estados Unidos e a posição regional da nova aliada
tácita dos EUA, a China. Para demonstrar à China a boa-fé dos Estados Unidos como
aliado e em violação direta das sanções impostas pelo Congresso ao Paquistão, Nixon
enviou suprimentos militares ao Paquistão, encaminhando-os através da Jordânia e
do Irã, ao mesmo tempo incentivando a China a aumentar seus armamentos.
suprimentos para o Paquistão.
Quando a derrota do Paquistão no setor oriental (atual Bangladesh) parecia
certa, Nixon enviou a USS Enterprise para a Baía de Bengala, um movimento
considerado pelos indianos como uma ameaça nuclear.
Embora os esforços americanos não tenham tido efeito em mudar a maré da
guerra, o incidente envolvendo a marinha Americana é vista como o gatilho para o
interesse subsequente da Índia em desenvolver armas nucleares. A política
americana para o fim da guerra foi ditada principalmente pela necessidade de
restringir a escalada da guerra no setor ocidental para impedir o "desmembramento"
do Paquistão Ocidental. Anos depois da guerra, muitos escritores americanos
criticaram as políticas da Casa Branca durante a guerra como sendo muito falhas e
mal servindo aos interesses dos Estados Unidos. A Índia realizou testes nucleares
alguns anos depois, resultando na imposição de sanções pelos Estados Unidos,
desviando ainda mais os dois países. Nos últimos anos, Kissinger foi criticado por
comentários feitos durante a Guerra Indo-Paquistanesa, na qual ele descreveu os
indianos como "bastardos". Kissinger, desde então, expressou seu pesar pelos
comentários.
Desde o final da Guerra Fria, as relações Índia-EUA melhoraram
dramaticamente. Isso tem sido amplamente fomentado pelo fato de que os Estados
Unidos e a Índia são democracias e têm uma grande e crescente relação comercial.
Durante a Guerra do Golfo, a economia da Índia passou por uma fase extremamente
difícil. O governo da Índia adotou sistemas econômicos mais liberais.
66

Após o desmembramento da União Soviética, a Índia melhorou as relações


diplomáticas com os membros da OTAN, particularmente Canadá, França e
Alemanha. Em 1992, a Índia estabeleceu relações diplomáticas formais com Israel.
Em 1998, a Índia testou armas nucleares que resultaram em várias sanções
americanas, japonesas e europeias à Índia. O então ministro da Defesa da Índia,
George Fernandes, disse que o programa nuclear da Índia era necessário, uma vez
que proporciona uma dissuasão para uma possível ameaça nuclear. A maior parte
das sanções impostas à Índia foi removida em 2001. A Índia afirmou categoricamente
que nunca usará armas primeiro, mas defenderá se for atacada.
As sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos em resposta aos
testes nucleares da Índia em maio de 1998 pareciam, pelo menos inicialmente,
prejudicar gravemente as relações indo-americanas. O presidente Bill Clinton impôs
amplas sanções de acordo com a Lei de Prevenção da Proliferação Nuclear de 1994.
Sanções dos EUA contra entidades indianas envolvidas na indústria nuclear e
oposição a empréstimos de instituições financeiras internacionais para projetos de
assistência não humanitária na Índia. Os Estados Unidos incentivaram a Índia a
assinar o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT) imediatamente
e sem condições. Os Estados Unidos também pediram moderação em testes e
implantação de mísseis e nucleares pela Índia e pelo Paquistão. O diálogo de não-
proliferação iniciado após os testes nucleares de 1998 preenche muitas lacunas no
entendimento entre os países.
A contribuição para a Guerra ao Terror ajudou as relações diplomáticas da Índia
com vários países. Nos últimos anos, a Índia realizou numerosos exercícios militares
conjuntos com Estados Unidos e países europeus que resultaram em um
fortalecimento das relações bilaterais EUA-Índia e UE-Índia. O comércio bilateral da
Índia com a Europa e os EUA mais do que dobrou nos últimos cinco anos.
No entanto, a Índia não assinou o CTBT, ou o Tratado de Não-Proliferação
Nuclear, alegando a natureza discriminatória do tratado que permite aos cinco países
nucleares declarados do mundo manter seu arsenal nuclear e desenvolvê-lo usando
testes de simulação por computador. Antes de seus testes nucleares, a Índia havia
pressionado por uma destruição abrangente de armas nucleares por todos os países
do mundo em um período de tempo limitado. Isto não foi favorecido pelos Estados
Unidos e por alguns outros países. Atualmente, a Índia declarou sua política de "não
67

usar primeiro armas nucleares" e a manutenção de uma "dissuasão nuclear confiável".


Os EUA, sob o governo do presidente George W. Bush, também levantaram a maioria
das sanções contra a Índia e retomaram a cooperação militar. As relações com os
EUA melhoraram consideravelmente nos últimos anos, com os dois países
participando de exercícios navais conjuntos ao largo da costa da Índia e exercícios
aéreos conjuntos, tanto na Índia quanto nos Estados Unidos.
A Índia tem pressionado por reformas nas Nações Unidas e na Organização
Mundial do Comércio com resultados mistos. A candidatura da Índia a um assento
permanente no Conselho de Segurança da ONU é atualmente apoiada por vários
países, incluindo Reino Unido, França, Alemanha, Japão, Brasil, nações da União
Africana, Estados Unidos e China. Em 2005, os Estados Unidos assinaram um acordo
de cooperação nuclear com a Índia, embora este não faça parte do Tratado de Não-
Proliferação Nuclear. Os Estados Unidos concordaram que o forte registro de não-
proliferação nuclear da Índia tornou-se uma exceção e persuadiu outros membros do
Grupo de Fornecedores Nucleares a assinar acordos semelhantes com a Índia.
Em 2 de março de 2006, a Índia e os Estados Unidos assinaram o Pacto
Nuclear Indo-EUA em cooperação no campo nuclear civil. Isso foi assinado durante a
visita de quatro dias do presidente dos EUA, George Bush, na Índia. De sua parte, a
Índia separaria seus programas nucleares civis e militares, e os programas civis
seriam colocados sob as salvaguardas da Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA). Os Estados Unidos venderiam à Índia as tecnologias dos reatores e o
combustível nuclear para estabelecer e atualizar seu programa nuclear civil. O
Congresso dos EUA precisa ratificar este pacto, uma vez que a lei federal dos EUA
proíbe o comércio de tecnologias e materiais nucleares fora do âmbito do Grupo de
Fornecedores Nucleares (NSG).
As relações indo-americanas começaram a ter um conteúdo estratégico no
início dos anos 1960, o fim da Guerra Fria exigiu e facilitou a infusão de conteúdo
estratégico nas relações indo-americanas desta vez multidimensional. Na era pós-
Guerra Fria, os objetivos estratégicos da Índia e dos Estados Unidos convergem em
várias questões. Estas questões incluem, contenção do terrorismo, promoção da
democracia, contra proliferação, liberdade de navegação no Oceano Índico, equilíbrio
de poder asiático, etc.
68

Uma das características muito interessantes das relações indo-americanas dos


últimos tempos são as mudanças nos termos de engajamento entre os dois países
sobre a questão da proliferação nuclear. Embora anteriormente, no pensamento
estratégico dos EUA sobre a proliferação nuclear, a Índia refletiu principalmente a
preocupação americana com os programas nucleares e de mísseis do país, no século
XXI, no entanto, o pensamento estratégico americano sobre a questão da proliferação
nuclear passou por uma grande reorientação. Agora, os americanos estão cada vez
mais percebendo a futilidade de insistir em uma reversão do programa nuclear da
Índia. Eles, ao contrário, querem alavancar o crescente poder e influência da Índia em
favor de seus objetivos mais amplos de não-proliferação e contra proliferação.
A agricultura é outra importante área de cooperação entre a Índia e os EUA nos
tempos atuais. Considerando o fato de que ambas as nações têm atualmente um
vasto conjunto de recursos humanos adeptos à economia do conhecimento, é natural
que o melhor caminho que essa parceria possa visar seja o aproveitamento desses
recursos humanos, concentrando-se no desenvolvimento e disseminação do
conhecimento agrícola através da pesquisa, educação e treinamento, etc. Uma
iniciativa para forjar essa parceria é a "Iniciativa de Conhecimento Índia-EUA sobre
Agricultura" (KIA).
O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, foi o convidado de honra do
primeiro jantar de estado, realizado em 24 de novembro de 2009, na administração
do presidente dos EUA, Barack Obama. Mais tarde, Obama visitou a Índia de 6 a 9 de
novembro de 2010, assinando vários acordos de comércio e defesa com a Índia. Ele
se dirigiu à sessão conjunta do parlamento indiano em Nova Delhi, tornando-se
apenas o segundo presidente dos EUA a fazê-lo, e anunciou que os Estados Unidos
dariam seu apoio à candidatura da Índia a um assento permanente no Conselho de
Segurança da ONU, significando o crescente dimensão estratégica da relação entre
as duas maiores democracias do mundo.

5.4. AS RELAÇÕES ÍNDIA-JAPÃO

As relações Índia-Japão sempre foram fortes. A Índia influenciou culturalmente


o Japão através do budismo. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Exército Imperial
Japonês ajudou o Exército Nacional Indiano de Netaji Subhash Chandra Bose. As
69

relações mantêm-se aquecidas desde a independência da Índia, apesar do Japão ter


imposto sanções à Índia após os testes nucleares de Pokhran-II em 1998 (as sanções
foram removidas em 2001).
Empresas japonesas, como a Sony, a Toyota e a Honda, têm fábricas na Índia
e, com o crescimento da economia indiana, a Índia é um grande mercado para as
empresas japonesas. A empresa japonesa mais proeminente a ter um grande
investimento na Índia é a Suzuki, uma gigante dos automóveis, que está em parceria
com a empresa indiana de automóveis Maruti Suzuki, a maior fabricante de
automóveis da Índia.
De acordo com primeiro-ministro Shinzo Abe, é do interesse do Japão
desenvolver laços mais estreitos com a Índia, a democracia mais populosa do mundo,
enquanto suas relações com a China continuam frias. Para este fim, o Japão financiou
muitos projetos de infraestrutura na Índia, principalmente no sistema de metrô de Nova
Délhi.
Em dezembro de 2006, a visita do primeiro-ministro Manmohan Singh ao Japão
culminou na assinatura da "Declaração Conjunta para a Parceria Estratégica e Global
Japão-Índia". Os candidatos indianos foram acolhidos em 2006 no Programa JET,
começando com apenas uma vaga disponível em 2006 e 41 em 2007. Além disso, em
2007, as Forças de Autodefesa do Japão participaram num exercício naval no Oceano
Índico, conhecido como Malabar 2007, que também envolveu as forças navais da
Índia, Austrália Cingapura e Estados Unidos.
O exercício Malabar é um exercício naval trilateral envolvendo os Estados
Unidos, Japão e Índia como parceiros permanentes. Originalmente um exercício
bilateral entre a Índia e os Estados Unidos, o Japão se tornou um parceiro permanente
em 2015. Os participantes não permanentes do passado são a Austrália e Cingapura.
A série anual Malabar começou em 1992 e inclui diversas atividades, desde
operações de combate a caças, porta-aviões até exercícios de operações de
interdição marítima.
Em outubro de 2008, o Japão assinou um acordo com a Índia sob o qual
concederia a este último um empréstimo a juros baixos de US $ 4,5 bilhões para
construir uma linha férrea de alta velocidade entre Delhi e Mumbai. Este é o maior
projeto no exterior sendo financiado pelo Japão e reflete a crescente parceria
econômica entre os dois. Índia e Japão assinaram um acordo de cooperação de
70

segurança no qual ambos realizarão exercícios militares, policiarão o Oceano Índico


e realizarão trocas entre militares para combater o terrorismo, tornando a Índia um
dos três únicos países, sendo os outros dois os Estados Unidos e Austrália, com a
qual o Japão tem um pacto de segurança. Há 25.000 indianos no Japão a partir de
2008.
Há tentativas estratégicas contínuas de formar uma "OTAN asiática" com a
Índia, o Japão, os EUA e a Austrália através do Diálogo de Segurança Quadrilateral.
Durante a primeira década do século XXI, o aprofundamento das relações
estratégicas entre as duas nações foi impedido por uma série de desacordos políticos,
como a recusa da Índia em assinar o TNP (Tratado de não proliferação de armas
nucleares) e a consequente recusa da Austrália em fornecer urânio à Índia. Mais tarde,
o parlamento da Austrália permitiu a venda de urânio para a Índia, após mudanças no
governo. Uma cooperação estratégica mais estreita entre a Índia, o Japão, os Estados
Unidos e a Austrália também começaram durante a segunda metade de 2010, o que
alguns analistas atribuíram ao desejo de equilibrar as iniciativas chinesas na região
do Indo-Pacífico.

5.5. DIÁLOGO DE SEGURANÇA QUADRILATERAL.

O Diálogo de Segurança Quadrilateral é um diálogo estratégico informal entre


os Estados Unidos, o Japão, a Austrália e a Índia, mantido por conversações entre os
países membros. O diálogo foi iniciado em 2007 pelo primeiro-ministro Shinzo Abe do
Japão, com o apoio do vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, do primeiro-
ministro John Howard, da Austrália, e do primeiro-ministro Manmohan Singh, da Índia.
O diálogo foi paralelo a exercícios militares conjuntos de uma escala sem
precedentes, intitulada Exercício Malabar. O arranjo diplomático e militar foi
amplamente visto como uma resposta ao aumento do poder econômico e militar
chinês, e o governo chinês respondeu ao diálogo do Quadrilateral emitindo protestos
diplomáticos formais para seus membros.
O diálogo cessou após a retirada da Austrália durante o mandato de Kevin
Rudd como primeiro-ministro, refletindo a ambivalência na política australiana quanto
à crescente tensão entre os Estados Unidos e a China na região da Ásia-Pacífico.
Após a substituição de Rudd por Julia Gillard em 2010, a cooperação militar reforçada
71

entre os Estados Unidos e a Austrália foi retomada, levando à colocação de fuzileiros


navais americanos perto de Darwin, na Austrália, com vista para o Mar de Timor e o
Estreito de Lombok. Índia, Japão e Estados Unidos continuam realizando exercícios
navais conjuntos através do Malabar.
No entanto, durante as Cúpulas ASEAN de 2017, todos os quatro ex-membros
voltaram a se reunir para reviver a aliança quadrilateral. Com o Primeiro Ministro
Malcolm Turnbull da Austrália, o Primeiro Ministro Shinzo Abe do Japão, o Primeiro
Ministro Narendra Modi da Índia e o Presidente Donald Trump dos Estados Unidos
concordando em Manila para reviver o pacto de segurança entre as tensões no Mar
da China Meridional causado principalmente pela China e suas ambições territoriais.

5.6. QUESTÃO NUCLEAR INDIANA

Apesar de seu status de resistência à Guerra Fria, a Índia foi forçada a


desenvolver suas próprias armas nucleares, o programa nuclear da Índia remonta a
1948, apenas um ano após a independência. O governo de Nehru (1947 - 1964) olhou
para a energia nuclear como uma fonte de energia barata para o jovem país. Uma
Comissão Indiana de Energia Atômica foi criada naquele ano para supervisionar os
esforços nucleares do país. Devido à falta de urânio em território indiano, o país
naturalmente foi em direção ao uso de plutônio.
O primeiro reator nuclear da Índia, o Apsara, foi construído com a ajuda do
Reino Unido e foi vital em agosto de 1956, Nova Délhi originalmente considerava a
construção de armas nucleares, não como armas, mas como os chamados
"explosivos nucleares pacíficos" capazes de construir portos, escavar gás natural e
outros grandes projetos de construção e mineração. Embora funcionalmente idêntico
às armas nucleares, o plano demonstrou que a Índia ainda não estava convencida de
que precisava de um verdadeiro dissuasor nuclear ainda. Como membro fundador do
Movimento dos Não-Alinhados (É uma associação de países formada com o
aparecimento dos dois grandes blocos opostos durante a Guerra Fria liderados pelas
superpotências da época EUA e URSS, seu objetivo era manter uma posição neutra
e não associada a nenhum dos grandes blocos), a Índia era um espectador do ritmo
febril da corrida armamentista nuclear entre os Estados Unidos e a União Soviética.
72

A guerra de 1962 com a China, no entanto, mudou isso. O ataque limitado ao


território indiano poderia ter sido muito pior se os dois países tivessem entrado em
guerra total, particularmente se o Paquistão e a China tivessem se unido. Além disso,
embora a China ainda não fosse uma potência nuclear, seu status nuclear era
considerado uma inevitabilidade e uma cidade nuclear de Pequim poderia chantagear
a Índia em concessões territoriais com o risco de aniquilação atômica. A corrida
nuclear de Nova Delhi estava ligada
O primeiro teste nuclear da índia foi realizado em 18 de maio de 1974, no Teste
de Pokhran, no deserto do Rajastão. O dispositivo, apelidado de "Buda sorridente",
tinha um rendimento explosivo de entre seis e quinze quilotons (o dispositivo de
Hiroshima é geralmente estimado em dezesseis quilotons). O teste foi realizado em
um poço subterrâneo para conter radiação. A Índia descreveu o teste como pacífico
na natureza, mas o status nuclear da China, alcançado em 1964, significa que quase
certamente foi projetado para ser uma arma.
O teste levou a Índia ao chamado "Clube Nuclear", que anteriormente consistia
nos Estados Unidos, na União Soviética, no Reino Unido, na França e na China. A
Índia absteve-se dos testes nucleares por mais vinte e quatro anos, até detonar três
dispositivos em 11 de maio de 1998, e outros três em 13 de maio. A maioria dos
aparelhos tinha baixos rendimentos, entre duzentos e quinhentos toneladas,
sugerindo que eles foram projetados para seriam bombas nucleares tácticas, mas um
dispositivo era um dispositivo termonuclear que falhava e atingia um rendimento de
apenas quarenta e cinco quilotons.
Hoje, estima-se que a Índia tenha pelo menos 520 kg de plutônio, o suficiente
para, segundo a Associação de Controle de Armas, “entre 100 e 120 dispositivos
nucleares”. Nova Delhi descreve isso como “dissuasor mínimo confiável” contra as
potências nucleares vizinhas China e Paquistão. Em comparação, a China que
também precisa enfrentar o rival nuclear os Estados Unidos tem material físsil
suficiente para entre 200 e 250 dispositivos. Acredita-se que o Paquistão tenha um
arsenal de 110 a 130 dispositivos. A Índia tem uma política firme de não usar primeiro
em relação a armas nucleares, prometendo nunca ser o primeiro a usá-las em
qualquer conflito e apenas usá-las para retaliar em espécie.
Como resultado, a Índia construiu sua própria "tríade nuclear", são forças
terrestres, marítimas e aéreas, todas equipadas com armas nucleares. A primeira
73

etapa a desenvolver era provavelmente dispositivos nucleares táticos para aeronaves


de ataque da Força Aérea Indiana. Hoje, a Índia possui mais de duzentos caças
bimotores Su-30MK1, 69 MiG-29s e 51 caças Mirage 2000. É provável que pelo
menos algumas dessas aeronaves tenham sido modificadas e treinadas para
transportar bombas de gravidade nuclear para seus alvos.
Os mísseis terrestres da tríade consistem em mísseis balísticos táticos Prithvi.
Produzido pela primeira vez no final da década de 1990, Prithvi inicialmente tinha um
alcance de apenas noventa e três milhas, mas versões futuras aumentaram seu
alcance para 372 milhas. Apesar disso, Prithvi ainda é firmemente uma arma tática,
enquanto a série de mísseis Agni I-V, com alcance de 434 a 4.970 milhas, são armas
estratégicas com capacidade de atingir capitais estrangeiras e toda a China.
A terceira parte da tríade é nova, consistindo de submarinos de mísseis
balísticos nucleares (SSBNs) da classe Arihant. Quatro submarinos estão planejados,
cada um com a capacidade de carregar doze mísseis balísticos de curto alcance K-
15 Sagarika (“Oceanic”) com alcance máximo de 434 milhas, ou mísseis balísticos de
médio alcance K-4 com alcance de 2.174 milhas. Usando a Baía de Bengala como
um suporte e protegido por ativos como a transportadora indiana INS Vikramaditya,
as SSBNs da Arihant mal podem chegar a Pequim.
O desenvolvimento nuclear da Índia tem sido relativamente responsável, e a
política do país No First Use deve agir para retardar a escalada de qualquer conflito
convencional para um conflito nuclear. Enquanto a dissuasão nuclear da Índia
permanecer credível, ela deve fazer com que os adversários racionais pensem duas
vezes antes de chegar ao limiar nuclear. Ainda assim, a relação volátil do país com o
Paquistão, que não tem essa política, bem como o seu plano de ação contra a
vizinhança, “Guerra a Fria”, significa que a guerra nuclear não pode ser descartada.
Em janeiro de 2003, um comunicado do Ministério das Relações Exteriores
manteve a adesão ao não-primeiro uso, embora com a condição de que armas
nucleares também pudessem ser usadas em retaliação a um ataque biológico ou
químico, ou para proteger as forças indianas que operam no Paquistão.
O debate interno sobre o futuro papel das armas nucleares: uma força-tarefa
estabelecida pelo Ministério de Relações Exteriores para revisar a postura nuclear da
Índia em 2007 “uma capacidade de defesa nuclear abrangente e integrada”, levando
74

em conta a instabilidade política persistente na região e A continuação da cooperação


nuclear da China com o Paquistão.
De acordo com essa postura, a Índia não mantém uma força nuclear constituída
em um estado de alerta elevado. As armas nucleares do país permanecem sob o
controle da Autoridade do Comando Nuclear Civil (NCA em inglês), composta por um
Conselho Político, presidido pelo Primeiro Ministro, que é "o único órgão que pode
autorizar o uso de armas nucleares"; e um Conselho Executivo. Liderado pelo National
Security Advisor, que “fornece subsídios para a tomada de decisões… e executa as
diretrizes dadas a ele pelo Conselho Político.” A missão indiana às Nações Unidas
apresentou vários projetos de recomendações sobre “redução do perigo nuclear”, que
incluem “Medidas para reduzir os riscos de uso não intencional e acidental de armas
nucleares, inclusive por meio do desestímulo e dalfandegamento de armas nucleares.”
A missão indiana às Nações Unidas apresentou vários projetos de
recomendações sobre "redução do perigo nuclear", que incluem "medidas para reduzir
os riscos de uso não intencional e acidental de armas nucleares, inclusive por meio
do desestímulo e desalfandegamento de armas nucleares".

5.6.1. O acordo nuclear Eua-Índia e a participação da Índia no comércio


nuclear

Um dos principais desenvolvimentos nos últimos anos tem sido o acordo de


cooperação nuclear EUA-Índia, cujos planos foram revelados pela primeira vez em
julho de 2005. Este acordo e o subsequente endosso do caso da Índia pelo Grupo de
Fornecedores Nucleares (NSG) permitiram que a Índia se envolvesse em projetos
nucleares internacionais. comércio. Em troca, Nova Deli concordou em permitir
salvaguardas em um número seleto de suas instalações nucleares que são
classificadas como "civis" de propósito. As instalações "militares" restantes
permanecem fora dos limites para os inspetores internacionais.
O processo de acordo exigia a navegação em vários obstáculos diplomáticos e
legais. O Congresso dos EUA aprovou a Lei Hyde em janeiro de 2006 para isentar a
cooperação nuclear com a Índia das disposições da Lei de Energia Atômica dos EUA,
permitindo a adoção de um acordo bilateral de cooperação nuclear em agosto de
2007.
75

Em setembro de 2008, o NSG aprovou uma isenção permitindo que os


membros desse regime de controle de exportação conduzissem o comércio nuclear
com a Índia. Finalmente, um acordo de salvaguardas para instalações nucleares civis
selecionadas foi concluído entre a Índia e a Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA) em fevereiro de 2009, após a aprovação pelo Conselho de Governadores da
AIEA no ano anterior. Em outubro de 2009, a Índia apresentou um plano de separação
para colocar suas 14 instalações nucleares civis sob as salvaguardas da AIEA até
2014. Até o final de 2014, a Índia colocou 22 reatores sob salvaguardas.
No final de julho de 2010, a Índia e os Estados Unidos assinaram um acordo
bilateral que permitia à Índia reprocessar materiais nucleares dos EUA em duas novas
instalações de reprocessamento, a serem construídas e colocadas sob salvaguardas
da AIEA. Na sequência da renúncia do NSG, a Índia assinou acordos de cooperação
nuclear com a Rússia, a França, o Reino Unido, a Coreia do Sul, o Canadá, a
Argentina, o Cazaquistão, a Mongólia e a Namíbia.
Em outubro de 2009, Nova Delhi identificou dois locais nos estados de Gujarat
e Andhra Pradesh que poderiam abrigar reatores construídos pela GE Hitachi e pela
Westinghouse. As leis de responsabilidade da Índia que regulam usinas nucleares
civis, no entanto, tiveram um efeito inibidor sobre o interesse de empresas
internacionais em projetos na Índia. Os regulamentos da Índia ultrapassaram em muito
os padrões internacionais de responsabilidade nuclear, responsabilizando legalmente
os fornecedores por quaisquer danos resultantes de acidentes. A Índia tomou medidas
para tratar das preocupações dos investidores, inclusive ratificando a Convenção
sobre Compensação Suplementar por Danos Nucleares em 2016. No mesmo ano, os
Estados Unidos e a Índia concordaram em avançar nas negociações para que a
Westinghouse construísse seis reatores.

5.6.2. Desenvolvimentos recentes e status atual

A Índia continua participando do comércio nuclear internacional. Em abril de


2013, o Canadá e a Índia assinaram um acordo de salvaguardas bilaterais para o
comércio de materiais nucleares e tecnologia usada em instalações protegidas pela
AIEA. Em abril de 2015, o Canadá concordou com um acordo de cinco anos para
fornecer à Índia urânio para alimentar reatores nucleares civis. Em setembro de 2014,
76

o primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, e o indiano Narendra Modi assinaram


um acordo de cooperação nuclear, que foi finalizado no final de 2015, abrindo caminho
para a Austrália exportar urânio para o programa nuclear civil da Índia. a filiação ao
NSG, MTCR, Wassenaar Arrangement e Australia Group. Em janeiro de 2015, a Índia
e os Estados Unidos divulgaram um comunicado conjunto anunciando que as duas
nações trabalharão para a entrada gradual da Índia no Grupo de Fornecedores
Nucleares (NSG), o Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR), o Acordo
de Wassenaar e a Austrália Grup.
A China ampliou o apoio condicional à inclusão da Índia no NSG, mas enfatizou
que o grupo deve agir com cautela e que a China “apoia a Índia a adotar novas
medidas para atender aos requisitos para a inclusão no grupo”, segundo a chancelaria
chinesa. porta-voz do ministério Hua Chunying.
Ao defender a adesão ao NSG, a Índia se retratou como uma potência nuclear
responsável, apontando para seu histórico positivo de não-proliferação e apoio
consistente para o completo desarmamento nuclear.
A Índia assinou o Protocolo Adicional, que entrou em vigor em julho de 2014.
Manteve uma moratória unilateral sobre testes nucleares e apoia negociações de um
Tratado de Corte de Material Físsil (FMCT) que é "universal, não discriminatório e
verificável internacionalmente".
Ao mesmo tempo, a Índia permaneceu firmemente fora do TNP, argumentando
que “as armas nucleares são parte integrante de nossa segurança nacional e
continuarão assim dependendo da eliminação global de todas as armas nucleares”.
Porém Nova Delhi não assinou o CTBT (Tratado de Proibição Total de Testes
Nucleares) e continua a produzir material físsil para seu programa de armas
nucleares. Embora tenha reiterado seu compromisso de não usar armas nucleares, a
postura nuclear da Índia de dissuasão mínima confiável ainda está evoluindo, e o país
está desenvolvendo uma nova estratégica de sistemas de distribuição nuclear.

5.7. OS DIREITOS HUMANOS NA ÍNDIA

Os direitos humanos na Índia são uma questão complicada pelo grande


tamanho da população do país, a pobreza generalizada, a falta de educação
77

adequada e sua cultura diversificada, apesar de ser a maior república soberana,


secular e democrática do mundo.
A Constituição da Índia prevê os direitos fundamentais, que incluem a liberdade
de religião. As cláusulas também preveem a liberdade de expressão, bem como a
separação do executivo e do judiciário e a liberdade de movimento dentro do país e
no exterior. O país também tem um judiciário independente e órgãos para analisar
questões de direitos humanos.
O relatório de 2016 da Human Rights Watch aceita as faculdades acima
mencionadas, mas afirma que a Índia tem "sérios problemas de direitos humanos".
Grupos da sociedade civil enfrentam assédio e os críticos do governo enfrentam
intimidações e processos. A liberdade de expressão está sob ataque do Estado e as
minorias muçulmanas e cristãs acusam as autoridades de não fazer o suficiente para
proteger seus direitos, mas nos últimos anos, mais ênfase é dada aos direitos das
minorias e à liberdade de expressão. O governo ainda não revogou as leis que
concedem funcionários públicos e de segurança. obriga imunidade de acusação por
abusos.
O Centro Asiático de Direitos Humanos estima que, de 2002 a 2008, mais de
quatro pessoas por dia morreram enquanto estavam sob custódia policial, com
"centenas" dessas mortes sendo devido ao uso de tortura pela polícia. De acordo com
um relatório escrito pelo Instituto de Administração Correcional no Punjab, até 50%
dos policiais no país usaram abuso físico ou mental em prisioneiros. Casos de tortura,
como por falta de saneamento, espaço ou água, também foram documentados em
West Bengal.Conflitos entre grupos religiosos (principalmente entre hindus e
muçulmanos) têm prevalecido na Índia desde o tempo de sua independência do
domínio britânico. Entre as incidências mais antigas de violência comunal na Índia
estava a rebelião de Moplah, quando os militantes islâmicos massacraram os hindus
em Kerala. Tumultos comunais ocorreram durante a divisão da Índia entre hindus /
sikhs e muçulmanos, onde um grande número de pessoas foram mortas em grande
escala de violência.
A Índia contemporânea, no entanto, viu a influência da casta começar a
declinar. Isto é em parte devido à disseminação da educação para todas as castas
que tiveram um efeito democratizante no sistema político. No entanto, esta
"equalização" do campo de jogo não foi sem controvérsia. A Comissão Mandal e seu
78

sistema de cotas tem sido uma questão particularmente delicada. O professor


Dipankar Gupta argumentou que o papel das castas nas eleições indianas foi
exagerado.
Mais recentemente, houve um fluxo na política de castas, causada
principalmente pela liberalização econômica na Índia. Esse aumento no
empoderamento das castas inferiores foi acompanhado em algumas regiões por um
aumento no nível de corrupção.
Isto deveu-se em parte a uma menor casta em perceber os programas de
desenvolvimento e o estado de direito como ferramentas usadas pela casta superior
para subjugar as castas inferiores.
A Anistia Internacional afirma que " é responsabilidade do governo indiano
aprovar e aplicar plenamente as suas disposições legais contra a discriminação com
base na casta e na descendência”. As tribos notificadas da Índia, juntamente com
muitas tribos nômades coletivamente 60 milhões de habitantes, continuam a enfrentar
o estigma social e as dificuldades econômicas, apesar da Lei de Tributos Criminais de
1871 ter sido revogada pelo governo em 1952 e substituída pela Lei de Crimes
Habituais (HOA). 1952, como efetivamente só criou uma nova lista fora da lista antiga
das assim chamadas "tribos criminosas. Estas tribos até hoje enfrentam as
consequências da 'Lei de Prevenção de Atividade Antissocial' (PASA), que só
aumenta a sua luta cotidiana pela existência, já que a maioria deles vive abaixo da
linha da pobreza A Comissão Nacional de Direitos Humanos e o Comitê para
Eliminação da Discriminação Racial (CERD) da ONU pediram ao governo que
revogue essa lei também, já que "tribos continuam a sofrer opressão e ostracização
social em geral e muitos foram negados SC, ST ou OBC status, negando-lhes o
acesso a reservas que elevaria a sua economia e social.
Outro grande problema enfrentado na Índia é a Liberdade de expressão De
acordo com as estimativas da Repórteres Sem Fronteiras, a Índia ocupa o 138º lugar
mundial em 2018 no índice de liberdade de imprensa (abaixo do 105º em 2009). O
índice de liberdade de imprensa para a Índia é 38,75 em 2010 (29,33 para 2009) em
uma escala que vai de 0 (mais livre) a 105 (menos livre). Em 2018, a Índia ficou em
138º lugar no ranking mundial (pontuação de 40,24 de 105), mas apesar disso,
continua sendo uma das melhores pontuações da região.
79

Isso acaba infringindo em outras partes da sociedade indiana como os Direitos


LGBT onde o Supremo Tribunal de Deli descriminalizou os atos sexuais privados
consensuais entre adultos em 2 de julho de 2009, a homossexualidade foi considerada
criminosa conforme as interpretações da ambígua Seção 377 do Código Penal Indiano
(IPC) de 150 anos, uma lei aprovada pelas autoridades coloniais britânicas. Contudo,
esta lei foi muito raramente aplicada. Em sua decisão de descriminalizar a
homossexualidade, o Supremo Tribunal de Deli observou que a lei existente entrava
em conflito com os direitos fundamentais garantidos pela Constituição da Índia, e essa
criminalização é violatória dos artigos 21, 14 e 15 da Constituição. Em 11 de dezembro
de 2013, uma homossexualidade foi novamente criminalizada por uma decisão da
Suprema Corte.
Outra grande preocupação apontado pelo Human Rights Watch é a não
discriminação entre os sexos. A mulher muçulmana na Índia é um dos principais
grupos privados de sua igualdade no âmbito dos direitos humanos. Sua dificuldade
derivou de razões culturais e religiosas.
Isso inclui ser estereotipado negativamente dentro da religião, incorporando
tanto as crenças muçulmanas quanto as judaico-cristãs. Isso também inclui
interpretações masculinas do Alcorão. Onde as funções de uma mulher em questões
de família são vistas como menos da metade, de acordo com o hijab, então a de suas
contrapartes masculinas.
Embora haja reconhecimento formal de direitos dentro da constituição, as
mulheres muçulmanas experimentam desigualdades de gênero na prática dentro da
esfera do direito pessoal. A lei pessoal permite a prática contínua de dar um status
inferior às mulheres muçulmanas na Índia. O que aumenta a necessidade de reforma
legal.
Isso é difícil de conseguir, porque muitas vezes a uniformidade das leis
familiares é mantida por defensores ferrenhos das tradições religiosas, que garantirão
que todos os esforços para manter as práticas tradicionais muçulmanas dentro da
conformidade dos ideais islâmicos.
A lei islâmica, no entanto, prevê certos direitos. Um exemplo pode ser visto
dentro de um ato matrimonial, ou Nikahnama. Um Nikahnama pode cobrir certos
direitos que pertencem à poligamia e o direito da mulher de impor um processo de
divórcio. Isso pode até incluir ações em direitos de propriedade. A lei muçulmana de
80

apoio financeiro devido ao divórcio foi codificada na Lei das Mulheres Muçulmanas
(Proteção dos Direitos sobre o Divórcio) de 1986. No entanto, esses direitos
permanecem mínimos. Por exemplo, a esposa divorciada só pode receber três meses
de apoio financeiro.
Além disso, o marido da mulher divorciada só tem que pagar pensão alimentícia
por 3 meses se essa criança nascer dentro do período de três meses, mas se ela teve
um filho antes disso, então o marido não é obrigado a pagar qualquer apoio. Os
direitos das mulheres nessas questões muitas vezes não são praticados devido à falta
de educação das mulheres muçulmanas em relação aos seus direitos dentro da
comunidade islâmica. Também a mulher muçulmana na Índia não é protegida quando
se trata de casamentos monogâmicos, mas os muçulmanos são protegidos pelo
Código Penal Indiano.
81

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise de que a Índia


tem mostrado consistentemente uma cautela tática e uma iniciativa estratégica em
sua política externa. Os registros corroboram isso. O próprio alinhamento foi um ato
de coragem estratégica, bem como a opção nuclear a despeito do TNP. Diante desse
contexto histórico da política internacional indiana, o exercício de Soft Power e
Neutralidade exercidos pela Índia tornam suas relações internacionais mais
complexas na medida em que aumenta a necessidade de proteger seus interesses
nacionais e ampliar sua cooperação.
Já a terceira maior economia do mundo, se medida pela paridade de poder de
compra, em 2034 será o país mais densamente povoado do mundo, a Índia tem
aspirações de ser uma grande potência. O país é hoje a maior potência do Sul da
Ásia. É uma potência nuclear reconhecida, e com uma força armada de mais de mais
de 1 milhão de homens (segunda maior do mundo).
O fascínio da cultura indiana, vem se expandindo junto com sua economia, à
medida que a índia se elevar como concorrente global e o maior mercado para
empresas multinacionais, sua capacidade de se afirmar no cenário internacional será
igualmente elevado. Nesse sentido o Soft Power é algo que realmente emerge em
parte por causa do governo, e em parte apesar do governo. Os países estão cada vez
mais sendo avaliados por um público global que está sendo nutrido de notícias na
internet, televisão e em redes sociais, em outras palavras, todos os tipos de dispositivo
de comunicação estão nos contando as histórias dos países queiram ou não os países
em questão que estas histórias circulam.
Países com acesso a diversos canais de comunicação e informação têm uma
vantagem específica. E é claro que, às vezes, eles têm mais influência sobre como
eles são vistos.
Com a crescente percepção da Índia no cenário internacional, vem algo vital na
era da informação, o sentido de que no mundo de hoje não é o lado que tem o maior
exército que vence, é sim o país que conta a melhor história.
E a Índia permanecer, a terra com uma grande história. Estereótipos como as
imagens de faquires deitados em camas de prego, e encantadores de serpentes com
o truque indiano da corda, vem mudando para a terra de gênios da matemática,
82

presidentes de empresas de tecnologias. Isso também está transformando a visão das


pessoas sobre a Índia.
Hoje, as pessoas do Vale do Silício e em toda parte falam de IITs, os Institutos
Indianos de Tecnologia, com a mesma reverência que costumavam se referir ao MIT
(melhor universidade de ciência e tecnologia do mundo).
Contudo há algo mais ativo que isso, a história da Índia se apoia em uma
plataforma fundamental de pluralismo político6. Para começar, é uma história da
civilização. Porque a Índia tem sido uma sociedade aberta há milênios. A Índia foi o
refúgio de judeus que fugiram da destruição do primeiro templo pelos babilônios, e
depois pelos romanos (MACEDO, 2017). O islã chegou pacificamente até o Sul, a
história do Norte é um pouco mais grave. Os Cristãos, Siques e Budistas, todas essas
religiões tiveram espaço e foram bem-vindas na Índia.
Então a Índia atualmente não é mais pelo seu nacionalismo de etnia ou língua
ou religião, porque nela há todas as etnias conhecidas pela humanidade, e
praticamente, e as maiores religiões conhecidas. Há 23 línguas oficiais que são
reconhecidas em sua Constituição.
A Índia nem tem uma geografia que a une, porque a geografia natural do
subcontinente condita pelas montanhas e pelo mar foi rompida pela separação com
Paquistão em 1947. De fato, não se pode nem mesmo dar por apropriado o nome do
país. Porque o nome "Índia" vem do rio Indo, que corre no Paquistão. Mas, o
importante é que a Índia é uma ideia. A ideia de uma terra duradoura, surgida de uma
civilização antiga, unida por uma história comum, mas sustentada, acima de tudo, pela
democracia pluralista.
É uma história tanto do século XXI como também antiga, é ideia que diz
essencialmente que se podem suportar diferenças de casta, credo, cor, cultura,
cozinha, costume e vestimenta, em acordo, até o ponto que interessa, e ainda assim
se unir em torno de um consenso. E o consenso se baseia em um princípio muito
simples, que em uma democracia pluralista diversificada como a Índia você não
precisa necessariamente concordar com tudo o tempo todo, basta concordar com as
regras básicas, de como discordar, esta é a Índia que está surgindo no século XXI.

6 É a possível e garantida existência de várias opiniões e ideias com o respeito por cada uma
delas.
83

É importante salientar que o país tem uma grande quantidade de problemas a


superar, a índia já é uma grande potência mais ainda é muito pobre, e ela não pode
ser a duas coisas ao mesmo tempo, a Índia tem que superar sua pobreza para exercer
boa influência no cenário internacional, e lidar com o desenvolvimento de todas as
infraestruturas como portos, rodovias, aeroportos e moradias para a população que
vem se urbanizando e crescendo a cada dia.
E criar a condição para seu capital humano se desenvolver, onde a
necessidade de uma pessoa comum na Índia ser capaz de receber refeições
substanciais por dia, ser capaz de enviar seus filhos a uma escola decente, e sonhar
em trabalhar em um posto que lhes proporcione oportunidades em suas vidas que
possa transformá-los.
Tudo já está acontecendo, esses desafios reais que ninguém pode fazer de
conta que não existe. Mas tudo está acontecendo em uma sociedade aberta, em uma
civilização rica, diversa e pluralista, em uma Índia que está decidida a liberar e
satisfazer a energia criativa de seu povo.
A Índia tem a seu alcance todos os elementos que necessita para imaginar uma
trajetória diferente, por ainda ser um pais em desenvolvimento, pode optar por se
desenvolver de modo diferente de Estados Unidos ou China, o futuro da Índia como
ator emergente no cenário internacional dependerá da efetividade da cooperação
exercida por sua política externa e por uma posição política mais equilibrada que
permita maior flexibilidade ao país para promover seus interesses nacionais de forma
eficaz.
84

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