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Estudar as formas de Estado é estudá-lo sob seu aspecto morfológico, ou seja, como
esse Estado para nós se apresenta; como é sua fisionomia. A morfologia do Estado pode diferir,
seja ele visto de fora, seja visto de dentro, daí se falar em uma visualização que considera o
direito público internacional e o direito público interno.
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Há controvérsias.
centralização política e o monismo de poder, mas, pode haver uma divisão (descentralização)
político-administrativa, com a finalidade de se atender demandas localizadas ou a executar/gerir
competências outorgadas pelo centro de poder (acontece na França, em Portugal ena Bélgica,
por exemplo). Já, dentre os Estados compostos, estão a confederação e a federação.
Centralização política não se coaduna com estado federativo. Não existe federação
numa centralização política, são necessários outroscentros decisórios dentro do mesmo
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Marcelo Novelino ainda incorpora um terceiro tipo de federalismo, o federalismo de integração, onde há
subordinação dos entes federativos por conta do forte poder central.
território. A autonomia dos entes decorre justamente da descentralização promovida pela
Constituição, onde eles poderão exercer sua parcela de poder para se regerem política,
financeira e administrativamente.
Uma vez integrante do pacto federativo o Estado não pode deixar mais o pacto. A
indissolubilidade do pacto é um dos pilares de uma federação.
Por meio de suas próprias Constituições, que devem observar as normas contidas na
Constituição Federal. Os Estados podem, com isso, organizar os seus Poderes, por exemplo.
Com esse órgão (no caso brasileiro, o Supremo Tribunal Federal), a federação se propõe
a evitar as invasões de competência e os possíveis conflitos entre os ordenamentos
infraconstitucionais.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do DistritoFederal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Segundo José Afonso da Silva (2005, p. 471-472), a repetição do termo União no art.
18 é inútil dada a observância do art. 1º, já que a união indissolúvel do referido artigo é a mesma
do art. 18. Portanto, são compõem a nossa federação a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios. O §1º diz que Brasília é a capital federal, e ela assim o é, pois, sua função é
servir de Capital da União, Capital Federal e, pois, Capital da República Federativa do Brasil,
e também sede do governo do Distrito Federal (SILVA, 2005, p. 472). Os parágrafos que
seguem retratam características e disposições relativas aos territórios (hoje inexistentes no
país), estados e municípios no tocante à ordem político-administrativa.
3.1 A União
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“[...]que assim seria a federação de Estados, Distrito Federal, e Municípios, não como associação de Direito
Internacional, porque não se constituíra com base num pacto de Estados soberanos, mas de Direito Constitucional,
visto que o nosso sistema federal se organizou como técnica constitucional de descentralização do Estado unitário”
(SILVA, 2005)
representa a República Federativa do Brasil). Quando trata de questões internas, é pessoa
jurídica de direito público interno (agindo em nome próprio), mas quando representa a RFB no
âmbito externo, passa a usar a sua capacidade internacional, como pessoa jurídica de direito
público internacional, agindo, pois, em nome de toda a Federação. A União possui apenas
autonomia, embora, no plano internacional, exerça as atribuições soberanas a ela outorgadas
pelo Estado brasileiro (NOVELINO, 2016). Logo, soberana é a RFB, e não a União.
[...]
Competências Internas:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins
pacíficos e medianteaprovaçãodo Congresso Nacional;
a) bens – art. 20
A União é titular de direitos e sujeito de obrigações na ordem civil, podendo ser titular
de direitos pessoais e figurar nos polos das ações, ainda que, para fins processuais, com foro
privilegiado nestes casos (art. 109, §§ 1º a 4º).
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que
banhem mais de umEstado,sirvam de limites com outros países, ou se estendam a
território estrangeiro ou dele provenham, bemcomo osterrenos marginais e as praias
fluviais;
IV - ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias
marítimas; as ilhasoceânicas e ascosteiras, excluídas, destas, as que contenham a sede
de Municípios, exceto aquelas áreasafetadas ao serviçopúblico e a unidade ambiental
federal, e as referidas no art. 26, II;
VI - o mar territorial;
§1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
bem como aórgãos daadministração direta da União, participação no resultado da
exploração de petróleo ou gás natural, derecursoshídricos para fins de geração de
energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo
território,plataformacontinental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou
compensação financeira por essaexploração.
§2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras
terrestres, designadacomofaixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa
do território nacional, e sua ocupação eutilização serãoreguladas em lei.
Os bens podem ser divididos em três espécies: uso comum do povo, uso especial e bens
dominicais. Os considerados de uso comum do povo, são aqueles de livre acesso a todos da
sociedade (praias, praças, ruas, etc.). Aqueles de uso especial, assim o são por terem uma
utilização específica por parte da Administração Pública (bens afetados). Já os bens dominicais
são aqueles passíveis de alienação, e que não são de ninguém, não possuem demarcação, nem
dono, porquanto não são da Administração Pública tampouco de uso comum do povo. Nos bens
dominicais se encaixam as chamadas terras devolutas (inciso II), porém, se não atenderem ao
disposto no referido inciso, serão dos Estados-membros, salvo se tiverem sido trespassadas4 aos
municípios (NOVELINO, 2016).
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Quando um bem deixa de integrar o patrimônio de um ente e passa a ser objeto de direito de propriedade de
outro. Há a transferência de titularidade.
b) competências
Exclusivas: art. 21
Comuns: art. 23
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
b.2 Legislativas
Privativas: art. 22
II desapropriação;
V serviço postal;
XI trânsito e transporte;
Concorrentes: art. 24
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
II orçamento;
V produção e consumo;
§2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
§3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
Aula 13/05
Art. 18, §3º - REGRA GERAL: Podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais
mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do
Congresso Nacional, por lei complementar.
b) Cisão – um Estado se subdivide formando dois ou mais Estados que antes não
existiam. O Estado original não existe mais, ele desaparece politicamente;
Etapas
a) Não legislativas
- Comum – art. 23
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição.
b) Legislativas
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.
- Residual;
Essas pessoas jurídicas são necessariamente de direito público interno, não possuem
direito público externo como a União, logo, não estão capacitadas para representar a RFB. A
capacidade de auto-organização nasce na disposição contida pelo art. 11 do ADCT, que
estabelece o seguinte: (copiar).
Estabelece-se assim nas federações o princípio da simetria, que indica que em virtude
da determinação do art. 11 do ADCT, bem como faz o art. 25 da CF,determina que os princípios
adotados pela CF devem ser respeitados e seguidos pelas constituições estaduais. No que
concerne à estrutura de poder, as competências se repetem no âmbito estadual, de modo que
seja impossível que se estabeleça um processo legislativo diferente do determinado na
constituição federal, por exemplo, ou seja, em tudo elastêmque cumprir o determinado pela
CF5.
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Muito embora, nos Estados, haja apenas uma casa legislativa, a Assembleia Legislativa, diferente do que
acontece em âmbito federal.
do Estado e organizar a jurisdição estadual comum, que é residual (já que sobram para os
Estados as competências restantes da jurisdição que não foram abarcadas pelas outras áreas de
jurisdição especializada).
Formação. Quando falamos de federação, dizemos que ela é indissolúvel, mas esse fato
não significa dizer que os Estados não possam, entre si, se desmembrarem ou se fundirem para
formar novos Estados. Isso não desafia o pacto federativo, não afeta a indissolubilidade da
federação. Basicamente a vontade popular dentro deum Estado, no caso de cisão ou de
desmembramento, ou no caso de mais de um Estado se fundirem para dar origem a outros
Estados, se dá mediante a própria população diretamente interessada, grande responsável
pelamudança de estrutura do estado (Tocantins é caso raro, que nasceu do art. 13 do ADCT na
CF). As hipóteses de criação, fusão, cisão e desmembramento, decorrem diretamente da
vontade da população interessada, é assim que determina o §3º do art. 18: (...)
3.3 MUNICÍPIOS
Lei Complementar Federal – que determina o período para que seja criado,
incorporado, fundido ou desmembrado o município;
a) não legislativa
III instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas,
sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos
fixados em lei;
b) legislativa
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: [...]
Pessoa jurídica de direito público interno, dotada de autonomia, nos termos do art. 32
da CF88. É o antigo município neutro, sede da corte e capital do império. Foi fruto do “Plano
de Metas” de Juscelino Kubitschek, que, além de mudanças econômicas, implementou a
construção de Brasília, inaugurada em 1960.
“Auto-organização: art. 32, caput – estabelece que o Distrito Federal se regerá por
leiorgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias e aprovada por dois
terçosda Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na
Constituição Federal;
Referências Bibliográficas
CUNHA JR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 7. ed. rev. e atual. Salvador:
Juspodivm, 2013.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. rev., ampl. e atual.
Salvador: Juspodivm, 2016.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 24. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2005.