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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS


Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas
FLC0400 - Literatura Brasileira V
Prof. Dr. Augusto Massi
RESUMO

Este trabalho foi elaborado por Daniel Silveira Bueno (USP-Letras


8973567) como objeto de avaliação final do curso de Literatura
DANIEL SILVEIRA BUENO Brasileira V, ministrado pelo Prof. Dr. Augusto Massi, no primeiro
8973567 semestre de 2019. Trata-se de uma compilação de quarenta e dois
daniel.silveira.bueno@usp.br poemas selecionados da antologia de poemas clássicos japoneses
Man'yōshū, a partir de uma versão em língua japonesa clássica
reconstituída por Shinobu Orikuchi e traduzidos com suporte de
material em língua inglesa publicado pela Columbia University
Arcádia Nipônica
Press. O critério para a escolha dos poemas incluídos nesta
coletânea foi a sua semelhança temática com a poesia árcade latina,
desse modo, considerou-se as principais convenções do Arcadismo
como a recorrência da imagem do pastor e sua relação com a
natureza, a mulher amada e seu olhar sobre a vida.

Palavras-chave: literatura comparada; literatura japonesa clássica;


Arcadismo; tradução.

Capa: TOSA, Mitsuoki. Ilustração do romance Genji Monogatari (capítulo 5,


“Wakamurasaki”), Séc. XVII. Tinta sobre papel, estilo yamato-e, colorido.
São Paulo Contracapa: UEHARA, Konen. Composição com imagens da série “Ondas”.
junho 2019 1900-1920. Xilogravura, colorido.
SUMÁRIO Introdução

Introdução ....................................................................................... 3 É comum, na literatura, que se credite a um “espírito


insular” o fato de que a sociedade, a cultura e o idioma japoneses
1. A obra .......................................................................................... 5
tenham se mantido uniformes ao longo de sua existência. Entretanto,
2. Sobre a apresentação gráfica e os critérios para organização deste hoje já se concorda com a ideia de que o mar nunca tenha de fato
trabalho ........................................................................................ 8
tornado o arquipélago impermeável. O intercâmbio com os povos
Arcádia Nipônica:
do continente foi significativo para o desenvolvimento de uma
III:266 ........... 12 VII:1269........ 28 X:2240 ..........45
sociedade politicamente organizada. Esse intercâmbio, segundo
III:270 ........... 13 VII:1317........ 30 XI:2357 .........46
Tae Suzuki (2003), é o que leva os povos japoneses a dar saltos
III:351 ........... 14 VIII:1418 ...... 31 XI:2418 .........48
evolutivos. Primeiro, com a introdução da metalurgia aprendida
IV:488 ........... 15 VIII:1435 ...... 32 XI:2615 .........49
com os chineses, depois, com a plantação de arroz, por intermédio
IV:489 ........... 16 IX:1682 ......... 33 XII:3093 ........50
dos coreanos e, por fim, a adoção do confucionismo, budismo e
IV:496 ........... 18 X:1814 .......... 34 XIV:3452 ......51
alfabeto chineses.
IV:497 ........... 19 X:1840 .......... 36 XV:3666 .......52
Assim, é a partir do século III a.C. que o contato com o
IV:632 ........... 20 X:1891 .......... 37 XVI:3889 ......54
continente, proporciona maior desenvolvimento social no
V:801 ............ 21 X:1897 .......... 38 XVIII:4124 ...55
arquipélago por causa da introdução da tecelagem em seda, do
VI:985 ........... 22 X:2015 .......... 39 XIX:4188 ......56
manejo de metais como ferro e cobre e do cultivo do arroz, ainda
VI:1042 ......... 24 X:2162 .......... 40 XIX:4199 ......57
que sua penetração não tenha sido homogênea. Está claro, porém,
VI:1045 ......... 25 X:2175 .......... 42 XX:4326 .......58
que houve intercâmbio cultural, pois, tanto do arquipélago quanto
VII:1068........ 26 X:2222 .......... 43 XX:4395 .......60
do continente, o fluxo de pessoas era comum. Isso pode ser
VII:1088........ 27 X:2231 .......... 44 XX:4470 .......61
comprovado, por exemplo, a partir de antigos registros chineses que
Referências ....................................................................................62 dão conta dos povos bárbaros que viviam nas ilhas vizinhas em uma
sociedade relativamente organizada.

〇 3

Considerando-se o inconsciente coletivo junguiano ou os 1. A obra

modelos de organização narrativa da Semiótica clássica é possível O Man'yōshū é a mais antiga antologia de poemas
encontrar uma recorrência dos mesmos temas dentro das expressões japoneses e foi compilada provavelmente na segunda metade do
artísticas e folclóricas de grupos humanos separados pelo tempo e século VIII, durante o reinado do imperador Kanmu ( 钦明天皇 ,
pelo espaço. É neste sentido que este trabalho foi elaborado, como 735-806). Dentro de seus vinte volumes encontram-se reunidos
objeto de avaliação final do curso de Literatura Brasileira V, minis- 4.516 poemas waka, assim denominados para diferenciá-los dos
trado por Augusto Massi, durante o primeiro semestre de 2019. poemas compostos segundo o modelo chinês (kanshi).
Sendo assim, aqui se encontra reunida uma coletânea de Quando comparado às antologias produzidas posterior-
quarenta e dois poemas selecionados da antologia de poemas mente, o Man'yōshū pode ser considerado bastante democrático
clássicos japoneses Man'yōshū (万葉集), tendo por base uma versão pois entre seus poemas incluem-se não apenas aqueles compostos
em língua japonesa clássica reconstituída e comentada por Shinobu por altos membros da nobreza, mas também plebeus, guardas,
Orikuchi 1 (折口信夫, 1887-1953) e traduzidos com auxílio de mate- camponeses, mendigos e prostitutas, ainda que também apareçam
rial em língua inglesa publicado pela Columbia University Press. muitos poemas de autoria anônima.
O critério para a escolha dos poemas a serem incluídos Porém, quando se questiona de quem possa ter partido a
nesta coletânea foi a sua semelhança temática com a poesia árcade iniciativa para a sua compilação, os especialistas não são unânimes.
latina. Desse modo, considerou-se as principais convenções do Alguns estudiosos acreditam que o Man'yōshū tenha sido
Arcadismo como a presença da imagem do pastor e sua relação com compilado como um chokusenshū, uma antologia comissionada
a natureza (locus amoenus), a mulher amada e seu olhar sobre a vida, pelo imperador ao estadista e poeta, Ōtomono Yakamochi (大伴家
sempre levando-se em conta, no entanto, as características 持, 718-785), embora outros apoiem a ideia de que Yakamochi o
geográficas e sociais inerentes ao Japão antigo quando comparadas tenha feito por conta própria, a partir de seu acervo pessoal, e
com a cultura ocidental. completado os volumes com poemas de sua própria autoria.
Por ser o japonês em sua origem uma língua ágrafa, os
1
Cf. Referências. primeiros escritos neste idioma, com o aproveitamento da escrita

〇 4 〇 5
四 五
chinesa, só ocorrem a partir do século V. Logo, os poemas que junções, flexões adjetivas etc” (WAKISAKA, 1992).
integram o Man'yōshū estão transcritos com caracteres chineses, Quanto à forma, diferentemente dos trabalhos que antece-
pois há época de sua organização ainda não se havia desenvolvido deram a organização do Man'yōshū, aqui já se encontra estabelecida
o sistema de escrita japonês que só viria ocorrer séculos após. uma tradição poética que determina aos autores que obedeçam
O processo de transcrição do japonês usando caracteres determinadas formas de composição, sendo a mais importante:
chineses certamente demandou adaptações linguísticas, uma vez Tanka: Poema curto. Composto sobre 31 sílabas poéticas
que a língua chinesa é do tipo isolante, sem afixos ou morfemas, distribuídas em cinco metros: [5 – 7 – 5] no primeiro verso e, [7 –
com orações SVO; enquanto o japonês é uma língua “aglutinante 7] no último verso. Sintaticamente pode apresentar as seguintes
por excelência” (MUKAI & SUZUKI, 2016) com morfemas que se configurações: A (5 – 7) (5 – 7) (7);
encadeiam entre si e partículas que funcionam como marcadores B (5 – 7 – 5) (7) (7), e
sintáticos, pospostos aos termos da oração SOV. C (5) (7 – 5) (7) (7),
Além da estrutura da frase, também há o fato de os nas quais cada grupo de sílabas representa um sintagma. Este
caracteres chineses serem ideogramáticos, ou seja, não represen- formato pode ser considerado como a base para as demais formas
tarem sons, mas sim conceitos. Isso levou os japoneses a recorrerem poéticas em uso na época, como os poemas longos (chōka) cujo
a duas alternativas para a sua transposição: (1) manter a leitura modelo pode ser representado por [n ( 5 + 7 ) + 7 ], com n ⩾ 3; ou os
original chinesa, incluindo a leitura japonesa aproveitando-se de sua poemas colaborativos (renga), em que cada verso é elaborado por
equivalência semântica; (2) adicionar a leitura japonesa, des- uma pessoa diferente.
considerando seu valor semântico, o que transformou os caracteres O ponto em comum entre elas é a medida métrica [5 – 7]
em simples fonogramas. cuja preferência entre os poetas sugere algumas hipóteses: (1) a
“Levados pela necessidade, os japoneses criaram assim um influência da poesia chinesa, cujos versos poderiam ser compostos
silabário de ideogramas/fonogramas, que possibilitaram o registro por 5 ou 7 ideogramas; (2) a própria cultura japonesa, a partir da
de suas peculiaridades linguísticas tais como partículas relacionais, substituição da tradição oral pela tradição escrita, seguindo uma
prefixos, sufixos, desinências verbais, auxiliares verbais, con- forma métrica endêmica que derivava de características próprias da

〇 6 〇 7
六 七
gramática do japonês, assim, dentro da estrutura frasal SOV, S e O Hepburn, que é adotado comumente pelos dicionários japoneses e
seriam representados em versos curtos e V em versos longos. Além materiais didáticos de ensino da língua japonesa para estrangeiros.
disso, a morfologia e prosódia do japonês privilegiam o compasso “Para facilitar tanto a leitura quanto a expressão oral do japonês,
de dois fonemas (ou múltiplos de dois) e uma estrutura sintagmática James Curtis Hepburn (1815-1911) criou esse sistema, que
na qual a cada vocábulo nocional (substantivo, adjetivo) acopla-se representa graficamente os sons do idioma japonês utilizando o
um vocábulo relacional (partícula) resultando, assim, em números alfabeto latino, conforme a pronúncia inglesa” (WAKISAKA,
de sílabas ímpares. 2012).
Para os falantes do português é importante esclarecer
2. Sobre a apresentação gráfica e os critérios para organização algumas particularidades da pronúncia do japonês empregadas no
deste trabalho sistema Hepburn:

Diferentemente do padrão editorial japonês baseado no -□


r é sempre vibrante, como em “caro”, mesmo em palavras
texto escrito na vertical e lido da direita para a esquerda, os poemas iniciadas por essa letra; nunca se pronuncia como o “rr” do

selecionados para esta coletânea seguem o padrão de escrita português;

ocidental, isto é, com texto disposto horizontalmente e com direção -□


h é sempre aspirado, como em “hot”, em inglês; equivale ao “rr”

da leitura da esquerda para a direita. Logo abaixo, apresentado em e o r em início de palavra do português;
-□
a deve ser sempre pronunciado com som aberto, como em
caracteres itálicos, vêm as suas transcrições em alfabeto latino e, em
“alfa”;
seguida, a sua tradução para o português.
-□
e e□
o devem ser pronunciados com som fechado, como em
Os poemas estão dispostos na mesma sequência em que
“poema” e “ovo”;
aparecem no texto original, porém sem qualquer atribuição de
-□
w é uma semivogal e tem som equivalente ao u da palavra
autoria. Além disso, há a indicação em algarismos romanos do
“mau”;
volume ao qual o poema faz parte, bem como sua posição dentro do
- y é uma semivogal e tem som equivalente ao i da palavra “pai”;
conjunto do Man'yōshū em números arábicos.
-□
s é sempre sibilante, como o ss e o ç em português;
A transcrição dos poemas está baseada no sistema

〇 8 〇 9
八 九
-□
sh tem som de x ou ch, como em “caixa” e “chuva”;
-□
ch tem som de tch, como em “tchau”;
- j tem som de dj, como em “James”, em inglês;
-□
ge e □
gi pronunciam-se gue e gui; acompanhando as silabas ga,
go e gu.
Ainda, com a finalidade de uniformizar a transcrição dos
poemas, os sons longos do japonês □
uu , □
oo , □
ou estão indicados
com mácron ( ˉ ) sobre as vogais (ū, ō).
Nos casos em que ocorrem □
n final interssilábico seguido
日本の
de vogal, semivogal ou n, este está indicado com apóstrofo (n') Arcádia Nipônica
como em “on'na”. O mesmo procedimento vai ser adotado nos アルカディア
casos em que ocorrem o hiato vocálico i.i , também indicado com
apóstrofo (i'), como em “shi'in”.

***

Embora não seja impossível, a tradução para a língua


portuguesa aqui proposta não tem o compromisso de manter a
métrica dos versos japoneses, dado que os sistemas linguísticos de
ambos idiomas são muito díspares, assim, o resultado que se obteve
são poemas compostos prioritariamente por versos livres.

一 10 一 11
〇 一
III:266 III:270
(旅の歌)

近江の湖、夕波千鳥、
旅にして物戀しきに、
汝が鳴けば、心も萎に古思ほゆ
やましたの赤のそほ船、沖に漕ぐ見ゆ

ōmi no mi yūnami chidori na ga nakeba kokoro mo shinu ni


tabi nishite monokōshiki ni yamashita no ake no sohofune oki ni
inishie omōyu
kogu miyu

Você, borrelho2, que voa sobre as ondas noturnas do lago Ōmi3.


(Sobre viagens)
Quando você canta, eu me pego pensando no que passou e meu
Quando, em minhas viagens, eu sofro com saudades de casa,
[coração se aperta.
Eu imagino um barco vermelho-vivo4 navegando o mar aberto.

2
ou tarambola (chidori), ave da família dos caradriídeos.
3
o imperador Tenji transferiu sua corte para Ōtsu, em Ōmi, no ano 667. A cidade
4
foi devastada pela guerra de Jinshin, em 672. No ano seguinte, a capital foi nova- os barcos oficiais eram pintados de vermelho, assim não seria incorreto consi-
mente estabelecida em Yamato. derar que o autor do poema fosse um oficial da corte.

一 12 一 13
二 三
III:351 IV:488
(天智天皇を偲び奉つた歌)

世の中を何に譬へむ。 君待つと我が戀ひ居れば、
朝開き、漕ぎにし船の痕なきがごとし 我が宿の簾動かし、秋の風吹く

yononaka o nani ni tatoen asabiraki koginishi fune no ato naki ga kimi matsu to wa ga koioreba wa ga yado no sudare ugokashi aki
gotoshi no kaze fuku

Eu poderia comparar esta vida a quê? (Ansiando pelo imperador Tenji)


Ela é como um barco que desatraca de manhã e foge de vista sem Enquanto eu te esperava, cheia de saudades,
[deixar rastros na água. O vento de outono balançou o sudare 5.

5
cortina tradicional japonesa feita com varetas horizontais de bambu ou madeira
amarrada de maneira que possa ser enrolada ou dobrada sobre si. Nas casas
tradicionais é usada para separar os cômodos ou, na parte externa, garantir a
privacidade dos moradores nos dias quentes. Neste sentido, é uma imagem que
estabelece uma relação de causa e consequência entre a expectativa do eu-lírico
e a passagem do vento.

一 14 一 15
四 五
IV:489 IV:496

風をだに戀ふるは羨し。 み熊野の浦の濱木綿、百重なす心は思へど、
風をだに、來むとし待たば、何か嘆かむ 直接に逢はぬかも

kaze o dani kouru wa tomoshi kaze o dani kontoshi mataba nani


mikumanu no ura no hamayū momoe nasu kokoro wa moedo tada
ka nagekan
ni awanukamo

Até uma brisa6 eu perco, quando eu mais desejo.


Ainda que meus pensamentos por ela multipliquem-se como as
Como lamentar, se com apenas a certeza de sua vinda, por até uma
[pétalas dos lírios8 da costa de Kumano 9,
7
[brisa eu esperaria?
Eu não posso tê-la.

6
o poema utiliza o paralelismo (tsuiku) como técnica de expressão, o que pode
ser verificado na repetição de kaze o dani, “até uma brisa”.
7 8
o poema foi composto como resposta ao anterior, IV:488. A palavra tomoshi, lírio-aranha (hamayū), Crinum asiaticum.
aqui traduzida como “perco”, também pode ser interpretada como “invejo”. 9
localizada na província de Mie.

一 16 一 18
六 八
IV:497 IV:632
(處女と贈答せられた歌)

古にありけむ人も、我が如か、 目には見て、手には取らえぬ、
妹に戀ひつゝ寐ねがてずけむ 月の中の桂の如き妹を如何にせむ

inishie ni ariken hito mo wa ga goto ka imo ni koitsutsu me niwa mite te niwa toraenu tsuki no uchi no katsura no gotoki
inegatezuken imo o ikani sen

Será que os homens que viveram há muito tempo atrás, (Endereçado a uma donzela)
Assim como eu, também passavam noites sem dormir, ansiando Com meus olhos eu vejo, mas com as mãos não posso tocar.
[por suas amadas? Você, minha senhora, que parece uma árvore enluarada10.

10
a partir de uma lenda chinesa na qual as fases da lua eram causadas por árvores
do gênero Lauraceae que brotam, florescem e em seguida perdem as folhas e
flores em um ciclo constante.

一 19 二 20
九 〇
V:801 VI:985
(惑へる情を反さしむる歌) (月の歌)

ひさかたの天路は遠し。 天に在す月讀壯夫。賄はせむ。
なほなほに家に歸りて、業をしまさに 今宵の長さ五百夜つぎこそ

hisakata no amaji wa tōshi naonaoni ie ni kaerite nari o shimasani ame ni masu tsukuyomiotoko mai wa sen koyoi no nagasa ioyo
tsugikoso
(Para corrigir os pensamentos caóticos)
Sendo tão longo o caminho para o céu, (Sobre a lua)
Volte para casa obedientemente e ponha-se a trabalhar.11 Oh, Deus da Lua12 que mora no céu, ofereço-lhe sacrifícios em
[troca de um pedido:
Faça esta noite ser tão longa quanto se fosse quinhentas noites em
[uma.

11
este poema é, na verdade, parte do chōka V:800, um poema longo. No final do
chōka, é comum o acréscimo de um outro poema denominado hanka (poema de
retorno), geralmente com a métrica do tanka, que sintetiza, reforça ou completa
a ideia desenvolvida na parte longa. 12
Tsukuyomi é o deus da lua no xintoísmo e na mitologia japonesa.

二 21 二 22
一 二
VI:1042 VI:1045
(活道の岡に登って、一本の松の蔭に集つて酒を (寧樂都の荒れた址を悲しんだ歌)
飲んだ時の歌)

世の中を常なきものと、今ぞ知る。
一松。幾世か經ぬる。
寧樂都のうつろふ、見れば
吹く風の声の清きは、年深みかも

yononaka o tsune nakimono to ima zo shiru nara no miyako no


hitotsumatsu ikuyo ka henuru fuku kaze no koe no kiyokiwa toshi utsurou mireba
fukamikamo

(Sobre as ruínas da cidade de Nara)


(Para comemorar o dia em que subiram a colina de Ikuji para Agora eu compreenderei a impermanência deste mundo,
beber sob os pinheiros) Se eu vir a decadência da capital imperial, Nara.
Oh, pinheiro solitário, quantas gerações de homens você
[conheceu?
É por causa da sua vasta idade que por seus galhos os ventos soam
[tão puros?

二 24 二 25
四 五
VII:1068 VII:1088
(天) (雲)

天の海に雲の波立ち、 あしびきの山川の瀬の鳴るなべに、
月の船星の林に漕ぎ隱る、見ゆ 弓月个嶽に、雲立ち渡る

ame no umi ni kumo no nami tachi tsuki no fune hoshi no hayashi ashihiki no yamagawa no se no naru nabeni yuzuki ga take ni
ni kogikakuru miyu kumo tachiwataru

(Sobre o paraíso) (Sobre as nuvens)


No mar celestial, ondas de nuvens se elevam, Enquanto as corredeiras seguem chorando,
A lua, como um barco, é vista navegando para se esconder em No cume do monte Yuzuki, erguem-se nuvens a pairar.
[uma floresta de estrelas.

二 26 二 27
六 七
VII:1269 VII:1317
(所に就いて、思ひを述べた歌) (玉に寄せた歌)

卷向の山邊とよみて、行く水の泡沫の如し。 海の底ー沈透く白玉。
世人我等は 風吹きて、海は荒るとも、取らずば止まじ

makimuku no yamabe toyomite yuku mizu no minawa no gotoshi wata no soko shizuku shiratama kaze fukite umi wa arutomo
yo no hito ware wa torazuba yamaji

(Ideias verbalizadas in loco) (Oferecido a uma pérola)


Tal como as bolhas nas águas que reverberam aos pés de Submersa, no fundo do mar, há uma pérola branca.
[Makimuku, Ainda que o vento sopre com força e as águas se agitem, se eu não
Tão mortal eu sou. [a tiver em minhas mãos, não desistirei.

二 28 三 30
八 〇
VIII:1418 VIII:1435
(身祝ひに作られた御歌)

いはゞしる垂水の上のさ蕨の、 河蝦く神南備川に、影見えて、

萌え出づる春になりにけるかも 今か咲くらむ。山吹の花

iwabashiru tarumi no ue no sawarabi no moeizuru haru ni nari ni kawazu naku kamunabigawa ni kage miete ima ka sakuran
keru kamo yamabuki no hana

(Feito para celebrar) Com sapos coaxando nas águas do rio Kamunabi, eu vejo teu
Acima das cachoeiras, por assim dizer, [reflexo.
As samambaias se enchem de brotos novos: enfim é primavera! Será já tempo de tuas flores13 desabrocharem?

13
rosa japonesa (yamabuki), Kerria japonica.

三 31 三 32
一 二
IX:1682 X:1814
(仙人の繪を詠じて忍壁の皇子に奉った歌)

とこしへに夏冬ゆけや、 古の人の植ゑけむ杉が枝に、霞たなびく。

裘・扇放たず。山に住む人 春は來ぬらし

tokoshieni natsu fuyu yukeya kawagoromo ōgi hanatazu yama ni inishie no hito no ueken sugi ga e ni kasumi tanabiku haru wa
sumu hito kinurashi

(Apresentado ao príncipe Oshikabe pela visão do retrato de um Através dos galhos dos cedros15, plantados, quem sabe, há muito
santo14) [tempo atrás, surgem os primeiros raios de sol:
É porque os verões e os invernos sempre vêm seguidos um do É chegada a primavera!
[outro,
Que não te desfazes de teu casaco de pele e de teu leque, oh,
[senhor da montanha?

14
ser iluminado (sen'nin). O primeiro ideograma é composto a partir de dois
outros que significam, respectivamente, pessoa ( 人 ) e montanha ( 山 ). A
combinação dos dois recebe, geralmente, a tradução de “imortais” ou de “santos”
taoístas. 15
cedro japonês (sugi), Cryptomeria japonica.

三 33 三 34
三 四
X:1840 X:1891
(春の雪)

梅が枝に鳴きてうつろふ鶯の、 冬籠り春咲く花を、手折り持ち、

羽白栲に、泡雪ぞ降る 千度の限り戀ひ渡るかも

ume ga e ni nakite utsurō uguisu no hane shirotae ni awayuki zo fuyu komori haru saku hana o taori mochi chitabi no kagiri koi
furu wataru kamo

(Sobre a neve na primavera) Na primavera que sobrepuja o inverno, eu colho as flores que
Pulando entre os galhos da ameixeira, os rouxinóis16 cantam. [desabrocham.
E por suas asas, desce uma capa branca de neve fofa. Enquanto isso, por mil vezes o meu amor se multiplica.

16
(uguisu), Horornis diphone, ave canora natural do Japão. Na tradução, a esco-
lha do termo “rouxinol” foi feita pelo seu valor simbólico na poesia clássica
ocidental.

三 36 三 37
六 七
X:1897 X:2015
(鳥に寄せた歌)

春されば、百舌鳥のくさくき、見えねども、 我が夫子にうら戀ひをれば、

我は見やらむ。君が邊は 天の川。夜舟漕ぎとよむ檝の音聞ゆ

haru sareba mozu no kusaguki mienedomo ware wa miyaran kimi wa ga seko ni ura koi o reba ama no gawa yofune kogi toyomu

ga atari wa kaji no to kikoyu

(Aos pássaros) Enquanto anseio por ti, meu amado,

A primavera chega, mas o picanço17 foge de vista no relvado. Eu ouço reverberar o som dos remos do barco noturno pelo rio

Será que eu consigo ver para onde fostes? [celestial.

17
(mozu), ave da família dos laniídeos. Tem pequeno a médio porte e hábitos
alimentares predatórios, ocorrendo em todos os continentes com exceção da
Austrália e América do Sul.

三 38 三 39
八 九
X:2162 X:2175
(河蝦) (露)

神なびの山下とよみ行く水に、河蝦鳴くなり。 此頃の秋風寒し。
秋といはむとや 萩が花散す白露、置きにけらしも

kamunabi no yamashita toyomi yuku mizu ni kawazu nakunari aki kono koro no akikaze samushi hagi ga hana chirasu shiratsuyu
to iwamu to ya okinikerashi mo

(Sobre os sapos) (Sobre o orvalho)


Nas águas correntes que ressoam aos pés da montanha sagrada18, Por este tempo, o vento outonal esfria.
[os sapos coaxam. Será que o orvalho cristalino que brota como a flor de hagi 19
Será um prenúncio da chegada do outono? [também cessará?

19
planta leguminosa do gênero Lespedeza. Algumas espécies são cultivadas
como plantas ornamentais, e como um meio de enriquecimento do solo e de
18
Kamishiro (上代), segundo a mitologia xintoísta, são as montanhas e florestas prevenção da erosão. No Japão é conhecida como uma das “sete flores do outono”
que se acreditava serem o santuário dos deuses. (aki no nanakusa, 秋の七草).

四 40 四 42
〇 二
X:2222 X:2231
(川) (風)

夕さらず河蝦鳴くなる三輪川の、 萩の花咲きたる野邊に、
清き瀬の音を聞かくし、よしも 蜩の鳴くなるなべに、秋の風吹く

yū sarazu kawazu nakunaru miwagawa no kiyoki se no to o hagi no hana sakitaru nobe ni higurashi no nakunaru nabe ni aki
kikakushi yoshi mo no kaze fuku

(Sobre os rios) (Sobre o vento)


A noite chega e os sapos começam a coaxar. As flores de hagi desabrocham nos campos e,
Eu ouço claramente o som das águas do rio Miwa, e como é bom! Ao mesmo tempo em que as cigarras passam a cantar, o vento
[do outono sopra.

四 43 四 44
三 四
X:2240 XI:2357
(秋相聞)

誰そゝもと、我をな問ひそ。 朝戸出の君が足結を濡す露原。

長月の露に濡れつゝ、君待つ我を 夙く起きて、出でつゝ我も、裳の裾濡れな

tasoso moto ware o natoiso nagatsuki no tsuyu ni nuretsutsu kimi asatode no kimi ga ayui o nurasu tsuyu hara hayaku okite
matsu ware o idetsutsu ware mo monosuso nuresana

(Poema de amor 20 outonal) De manhã, você molha os laços21 das suas calças no orvalho da
Não pergunte quem eu sou, nem diga isso ou aquilo de mim, [relva.
Que, encharcado pelo orvalho de setembro, por ti espero! Cedo eu acordo e saio, e também fico com a barra da saia
[molhada.

20
sōmon (相聞). Há várias definições possíveis para o que são os poemas sōmon,
podendo ser um koiuta (poema de amor) ou, em um sentido mais amplo, poemas
cujas temáticas falam das preocupações ou implicações de um ser humano para
21
com o seu semelhante vivo. (ayui), faixa que se amarrava nas pernas da calça, sobre as canelas.

四 45 四 46
五 六
XI:2418 XI:2615
(正しく心を述べた歌)

如何ならむ名に負ふ神に手向けせば、 敷栲の枕を枕きて、
我が思ふ妹を、夢にだに見む 妹と吾が寢る夜はなくて、年ぞ經にける

ikanaran na ni ou kami ni tamuke seba waga mou imo o ime shikitae no makura o makite imo to are ga neru yo wa nakute toshi
nidani mimu zo henikeru

Como se chama o deus a quem eu devo oferecer sacrifícios, (Aos sentimentos expressos corretamente)
Para conseguir vê-la, se não em um sonho? Dividindo um pano22 enrolado como travesseiro,
Ano após ano, ela e eu passamos nossas noites sem dormir.

22
(shikitae), tecido feito a partir das fibras da amoreira.

四 48 四 49
八 九
XII:3093 XIV:3452

笹の上に來居て鳴く鳥。 おもしろき野をば、な燒きそ。
目を安み、人妻故に、我戀ひにけり 古草に新草まじり、生ひば生ふるかに

shino no ue ni kiite naku tori me wo yasumi hitozuma yue ni are omoshiroki no oba na yakiso furukusa ni ni'ikusa majiri oiba ouru
koinikeri kani

Um pássaro veio cantar sobre as folhas de bambu. Não queime os tão agradáveis campos,
Eu, sem poder desviar os olhos, me apaixonei pela esposa de outro A grama nova se juntará à grama velha. Se quiser crescer, deixe
[homem. [que cresça.

五 50 五 51
〇 一
XV:3666 XVI:3889
(海邊で、月を見て作った歌) (怕しいものを見た時に、歌ふ禁厭歌)

夕されば秋風寒し。 人魂のさをなる君が、
我妹子が解き洗ひ衣、行きて早著む 唯獨り逢へりし雨夜は久しとぞ思ふ

yū sareba akikaze samushi wagimoko ga tokiarai goromo yukite hitodama no saonaru kimi ga tada hitori aerishi amayo wa
haya kin hisashitozo omou

(Admirando a lua à beira-mar) (Simpatia para quando se vê algo assustador)


Quando anoitece, o vento outonal é mais frio. Eu sempre me lembro tanto daquela noite chuvosa em que,
Como eu queria ir para casa vestir logo as roupas que minha [sozinho, encontrei você
[senhora lavou e passou23 para mim! Que estava tal qual fosse um fantasma24.

24
(hitodama), aqui traduzido como “fantasma”, é um mito recorrente no folclore
dos povos ao redor do mundo a partir do fenômeno do fogo-fátuo (manifestação
luminosa na forma de uma bola de fogo fosforescente que surge de maneira
23
não exatamente “passar a ferro”, dado que acarretaria em anacronismo, entre- espontânea em consequência da emissão dos gases da putrefação de cadáveres).
tanto o verbo toku (解く), no texto, significa “desamassar” ou “esticar”. Como imagem poética representa a alma deixando o corpo.

五 52 五 54
二 四
XVIII:4124 XIX:4188
(雨の降つたのを賀うた歌) (六日、布勢の海に遊覽して作つた歌)

吾が欲りし雨は降り來ぬ。 藤波の花の盛りに、かくしこそ、
かくしあらば言擧げせずとも、年は榮えむ 浦漕ぎ囘みつゝ、年に偲ばめ

waga horishi ame wa furikinu kaku shi araba kotoage sezutomo fujinami no hana no sakari ni kakushi koso ura kogi tamitsutsu
toshi wa sakaen toshi ni shinobame

(Em louvor a chuva) (Composto em um passeio às praias de Fuse)


A tão bem-vinda chuva precipitou. Com as glicínias25 em plena floração,
Por isso, mesmo sem entoarmos preces, a colheita do arroz será Todos os anos nos lembraremos de como andávamos
[farta. [despreocupados.26

25
(fujinami), Wisteria floribunda.
26
este poema também é um hanka e completa o chōka XIX:4187. Cf. nota 11.

五 55 五 56
五 六
XIX:4199 XX:4326
(十二日、布勢海に遊んで田子浦に舟を止め、
藤の花を見て、思ひを叙た歌)

父母が殿の後方のもゝよ草。
藤波の影なる海の底清み、
百世在せ。わが來至る迄
沈く石をも、玉とぞ我が見る
chichihaha ga tono no shirie no momoyogusa momoyo idemase
fujinami no kage naru umi no soko kiyomi shizuku ishi omo tama wa ga kitaru made
tozo waga miru
Meu pai e minha mãe, como os crisântemos28 que crescem nos
(Observando as glicínias na praia de Tako, onde o barco atracou, [fundos de vossa casa,
27
após velejar pelas águas do lago Fuse ) Que vocês vivam cem anos, até que eu retorne! 29
Porque a superfície cristalina da água reflete as glicínias em flor,
Assim como o cascalho ali submerso, eu também vejo pedras
[preciosas.

28
(momoyogusa), literalmente “erva de muitas noites” ou, por extensão, “erva de
muitas pétalas”.
29
o poema também utiliza tsuiku como técnica de expressão, neste caso, a partir
da repetição dos homófonos momoyo (百代), “cem + noite” e momoyo (百世),
“cem + vida”. Relaciona-se a uma antiga lenda chinesa na qual, ao se beber o
27
situado na província de Toyama, cidade de Himi. Atualmente, devido ao as- orvalho que escorre das flores de crisântemo, é possível viver até os 700 anos.
soreamento, ali não se encontra nada além de um descampado. Cf. nota 6.

五 57 五 58
七 八
XX:4395 XX:4470
(獨り、龍田山の櫻の花を惜しめる歌) (壽を願うた歌)

龍田山。見つゝ越え來し櫻花。 水泡なす假れる身ぞとは知れゝども、
散りか過ぎなむ。我が歸るとに 尚し願ひつ。千年の命を

tatsutayama mitsutsu koekishi sakurabana chirika suginamu wa mitsubo nasu kareru mi zoto wa shireredomo nao shi negaitsu
ga kaeru to ni chitose no mochi o

(Sozinho, lembrando com saudade das flores de cerejeira do (Para desejar uma vida longa)
monte Tatsuta) Mas eu bem sei que meu corpo pode virar espuma30.
Oh, monte Tatsuta, meus olhos se enchem com a visão das flores Mesmo assim, eu desejo uma vida que dure mil anos.
[de cerejeira.
Terão elas caído quando for a hora de ir embora?

30
de acordo com a filosofia budista, o corpo humano é apenas uma união tem-
porária dos quatro elementos: terra, água, fogo e ar.

六 60 六 61
〇 一
REFERÊNCIAS

CUNHA, Andrei & SHIMON, Meiko. “Man’yōshū: Parte 1”.


Brasil Nikkei Bungaku. São Paulo, n. 47, jul. 2014.
JAPANESE Aesthetics: A blog dedicated to Japanese artistic
heritage. [S.l.: s.n.], [201-?]. Disponível em:
<https://japaneseaesthetics.tumblr.com/>. Acesso em jun. 2019.
MUKAI, Yūki & SUZUKI, Tae (Org.). Gramática da língua
japonesa para falantes do português. 2. ed. Campinas, SP:
Pontes Editores, 2016.
ORIKUCHI, Shinobu (折口信夫). Man’yōshū (万葉集). [S.l.]:
Google Publishing, 2014.
SHIRANE, Haruo. Classical Japanese: Reader and Essential
Dictionary. Nova Iorque: Columbia University Press, 2007.
SUZUKI, Tae. “Revendo alguns dados da história do Japão”.
Estudos Japoneses, São Paulo, 1997, n. 17, p. 167-176.
_______. “Cultura e sociedade japonesa: da época primitiva às
origens do Estado”. Estudos Japoneses, São Paulo, 2003, n. 23, p.
75-90.
THE MANYŌSHŪ: the Nippon Gakujutsu Shinkōkai translation
of One Thousand Poems, with the texts in romaji. Nova Iorque:
Columbia University Press, 1965.
WAKISAKA, Geny. Man’yōshū: vereda do poema clássico
japonês. São Paulo: Hucitec, 1992.
WAKISAKA, Katsumori (Coord.). Michaelis: dicionário prático
português-japonês. São Paulo: Aliança Cultural Brasil-Japão,
2012.

六 62

HOKUSAI, Katsushika. “Figurino de teatro kabuki dobrado” (com o
emblema do clã Shichisaburo), em “Ameixeira florescendo”, excerto. 1804.
Xilogravura, colorido.

HOKUSAI, Katsushika. “Flores, pardais e libélula”. Período Edo


(1603-1868). Xilogravura, colorido, 37,5 cm x 27 cm. 31

31
todas as imagens que ilustram este trabalho, incluindo capa e contracapa, foram
retiradas do website “Japanese Aesthetics”. Cf. referências.

四 41 一 17
一 七
SHIRO, Kasamatsu. “Plantação de arroz”. 1953.
Xilogravura, colorido, 27 cm x 41 cm.

KOSON, Ohara. “Vagalumes”. 1934.


Xilogravura, colorido.

二 29 三 35
九 五
SHUNSHŌ, Katsukawa. “Beleza”. Séc. XVIII.
Tinta sobre seda, colorido, 32,5 cm x 117,6 cm.

KIYŪ, Ichikawa. “Andorinha e sino de vento”. Entre 1830-60.


Xilogravura (nishiki-e), tinta sobre papel, colorido, 30 cm x 24 cm.

五 53 五 59
三 四
Autor desconhecido. “A moça das folhas de palmeira”. 1908.
Cartão postal: litogravura, tinta sobre papel cartão.

YOSHIMUNE, Arai. “Balsa”. Período Taisho (1912-1926).


Xilogravura, colorido.

二 23 四 47
三 七

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