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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE HISTÓRIA

TENSÕES E CONFLITOS: AS RELAÇÕES ENTRE O PODER SECULAR E O PODER ECLESIÁSTICO NA


BAHIA (1640-1750)

SALVADOR – BA
2008
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................ 1


CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS ............................................................................................................................... 9
CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS ............................................................................................................. 12
OBJETIVOS ............................................................................................................................................................... 15
OBJETIVO GERAL...................................................................................................................................................... 15
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................................................... 15
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ....................................................................................................................... 16
FONTES MANUSCRITAS ....................................................................................................................................... 16
ARQUIVO MUNICIPAL DE SALVADOR (AMS) ........................................................................................................... 16
ARQUIVO PÚBLICO DA BAHIA (APB) ....................................................................................................................... 16
ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO (AHU) / PROJETO RESGATE .......................................................................... 17
Luiza da Fonseca (1599-1700) ........................................................................................................................... 17
Avulsos Bahia (1604-1828) ................................................................................................................................ 18
FONTES IMPRESSAS .............................................................................................................................................. 19
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................................ 19
Introdução e Justificativa

A existência de um açougue separado para os clérigos na cidade de Salvador desde o final


da década de 1620, criado para tentar evitar qualquer tipo de conflito entre os seculares e os
eclesiásticos, culminaria em uma querela no início do século seguinte, opondo o Ouvidor da
Comarca ao Arcebispo da Bahia. Em 1705, Miguel Manso Preto fez uma denúncia contra Dom
Sebastião Monteiro da Vide a fim de impedir a continuidade de práticas consideradas por ele
como abusivas. A questão girava em torno do monopólio real do comércio da carne verde que,
segundo Avanete Pereira de Sousa, era comum em todo o Império português. 1 A Câmara
Municipal de Salvador era a responsável pela sua execução e tinha nele uma das suas fontes de
renda.2 O problema do açougue dos eclesiásticos se arrastou por quase vinte anos. Será
importante nos determos um pouco neste caso que talvez possibilite uma melhor compreensão da
temática que pretendemos estudar.
Na consulta feita em 1º de Março de 1683, o Conselho Ultramarino demonstrou-se
favorável à petição feita pelo Arcebispo da Bahia, D. Fr. João da Madre de Deus. Tratava-se,
como fica claro no documento, de um pedido para que o soberano português, à época ainda
Príncipe Regente D. Pedro II, confirmasse por provisão a possessão do açougue particular dos
eclesiásticos onde poderiam comprar a carne, separados dos demais, e com o respeito e
tratamento devidos, prática freqüentemente desconsiderada nos açougues particulares.3 O início
deste privilégio, entretanto, não data de tal ano. Existem pistas na documentação do Conselho
Ultramarino que confirmam a existência de um açougue separado para os clérigos já em 16294.
Ainda segundo D. João da Madre de Deus, “[...] as pessoas Eccleziásticas daquella Cidade
tiverão sempre assougue particular, aonde mandavão comprar o provimento de carne [...]” 5, mas
este havia sido fechado devido à falta de gado para o corte nos talhos. É provável que essa
escassez de carne date da invasão holandesa no nordeste brasileiro, quando se tornou mais difícil

1
Avanete Pereira de Sousa, Poder local e cotidiano: a Câmara de Salvador no Século XVII, dissertação de
mestrado, Departamento de História, FFLCH-USP,1996, p.155.
2
Idem. A terça parte da renda auferida pertencia à Coroa.
3
Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), Luiza da Fonseca, cx 30, doc. 3150.
4
Arquivo Público da Bahia (APB), Documentos Históricos Consultas do Conselho Ultramarino, vol. XCVII,
Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, pp. 88-89.
5
AHU, Luiza da Fonseca, cx. 30, doc. 3150.
a comunicação entre a Bahia e Sergipe D´El Rey, principal região de abastecimento de carne
bovina para a cidade da Bahia. Fato é que se o açougue outrora esteve fechado, foi reaberto pelo
Governador-geral, D. Jerônimo de Ataíde, Conde de Atouguia, em 1656, que

[...] consedera as pessoas eccleziasticas daquella cidade asougue separado


aonde mandavão comprar o provimento da Carne. E se lhes davão com mais
desencia do q’ no dos particulares em que se lhes perdia o Respeito, e se lhes fazia
menos favor do que merecião no que se conservarão muitos tempos, sendo
obrigados q’ livremente compravao o gado nesesario, e o matariao adonde lhes
convinha, pagando a Camera os direitos q’ os mais asougues pagavão [...] 6.

Os esforços empreendidos pelo Conde de Atouguia para que os clérigos obtivessem este
privilégio denotam sua importância, na medida em que representava mais um elemento de
distinção dos religiosos dentro da sociedade baiana. A posse deste estabelecimento implicou em
um acordo entre a Câmara Municipal e a Arquidiocese baiana, já que esta deveria pagar os
direitos sobre o corte da carne da mesma maneira que pagavam os particulares que possuíam um
talho no açougue da cidade. Assim, a realização dessa convenção entre o principal representante
do poder local e o poder eclesiástico ajudaria a não prejudicar a Fazenda Real e a Câmara, que
tinha nos valores provenientes do monopólio exercido sobre o comércio da carne verde uma de
suas principais fontes de renda.7 Quase cinqüenta anos após a reabertura do estabelecimento, em
1705, rebentou uma querela entre o Ouvidor Geral e Provedor da Comarca, Miguel Manso Preto,
e o Arcebispo da Bahia, D. Sebastião Monteiro da Vide, que se desenrolaria de maneira
conturbada por muitos anos.
Em 1702, Miguel Manso Preto foi nomeado pelo Rei Ouvidor Geral e Provedor da
Comarca da Bahia para administrar a justiça na cidade através de sentenças e mandados,
executando penas de maneira eficaz sobre aqueles que não cumprissem suas decisões. 8 Foi, pois,
no exercício de suas funções que, três anos após sua nomeação, em 20 de dezembro de 1705,
escreveu uma carta a D. João V para denunciar o prelado da Arquidiocese da Bahia. Iniciou sua
missiva com um relato sobre as fontes de renda que tinha a Câmara da cidade e citou duas como

6
Arquivo Municipal de Salvador (AMS), Provisões Reais, livro 126.3, fl. 22.
7
Avanete Pereira de Sousa, Poder local e poder eclesiástico na Bahia setecentista: os matizes de uma
convivência. Texto apresentado em forma de comunicação no Colóquio Internacional dos 300 anos das Constituições
Primeiras do Arcebispado da Bahia em 2007, ainda não publicado e gentilmente cedido pela autora.
8
AMS, Provisões Reais, livro 126.3, fl. 123-123v.
as mais importantes: a dos direitos que os açougues particulares pagavam anualmente à Casa, no
valor de quatrocentos mil réis, e outra que provinha dos currais, no valor de duzentos mil réis
anuais de cada um.9 Em seguida, o Ouvidor principiou sua imputação contra Monteiro da Vide.
Ao afirmar que este eclesiástico monopolizou a gerência dos direitos que deveriam ser destinados
à Casa da Câmara, contrariamente ao que deveria acontecer, considerou que a possessão do
açougue separado estava prejudicando as rendas camarárias e reais, deixando o Senado sem
recursos para acudir às necessidades públicas e sustentar a Infantaria.10
A reação do Arcebispo não tardou. O arcebispado de D. Sebastião Monteiro da Vide foi
marcado pelo dinamismo e por um claro esforço de normatização, que tem na redação das
Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, de 1707, seu maior exemplo.11 Contudo, tais
qualidades não impediram o Ouvidor de acusá-lo de querer manter um controle excessivo de tudo
em sua diocese, ultrapassando os limites de sua jurisdição. Para defender-se das denúncias,
Monteiro da Vide escreveu ao Rei em 28 de fevereiro de 1706, argumentando que Miguel Manso
Preto procedeu sem razão ao acusá-lo e queixou-se de que ele,

[...] sem mais cauza do q’ vexar ao Eccleziastico mandou potencioza, e


absolutam.te proceder contra o obrigado do açougue dos clérigos, e sem querer dar
lhe vista, nem ouvido o fez penhorar por dous mil cruzados[...]12

Esta era a quantia que o Ouvidor acusava o Cabido de dever à Câmara e por esta razão o
dinheiro da penhora deveria ser remetido a ela. O contra-argumento do Arcebispo seria objetivo,
quando afirmou que na certidão do Escrivão da Câmara constava que os eclesiásticos não deviam
direito algum ao Senado. E disse mais em sua carta, quando em seguida acusou Miguel Manso
Preto de estar conspirando contra ele juntamente com o Chanceler João de Souza e certos
Desembargadores dos Agravos, razão pela qual não esperava remédio algum para a causa. 13
Acreditava sim que haveria demora na resolução da causa, ou mesmo que ela não seria encerrada.
Para o Conselho Ultramarino ficou claro que havia paixão pelos dois lados do conflito. Os
conselheiros consideraram válidas as queixas do Cabido, mas assim mesmo afirmaram que não
9
AHU, avulsos, Bahia, cx. 5, doc. 442.
10
Idem
11
Evergton Sales Souza e Bruno Feitler, As Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia: estudo
introdutório. Texto ainda não publicado, gentilmente cedido pelos autores.
12
AHU, avulsos, Bahia, op. Cit.
13
Idem.
definiriam a causa por ela estar ainda em discussão. Garantiram também que, mesmo se o
Ouvidor faltasse com a atenção devida ao caso, o Tribunal da Relação supriria este problema. Por
fim, prometeram chamar a atenção de Miguel Manso Preto e concordaram que o açougue dos
clérigos deveria ter seus direitos arrecadados pelos oficiais da Câmara, como sempre devia ter
sido anteriormente e seria a partir daquele ano de 1706.14
Em julho de 1707, ao tomarem ciência desta decisão, os vereadores da Câmara logo
procuraram cumprir as ordens de recolher as rendas do talho. Contudo, antes de aplicarem tais
medidas, e também seguindo recomendações reais, escreveram ao Arcebispo para, numa
demonstração de respeito, informar-lhe da decisão e pedir-lhe que a apadrinhasse.15 Acontece
que, como responde Monteiro da Vide, quando a carta real chegou ao Senado, já estava decidida
a causa em favor do clero e, portanto, sugeriu o clérigo, não deveriam ser cobrados os direitos da
Câmara, tendo em vista que isso apenas deveria ser feito ao longo do período em que a causa não
estivesse decidida.16 O conteúdo desta resposta, após ser tema de mesa de vereação, foi enviado
ao soberano português para que ele tomasse as devidas decisões.17 Em 1708, o rei decretou o
arrendamento do talho eclesiástico, ordem imediatamente obedecida pelos funcionários da
Câmara.18 Porém, a demora na arrematação do açougue pareceu deixar a coroa desgostosa, pois
em provisão real do ano seguinte (14 de junho de 1709) ele deixou claro que “[...] he cauza
indigna e bem caviloza que haja quem Lance p.a pagar o Arcebispo mas não para pagar a minha
19
fazenda [...]” . Assim o açougue eclesiástico continuou em pregão até 1710, quando teve seu
direito arrematado pelo valor de 160 mil réis. A partir de então, não caberia ao Arcebispo, e sim à
Câmara, a cobrança dos direitos do açougue eclesiástico, ficando aos religiosos apenas a posse do
estabelecimento, o que evitaria problema com os seculares.20
Em 1718, contudo, uma nova decisão mudaria os rumos em relação ao que havia sido
determinado oito anos antes. Na consulta do Conselho Ultramarino de 7 de janeiro daquele ano
fica claro que o Arcebispo da Bahia, ainda se sentido ofendido pela decisão dos ministros reais,
enviou um recurso no qual ameaçou escrever ao chefe supremo da Igreja Católica sob o

14
Idem
15
Atas da Câmara, vol. 7, pp. 329-330.
16
Carta de eclesiásticos, fls. 9v – 10v.
17
Atas da Câmara, vol. 7, pp. 331-332 e Cartas do Senado, vol. 5, pp. 118-119.
18
Cartas do Senado, vol. 5., p. 124.
19
AMS, Provisões Reais, livro 126.3, fl. 171.
20
APB, Consultas do Conselho Ultramarino...pp. 90-91.
argumento de que só uma autoridade da Igreja teria o poder de julgar o caso do açougue. A
ameaça de recurso ao papa demonstrava bem a insatisfação de Monteiro da Vide, mas, aos olhos
dos membros do Conselho Ultramarino, constituía uma maneira de afrontar e questionar o poder
real que deveria ser prontamente reprimida. Ao prelado deveria ser lembrado seu dever de zelar
pelo sossego do reino e de aceitar as decisões tomadas pelo soberano português. 21 A discussão
sobre a legitimidade ou não da decisão tomada pelo Rei anteriormente acaba por tocar na questão
do Padroado Régio. Ao dizer que era da competência do sumo pontífice a decisão sobre o litígio,
o arcebispo ameaçou abalar esse sistema que foi concedido pela Santa Sé a Portugal em meados
do século XV, e que colocava o Rei como chefe da Igreja lusitana. 22 A resposta do Conselho
Ultramarino veio através de uma reprimenda a Monteiro da Vide na mesma consulta, na qual ele
era admoestado a servir de exemplo para os outros eclesiásticos e se utilizar dos recursos que
existiam dentro do reino português.23 Após repreender o arcebispo, o Conselho procurou rever
suas antigas decisões sobre o conflito. A apresentação de novos argumentos pelo clérigo,
somados à paixão e à falta de verdade com que, acreditavam os conselheiros, o Ouvidor procedeu
no caso pesaram para que novas medidas fossem tomadas. A suspensão de Miguel Manso Preto
do seu cargo, a intimação para que ele comparecesse para prestar os devidos esclarecimentos e a
restituição do controle das rendas do açougue ao Cabido puseram termo à querela entre o
Ouvidor da Comarca e o poder eclesiástico.24
O conflito tem também um cunho econômico e isto está bem claro na documentação.
Dessa maneira porque a Câmara Municipal, principal prejudicada, se silenciou em face a essa
problema? Porque foi o Ouvidor que deu início ao litígio, com a denúncia da práticas do
Arcebispo? Estaria aí representada uma disputa de privilégios? Qual o posicionamento e
procedimento dos governadores-gerais em relação a este problema?
Um conflito como este é bastante revelador do tipo de relação que se estabelecia entre o
poder eclesiástico e as instituições seculares na América Portuguesa. A convivência entre o poder

21
Idem ibid.
22
Para saber um pouco mais sobre o Padroado Régio encontra-se em Francisco Bethencourt uma boa história
desde a primeira bula papal que dá início ao que ele chama de “estatização” da Igreja característica de Portugal até as
decisões papais seguintes confirmando e delimitando o padroado. Francisco Bethencourt, “A igreja”, in Francisco
Bethencourt e Kirti Chaudhuri (dir.), História da Expansão Portuguesa, vol. 2, Lisboa, Círculo de Leitores, 1998.
pp. 359-363.
23
APB, Documentos Históricos do Conselho Ultramarino... p. 90.
24
Idem p. 94-95.
secular e o poder eclesiástico era, segundo a norma, imbuída de colaboração; juntos eles
significavam, para o poder central, braços que auxiliavam o Estado português na administração
de sua colônia na América. Porém, em muitos momentos essa relação não se mantinha
harmoniosa. Ao longo do período proposto no projeto, são muitos os conflitos identificados entre
os representantes dessas duas esferas de poder. Por isso cabe indagar até que ponto havia uma
colaboração entre estas instâncias de poder? Onde e quando elas eram praticadas? De que forma?
E quanto aos conflitos, por que razão eles se dariam? Seriam meras disputas de poder? Qual o
comportamento do poder central em relação aos litígios?
Stuart Schwartz, em Burocracia e Sociedade, toca rapidamente na questão dos conflitos
entre o governo civil e poder eclesiástico, mas sem se atentar muito em desenvolver uma análise
sobre eles. Mas, para além da relevância dessa obra ao tratar da estrutura de funcionamento do
Tribunal da Relação, levanta hipóteses importantes sobre a visão da Coroa e a forma com que ela
lidava com esses conflitos25. Haveria da parte dela uma intenção em promovê-los para evitar
demasiada concentração em um desses poderes ou eram meras falhas no sistema administrativo?
Dentro dessa perspectiva, o tema pensado para este projeto abrange uma história político-
administrativa e também uma história religiosa. Estudos como os de Affonso Ruy e Avanete
Sousa26 também são indispensáveis para tanto, pois trazem informações relevantes sobre a
formação e as transformações da administração em Salvador – no caso do primeiro – e relaciona
a Câmara Municipal ao cotidiano da cidade, como faz no seu estudo a historiadora citada. Sousa
traz questões importantes para o projeto na medida em que aponta algumas relações entre a
Câmara e o Cabido, principalmente no que tange à organização das procissões, e como em torno
delas também havia momentos de tensão.27
Outro exemplo de conflito é o caso do governador Antonio Telles da Silva e o bispo
Pedro da Silva. Ao chegar à Bahia, em 1642, assumiu o cargo de governador-geral do Brasil,
substituindo o triunvirato formado pelo bispo acima citado, Luis Barbalho Bezerra e Lourenço de
Brito Correia, para governar em lugar do então deposto Vice-rei Marquês de Montalvão28. O

25
Stuart B. Schwartz, Burocracia e Sociedade no Brasil Colonial, São Paulo, Perspectiva, 1978, pp. 32-33.
26
Affonso Ruy, História política e administrativa da cidade do Salvador. Salvador: Prefeitura Municipal de
Salvador, 1949. Avanete Pereira de Sousa, Poder local e cotidiano: a Câmara de Salvador...
27
Avanete Pereira de Sousa, Poder local... p. 201-202
28
O processo de aclamação de D. João IV na América portuguesa se consolidou de maneira quase que
unânime devido ao descontentamento que existia com o governo filipino. Entretanto, isso não significou que não
houve tentativas de golpes para tentar impor forçadamente o interesse de certos grupos. A deposição do Vice-rei,
momento era de instabilidade da conjuntura política devido à ameaça constante de invasão dos
holandeses e também devido à guerra contra a Espanha. Por estas razões o momento exigia
habilidade política dos governantes. Entretanto, os conflitos existentes ao longo de sua
governança explicitam exatamente o contrário sobre Antonio Telles da Silva. Nesse sentido, cabe
aqui voltar nossa atenção para o litígio entre o governador e o bispo Pedro da Silva.
Ao tomar posse do bispado da Bahia, em 1634, a diocese achava-se numa situação
bastante grave. Para além dos danos encontrados na Sé, causados pelas invasões holandesas, as
côngruas eram diminutas e quase não davam para sustentar os religiosos com farinha e pão.29 As
dificuldades eram generalizadas e até mesmo o Tribunal da Relação sofreu as conseqüências
disso, sendo suprimido em 1626 para que todos os recursos fossem direcionados aos gastos
militares. Talvez a ausência da Relação tenha também motivado o surgimento de novos
problemas, ao permitir uma maior concentração de poder no governo-geral, o que,
provavelmente, contribuiu para aumentar o número de conflitos envolvendo os agentes do
governo civil e eclesiástico. O próprio bispo D. Pedro da Silva já tinha estado, em 1635,
envolvido numa denúncia contra o abuso de poder do então governador, Diogo Luiz de
Oliveira30. O quadro tenso e conflituoso perduraria por bastante tempo após a Restauração. Os
desentendimentos entre o governador e o bispo parecem datar de pouco depois da chegada
daquele na Bahia. Logo após assumir o cargo, Antonio Telles da Silva escreveu a D. João IV a
fim de relatar que dos três que faziam parte do triunvirato, apenas o bispo havia devolvido o
dinheiro do ordenado, pago ilegalmente com o dinheiro das fintas.31 A devolução do dinheiro por
parte do bispo parece ser um indicativo de sua intenção de manter uma relação harmoniosa com o
novo governador. Ao mesmo tempo, o relato do governador não demonstra qualquer acrimônia a
respeito do prelado. Pouco tempo mais tarde, entretanto, Antonio Telles da Silva investiu contra

Marquês de Montalvão, num caso envolto num contexto bastante confuso, parece se configurar num exemplo dessas
tentativas de golpes de força. Sobre o assunto ver, notadamente, Affonso Ruy, História política e administrativa da
cidade do Salvador...
29
AHU, Luisa da Fonseca, cx. 6, doc. 682.
30
AHU – Luisa da Fonseca, cx. 5, doc. 554.
31
Antônio Telles da Silva escreveu à D. João IV em 10 de Setembro de 1642 com intuito de deixá-lo a par do
problema que encontrou aqui em relação à finta para os soldados. Segundo ele, a Câmara de Salvador reclamara que
os governadores – o Triunvirato – estavam recolhendo para si 9 mil réis dessas fintas para o seu ordenado. O
problema, segundo Telles da Silva, é que deveria haver uma provisão real que determinasse a quantia que seria
recolhida, e que o ordenado não poderia ser retirado das fintas. Para resolver o conflito, o governador mandou que os
três devolvessem a quantia, mas apenas o Bispo Pedro da Silva entregou o dinheiro como foi determinado. {AHU –
Luisa da Fonseca, cx. 8, 970 – Carta do governador do Brasil sobre os ordenados que levam os governadores, da
finta que o povo fez para sustento dos soldados.}
o bispo – como se vê em carta de janeiro de 1643 -, para acusá-lo de receber ordenados
indevidos. Diz que

Entre os ordenados que se pagão na folha ao Bispo deste Estado, leva cem
mil réis que V. Mgde. Manda dar ao Vigário geral de Pernambuco: leva mais
duzentos mil réis cada anno, que V. Magde. Manda dar para a Sé havendo obras
nella. Em tempo do Conde da Torre, se pos duvida a huma e outra couza: E por se
evitarem as excommunhões com que queria vir (por ter hua provisão de V. Magde.
Para ser executor de seus ordenados) se tomou por assento, que se desse conta a V.
Magde. de que nam tem ainda vindo resposta: E porque nem na Sé se faz obra
algua, nem em Pernambuco há Vigário geral e o Bispo se fica com tudo, me
pareceu Reprezentallo a V. Magde. Para que V. Mag.de mande dispor o mais for
servido.32

Estaria aí o início do conflito entre o governador e o bispo e que continuaria nos anos
seguintes, com sucessivas denúncias de Antonio Telles da Silva contra o prelado. Para defender-
se das acusações, D. Pedro da Silva enviou a Lisboa o tesoureiro-mor da Sé da Bahia para
apresentar uma súplica na qual ele afirma serem falsas as acusações levantadas contra ele.
Apresenta uma série de argumentos, entre os quais a perseguição que o governador fazia contra
ele.33 Entretanto, há muitos pormenores nessa querela que demandam um estudo mais atento para
conhecê-los. Seria mesmo o bispo apenas vítima das perseguições de Antonio Telles da Silva? O
caso de 1635 já não demonstrava certa vocação do eclesiástico para criar e participar de intrigas?
O estudo de conflitos como esse podem oferecer uma contribuição importante para um melhor
conhecimento dos caminhos da história política seiscentista e setecentista.
Para compreender o problema da convivência entre as instituições seculares e a
autoridade diocesana é imprescindível a leitura da obra de José Pedro Paiva, Os Bispos de
Portugal e do Império (1495-1777).34 Nela, há um importante estudo da história político-religiosa
do Império português e das alternâncias na relação Estado-Igreja ao longo do período proposto.
Para entender esta relação, Paiva demonstra que no processo de escolha dos bispos estavam
imbricados tanto interesses religiosos quanto interesses político-sociais. É exatamente este ponto
que importa para o projeto, pois o autor defende uma mutualidade de influências entre essas duas

32
AHU, Luisa da Fonseca, cx. 9, doc. 1003
33
AHU, Luisa da Fonseca, cx. 9, doc. 1096.
34
José Pedro Paiva, Os bispos de Portugal e do Império Ultramarino 1495-1777, Coimbra, Imprensa da
Universidade de Coimbra, 2006.
esferas de poder, sustentando uma posição diferente da que defende, por exemplo, Francisco
Bethencourt, para quem o Padroado Régio teria promovido uma estatização crescente da Igreja
em Portugal e no Império Ultramarino.35
As abordagens aqui realizadas e os exemplos demonstrados de tensão e conflito entre as
instituições de poder presentes na Bahia, nos séculos XVII e XVIII, denotam a relevância do
estudo que ora propomos. Um ano e meio de trabalho na iniciação científica permitiu um bom
levantamento da documentação e a apresentação de trabalhos relativos ao tema. É a partir da
experiência adquirida com a pesquisa documental e com a leitura da bibliografia sobre o assunto
que concluímos ser importante problematizar as relações entre os poderes secular e eclesiástico .

Considerações teóricas

Para entender a relação entre as redes de poder presentes na Bahia dos séculos XVII e
XVIII é necessário realizar uma discussão sobre a administração do Império português.
Atualmente, na historiografia brasileira, são encontradas duas interpretações que figuram como
principais para o assunto, representadas pelos trabalhos de Laura de Mello e Souza e Antônio
Manuel Hespanha.36 Ambos desenvolveram importantes abordagens para o estudo dos meandros
administrativos do Brasil colônia.
No primeiro capítulo de O sol e a sombra, Mello e Souza fez um importante balanço no
qual analisou as principais produções dos historiadores – brasileiros e brasilianistas – que
preencheram seus textos com estudos relacionados ao tema central da sua obra: a administração
da colônia e na colônia. Para dar conta dessa exposição e análise, a autora faz uma retrospectiva
para discorrer sobre o problema da administração a partir de duas perspectivas, já anteriormente
trabalhadas por ela em Os desclassificados do ouro37: a de Raymundo Faoro e a de Caio Prado
Jr.38 Ela acredita que esses dois historiadores foram responsáveis pela demonstração da

35
Francisco Bethencourt, A igreja...pp. 369-373
36
Laura de Mello e Souza, O Sol e a Sombra: política e administração na América portuguesa do século
XVIII. São Paulo, Companhia das Letras, 2006. Antônio Manuel Hespanha, Depois do Leviathan, Almanack
Braziliense, nº 05, Maio de 2007, pp. 55 – 66.
37
OS Laura de Mello e Souza, Os desclassificados do ouro: a pobreza mineira do século XVIII, Rio de
Janeiro, Edição Graal, 4ª edição, 2004.
38
Raymundo Faoro, Os donos do poder – formação do patronato político brasileiro, 2ª Ed, Porto Alegre/Sao
Paulo, Globo/ Edusp, 1975. Caio Prado Jr, Formação do Brasil Contemporâneo. Colônia, São Paulo, Livraria
Martins Editora, 1942.
possibilidade de trabalhar esse tema na academia brasileira, representando, contudo, duas formas
extremamente opostas de análise. Para Mello e Souza, Faoro atribui ao Estado português uma
importância quase que incomensurável ao ressaltar sua centralização excessiva (que é
representada na expressão hipertrofia do Estado) e defender a tese de que por ser centralizado o
governo português foi capaz de transferir com sucesso o seu sistema administrativo para o Brasil
colônia. Ao expor tais idéias, Raymundo Faoro não só se superpôs à realidade local, mas
também negligenciou as situações específicas e desviantes tão presentes na colônia luso-
americana. Quinze anos antes, Caio Prado Jr. havia feito uma leitura completamente oposta sobre
a mesma questão: ele defendeu a existência de um Estado português caótico, irracional e
contraditório, cheio de órgãos complexos, com confusão de funções e um burocratismo
exagerado. Prado Jr. ainda alegou que o funcionalismo aqui existente era inútil, numeroso e
deliberativo. Contudo, e como demonstra Laura de Mello e Souza, outros historiadores
“nadaram” na direção contrária à de Faoro e de Caio Prado e procuraram entender, através do
exame das instituições metropolitanas e do estudo da carreira de administradores, o
funcionamento do Império português, acreditando em uma administração menos rígida, como é o
caso de Russell-Wood e Charles Boxer39.
Mello e Souza, porém, guarda boa parte do seu capítulo para a análise das últimas
contribuições historiográficas do historiador lusitano António Manuel Hespanha. Ponto de
desacordo inicial entre eles, a concepção de Antigo Regime defendida por Hespanha parece, à
historiadora brasileira, bastante inadequada se transplantada à realidade da América portuguesa.
Ela corrobora a tese de Fernando Novais ao defender a idéia de que existia um Antigo Sistema
Colonial, caracterizado pela existência da escravidão – argumento rebatido pelo lusitano, já que
ele alega que o próprio conceito dessa palavra é europeu – e do exclusivo metropolitano que
diferenciava o regime governamental do Brasil. Porém, para além dessa discussão conceitual
sobre o Ancien Régime, há o debate que é o eixo central dessa longa revisão: o papel do Estado
português na administração colonial. No que diz respeito à percepção de que o sistema
administrativo lusitano da época tinha um padrão de ação político-administrativa jurisdicional –
39
Os dois historiadores brasilianistas realizaram importantes estudos acerca das micro estruturas
administrativas (poder local), e demonstraram uma importante papel desempenhado por elas. Para mais sobre o tema
veja-se, principalmente: A. J. Russel-Wood Fidalgos e Filantropos. A Santa Casa de Misericórdia da Bahia(1550-
1755), Brasília, Edunb, 1981; Centros e periferias no mundo Luso-brasileiro, 1500-1808, Revista brasileira de
História, vol. 18, nº 36, 1998, pp.187-249. Charles Boxer Portuguese society in the tropics. The municipal councils
of Goa, Macao, Bahia and Luanda, 1510-1800. Madison, University of Wiscosin Press, 1965.
baseado na ciência do direito e das leis portuguesas – não parece haver discordâncias entre os
dois historiadores. Entretanto, Hespanha, ao tentar balancear a ação do poder central e a do poder
local na colônia, tende, por ter grande apreço “ao esquema sinodal e à microfísica do poder”40, a
enfraquecer excessivamente o papel do Estado. Mello e Souza vê problema nessa concepção
aplicada ao século XVIII, já que ela acredita haver uma maior centralização praticada pelo
governo de D. João V.
Em contrapartida, Hespanha apresenta seus argumentos para rebater as interpretações
sobre seus trabalhos feitas por Mello e Souza. Reafirma sua posição em defender a redução da
administração da Coroa à passividade, sustentando a idéia de que a centralidade do direito se
traduzia na centralidade dos direitos normativos locais. Para ele, então, mais importante do que o
direito geral é o direito local, já que atribui uma grande importância às particularidades de cada
caso e às sensibilidades jurídicas locais. Para dar base a sua teoria usa como argumento os muitos
casos em que se verifica a flexibilidade da apelação nos tribunais. Acredita num Estado português
corporativo, que possuía redes de poderes locais, enfatizando que as forças centrífugas da colônia
tinham grande capacidade de neutralização do poder central – forma contrária à que Mello e
Souza defende, pois crê que, ao fim, tudo se fazia em nome do Rei. Para corporificar suas
reflexões ele baseia-se nos mesmos autores citados pela historiadora brasileira: Rusell-Wood e
Charles Boxer. Para Hespanha, os trabalhos realizados pelos historiadores brasilianistas ratificam
o caráter localista do sistema administrativo português, não só no seu centro, mas também em
suas colônias. Já para Laura de Mello e Souza esses estudos apenas demonstram que havia um
modelo pendular de administração – que praticava a política do “morde e assopra” -, mas que não
sugere de forma alguma a quase ausência do poder real.
Entretanto acreditamos que existam ressalvas em ambas as análises, pois é perceptível
que há pouca flexibilidade na conclusão dos dois sobre o real papel do Estado moderno português
na administração de sua colônia americana. Ao passo que um (Hespanha) defende a total
descentralização do poder metropolitano e valoriza bastante os poderes locais, por vezes
sobrepujando-o à força político-administrativa de Portugal, a outra (Laura de Mello e Souza)
manifesta-se a favor da idéia de que, apesar da existência de instituições de mando local
extremamente importantes na colônia e por vezes autônomas, qualquer atitude realizada aqui

40
Laura de Mello e Sousa, O sol e a sombra... p. 49.
representava o nome real. Sem incorrer no erro de relativizar absolutamente tudo, nesse caso há a
necessidade de buscar um ponto de equilíbrio entre essas duas maneiras de pensar esta
problemática que tem uma importância fundamental neste projeto. Na verdade, acreditamos que o
estudo das relações entre o poder secular e o poder eclesiástico na Bahia beneficia-se dessas
discussões e, ao mesmo tempo, pode contribuir, através do exame detido da atuação da coroa na
resolução dos conflitos aqui ocorridos, para conhecer melhor alguns aspectos acerca do problema
do papel desempenhado pelo Estado no ultramar português.

Considerações Metodológicas

A aclamação de D. João IV, em 1640, instituindo uma nova dinastia real em Portugal,
teve múltiplos significados. Além de restaurar a independência lusitana, o evento marcou o início
de uma nova configuração política e administrativa no Império português. Segundo Oliveira
Marques, quando o primeiro Bragança assumiu o trono de Portugal existia uma necessidade
urgente de fortalecer a autoridade central, e com esse objetivo foram criados três conselhos –
entre eles o Ultramarino.41 O processo de legitimação na América portuguesa se deu através das
aclamações ao novo Rei, mas as providências aqui tomadas foram bastante distintas. Em
capitanias como Bahia e São Vicente existiram diferenças no modo como se operou o
reconhecimento da dinastia brigantina. Ao passo que na primeira o então Vice-rei Marquês de
Montalvão imediatamente obedeceu às ordens do poder central e aclamou D. João IV em
fevereiro de 164142, na segunda o processo foi um pouco conturbado, e há mesmo notícia de
tentativa de golpe contra o domínio de Portugal – história essa um pouco controversa.43
Os dois reinados seguintes não apresentaram mudanças essenciais, dando continuidade a
uma política de consolidação da dinastia brigantina e de maior centralização do poder real.
Apenas com D. João V esses propósitos se concretizaram, na medida em que o monarca adotou
41
A.H. Oliveira Marques. Breve História de Portugal. Lisboa, Editorial Presença, 2001, 4a edição, pp. 250-
307.
42
Para entender um pouco mais sobre o processo de aclamação na Bahia ver Affonso Ruy, História política...
43
Para uma breve consulta sobre o tema, ver Pedro Octávio Carneiro da Cunha, Política e administração de
1640 à 1763, in Sérgio Buarque de Holanda, História Geral da Civilização Brasileira, : a época colonial. 10ª edição,
Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2003, tomo I, volume 2, pp. 15-54. Outra obra que pode nos elucidar sobre o
processo da Restauração no Brasil é a de Rodrigo Bentes Monteiro, O Rei no espelho. A monarquia portuguesa e a
colonização na América: 1640-1720, São Paulo, Fapesp/Hucitec/Instituto Camões, 2002. Ver em Luiz Felipe de
Alencastro, O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul, São Paulo, Companhia das Letras, 2000, pp.
367-368, uma crítica à posição de Bentes Monteiro.
posição contrária a toda instituição que tendesse a enfraquecer o poder régio 44. Uma amostra do
crescimento da concentração do poder na mão de poucos é a decadência dos Conselhos, que
dividia o governo entre Rei e conselhos de nobres. No seu lugar foram criados ministérios, que
eram dirigidos pelos secretários e, em 1736, uma reforma governativa auferiu a eles atribuições
ainda maiores.45 A partir de então o governo era formado por três pessoas sob a presidência do
Rei.
Entendemos esses 110 anos como um ciclo, inaugurado por D. João IV e encerrado por D.
João V, que vai do estabelecimento à consolidação da Dinastia Brigantina na monarquia
portuguesa. Com efeito, todos os reinados desse período têm em comum o desejo de fortalecer a
posição da nova dinastia. Para tanto, contudo, foi necessária a adoção de políticas adequadas aos
diferentes contextos que marcaram cada reinado. Somente no reinado de D. João V a nova
dinastia estará de fato consolidada, permitindo que este monarca adote uma postura bem mais
centralizadora do que seus antecessores. O reinado de D. José I, principalmente a partir de fins
dos anos 1750, inauguraria uma política muito mais centralizadora – que alguns viriam a
caracterizar como despótica - e, marcada por uma influência maior das “luzes” no cenário
político luso. Esse novo ciclo iniciado modificou bastante a relação do poder central com os
poderes da América portuguesa. Daí parecer-nos mais coerente limitar nosso recorte cronológico
ao final do reinado de D. João V.
Ao longo do período 1640-1750 ocorreram inúmeros conflitos entre esses dois poderes na
Bahia, decorrentes de motivos diversos. Porém, em todos eles, parece haver algo em comum: a
sua relação, direta ou indireta, com a situação do poder central à época. Nos dois casos analisados
anteriormente, as interferências se dão diretamente: no caso de 1642, encontramos o problema da
situação delicada em que se encontrava o Estado português, mantendo a guerra contra os
espanhóis e, ao mesmo tempo, tentando não perder a sua colônia americana para os holandeses.
A escassez de recursos motivou o fechamento do Tribunal da Relação, causando uma excessiva
concentração de poder no governo-geral e contribuindo, de maneira decisiva, para o
desenvolvimento da querela entre o bispo e o governador do Brasil. Já no caso do açougue
eclesiástico, os problemas da fazenda real incomodaram o Ouvidor da Comarca, que resolveu
denunciar o Arcebispo da Bahia por práticas ilícitas que estariam afetando as rendas do Rei.

44
A. H. Oliveira Marques, Breve História...pp. 352- 401.
45
Idem ibid.
Portanto, as oscilações políticas e administrativas do Estado português são também relevantes
para melhor compreender a problemática que nos propusemos a investigar no projeto.
As fontes existentes para tratar o assunto são ricas e numerosas. Entretanto, deve-se notar
que o tipo de documentação de que nos servimos não admite uma abordagem seriada dos 110
anos e nem é esse o objetivo do projeto. Trata-se, antes, de analisar documentos que se reportam
a casos específicos, encontrados entre 1640-1750, como os mencionados neste projeto, que
constituem verdadeiras janelas para a compreensão da relação entre instâncias do poder secular e
o poder eclesiástico e, à medida que estudarmos esses conflitos pontuais, entender um quadro
mais amplo que diz respeito ao poder central. Haveria um padrão de conduta dos monarcas em
relação a essas querelas, ou cada um tinha uma maneira diferente de agir?
São três os principais arquivos utilizados nesse projeto46. O primeiro é o Arquivo
Municipal de Salvador, que contém uma documentação importante e numerosa, que concerne não
apenas à própria Câmara Municipal da cidade. Diversos são os fundos documentais que podem
ser aproveitados nesse arquivo, dentre eles estão as Provisões Reais, que abrangem as disposições
do poder régio em relação a assuntos diversos, como as confirmações de privilégios; as Provisões
do Governo também são importantes no mesmo sentido, pois apresentam-nos as decisões do
governador da Bahia acerca de vários assuntos; as Circulares da Câmara, que nos permitem
conhecer o principal meio de comunicação dos camaristas com a população e, por fim, as Cartas
de Eclesiásticos que são as correspondências entre a Câmara e o arcebispado, de fundamental
relevância para conhecer um pouco da relação entre essas duas instâncias. Ainda no AMS
encontramos as Cartas do Senado à Sua Magestade e as Atas da Câmara nos dá acesso à
comunicação entre o poder central e o poder local e nos permite conhecer as deliberações do
corpo de vereadores acerca dos problemas da cidade.
As fontes do Arquivo Histórico Ultramarino, que se tornaram acessíveis através dos CDs
do Projeto Resgate, também constituem um manancial importantíssimo para o desenvolvimento
de nossa pesquisa. Elas são divididas em três coleções: Luiza da Fonseca, Castro e Almeida e
Bahia Avulsos. Através de consultas do Conselho Ultramarino, de minutas e pareceres, bem
como das cartas, encontramos uma documentação rica e extensa sobre muitos conflitos e tensões

46
Boa parte do levantamento foi realizado nos Arquivos Municipal e o Ultramarino. Ainda deteremos mais
nossa atenção para os Arquivos Público e o Arquivo da Cúria Metropolitana, onde deveremos realizar um
levantamento mais minucioso da documentação.
existentes na Bahia no período disposto. Exemplo disso é o manuscrito “Queixas do povo da
Bahia”, apresentado pelo procurador da Câmara em Portugal, acerca das opressões praticadas
pelas autoridades arquidiocesanas sobre os seus súditos.47
No Arquivo Público da Bahia (APB), interessa-nos, sobretudo, a coleção de Ordens
Régias, pois através delas é possível conhecer um pouco mais acerca do que era ordenado pelo
soberano acerca do cotidiano da cidade. Um bom exemplo do interesse desta coleção para a nossa
pesquisa é uma carta em que D. Pedro II ordena saber do Governador do Brasil, à época António
Luís Coutinho da Câmara, os motivos que o levou a tratar mal o Arcebispo da Bahia, D. João
Franco de Oliveira.48

Objetivos

Objetivo geral

Analisar as características da relação entre o poder secular – compreendendo aqui as


instituições representativas do poder central e do poder local - e o poder eclesiástico na Bahia,
entre 1640 e 1750, a partir de casos em que se manifestam dissensões entre essas diferentes
instâncias de poder.

Objetivos específicos

 Investigar as relações entre o Tribunal da Relação, a Câmara Municipal de Salvador e a


Arquidiocese soteropolitana.
 Descrever e analisar as tensões e os conflitos ocorridos entre agentes do poder secular e
do poder eclesiástico na Bahia seiscentista e setecentista.
 Analisar, em particular, o problema do açougue eclesiástico, entendendo-o como exemplo
de conflito que poderia se apresentar na relação entre os poderes secular e eclesiástico.

47
AHU, Luisa da Fonseca, cx. 32, doc. 4131.
48
APB, Setor de Microfilmes, Ordens Régias, rolo 001, flash 02, documento 176, 16 de dezembro de 1693.
Cronograma de Atividades

Período Atividade
Janeiro de 2009 a junho de 2009 -Leitura da bibliografia.
-Levantamento, transcrição e digitalização da
documentação do Arquivo Municipal de
Salvador.
Julho de 2009 a dezembro de 2009 -Levantamento e posterior transcrição e
digitalização da documentação do Arquivo
Público do Estado da Bahia e do Arquivo da
Cúria
-Leitura da bibliografia.
Janeiro de 2010 a março de 2010 -Redação do 1º capítulo
Junho de 2010 a Agosto de 2010 -Redação do 2º capítulo
Agosto de 2010 -Qualificação
Setembro de 2010 a Outubro de 2010 -Revisão dos primeiros capítulos
Novembro 2010 a Janeirode 2011 -Redação do 3º capítulo
Março de 2011 -Defesa da dissertação.

Fontes Manuscritas

Arquivo Municipal de Salvador (AMS)

Cartas do Senado aos Eclesiásticos, 1685-1804 (1 livro)


Circulares da Câmara – 1685 a 1885 (19 livros)
Condenações do Senado – 1703 a 1813 (5 livros)
Livro de Acórdãos – 1711 a 1828 (1 livro)
Livro de Arrematação das Rendas da Câmara 1665-1884 (20 livros)
Ofícios ao Governo
Portarias
Posturas Municipais – 1650 a 1936 (9 livros)
Provisões Reais – 1624 a 1829 (9 livros)
Pagamentos do Senado – 1681 a 1829 (16 livros)
Rendas do Senado – 1742 a 1829 (2 livros)
Verbas de Pagamento – 1666 a 1754 (4 livros)
Cartas Régias – 1763-1770
Senado Câmara – Requerimentos, cartas. – 1730-1767

Arquivo Público da Bahia (APB)

Cartas ao Governo
Ordens Régias
Cartas do Senado – 1742-1822 (cópia)
Arquivo Histórico Ultramarino (AHU) / Projeto Resgate

Luiza da Fonseca (1599-1700)

CAIXA DOCUMENTO EMENTA DATA


5 554 Carta de D. Pedro, bispo do Brasil, para S. Magestade 1935
acusando o governador de abrir as cartas dos
particulares o que dera ocasião a se perder o comércio
por os moradores temerem escrever e mesmo queixar-
se a S. Magestade.
6 682 Carta de D. Pedro da Silva relatando alguns eventos ------
relacionados à guerra contra os holandeses e a miséria
da Bahia.
8 970 Carta do governador do Brasil sobre os ordenados que ------
levam os governadores, da finta que o povo fez para
sustento dos soldados
9 1094 Carta dos oficiais da Câmara da Bahia acusando 1644
Antonio Teles da Silva de abrir e ler cartas de
particulares e de prender o ouvidor geral Manuel
Pereira Franco.
9 1095 Carta do ouvidor geral Manuel P. Franco sobre os 1644
excessos praticados pelo governador Antonio Teles da
Silva.
10 1003 carta do governador Antonio Telles da Silva 31-01-1643
10 1132 Consulta do cons. Ultramarino sobre o bispo D. Pedro 1645
da Silva e ordenados que o governador lhe tem
empatado
10 1133 Consulta do cons. Ultramarino sobre o bispo D. Pedro 1645
da Silva e ordenados que o governador lhe tem
empatado
10 1155 Minuta de consulta sobre cartas do bispo... queixas ------
contra o governador
10 1157 Cartas do bispo reclamando da conduta do governador 1644
10 1158 Cartas do bispo reclamando da conduta do governador 1644
12 1533 Carta do Ouvidor desembargador Manuel P. Franco -----
sobre as desordens e desconcertos do clero.
18 2101 Carta do cabido sobre as pessoas eclesiastica que -----
concorreram nos capítulos que se formam contra o
vice-rei Conde de Obidos, sendo a principal o
chanceler Jorge Seco de Macedo.
Avulsos Bahia (1604-1828)

CAIXA DOCUMENTO EMENTA DATA


1 46 Carta do governador geral do Brasil António Teles da Silva ao 21-08-1643
rei D. João IV sobre a necessidade de derrogar a provisão
filipina ao Bispo da Bahia para ser executor dos seus ordenados,
com a qual ameaça o contratador dos dízimos, Mateus Lopes
Franco, e outras pessoas com a interdição e excomunhão.
Anexo: carta, despacho e parecer.
2 186 Ofício de (?) Vale ao Bispo da Bahia sobre a vida pecaminosa Ant. 1676
do povo e eclesiásticos da Bahia.
2 168 Escrito do secretário do conselho Ultramarino Manuel Barreto 17-01-1669
de Sampaio para António de Sousa Machado remetendo a
consulta sobre o governador geral do Brasil e do provedor mor
acerca dos bispados.
5 442 Consulta do Conselho Ultramarino ao rei D. João V sobre as 17-09-1706
queixas do Arcebispo da Bahia D. Sebastião Monteiro da Vide
acerca do procedimento do ouvidor Miguel Manso Preto
8 631 Carta do ouvidor e provedor João Barbosa Maciel ao rei D. João 20-05-1712
V referente a arrematação dos talhos do clero e da Santa Casa
da Misericórdia da Bahia.
8 634 Carta do governador geral do Brasil Pedro de Vasconcelos ao 30-05-1712
rei D. João V em resposta a carta régia que ordena a
investigação da venda dos talhos eclesiásticos e da Santa Casa
da Misericórdia da Bahia
11 955 Consulta do Conselho Ultramarino ao rei D. João V sobre o que 7-01-1718
escreveu o Arcebispo da Bahia D. Sebastião Monteiro da Vide
em que se queixa de o privarem dos privilégios acerca de ter
açougue separado do secular.Anexo: 5 docs.
39 3559 Representação dos oficiais da Câmara da cidade da Bahia ao rei 28-07-1731
D. João V acerca do excesso praticado pelo cabido da Sé
quando o senado da mesma Câmara assistia na Catedral à
festividade comemorativa da restauração da cidade.
42 3752 Consulta do Conselho Ultramarino sobre a representação que 10-05-1732
fazem os oficiais da Câmara da cidade da Bahia referente ao
comportamento desrespeitoso do cabido da Sé quando os
mesmos oficiais assistiam a festividade da restauração da cidade
na dita Catedral.Anexo: certidão do escrivão do senado da
Câmara
44 3961 Carta do Arcebispo da Bahia, Dom Luís Alvares de Figueiredo 15-01-1733
ao rei D. João V sobre os agravos praticados pelos oficiais da
câmara da cidade da Bahia nas festas celebradas nesta
catedral.Anexo: 2 certidões
100 7950 Carta do Arcebispo da Bahia José Botelho de Matos ao rei D. 26-12-1749
João V respondendo a carta do Conselho Ultramarino sobre as
censuras feitas pelo Arcebispado contra o ouvidor geral de
Sergipe d'El Rei.
101 8002 Carta do Arcebispo da Bahia José Botelho de Matos ao rei D. 28-02-1750
João V dando o seu parecer sobre a representação do vigário da
igreja matriz da vila de Maragogipe Francisco Parreira, em que
se queixa do ouvidor António Manuel de Moraes Sarmento
Carvalho por este o ter decomposto na igreja.

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