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Brasil
Rodrigo Guimarães Jardim
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197
No Brasil, a proteção social evoluiu de forma semelhante ao plano
internacional. Inicialmente foi privada e voluntária, passou para a formação dos
primeiros planos mutualistas e, posteriormente, para a intervenção cada vez
maior do Estado.
Resumo:A Seguridade Social não surgiu abruptamente, seja no mundo, seja no
Brasil. Ela originou-se na necessidade social de se estabelecer métodos de proteção
contra os variados riscos ao ser humano. A Seguridade Social, sob o enfoque mundial,
tem origem nos modelos Bismarckiano (1883) e Beveridgiano (1942). No Brasil, a
proteção social evoluiu de forma semelhante ao plano internacional. Inicialmente foi
privada e voluntária, passou para a formação dos primeiros planos mutualistas e,
posteriormente, para a intervenção cada vez maior do Estado. O marco normativo da
Seguridade Social brasileira foi a Lei Eloy Chaves, que criou nacionalmente as Caixas
de Aposentadorias e Pensões para os ferroviários, e atualmente é regida pelas Leis nº
8.080/90 e nº 8.213/91, que criaram, sob a égide da Constituição Federal de 1988, o
Sistema Único de Saúde (SUS) e o Plano de Benefícios da Previdência Social.
I. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A Seguridade Social não surgiu abruptamente, seja no mundo, seja no
Brasil. Ela originou-se na necessidade social de se estabelecer métodos de
proteção contra os variados riscos ao ser humano. Em verdade, a elaboração
de medidas para reduzir os efeitos das adversidades da vida, como fome,
doença, velhice, etc. pode ser considerada como parte da própria teoria
evolutiva de Darwin, na parte em que refere à capacidade de adaptação da
raça humana para sobreviver. Segundo Ibrahim, “não seria exagero rotular
esse comportamento de algo instintivo, já que até os animais têm hábito de
guardar alimentos para dias mais difíceis. O que talvez nos separe das demais
espécies é o grau de complexidade de nosso sistema protetivo”[1].
Aqueles que não eram abarcados pela proteção familiar e não tinham
condições de prover o próprio sustento dependiam da chamada ajuda aos
pobres e necessitados. Por bastante tempo a caridade praticada pelos mais
ricos tinha o efeito psicológico de diminuir-lhes a culpa pela exploração
realizada ao seu próprio semelhante, tanto a exploração dos escravos como a
exploração trabalhista sobre o homem livre. Dessa forma, a caridade seria a
efetiva garantia de acesso ao Reino de Deus[3].
Imperioso ressaltar que a Lei Eloy Chaves instituiu, no seu artigo 9º,
item 3º, a pensão por morte para os dependentes dos segurados. O benefício
seria extinto, nos termos do artigo 33, para a viúva, o viúvo ou pais, quando
contraíssem novas núpcias, para os filhos, ao completarem 18 (dezoito) anos,
para as filhas ou irmãs solteiras, ao contraírem matrimônio e, para todos, em
caso de vida desonesta ou vagabundagem.[27]
Com a edição da Lei Eloy Chaves, outras categorias mobilizaram na
busca pelos mesmos direitos, provocando uma extensão dessa medida
protetiva. São exemplos dessa situação a Lei nº 5.109 (1926), que estendeu a
incidência da Lei Eloy Chaves aos portuários e marítimos, e a Lei nº 5.485
(1928), referente ao pessoal das empresas de serviços telegráficos e
radiotelegráficos.[28]
NOTAS
IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 15ª ed. Rio
[1]