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6 MALCO

Essa era a posição de Malco, que a um passo de tornar-se um sacerdote, por


ordem do seu superior foi ao encontro de Jesus para prendê-lo. Acreditando mesmo
estar cumprindo com a vontade de Deus, chegou juntamente com a sua comitiva para
prender a Cristo e levá-lo ao seu superior, quando inesperadamente foi atingido por
um golpe de uns dos discípulos de Cristo; e percebe que sua orelha direita fora
decepada.
Nesse momento Malco encontra-se diante de uma situação crítica em que ele
sente a ponta da lâmina da espada de Pedro cortando-lhe a orelha. Mas por que para
Malco ainda era importante a “orelha direita? Eis a resposta:
Mesmo sendo um cargo de confiança do Sumo Sacerdote, portanto de sua livre
escolha, no entanto, o servo dele, que podia, inclusive, substitui-lo, precisava ser
sabatinado pelo Sinédrio e para isso precisava preencher os requisitos que a Lei de
Moisés apresentava. Entre esses requisitos estava o da perfeição no corpo.
“Fala a Arão, dizendo: Ninguém da tua descendência, nas suas gerações, em
que houver algum defeito, se chegará a oferecer o pão do seu Deus” (Levítico 21:17).
“Simão Pedro, que trazia uma espada, tirou-a e feriu o servo do sumo
sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. O nome daquele servo era Malco” (João
18:10).

6.1 DEFENDENDO A CAUSA ERRADA

Ainda que estivesse a serviço da maldade do sacerdócio; ainda que sua


motivação naquele momento fosse a pior possível; ainda que seu coração estivesse
se corrompido levando-o a aceitar esta baixa condição de executar missões
reprováveis em nome do Sumo Sacerdote, Malco, todavia, acreditava estar a serviço
da Obra de Deus. Ele havia dedicado toda à sua vida em função deste sonho, o de
ser um sacerdote. Na verdade, Malco era um homem que se achava na multidão
errada, defendendo a causa errada, envolvendo-se com pessoas erradas. Ele merecia
perder a cabeça, e não apenas a orelha. Antes tivesse deixado a cabeça para ser
rachada ao meio do que perder a orelha direita. Sem ela o sonho estava morto e ser
sacerdote, certamente era a sua vida, a razão de sua existência.
Não é difícil imaginar aquela situação: Malco sentindo uma dor insuportável,
tentando encontrar a sua orelha caída no chão e certamente sem poder enxergar pois
naquele momento era noite. Para aumentar ainda mais a sua dor, cumprir aquela
ordem de levar Cristo preso ao sumo sacerdote estava fracassada... No momento
queria estancar o ferimento. Não havia mais esperanças, pensava que o seu sonho
sacerdotal já estava perdido.
Mas ele não contava com a Misericórdia de Cristo que, vendo Malco caído ao
chão, atribulado pela ideia de tudo ter acabado ali... Em instantes um filme se passou
na mente de Malco, e Jesus assistiu ao filme... Foi nesse momento que Sua graça se
manifestou: abaixando-se Jesus pegou a orelha de Malco, posicionou-a em sua mão
e à vista de todos colocou-a no devido lugar, realizando aquele implante instantâneo,
proporcionou a Malco o alívio da dor e no mesmo instante o sangue que escorria
foi estancado, deixando a sua orelha totalmente restaurada, um verdadeiro milagre.
Esse fato foi apenas o início do processo do seu encontro com Cristo, porque
aquele que por Ele é tocado passa a mudar da noite para o dia, muda os seus
conceitos, os seus maus hábitos e pensamentos, começa um relacionamento com
Cristo que o faz perceber que somente Nele existe a cura que não deixa cicatrizes.
Jesus não restituiu apenas a orelha direita de um homem, Jesus restituiu os sonhos.
Jesus devolveu a Malco o direito de permanecer no seu posto e tentar chegar aonde
ele pretendia e realizar o serviço que ele considerava como uma missão perante o
Deus de Israel.

O livro que dá uma ideia clara e coerente acerca do indivíduo que agrediu
Malco, é o Evangelho de João que diz que seu nome era Simão Pedro; um dos
discípulos do Senhor. O fato de João mencionar o nome do servo e especificar a
orelha é uma indicação de que ele foi testemunha ocular.
Mas por que Pedro feriu justamente a Malco? Será que ele conhecia tal
homem? Pois sendo que a maioria que foi prender Jesus estava armada com espadas
e porretes prestes a, quem sabe, feri-los?
“Estou eu chefiando alguma rebelião, para que vocês tenham vindo com
espada e varas?” (Lc 22:52).
A atitude de Pedro em recorrer ao uso da espada é compreensível à vista de
sua declaração de lealdade em João 13:37. A posse da espada explica-se pelo
conselho de Cristo em Lucas 22:35-38. A espada era um símbolo dos dias de luta que

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