A tendência de todo país que tem pretensões de desenvolvimento, tanto
social quanto financeiro, o crescimento, espacial, tecnológico e social, é necessário e parte do processo natural de desenvolvimento de uma nação. No Brasil, um país de dimensões continentais, que almeja o desenvolvimento da nação como um todo, busca criar e desenrolar políticas e estratégias regionais que supram a realidade de diversidade cultural, territorial, social e econômica entre as regiões. Porém, com o desenrolar do progresso tecnológico e de conhecimento, e os posicionamentos estratégicos dentro do território nacional, tais como proximidade com a capital, ou determinado tipo de solo, clima, ou fronteiras, há uma tendência natural de concentração e aglomeração de atividades em áreas específicas, aumentando as disparidades entre as regiões do país. Através da leitura e análise da bibliografia passada em sala de aula e em leituras dirigidas, é tratado no trabalho o modo com que o país foi se desenvolvendo em relação aos planejamentos feitos, ou a falta deles, e as repercussões nos desenvolvimentos e crescimentos das regiões do país. DESENVOLVIMENTO DO TEMA
O Brasil carrega, nos âmbitos tanto econômicos como sociais e culturais,
marcas e heranças, nem sempre boas, do que foi feito há décadas e décadas atrás e acabaram se enraizando nos processos de tal modo que questioná-los se torna um desafio que nem sempre é considerado válido de esforço. Para um país com dimensões continentais como o que vivemos, desenvolver de modo inteiriço e simultâneo é demasiadamente complexo. É natural que algumas regiões acabem se desenvolvendo mis rápido que outras, dependendo da importância e atenção que o Estado põe sobre tais. As primeiras capitais, os portos, pontos de importância e referência dentro de um país – ou colônia, em tempos mais remotos – são aspectos que fazem com que o estado em que se encontram se desenvolvam com maior rapidez, assim como a região em que se insere, de modo a suprir a demanda de desenvolvimento que o fluxo de interações daquele ponto e função exigem. Com um território tão vasto, com diferentes culturas, populações, economias e territórios, concentrar o poder de decisão sobre um ponto, tendo de traçar objetivos e meios de crescimento e desenvolvimento para todos seria algo pesado e não muito inteligente de ser feito, tendo uma possibilidade de falha muito maior, de modo que o processo de descentralização federativa, fortalecimento e autonomia dos poderes locais foram propostos dede a CF 1988, permitindo que cada cidade, cada região, estruture um plano de desenvolvimento que, em conjunto com o do resto das regiões, suposta e automaticamente, corresponderiam em um desenvolvimento do país. Porém, a realidade não é tão simples e ausentada de falhas e tropeços nos processos, mas sim enfrentam desafios de políticas que absorvam e integrem o crescimento já ocorrido, para que não seja um crescimento desenfreado e sem diretrizes, como já presenciado em tantas vezes na história do país, pois um crescimento sem diretrizes é um crescimento que não possui objetivo, mas é apenas uma resposta automática para a demanda que se fazia presente. Tendo sido retomadas as discussões das relações entre economia e território, são trazidas à luz as disparidades sócio espaciais, diversidades, tamanhos do espaço nacional e das características históricas do modelo de desenvolvimento brasileiro. A heterogeneidade da economia espacial é clara, devido a aglomerações na atividade econômica e distribuição da população em dadas localidades. Dinâmicas econômicas que necessitam de maior fluxo, por exemplo, em regiões com cidades maiores e mais bem desenvolvidas, de modo que as necessidades do negócio sejam supridas e as possibilidades de lucro e desenvolvimento sejam maiores, pois dispõe de um acesso a um mercado maior, com maiores facilidades comerciais, bancárias e financeiras, serviços de transporte e comunicações, entre outros, e a visibilidade no mercado não só nacional, como internacional. Os polos econômicos podem surgir como resultado da atuação de forças de mercado ou podem servir como instrumento da política econômica governamental, a fim de atingir um conjunto de objetivos nacionais de desenvolvimento regional. Assim, os polos gerados por forças de mercado são chamados de polos naturais, enquanto os do segundo são chamados de polos planejados. Os naturais estão associados a pouca ou nenhuma intervenção governamental, ao passo que os planejados são instrumentos de política governamental. As teorias sobre o desenvolvimento regional no Brasil sofreram alterações ao longo das décadas, ocasionadas por crises, declínio de regiões industriais e novos paradigmas de desenvolvimento local e às mudanças de atuação do Estado em meio aos processos. No Brasil, as políticas de desenvolvimento regional são analisadas a partir de duas fases: a primeira, que vai de 1930 a 1989, é a fase desenvolvimentista marcada pela forte intervenção estatal na atividade econômica, compreendendo um período de forte a expansão da atividade econômica que se inicia nos anos 30 e vai até o final da década de 70. Nesse período houveram altas taxas anuais de crescimento do PIB nacional e regional, sendo essa expansão associada à implementação de políticas de desenvolvimento regional baseadas nas teorias dos polos de crescimento. O movimento de desconcentração geográfica da produção inicia-se na década de 40, com o deslocamento da fronteira agropecuária para o sul e, a partir de 1970, em direção às regiões Centro-Oeste e Norte. Em um período pós-1950, houve uma configuração macroespacial de “economias regionais nacionalmente localizadas” para “uma economia nacional regionalmente localizada” ROLNIK, R e KLINK, J. 2011, tendo como sede São Paulo, que atuava, cada vez mais, como centro de comando hierárquico. No pós-1970 apresentou uma desconcentração macroespacial da indústria para fora da região e do Estado de São Paulo, tanto impulsionada pelas chamadas seconomias de aglomeração, como pelas políticas regionais explícitas do regime militar. Essa primeira fase pode ser caracterizada pelas deseconomias de aglomeração na área metropolitana de São Paulo e criação de economias de aglomeração em vários outros centros urbanos e regiões, pelo processo de integração produtiva inter-regional, caracterizado por investimentos públicos e privados nas regiões periféricas, assim como pelas ações do Estado em investimentos diretos, assim como incentivos fiscais e construções de infraestruturas, procurando pela unificação do mercado que, já na década de 1950, com as políticas desenvolvimentistas do então presidente Juscelino Kubistchek, e o incentivo a instalação e ao crescimento das indústrias do transporte no país, teriam seu potencial amplificado pela maior abrangência espacial pelo transporte. A segunda fase, com início nos anos 90, pode ser caracterizada pelo aprofundamento da crise fiscal e financeira do Estado herdada da década anterior. Nesse contexto, o setor público deixou de ser o agente dinâmico da economia para se tornar um entrave à transformação da poupança privada em investimento produtivo. No início dos anos 90, os impactos da liberalização econômica mais a crise da dívida pública, iniciada nos anos 80, conduziram à reestruturação e às novas atribuições do Estado, dando início a um novo modelo de intervenção estatal, norteado por diretrizes de integração competitiva, reestruturação produtiva e regulação econômica.
“O Estado cede seu papel de protagonista e sua liderança às
empresas inovadoras (geralmente multinacionais), ao mesmo tempo em que as novas tecnologias de informação, os transportes e as comunicações fortalecem o funcionamento das organizações e a sua interação.”
A segunda fase, com início nos anos 90, é caracterizada pelo
aprofundamento da crise fiscal e financeira do Estado herdada da década anterior. Nesse contexto, o setor público deixou de ser o agente dinâmico da economia para se tornar um entrave à transformação da poupança privada em investimento produtivo. Saindo um pouco da esfera de indústrias e comércios, as políticas que abrangem o desenvolvimento urbano, que dizem respeito às infraestruturas das regiões, houve um planejamento do Estado para a expansão e crescimento das cidades, por meio de leis de parcelamento, zoneamentos e planos urbanísticos, tendo em vista a produção da terra urbanizada com infraestrutura, proporcionando o crescimento equipado de todas as necessidades supridas. Porém, a realidade de produção de tais políticas não correspondeu ao planejado, de modo que eram feitos loteamentos, mas as infraestruturas que caracterizam uma área devidamente urbanizada, estavam em falta, seja pela falta de fiscalização por parte do Estado dessa distribuição, quanto das incapacidades de prover habitações acessíveis às populações de baixa renda, deixando um mercado privado com qualidade urbanística e habitacional precárias. Tal situação não é vista pela primeira no Brasil, de modo a ser repetida ao longo das décadas, como no exemplo da expansão da cidade de São Paulo, que, tendo em vista o desenvolvimento da cidade, viu a necessidade de expandir seu perímetro urbano, loteando as áreas periféricas a baixos e parcelados custos, de modo a atrair a população de menor renda, mas deixando a desejar no fornecimento de infraestrutura, e no pensamento logístico de deslocamento de tal população para o centro da cidade para trabalho, já que com as políticas automotivas da época de JK, o investimento de transporte era feito em rodovias e incentivo ao veículo de transporte individual, bens não acessíveis para a população de baixa renda.
CONCLUSÃO
As desigualdades regionais brasileiras foram determinadas em grande
parte pelos processos que ocorreram na fase de isolamento relativo. Sua origem encontra-se nas formas de evolução das regiões ou complexos exportadores localizados em espaços distintos e dotados de dinâmica econômica e de capacidade de diversificação da base produtiva muito diferente. A partir daí essas desigualdades foram se ampliando com as crescentes políticas que visam o desenvolvimento e não a integração pontual e não a integração e possibilidade de acesso igualitário às diferentes regiões, de modo que, a cada medida, a desigualdade, ao invés de corrigida e, aos poucos superada, é cada vez mais difundida e enraizada na cultura e economia do país.
BIBLIOGRAFIA
ROLNIK, R e KLINK, J. Crescimento econômico e desenvolvimento urbano:
Por que nossas cidades continuam tão precárias? CEBRAP, 2011. Pp. 89-109 DINIZ, C. C. e CROCCO, M. (orgs.). Economia regional e urbana. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2006. pp 10-31