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Revista Lumina

Ano 1 • nº 001 • Novembro de 2010

Política

Cidadão
propondo lei
pág. 3

Política no
cotidiano
pág. 8

Entrevista

Política e
segurança
combinam?
págs. 6 e 7

Funções dos
cargos
pág. 6

Meu primeiro
voto
pág. 8
editorial. .............................................................................................................................

Ilumine-se!
Luz é o que precisamos, ela nos permite ver aqui- acredita na juventude (ou quer acreditar) pesquisamos
lo que nos cerca. E é para você ver claramente o que sobra a participação do jovem na política e os resultados
a política é e onde ela está, que preparamos essa edi- estão no texto da página 05.
ção da revista Lumina. Vamos mostrá-la, não só quando Se você, como nós da revista Lumina, está preocu-
se trata de cargos públicos, que explicitamos na pági- pado com a segurança pública, entrevistamos o pesqui-
na 04, mas também aquela política que vai de reuniões sador e professor Marcos Vinicius Cruz para esclarecer al-
de condomínio ao conselho de classe (08). Queremos gumas dúvidas (06 e 07). Ainda há uma seção de diver-
mostrar que ela está muito mais presente em nosso co- são e cultura (11), pois política também pode nos render
tidiano do que imaginamos, como vocês poderão ver na boas risadas.
reportagem da página 03, que informa como qualquer Nosso objetivo principal é mostrar que em cada
um pode propor uma lei. negociação, organização, relação e governo há uma be-
Já que o assunto é esse, em ano de eleição nós leza singular no ato de participar. Não deixe de conferir
queremos saber: como foi seu primeiro voto? Veja algu- entrevistas e matérias na íntegra no blog da revista, dis-
mas respostas de nossos entrevistados na página 10. Se ponível em: <http://revista-lumina.blogspot.com>.
você é um daqueles que preferiria não votar veja o ar-
tigo sobre a obrigatoriedade do voto (09). Para quem Equipe Lumina.

Quem somos nós

Carolina da Mata, Débora Blanda, Luiz Fernando Carneiro, Paula Viegas e Maria Luiza Brandão

Agradecimentos
Grupo de Fotografia 2º ano A
David Israel, Felipe Franco e Leonardo Antunes Grupo de Música 2º ano C
Antônio Carlos Gomes, Fernando Henrique Lisa e
Grupo de Fotografia 2º ano B
Rafael Auarek
Alexandre Coimbra, Ana Luiza Alvarenga, Letícia
Gontijo, Paulo Antônio e Thaís Abdala Grupo de História em Quadrinhos 2º ano C
Artur Duarte, Caio Martin, Thales Simões e
Grupo de Fotografia 2º ano C
Vinícius Lage
Ana Marques, Fernanda Souza, Priscila Borges e
Talita Fischer

2 • Revista Lumina
............................................................................................................................... sumário
SUMÁRIO
Editorial...............................................................02 Cidadão Propondo Lei........................................11
Conheça melhor a revista, suas propostas e seus cria- Você sabia que nós, cida-
dores! dãos, podemos criar leis?
Claro que não é um pro-
Sumário...............................................................03
cesso simples, mas veja
Jovem na política................................................04 como é na matéria sobre a
Iniciativa Popular!

Política no cotidiano...........................................12
A política vai além de partidos, coligações ou elei-
ções... Veja como ela é no nosso dia-a-dia!
Manifesto............................................................14

Falando sobre política, qual será o papel dos jovens


nisso? Será que eles são mesmo alienados? Apresen-
tamos uma reportagem riquíssima sobre tal assunto,
além de estatísticas e de gráficos sobre a participação
do jovem na política.
Funções dos cargos políticos.............................06
Cansado com o descaso do governo para com o Meio
Você realmente conhece as funções de quem gover-
Ambiente? Não perca nosso manifesto, direcionado
na o país? Se há alguma dúvida, nós explicamos pra
ao Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
você!
Seção Cultural.....................................................15
Entrevista............................................................08
Numa conversa esclarecedo-
ra, Marcus Vinícius Cruz nos dá
uma visão profissional sobre as
políticas de controle da violên-
cia e do trânsito.

Artigo de Opinião...............................................10
O voto deveria realmente ser obriga-
tório? Será que não há malefícios no Você também pode visitar o nosso site, no ende-
fato de sermos obrigados a votar? reço <http://revista-lumina.blogspot.com>. Con-
Não deixe de ver uma visão crítica so- fira as entrevistas na íntegra, os vídeos e também os
bre isso! “falha-nossa” na versão digital da revista LUMINA.

R e v i s t a Lu m i n a • 3
jovem na política.................................................................................................................

Alienado, quem?
O jovem. Pelo menos é esse o ticas e Econômicas (Ipep) os jovens brasileira têm menos de 25 anos
(pré) conceito que o jovem brasilei- belorizontinos disseram confiar mais (Dado da Onu Brasil 2006). É aí que
ro carrega: Alienado. A fim de enten- na televisão do que em partidos po- aparecem os 33.577.246 jovens que
der essa alienação alguns entrevista- líticos, Câmara, Assembléia ou Con- “não ligam muito”. Quando questio-
dos falaram sobre o assunto. gresso. De acordo com a Data Te- nada sobre a participação do jovem
Enquanto a juventude dos nos- en (Centro de pesquisas do Institu- de hoje na política, a estudante afir-
sos avós e bisavós lutavam em guer- to Paulista de Adolescência) apenas ma: “acho que não (participa) tan-
ras, os jovens de 1968 diziam “não” 19,5% dos jovens entre 16 e 18 (com to como antigamente porque hoje
ao combate no Vietnã e a ditadura direito ao voto facultativo) possuem nossa política é mais estável, mas eu
militar, e “sim” a revoluções liberais e título de eleitor. acho que ele tem sim uma participa-
a revolução sexual, os jovens do sé- Mas o jovem é mesmo aliena- ção fundamental”.
culo XXI parecem não abraçar cau- do? A estudante Maria Luiza, 15, diz Levando-se em conta que não
sas. A sociedade espera que a ju- que “Parcialmente. Não é certo ge- só de partidos a política é feita, é vá-
ventude seja o motor de mudanças neralizar isso porque tem, sim, jo- lida a observação de que os jovens
e traga soluções políticas e sociais vens que se preocupam muito com participam quando é do interesse
no país, mas pelo visto vai continu- a política hoje, e alguns que não li- deles. Um exemplo é a quantidade
ar esperando. Bruna Raissa, 22, estu- gam muito”. Se um exemplo de par- de votos online que emissoras de te-
dante de direito e assistente jurídica, ticipação política é filiação a um par- levisão conseguem quando a pes-
reflete bem essa expectativa: “vejo tido, de acordo com o Tribunal Su- quisa é para eleger o candidato a
que se o povo brasileiro (representa- perior Eleitoral (2007) 522.754 jovens permanecer em um reality show ou
do pelos jovens, que são a força da de 16 a 24 anos estão filiados a par- a melhor banda do ano. Os jovens
nação) estiver disposto, conseguiría- tidos políticos. São muitos os jovens ainda se relacionam muito bem
mos ir muito mais longe”. que “se preocupam”, mas eles repre- quando o assunto é organizar uma
Em pesquisa da universidade sentam apenas 4,52% dos filiados a festa ou um pequeno campeonato
Federal de Minas Gerais – UFMG/ partidos políticos no Brasil. Valor pe- esportivo. São eles que negociam
Instituto de Pesquisas Sociais, Polí- queno já que 20,1% da população com os pais os passeios a serem fei-
tos, o dinheiro da mesada, reivindi-
cam as regras da casa. Falta agora a
expansão de todo esse engajamen-
to para outras áreas, que vão além
da vida pessoal.
Para auxiliar os jovens que se
evolvem politicamente, existe a in-
ternet. Ela é incansavelmente acu-
sada de massificar a cultura jovem,
alienar a mocidade... Ainda assim
por meio dela é possível, dentre ou-
tras ações, acompanhar os aconte-
cimentos do legislativo, como lem-
bra Maria Luiza: “Pelo twitter ou site
do seu candidato você pode ficar sa-
bendo melhor o que ele está fazen-
do na assembléia (ou onde ele tra-
balha) e os projetos que ele está lan-

4 • Revista Lumina
................................................................................................................. jovem na política
ESTATÍSTICA
Pode-se concluir que os jo-
vens poderiam usufruir me-
lhor o poder que têm nas
mãos. Contudo, será que ne-
nhum jovem participa? Ne-
nhum deles sabe as funções
de nossos governantes, é sim-
patizante de algum partido?
Fomos aos corredores do co-
légio Bernoulli e fizemos as
contas! Os gráficos abaixo fa-
zem parte de uma estatísti-
çando... Para saber se você vai votar ram isso? Quantos brasileiros lança- ca que fizemos com 66 alu-
nele de novo ou se é hora de mudar ram mão desse recurso? Até mesmo nos do colégio Bernoulli, des-
de candidato.” em termos de disponibilidade da de a 5ª série ao 3º ano ITA. São
dados baseados numa popu-
Joelma Xavier, mestre em lin- ferramenta. Pensando naquele pú-
lação pequena mas que, pelo
güística, e professora do Colégio Ber- blico que tem acesso, nem mesmo
que se vê na mídia, não é mui-
noulli, quando questionada sobre o ele utiliza de uma forma abrangen- to diferente do perfil do jo-
uso da internet para afastar/aproxi- te, pensando na autonomia de voto, vem atual.
mar o jovem da política, responde: de escolha, ou mesmo de participa-
“se você entra na internet, você con- ção que a ferramenta pode possibi-
segue acessar, por exemplo no site litar”. Além disso, organismos como
oficial do TRE, uma lista das contas a Avaaz, definida no próprio site co-
públicas (...). Então, eu acho difícil a mo “nova rede de mobilização glo-
gente falar que (a internet) afasta a bal” permitem um engajamento po-
realidade política, porque você tem lítico em escala nacional e mundial
uma série de informações além de por meio da internet, ferramenta
uma cobertura jornalística sobre as que é conhecida dos jovens e pode
possíveis fraudes, inadequações, er- ser usada com esse objetivo.
ros, mentiras... Bom, eu acho que há O que acontece no Brasil hoje
um mau uso da ferramenta, então é que o jovem tem a oportunidade
essa seria uma crítica geral. Assim ele de não ser indiferente ao contexto
(o jovem) está inserido nesse grande político em que vive e de se articu-
universo de informações, mas nem lar politicamente nos ambientes fa-
sempre elas são utilizadas de uma miliar, escolar e religioso, mas a gran-
maneira adequada. Lançar mão, por de maioria não faz uso dessas opor-
exemplo, de escolher um candida- tunidades. Assim o país continua
to consultando o perfil, o histórico aguardando por jovens que provem
dele, quantos jovens será que fize- o contrário.

NOME: Fernando Santana.


IDADE: 47 anos.
DATA DO 1º VOTO: 1982, em eleições para Governador (du-
rante o Governo Militar).
“Foi um momento importante na volta da democracia no Bra-
sil, porque logo em seguida a gente iniciou a campanha das
Diretas Já”.

R e v i s t a Lu m i n a • 5
funções dos cargos políticos................................................................................................

COMO É NOSSO PAÍS?


O país em que vivemos é um Estado presidencialista, com a Tri-
partição de Poderes proposta por Montesquieu: Poder Executivo, Po-
der Legislativo e Poder Judiciário. Infelizmente, muitos cidadãos brasi-
leiros, em especial os jovens, não sabem qual o papel de deputados,
senadores, ou quais são as diferenças entre eles (veja as estatísticas na
página 05). São eles que fazem parte do governo do nosso país e so-
mos nós que os elegemos e pagamos seus salários. É fundamental,
portanto, conhecer os cargos, as funções e os poderes que são dele-
gados aos políticos, senão dificilmente um cidadão poderá ter certe-
za de sua escolha no momento de votar. Então, nesse ano de eleição, O Congresso Nacional, onde trabalham Deputados
Federais e Senadores. Disponível em: http://www.
pesquisamos e informamos a seguir as funções de Deputados e de radiometropole.com.br/noticias/index _noticias.
Senadores, Governadores e Presidente, afinal é em torno deles que gi- php?id=VFZSbmVrNVJQVDA9
ram as forças de governo da nossa nação.

SENADORES • Escolher: Ministros do Tribu- • Autorizar os processos ins-


Po s s u e m nal de Contas, Presidente e taurados pelos Senadores,
mandato de oi- Diretores do Banco Central, a tomada de contas do Pre-
to anos e repre- Procurador-Geral da Repú- sidente (quando não apre-
sentam a fede- blica, Chefes de Missão Di- sentadas no prazo constitu-
ração, por isso plomática e outros cargos cional) e a montagem de co-
há três Senado- determinados pela lei; missões de investigação e
res para cada estado. São, portanto o • Autorizar operações exter- inquérito.
poder legislativo a nível federal. nas de natureza financeira;
Suas principais atribuições • Fixar limites globais para DEPUTADOS ESTADUAIS
são: montantes de dívida. Assim como os
• Realizar funções legislati- Federais, depu-
vas de caráter mais geral DEPUTADOS FEDERAIS tados Estaduais
que são compartilhadas Seus man- possuem man-
com a Câmara dos Depu- datos são de datos de quatro
tados, como representar o quatro anos e anos e são elei-
povo brasileiro, legislar so- são eleitos de tos em acordo com o sistema pro-
bre os assuntos de inte- acordo com um porcional. Não possuem limite de
resse nacional e fiscalizar a sistema propor- reeleições e atuam na Assembleia
aplicação dos recursos pú- cional (o número total de Deputa- Legislativa Estadual e em gabinetes
blicos; dos, bem como a representação por locais.
• Processar e julgar: Presiden- Estado e pelo Distrito Federal, deve Suas Principais atribuições
te e vice, Ministros do Supe- ser estabelecido proporcionalmen- são:
rior Tribunal Federal, mem- te à população). Eles atuam no Con- • Representar o povo na As-
bros do Conselho de Justi- gresso Nacional e em gabinetes lo- sembléia Legislativa de seus
ça e do Conselho Nacional cais. Estados;
do Ministério Público, Pro- Suas Principais atribuições • Legislar e ser guardião fiel das
curador-Geral da República, são: leis e dogmas constitucionais
Advogado-Geral da União • Representar o povo brasilei- estaduais. Eles podem, inclu-
e Ministros de Estado, Co- ro, elaborar leis e fiscalizar a sive, propor, emendar, alterar,
mandantes das Forças Ar- aplicação do dinheiro públi- revogar e derrogar leis e leis
madas; co; complementares.

6 • Revista Lumina
................................................................................................ funções dos cargos políticos
Suas Principais Atribuições • Ter o direito de decretar Esta-
AS DIFERENÇAS ENTRE são: do de Defesa (devido a uma
ELES: como pôde ser obser- • Atuar como Chefe de Esta- grande instabilidade, guer-
vado acima, Deputados Fe- do de nosso governo, pois o ra ou crise institucional), em
derais e Senadores compar- Brasil segue o modelo Presi- que o Presidente pode sus-
tilham certas funções, como dencialista; pender direitos previstos em
gerir as contas da União. A fi- • Administrar o país com Pla- Constituição;
xação de limites para gas- nos de desenvolvimento, • Prestar contas dos gastos de
tos é função dos Senadores, gastos e as previsões de or- seu governo e das receitas.
enquanto os Deputados fis- çamento, geralmente criados
calizam o uso de tais valo- em seu Plano de Governo; GOVERNADOR
res. Além disso, os Deputa- • Indicar Ministros e coorde- É respon-
dos devem dar autorização nar os Ministérios; sável pelo po-
para que ocorram os proces- • Representar o país a nível in- der executivo a
sos realizados pelos senado- ternacional, podendo assi- nível estadual.
res. Vale ressaltar que os De- nar acordos, por exemplo; Assim como o
putados representam a popu- • Manter relações com outros Presidente, seu
lação, enquanto os Senadores Estados; mandato é de quatro anos e é elei-
representam os Estados, mas • Manter a ordem no país, se- to pela maioria dos votos.
qualquer lei deve passar tan- ja por meio da manutenção Suas principais atribuições
to pela Câmara dos Deputa- das Forças Armadas, seja por são:
dos quanto pelo Senado, an- meio da garantia do cumpri- • Administrar o estado;
tes de ser aprovada. mento das leis; zelando pe- • Fazer a manutenção das se-
la constituição, unidade, in- cretarias;
tegridade e independência • Propor orçamentos e leis pa-
PRESIDENTE DA REPÚBLICA da nação; ra o estado (que sejam possí-
É o res- • Poder abrandar penas (con- veis, de acordo com a Cons-
ponsável pe- cessão de indultos ou comu- tituição);
lo poder exe- tação de penas); • Prestar conta da administra-
cutivo em ní- Ter o direito de decretar Esta- ção anualmente, perante As-
vel federal e seu do de Sitio (quando há ameaça à Or- sembleia Constituinte;
mandato é de dem Pública), então o Poder Execu- • Vetar parcialmente ou intei-
04 anos. Para se candidatar a Pre- tivo assume também os poderes Le- ramente os projetos de lei;
sidente é necessário ter, no míni- gislativo e Judiciário, de forma que • Dar início ao processo legis-
mo, 35 anos. Sua eleição ocorre pela mesmo os direitos e deveres pre- lativo;
maioria dos votos, e não proporcio- vistos pela Constituição podem ser • Intervir nos municípios,
nalmente. suspendidos; quando necessário.

Sede Administrativa de MG, onde trabalha nosso Governador. Dis- O Palácio do Planalto, sede de governo do Presidente da Re-
ponível em: http://www.gestaopublicainterativa.com.br/ler_noticia. pública. Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/
php?u=cidade-administrativa-e-inaugurada-em-belo-horizonte File:Palacio_do_Planalto.jpeg

R e v i s t a Lu m i n a • 7
entrevista.........................................................................................................................................

POLÍTICA e SEGURANÇA combinam?


À frente também do Núcleo de Estudos em Segurança Pública (NESP) da Fundação João Pinheiro, o mes-
tre e pesquisador Marcus Vinícius Cruz é referência, não só em Minas, sobre políticas de segurança públi-
ca e combate à violência e à criminalidade. A seguir, ele sana algumas das dúvidas que lhe apresenta-
mos, acerca dos programas criados pelo Estado para diminuir os índices de violência e criminalidade.

POR: Maria Luiza Brandão e Paula Viegas O combate à violência e à crimi- Ocorre uma integração entre re-
nalidade em Minas Gerais é ade- tirar o jovem da criminalidade e
quado? punir quem cometeu um ato cri-
Bem, a criminalidade e a vio- minoso?
lência têm várias motivações. As- Exatamente. Ou seja: tirar os
sim, vários são os mecanismos que a bandidos de circulação, fazer com
própria sociedade deve articular pa- que aquela comunidade possa viver
ra combater e fazer com que dimi- sem maiores problemas e evitar com
nuam os índices de criminalidade e que o jovem possa entrar na crimi-
violência. As políticas devem ir por nalidade. No mundo inteiro o jovem
dois caminhos: aquelas de repressão é mais suscetível a entrar na crimina-
qualificada e aquelas de prevenção. lidade, então o programa foca justa-
O grande problema do Brasil mente esses jovens que vivem em
hoje é que as políticas são depen- áreas assoladas pela criminalidade e
dentes de cada estado, então de- violência de grande proporção.
Marcus Vinícius, pesquisador e coordenador pendendo do estado há uma políti-
do NESP
ca. No caso, Minas Gerais tem uma Sobre o Programa Fica Vivo, qual é
Toda sociedade precisa de política bem estruturada. Contudo, a sua visão? Ele é realmente bom
uma estrutura preparada para com- o grande problema em geral é que para a sociedade, ele funciona?
bater a violência e a criminalidade, os níveis de criminalidade e violên- Sim, ele funciona desde que
afinal viver em conjunto sempre cia estão num patamar muito alto. haja efetivos investimentos no corpo
envolve riscos. Dessa forma, é fun- social que vai trabalhar junto a esse
ção do Estado criar políticas vol- Sobre os programas do estado programa. Não é um só ente isolado,
tadas para a proteção e o bem es- para combater a criminalidade, porque segurança pública é respon-
tar da sociedade. A respeito desse qual é a sua visão sobre eles? São sabilidade do Estado, mas também é
tema, entrevistamos o professor da eficientes, têm efeitos de médio dever de todos, então tem que ha-
Fundação João Pinheiro, Marcus e longo prazo ou apenas imedia- ver uma ação da comunidade co-
Vinícius Cruz. Além de coordenar tos? mo um todo para efetivamente atu-
o NESP (Núcleo de Pesquisas em Programas como o Fica Vivo ar naquele local. Por isso o Fica Vivo
Segurança Pública, Fundação João são muito eficientes. Ele é uma in- tem obtido êxito: vários atores im-
Pinheiro), ele trabalha com projetos tervenção nas áreas com maior índi- portantes estão trabalhando juntos
para o Estado, ministrando aulas e ce de criminalidade e, assim, há uma para resolver esse problema.
treinamento para os profissionais intervenção de vários atores sociais
da área de justiça criminal; como os importantes, como a organização
de organizações policiais, Ministé- policial, a prefeitura e o Estado. Além
rio Público, sistema prisional, entre disso, ele foca principalmente na in-
outros. Dessa forma, veja a seguir serção dos jovens dentro daque-
como é a segurança em Minas, em la comunidade e, por outro lado, há
vários de seus aspectos. uma repressão qualificada.

8 • Revista Lumina
.......................................................................................................................................................
“Segurança pública santes, em termos de programa pra ma forma há uma maior conscien-
fazer com que essas pessoas possam tização no contexto geral da socie-
é responsabilidade se reabilitar e se reintegrar a socieda- dade.
do governo, mas é de a partir do trabalho.

dever de todos!” A Central de Penas Alternativas e


o Núcleo de Mediação de Confli-
Sobre o sistema prisional no Bra- tos podem ser vistos como uma
sil, por que há tantos presídios forma de agilizar e diminuir a so-
superlotados e alguns com segu- brecarga do nosso sistema prisio-
rança e proteção inadequadas? nal e jurídico?
Bom, o caso do sistema prisio- Não tenho a menor dúvida.
nal brasileiro realmente tem um ce- Ambos fazem com que aqueles
nário caótico. Realmente há um nú- conflitos existentes entre as pes-
mero maior de presos em lugares soas sejam resolvidos antes de en-
inadequados, em termos de habita- trar no sistema de justiça criminal.
bilidade. Um problema que aconte- Com isso, não só minimizam-se os
ceu foi que a população carcerária custos como também agiliza-se no
brasileira praticamente dobrou nos sentido de que você tem uma sen- Então qual seria uma boa estraté-
últimos dez anos e não houve um sação de que o seu problema foi re- gia pra sanar o problema de aci-
ímpeto de construção de vagas no solvido. dentes no trânsito, que ainda per-
país como um todo que desse vazão siste?
a esse crescimento. Segurança também envolve trân- Tem que haver duas vertentes:
sito. O senhor acha que com o um reforço na educação do moto-
Levando-se em conta os detentos tempo a fiscalização da Lei Seca rista e da fiscalização. E não há co-
que permanecem presos, apenas perdeu sua eficiência? mo fazer segurança em qualquer
de sua pena já ter sido cumprida, Olha, isso depende muito de país do mundos se não houver in-
percebe-se que há certa burocra- cada lugar do país. No Rio de Ja- vestimentos. Se não tiver aporte
cia nesse sistema prisional. Qual neiro, por exemplo, o que a gen- de recursos para contratação e re-
solução o senhor aponta pra re- te verifica é um aumento cada vez crutamento de pessoal, ter equipa-
solvê-la? maior das equipes que realizam a mentos, além de também ter estra-
Para agilizar esse tipo de acom- fiscalização relacionada à aplica- das melhores (em que a própria fis-
panhamento da pena dos indivídu- ção da Lei Seca. Claro que há pro- calização possa ser facilitada), não
os, ampliar a ação da Defensoria Pú- blemas jurídicos relacionados à há como diminuir os acidentes de
blica é muito importante, porque própria forma da lei, mas de algu- trânsito. ■
com isso aumenta-se o atendimen-
to jurídico ao apenado e assim há
uma possibilidade de giro maior no
sistema.

Há o programa de Reintegração
Social de Egressos do Sistema Pri-
sional. Ele é realmente eficiente?
Ah, a reintegração de egres-
sos é fundamental! O problema de-
le é ainda não conseguir abarcar um
número muito grande de pessoas
oriundas do sistema prisional; mas
ele é uma das formas mais interes-

R e v i s t a Lu m i n a • 9
artigo de opinião.................................................................................................................

VOTAR OU NÃO VOTAR? EIS A QUESTÃO


Talvez se a população tives-
Todos os cidadãos entre 18 e 70 anos são obrigados a votar. Ali- se mais instrução, soubesse asso-
ás, perante a lei, só é cidadão quem possui o título de eleitor. Por ciar a eleição dos candidatos à pos-
que temos essa obrigação jurídica? Será que essa obrigatorieda- sibilidade de mudanças, não have-
de é realmente benéfica?Afinal, até mesmo como forma de pro- ria esse clima circense no período
testo, vários eleitores anulam seus votos ou votam em figuras pi- de eleições. Nem todos os eleito-
torescas (como o famoso humorista e recentemente eleito depu- res imaginam que somos nós quem
tado Tiririca). Parece óbvio que algo está errado! pagamos os salários desses candi-
datos tão despreparados (e tam-
bém dos que pegaram carona na
“Eu não sei o que faz um de- zinho ao sol da corrupção? Tamanha legenda). Aliás, somente quando
putado, mas vote em mim que eu omissão nos leva, inevitavelmente, à aparecem na mídia os escândalos
te conto”. Essa foi uma das frases de pergunta: o voto realmente deve ser de mensalões, mesadas, desvios de
efeito utilizadas pelo humorista Tiri- obrigatório? verbas e cuecas recheadas é que a
rica durante sua candidatura. Real- Duvido muito de que a maioria população associa seu bolso vazio
mente, ela se adapta bem à situação: dos eleitores de Tiririca acredite em ao bolso cheio do candidato eleito.
ele é humorista, sabe divertir, não suas reais propostas. Aliás, quais são Mas aí já é tarde demais, o mal já es-
criar leis. Não obstante, ele foi sur- mesmo as suas propostas? É exata- tá feito.
preendentemente eleito, com mais mente nesse ponto que entra a falha O voto deve, sim, ser obriga-
de 1 milhão de votos! O que pou- do voto obrigatório: eleitores pouco tório. Porém, não pela força da lei,
cos sabem é que, na saia de sua le- instruídos ou que simplesmente são que pode levar a decisões errône-
genda partidária, pelo menos3 can- contra esse tipo de obrigatorieda- as, que se baseiam em falsas ide-
didatos também serão eleitos. Será de usam seu poder de escolha inad- ologias ou na ingenuidade. Não
que esses candidatos, geralmente vertidamente. A eleição de candida- deve haver uma obrigatoriedade
de partidos menores, são honestos tos tão sabidamente despreparados jurídica para votar, mas sim ideo-
ou simplesmente querem seu lugar- não representa a inocência da popu- lógica.
lação. Não apenas isso. O buraco é, Cada cidadão deveria impor a
com certeza, muito mais embaixo, lá si a obrigatoriedade “facultativa” do
no passado educacional, no ensino voto, baseando-se em seu julga-
que os eleitores brasileiros (não) re- mento pessoal. Quem se julga apto,
ceberam. pode e deve votar e assim, a pessoa
A imagem esperada de cida- se obriga a exercer esse direito. Ago-
dão é a daquele que tem consciên- ra, se o governo quer parar de pro-
ciado verdadeiro valor do voto, que tagonizar comédias e dramas na mí-
sabe quais são as funções políticas dia, é melhor começar a investir em
de quem está elegendo, que conhe- educação o mais rápido possível,
ce os problemas enfrentados pe- pois é principalmente um cidadão
lo seu país e que tem certo conhe- bem instruído, com conhecimento,
cimento da legislação eleitoral. Pou- que está apto a escolher seu candi-
quíssimas pessoas sabem que um dato conscientemente, evitando os
deputado eleito com um grande nú- tão famosos escândalos futuros. Mas
mero de votos carrega consigo ou- quem se importa? ■
tros candidatos, que se elegem gra-
ças à sua legenda política. Paula Viegas Greco de Oliveira

10 • Revista Lumina
...........................................................................................................cidadão propondo lei
Você sabia que um cidadão
também pode propor uma lei?
Pois é verdade, a nossa consti- nado, a pronunciar-se por sufrágio resse específico do Município, da ci-
tuição prevê o Estado Democrático direto e secreto, sobre determina- dade ou de bairros teriam que con-
de Direito sendo que temos estam- dos assuntos de relevante interesse tar com pelo menos cinco por cento
pado no art. 1º da Constituição Fe- à soberania nacional. do referente eleitorado.
deral: “Todo poder emana do povo, A principal diferença entre es- Não é um recurso simples (e
que o exerce por meio de represen- ses dois mecânismos é que o plebis- nem poderia ser) uma vez que são
tantes eleitos ou diretamente, nos cito é convocado antes da criação necessárias várias assinaturas. A cria-
termos desta Constituição.” da norma, e é o povo, por meio do ção de leis é assunto sério e, se o
A população em geral se pre- voto, que vai aprovar ou não a ques- processo fosse simples, provavel-
ocupa apenas com o voto e a elei- tão que lhe for submetida. Já o re- mente haveria tantas as leis pro-
ção dos candidatos e, a partir daí, fi- ferendo é convocado após a edição postas que nem seria possível apli-
ca a cargo deles propor os projetos da norma, devendo o povo ratificá- car todas. Por mais que não seja do
de lei ao Legislativo para posterior la ou não. conhecimento de todos, a Iniciativa
voto e sanção presidencial se for o Por outro lado, a Iniciativa Po- Popular é um dos pontos de nossa
caso. A verdade é que boa parte da pular é diferente dos outros recur- constituição que nos faz lembrar o
população não está muito familia- sos, pois é a proposta feita pela pró- porquê de nosso governo ser con-
rizada com esse processo e muito pria população de projetos de lei, siderado democrático. Apesar da
menos com alguns dos outros re- que são encaminhadas ao Poder Le- grande maioria da população sentir
cursos democráticos. Vejamos, en- gislativo. Ou seja, a proposta de lei é que o máximo de participação que
tão, o seguinte artigo da Constitui- feita pela população e não por um possui é um voto (que às vezes nem
ção Federal: membro da Câmara dos Deputados é consciente) não significa que não
ou do Senado. tenhamos meios de participar mais
Art. 14. A soberania popular se- Vale lembrar que é necessário ativamente. ■
rá exercida pelo sufrágio universal e um número mínimo de eleitores fi- Por: Carolina da Mata
pelo voto direto e secreto, com va- xado no texto consti-
lor igual para todos, e, nos termos da tucional ou na legisla-
lei, mediante: ção. Isso significa que
I - plebiscito; uma lei proposta pe-
II - referendo; la população que te-
III - iniciativa popular. nha abrangência na-
cional deve ser assina-
O PLEBISCITO é a convoca- da por “um por cento
ção dos cidadãos que, através do do eleitorado nacio-
voto, podem aprovar ou rejeitar uma nal, distribuído pelo
questão importante para o país. Ou menos por cinco Es-
seja, é um mecanismo democrático tados, com não me-
de consulta popular, antes de a lei nos de três décimos
ser promulgada. por cento dos eleitores
Já o REFERENDO é um ins- de cada um deles”, co-
trumento de democracia direta por mo é previsto no tex-
meio do qual os cidadãos eleitores to constitucional. Em
são chamados, por meio de um de- casos mais específicos,
creto legislativo expedido pelo Se- projetos de lei de inte-

R e v i s t a Lu m i n a • 11
política no cotidiano.........................................................................................................................

POLÍTICA NO COTIDIANO
Quando ouvimos a palavra “POLÍTICA”, normal- mercado; a dona de casa que administra uma família;
mente nos vem à cabeça: partidos, coligações, centros no professor que administra uma turma.
administrativos, democracia, e, infelizmente, corrupção. Fazemos política sem nem sequer perceber, e foi
É comum as pessoas associarem a política somente à para mostrar esse cotidiano tão comum da política
administração pública, à questão das eleições. Contu- que entrevistamos quatro pessoas que trabalham com
do, será que a prática política está somente nesse tipo aquilo que nem sempre é visto como política: vai des-
de situação? Certamente não. Praticamos política todos de uma jovem representante de turma ao Coordena-
os dias de nossas vidas, desde a infância à melhor ida- dor Pedagógico de uma escola, passando por um Co-
de, por mais que não notemos. A política está presente ordenador de Geografia e um síndico. Todos têm vidas
nas situações mais corriqueiras, como o filho que nego- normais, estudam, trabalham. Não trabalham na Câma-
cia com os pais um horário para voltar de uma festa; a ra dos Deputados ou Vereadores. São pessoas comuns,
consumidora que pechincha por um preço melhor no que fazem a nossa política, a cotidiana.

no. Sou eu, então, que vou à Eliane e provas dos professores, pra ver se
transmito essa mensagem. elas estão adequadas quanto ao
Eu acho que a relação disso nível da série. Eu tenho também a
com política está no fato de que po- função de fazer a ligação entre os
lítica tem muito disso, de relações professores e a direção, os coor-
humanas, de estabelecer essa co- denadores de segmentos, como a
municação entre as pessoas para Eliane, a Tânia, o professor Raggazzi,
buscar um relacionamento melhor, e também tenho a função de defi-
para buscar melhoria da situação nir livros de um ano para o outro,
delas. E é isso que eu faço, eu bus- trabalhos didáticos, averiguar o en-
co ligar esses dois setores, professor- caminhamento dentro do prazo de
aluno ou coordenação-aluno, pra provas, simulados, esse tipo de coi-
PRISCILA MARTINS, 17 anos, deixar a situação melhor, pra tentar sa.
REPRESENTANTE DE TURMA resolver problemas e evitar também Eu acho que a minha função
(2º ano A) muitos problemas.” se relaciona com política na medi-
“Aqui na escola eu tenho a fun- da em que ela é uma função que
ção de estabelecer a comunicação tem que ter um pouco de cuidado,
da turma com a coordenação, tan- né? Com o professor, eu tenho que
to transmitindo os recados da coor- ter um pouco de cuidado com rela-
denação para a turma, quanto os re- ção à sua presença na escola, e situa-
cados da turma para a coordenação. ções desse tipo. Eu acho que ela tem
Geralmente a coordenação me pe- pouca relação com a questão parti-
de para falar coisas simples, do tipo: dária, de forma nenhuma, mas sim
houve uma mudança de data para uma relação política entre as várias
entrega do trabalho X’. Aí eu informo hierarquias da escola.”
para a turma logo em seguida, pa-
ra não haver nenhuma confusão. E PAULO FRANCISCO DE OLIVEIRA,
também quando por exemplo, a tur- 45 anos, SÍNDICO
ma precisa fazer alguma reclamação, EDUARDO GONZAGA, 46 anos, “A função do síndico é cuidar
precisa comunicar alguma coisa pa- PROFESSOR COORDENADOR DE dos bens da coletividade, especifi-
ra a coordenação, se há algum pro- GEOGRAFIA camente, no caso, do prédio onde a
blema de relacionamento com um “Eu tenho entre, outras fun- gente mora, né? Olhar essa parte de
professor, ou mesmo com um alu- ções, a atribuição de observar as lixo, a melhor condição pra recolher

12 • Revista Lumina
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MARCOS RAGGAZZI, 41 anos,
PROFESSOR E COORDENADOR
PEDAGÓGICO

NOME:
Andreza Félix.
IDADE: 31 anos.
DATA DO 1º VOTO: 1998, em eleições
para presidente.
“A minha emoção de votar foi mui-
to grande, porque votei já para presi-
dente, o que foi muito significativo pra
mim como eleitora”.

o lixo, a manutenção dos equipa-


mentos de uso coletivo, a contrata-
ção de funcionários para a limpeza,
a organização de vagas de garagem, “Eu trabalho com pessoas, ad- NOME: Daniel
a troca do gás, quer dizer, essas coi- ministrando pessoas e procurando Martins.
tirar de cada uma delas aquilo que IDADE: 18 anos.
sas normais do dia-a-dia.
DATA DO 1º VOTO: 2010 em eleições
A relação que eu vejo disso elas têm de melhor pra poder ofere-
para presidente.
com a política é a questão só de am- cer pra comunidade escolar. “Eu não senti diferença nenhuma em
plitude, um prefeito vai fazer na ci- A política está envolvida em votar [...]. Não vai fazer diferença na mi-
dade o que o síndico vai fazer no todo o nosso trabalho, no cotidia- nha vida, mas tenho que cumprir meu
prédio onde ele mora, assim como no; é extremamente fundamental dever como cidadão.
o governador no estado, e o presi- que nós: saibamos respeitar as pes-
dente na nação. É importante em soas, saibamos identificar os proble-
qualquer caso, seja o síndico, seja o mas que cada uma delas tem pra
prefeito, governador ou presidente, que nós possamos resolver as situa-
que eles hajam sempre procurando ções e pra que seja interessante pa- NOME: Carollina
o bem-estar coletivo, com transpa- ra o bem comum. Então, se nós não Rodrigues.
rência, ouvindo as outras pessoas, os tivermos a política muito bem defi- IDADE: 16 anos.
outros participantes, que moram na- nida (não só a política de trabalho, DATA DO 1º VOTO: 2010, em eleições
quela região, naquela casa, naquele como também política de relacio- para Presidente.
namento, como também política “Eu achei muito importante, porque
estado e que haja ética na condução
foi a primeira vez que eu pude contri-
da verba, que todo mundo contri- de aceitação do outro), nós não te-
buir pra escolher que vai governar a
bui, porque aquela verba não é dele, ríamos sucesso. É fundamental que nação”.
aquela verba deve ser usada em prol nós saibamos trabalhar com o as-
de todo mundo.” pecto político o tempo todo.”

NOME: Elbiron Argentino de Oliveira NOME: Paulo Sil-


IDADE: 56 anos. veira.
DATA DO 1º VOTO: 1972, em eleições para Prefeito (duran- IDADE: 11 anos.
te o Governo Militar). DATA DO 1º VOTO: assim que com-
“A sensação não foi lá tão grande, porque essa questão da pletar os 16 anos (2016), em eleições
politização, do direito de votar não era tão bem divulgada. para Prefeito.
Hoje não, hoje existe essa questão do exercício da cidada- “Eu gostaria que tivesse uma coligação
nia. Na época era mais ou menos assim: ‘vou votar porque entre o PSDB e o PV. Eu com certeza
é obrigado a votar’.” votaria nessa coligação”.

R e v i s t a Lu m i n a • 13
manifesto............................................................................................................................

Manifesto contra a impunidade


Senhor Ministro Carlos Minc

Em 26.140 quilômetros quadrados de floresta há olhos, mas também participa de tais crimes contra a vi-
várias espécies da fauna e flora ainda desconhecidas; da...
tantas pessoas poderiam viver e prosperar de maneira Já passou da hora de termos políticas ambientais
sustentável, respeitando a natureza e seu tempo. Contu- que funcionem, como a punição efetiva dos criminosos
do, ao invés de uma imagem tão esperançosa, o que ve- que agridem o NOSSO meio ambiente, além de incenti-
mos é o nada! vos à preservação e à vida sustentável. Basta apenas en-
Isso mesmo, o absurdo, a atrocidade de, somen- sinar a população a viver sem agredir a floresta.
te entre 2003 e 2004, esses mesmos 26.140 quilômetros
quadrados de florestas terem desaparecido! É inaceitá- Por Luiz Fernando Carneiro Rodrigues e Paula Viegas
vel uma situação tão vergonhosa! A cada ano hectares Belo Horizonte, 05 de outubro de 2010
e mais hectares da Floresta Amazônica são devastados,
transformados em pastos ou plantações de soja que, fi-
nalmente, resultam em desertos que humilham a ima-
gem e a população de nosso país!
Cada quilômetro quadrado de terra desmatado irá
compor o novo Saara, agora numa versão brasileira. Mas
o que acontece com os culpados? Nada! Ou melhor, eles
até chegam a enriquecer... E o que acontece com quem
tenta ajudar a floresta? São assassinados pelos próprios
culpados impunes, a exemplo da Irmã Dorothy Stang!
É de se causar nojo e mal estar em qualquer um!
Começamos a imaginar que o governo não só fecha os

Fim da impunidade, JÁ!


O Jornal LUMINA
apoia essa causa!
14 • Revista Lumina
...................................................................................................................... seção cultural
PRO DIA NASCER FELIZ ACORDA BRASIL
(Fernando Henrique Lisa e Talita Fischer)
Todos sabem que, no Brasil, falar de educa-
ção é falar de um dos problemas mais sérios que
Há muito tempo sonhamos
nos acometem. Aquilo que deveria ser um dos
Com o novo sol que vai nascer
pilares do desenvolvimento do país encontra-se
Há muito tempo esperamos
em situação precária, e é com a câmera voltada
Aquela chance pra crescer
para o jovem brasileiro que João Jardim explo-
ra esse tema.
Acorda Brasil essa é a hora
O documentário Pro dia nascer feliz mos-
De aprender uma lição
tra a realidade de jovens com diferentes condi-
Mas vamos logo, não demora
ções socioeconômicas. São entrevistas feitas em
diversos lugares do país, que vão desde o sertão
É preciso cuidar
Pernambucano às periferias de Duque de Caxias (RJ) e de São Paulo para final-
Daqueles que ainda irão nascer
mente, fazer um retrato do elitizado universo presente no colégio particular
Não é só PAC e Bolsa Família
Santa Cruz, também em São Paulo.
Que irão fazer o povo crescer
O filme aborda principalmente a busca pelos culpados pela situação edu-
cacional. Seriam os jovens, que não têm interesse pela escola e a utilizam co-
Acorda Brasil essa é a hora
mo “válvula de escape” para fugir dos problemas com que se deparam? Ou se-
De aprender uma lição
riam os professores, que faltam constantemente e não têm compromisso com
Mas vamos logo, não demora
a qualidade do ensino? Isso, para não falar de pais que não dão assistência a
seus filhos e os deixam se criar em meio à marginalidade e imoralidade. Tam-
bém não pode deixar de ser citado o descaso do governo, que não proporcio-
na condições para que as escolas melhorem, direcionando verbas ínfimas pa-
ra seu sustento.
O problema é muito mais complexo, e tem como causa uma teia de fato-
res, como os sociais, os culturais, e econômicos. Esta produção de João Jardim
nos mostra que, além de olhar para a lástima que é o nosso sistema educacio-
nal, devemos também enxergar por que ele encontra-se em condições tão de-
ploráveis. Por isso, não deixe de assistir a essa bela obra do cinema brasileiro! NOME: Rosana Jorge Coelho.
IDADE: 35 anos.
Por Maria Luiza Brandão
DATA DO 1º VOTO: 1992, em elei-
ções para Prefeito.
“Eu sempre ia votar com meus pais,
e eles me deixavam marcar o ‘X’, en-
tão eu me senti uma pessoa mui-
to importante a partir do momen-
to em que eu estava dando a minha
contribuição”.

R e v i s t a Lu m i n a • 15
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