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Fundamentos Básicos de Álgebra Linear e Otimização 1 Escalar


uma variável que assume valores no eixo dos números reais é denominada escalar.
Índice Geral
Os escalares são descritos por letras minúsculas do alfabeto romano expressas em
1 Escalar ...........................................................................................................................................................................................................3
2 Vetor .............................................................................................................................................................................................................3 itálico, ou do alfabeto grego. O conjunto de todos os escalares reais é representado
3 Matriz ............................................................................................................................................................................................................5
1
4 Conjuntos e operações com conjuntos ..........................................................................................................................................................6 por ou .
4.1 Conjuntos especiais de números reais.................................................................................................................................................8
5 Espaço Vetorial Linear..................................................................................................................................................................................9 x se x 0
5.1 Axiomas ..............................................................................................................................................................................................9 o módulo de um escalar real x é dado na forma: x
5.2 Propriedades adicionais ....................................................................................................................................................................10
x se x 0
5.3 Exemplos...........................................................................................................................................................................................11
5.4 Produto cartesiano.............................................................................................................................................................................11
5.5 Subespaço vetorial linear ..................................................................................................................................................................12 2 Vetor
5.6 Conjuntos convexos ..........................................................................................................................................................................13
5.7 Combinação linear e combinação convexa .......................................................................................................................................14 um arranjo ordenado de n escalares xi (i=1,2,...,n) é denominado vetor de
5.8 Dependência linear e dimensão de um espaço vetorial.....................................................................................................................15
5.9 Produto externo .................................................................................................................................................................................16 dimensão n. Os vetores são descritos por letras minúsculas do alfabeto romano
5.10 Produto interno..................................................................................................................................................................................17
5.11 Norma, semi-norma e quase-norma ..................................................................................................................................................18 expressas em negrito, e assumem a forma de vetores-coluna ou vetores-linha.
5.12 Ângulo entre dois vetores .................................................................................................................................................................21
5.13 Ortogonalidade e ortonormalidade entre dois vetores ......................................................................................................................21 Neste estudo, todos os vetores são representados por vetores-coluna, na forma:
5.14 Espaços ortogonais............................................................................................................................................................................22
5.15 Projeção de um vetor em uma determinada direção .........................................................................................................................22
5.16 Vetores ortonormais gerados a partir de vetores linearmente independentes...................................................................................23
6 Transformações e funcionais.......................................................................................................................................................................25

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6.1Transformações lineares ...................................................................................................................................................................25
6.2Operadores lineares...........................................................................................................................................................................26
x1
6.3Posto de uma matriz ..........................................................................................................................................................................27 x2
6.4Matrizes idempotentes ......................................................................................................................................................................28 x ou x x1 x2 xn T .
6.5Definições adicionais para matrizes..................................................................................................................................................28
6.6Matrizes singulares e não-singulares ................................................................................................................................................31
6.7Autovalores e autovetores.................................................................................................................................................................31
xn
6.8Formas Quadráticas...........................................................................................................................................................................32
6.8.1 Cálculo diferencial aplicado a formas quadráticas.................................................................................................................33 o conjunto de todos os vetores de dimensão n com elementos reais é representado
6.8.2 Normas ponderadas e a medida de distância de Mahalanobis ...............................................................................................34
6.9 Matrizes simétricas: positividade e autovalores ...............................................................................................................................35 n n
por . Diz-se então que x .
6.10 A inversa de uma matriz....................................................................................................................................................................39
6.11 O lema de inversão de matrizes ........................................................................................................................................................40
6.12 A pseudo-inversa de uma matriz.......................................................................................................................................................40 um escalar é um vetor de dimensão 1.
6.12.1 Exemplos de pseudo-inversas.................................................................................................................................................41
6.12.2 Uso de pseudo-inversão para a solução de sistemas lineares.................................................................................................42 vetor 0n: é o vetor nulo de dimensão n, com todos os elementos iguais a zero. O
6.13 Operadores de projeção ortogonal ....................................................................................................................................................43
6.13.1 Um exemplo de operador simétrico e idempotente................................................................................................................44 subscrito n é suprimido quando não há margem à dúvida.
6.14 Decomposição em valores singulares ...............................................................................................................................................46
6.15 Transformações contínuas.................................................................................................................................................................50 vetor 1n: é o vetor de dimensão n com todos os elementos iguais a 1.
6.16 Funcional...........................................................................................................................................................................................51
6.17 Funcional convexo ............................................................................................................................................................................51 vetor ei: é o vetor normal unitário de dimensão n (a dimensão deve ser indicada
6.18 Funcional convexo diferenciável ......................................................................................................................................................53
7 Mínimos Locais...........................................................................................................................................................................................54 pelo contexto) com todos os elementos iguais a 0, exceto o i-ésimo elemento que é
8 Expansão em Série de Taylor ......................................................................................................................................................................55
9 Condição Necessária de Otimalidade..........................................................................................................................................................56 igual a 1. Neste caso, 1 i n.
10 Condição Suficiente de Otimalidade...........................................................................................................................................................57
11 Referências bibliográficas ...........................................................................................................................................................................60

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3 Matriz x X: x pertence a X

um arranjo ordenado de m.n escalares xij (i=1,2,...,m; j=1,2,...,n) é denominado x X: x não pertence a X

matriz de dimensão m n. As matrizes são descritas por letras maiúsculas do um conjunto pode ser especificado listando-se seus elementos entre colchetes
alfabeto romano expressas em itálico, e assumem a forma: X {x1 , x 2 ,..., x n }
x11 x12 x1n ou evidenciando uma ou mais propriedades comuns aos seus elementos
x 21 x 22 x2 n
X . X2 = {x X1 tal que P(x) é verdade} ou X2 = {x X1: P(x)}

x m1 xm2 x mn as principais operações entre conjuntos são:

o conjunto de todas as matrizes m n com elementos reais é representado por União: X 1 X2 x :x X 1 ou x X2 ;


m n m n m n
ou . Diz-se então que X . Interseção: X 1 X2 x:x X1 e x X2 ;

x1i X1 X2 (conjunto vazio) se X1 e X2 são conjuntos disjuntos.


x2i
as colunas da matriz X são vetores-coluna descritos por x i , i=1,...,n. o complemento de um conjunto X é representado por X e é definido na forma:

x mi X x :x X .

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as linhas da matriz X são vetores-linha descritos por x ( j ) x j1 x j2 x jn , S é um subconjunto de X, se x S implica x X. Neste caso, diz-se que S está
j=1,...,m. contido em X (S X) ou que X contém S (X S). Se S X e S não é igual a X,
um vetor é uma matriz com número unitário de linhas e/ou colunas. então S é um subconjunto próprio de X.

4 Conjuntos e operações com conjuntos 4.1 Conjuntos especiais de números reais


um conjunto pode ser definido como uma agregação de objetos. Os conjuntos são se a e b são números reais (a,b ), define-se:
descritos por letras maiúsculas do alfabeto romano expressas em itálico. Por
a, b x:a x b
conveniência de notação, alguns conjuntos especiais são descritos por símbolos a, b x:a x b
específicos. Exemplos: a, b x:a x b
a, b x:a x b
: conjunto dos números naturais
: conjunto dos números reais se X é um conjunto de números reais, então o menor limitante superior de X, dado

: conjunto dos números complexos por


x sup x sup x : x X ,
o estado lógico ou associação de um elemento x a um conjunto X qualquer é x X

representado por é o supremo de X, e o maior limitante inferior de X, dado por

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x inf x inf x : x X , 5.3 Exemplos


x X
considere o campo F como sendo o conjunto dos números reais ( ):
é o ínfimo de X. Se x = + então X não é limitado superiormente. De forma
1. conjunto dos números reais: X
análoga, se x = então X não é limitado inferiormente.
n
2. conjunto dos vetores n-dimensionais, com elementos reais: X
5 Espaço Vetorial Linear m n m n
3. conjunto das matrizes m n com elementos reais: X ou X
um espaço vetorial X, associado a um campo F, consiste de um conjunto de
5.4 Produto cartesiano
elementos (vetores) sobre os quais estão definidas 2 operações:
o produto cartesiano de dois espaços vetoriais X e Y (os dois espaços vetoriais
1. Adição (X X X): (x + y) X, x, y X;
devem estar associados ao mesmo campo) é dado por X Y e é definido como o
2. Multiplicação por escalar (F X X): ( x) X, x Xe F.
conjunto de pares ordenados (x,y), com x Xey Y. As operações de adição e
5.1 Axiomas multiplicação são definidas na forma:

x + y = y + x (propriedade comutativa) x1 , y1 x2 , y2 x1 x 2 , y1 y2
x, y x, y
x ( y z) (x y ) z
(propriedade associativa)
( x) ( ) x por convenção, X n X X X
n vezes

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(x y ) x y 5.5 Subespaço vetorial linear


(propriedade distributiva)
( ) x x x
um subconjunto não-vazio S de um espaço vetorial linear X é um subespaço de X
x + 0 = x (vetor nulo)
se x y S sempre que x e y S.
1 x = x (elemento neutro)
dito de outra forma, seja (X,F) um espaço vetorial linear e S um subconjunto de X.

5.2 Propriedades adicionais Diz-se então que (S,F) é um subespaço vetorial de (X,F) se S forma um espaço
vetorial sobre F através das mesmas operações definidas sobre (X,F).
0x=0
exemplos: 1. S {0}
0=0
n n
x + y= x+ z y=z 2. S é subespaço de X

x= y, 0 x=y se M e N são subespaços de X, então M N também é um subespaço de X.


x= x, x 0 = todo espaço é um subespaço de si mesmo.
(x y ) x y
(propriedade distributiva) subespaço próprio é um subespaço que não é igual ao espaço inteiro.
( ) x x x

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5.6 Conjuntos convexos 5.8 Dependência linear e dimensão de um espaço vetorial

um conjunto X de elementos de um espaço vetorial é convexo se, dados considere {x1, x2, ..., xn} um conjunto de vetores pertencentes a X. O conjunto
x1, x2 X, todos os pontos na forma x1 + (1 ) x2, com [0,1], pertencem S [x1, x2, ..., xn], chamado subespaço gerado pelos vetores {x1, x2, ..., xn},
consiste de todos os vetores em X escritos como combinação linear de vetores em
também a X.
{x1, x2, ..., xn}. Neste caso, S é um subespaço vetorial de X.
x2 um vetor x é linearmente dependente em relação a um conjunto de vetores
x2
{x1, x2, ..., xn} se x S [x1, x2, ..., xn].
x1 um vetor x é linearmente independente em relação a um conjunto de vetores
x1 {x1, x2, ..., xn} se x S [x1, x2, ..., xn].
X
X um conjunto de vetores {x1, x2, ..., xn} é linearmente independente se e somente se
n
Convexo Não-Convexo ai x i 0 implica ai = 0, i=1,...,n.
i 1
exemplos:
um conjunto de vetores linearmente independentes {x1, x2, ..., xn} forma uma base
1. normalmente, (sub-)espaços vetoriais lineares são convexos. para X se X [x1, x2, ..., xn].
2. o conjunto vazio é convexo, por definição. neste caso, diz-se que X tem dimensão n. Se n é finito, então X é um espaço
3. dados X e Y convexos, então X Y é convexo. vetorial de dimensão finita.

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5.7 Combinação linear e combinação convexa 5.9 Produto externo


n m
o produto externo entre dois vetores x ey é uma matriz de dimensão
seja S = {x1, x2, ..., xn} um conjunto de vetores de um espaço vetorial linear (X, ).
T T
Combinações lineares de elementos de S são formadas através de n m de posto unitário. Sendo x x1 x2 xn e y y1 y2 ym ,
o produto externo assume a forma:
a1x1 a2 x 2 an x n ,
x1 y1 x1 y 2 x1 y m
onde a1, a2, ..., an . x 2 y1 x2 y 2
T
xy
n
se os escalares a1, a2, ..., an são tais que ai 0 (i=1,2,...,n) e a
i 1 i
1, então
x n y1 xn ym
a combinação linear é chamada combinação convexa dos elementos
x1, x2, ..., xn X. em contraste com o caso do produto interno, os vetores x e y podem ter dimensões
distintas.
n
combinação cônica: ai 0 (i=1,2,...,n) e a
i 1 i
qualquer mesmo quando as dimensões são as mesmas, ou seja, n = m, a matriz quadrada
n resultante pode não ser simétrica.
combinação afim: ai (i=1,2,...,n) quaisquer e a
i 1 i
1

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5.10 Produto interno uma quase-norma satisfaz todas as propriedades de norma, com exceção do
segundo axioma (desigualdade triangular), o qual assume a forma:
considere x,y X e . O produto interno x,y é um número real que
x y b x y , x, y X , com b .
satisfaz:
n
Exemplos de normas e relações entre normas: X
x,y = y,x 1
n p
p
x+y,z = x,z + y,z x p
xi ,p 1 é um número real.
i 1

x,y = x,y x nx
2
x1 2

x,x 0 x X, e x,x = 0 x=0 x x nx


2

n T x nx .
para X e x,y X, tem-se que x x1 x2 xn e x1
1
T 1 n 2 1
y y1 y2 y n , e o produto interno assume a forma: x, x 2 é a conhecida norma euclidiana, pois x xi2 x, x 2 .
2
i 1
n
x, y xi y i xT y relação entre produto interno e norma euclidiana (desigualdade de Cauchy-
i 1
2
Schwartz-Buniakowsky): x, y x, x y, y x, y x 2
y 2

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5.11 Norma, semi-norma e quase-norma x2


+1 1
p=1
as definições até agora apresentadas permitem relacionar propriedades algébricas. n p
p
x p
xi
Introduzindo-se a noção de norma (medida de distância), podemos então tratar 1 +1 x1 i 1
1
propriedades topológicas, como continuidade e convergência.
x2 n
norma é uma função que associa a cada elemento x X um número real x ,
+1 p=2 p=1 x1 xi
obedecendo aos seguintes axiomas: i 1
1. x 0, x X; x 0 x 0; 1 +1 x1

2. x y x y , x, y X (desigualdade triangular); 1
n
2
p=2 x 2
xi
3. x x, x X, . x2 i 1
+1
p=+
toda vez que se associa uma norma a um espaço vetorial (sendo que a este espaço
1 +1 x1 x
já está associado um campo), diz-se que se tem um espaço vetorial normado. p=+ max xi
i
1
uma semi-norma satisfaz todas as propriedades de norma, com exceção do
n n x 1
primeiro axioma. Para X , o subespaço linear X0 , cujos elementos p

obedecem x = 0, é denominado espaço nulo da semi-norma.

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5.12 Ângulo entre dois vetores 5.16 Vetores ortonormais gerados a partir de vetores linearmente
n independentes
para qualquer inteiro n 2, dados dois vetores x,y X , x,y 0, o co-seno
do ângulo formado pelos vetores x e y é dado na forma:
apesar de todo conjunto de vetores ortonormais não-nulos ser linearmente
xT y independente, nem todo conjunto de vetores linearmente independentes é
cos .
x2 y2
ortonormal, mas pode passar por um processo de ortonormalização, como segue.
dado um conjunto de m vetores n-dimensionais (m n) linearmente independentes
5.13 Ortogonalidade e ortonormalidade entre dois vetores
{x1, x2, ..., xm}, é sempre possível estabelecer uma combinação linear adequada
T
se cos 0 , isto implica que x, y x y 0 . Então diz-se que x e y são destes vetores que produza m vetores n-dimensionais mutuamente ortogonais
ortogonais entre si, condição representada na forma: x y . {u1, u2, ..., um} que geram o mesmo espaço. Além disso, se os vetores ui (i=1, ...,
m) apresentarem norma unitária, eles são mutuamente ortonormais.
n
além disso, se x,x = y,y = 1, então os vetores x, y X são ortonormais
um conjunto de vetores ortonormais {u1, u2, ..., um} pode ser obtido a partir de um
entre si.
conjunto de vetores linearmente independentes {x1, x2, ..., xm} através do processo
de ortogonalização de Gram-Schmidt, o qual é dividido em duas etapas:

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5.14 Espaços ortogonais Etapa (1) y 1 x1

um vetor x é ortogonal a um espaço vetorial Y se for ortogonal a todos os vetores i 1 xi , y j


yi xi y j , i = 2, ..., m
pertencentes a Y, condição representada na forma: x Y . j 1 y j,y j
os espaços vetoriais X e Y são ortogonais entre si se cada vetor pertence a X for yi
Etapa (2) u i 1/ 2
, i = 1, ..., m
ortogonal a todos os vetores pertencentes a Y, condição representada na forma: yi , yi
X Y.
com isso, resulta:
5.15 Projeção de um vetor em uma determinada direção u1 = a11 x1
dado um espaço vetorial linear X, seja y X um vetor que fornece uma u2 = a21 x1 + a22 x2
determinada direção. A projeção de qualquer vetor x X na direção de y é dada u3 = a31 x1 + a32 x2 + a33 x3
na forma:
x, y y xT y onde aii > 0 (i=1,...,m). Certamente existem outros processos de ortonormalização
projy ( x ) 1/ 2 1/ 2
y
y, y y, y yT y mais gerais, que não impõem qualquer tipo de restrição aos coeficientes aij (i j;
i,j=1,...,m).

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m n
6 Transformações e funcionais (A) e (A) são subespaços de e , respectivamente.

sejam X e Y espaços vetoriais lineares, e seja D um subconjunto de X. A regra que dim ( A) + dim ( A) = n
n m
associa cada elemento x D X a um elemento y Y é chamada de (A) (AT) no e (AT) (A) no

transformação de X para Y com domínio D. Notação: T: D X Y. 6.3 Posto de uma matriz


y = T(x) é a imagem de x sob a transformação T( ). m n
o posto de uma matriz A é dado pelo número de colunas (ou linhas) LI, de
a coleção de vetores y Y para os quais existe um x D tal que y = T(x) é modo que posto(A) min(m,n).
chamada de range de T. se posto(A) = min(m,n), então diz-se que a matriz tem posto completo.
uma matriz quadrada de posto completo é inversível (matrizes inversas serão
6.1 Transformações lineares
discutidas mais adiante).
uma transformação T: X Y é linear se, x,y D Xe , , é válida a
posto(A) = dim ( A)
seguinte equação:
posto(A) = posto(AT) = posto(ATA) = posto(AAT)
T x y T x T y .
a matriz resultante do produto de duas matrizes quaisquer nunca vai ter um posto
maior que o menor posto das matrizes que participam do produto.

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6.2 Operadores lineares 6.4 Matrizes idempotentes


são as transformações que podem ser descritas por formas matriciais, de modo que n n
uma matriz quadrada A é dita ser idempotente se A r A A ... A A,
n m r vezes
D X. Um operador linear, que mapeia vetores do no , pode ser descrito
para qualquer potência inteira r 1.
m n m n
por uma matriz A , ou A , tal que
se A é idempotente, então I A também será.
n m
y = Ax, x e y .
m n 6.5 Definições adicionais para matrizes
a norma de um operador linear A é dada na forma:
Ax n
Cofator
A max , com x .
x 0 x dada uma matriz A de dimensão n n, o cofator do elemento aij (i,j=1,2,...,n) é
m n
o range de um operador linear A é dado na forma: dado na forma:
m n
( A) y :y Ax, para algum x cij 1 i j mij ,
correspondendo, portanto, ao espaço gerado pelas colunas de A. onde mij é o determinante da matriz formada eliminando-se a i-ésima linha e a j-
m n
o espaço nulo de um operador linear A é dado na forma: ésima coluna da matriz A.
n
( A) x : Ax 0

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Determinante 6.6 Matrizes singulares e não-singulares


dada uma matriz A de dimensão n n, o determinante de A é dado na forma: uma matriz A de dimensão n n é dita ser singular quando dim ( A) 0 , ou seja,
n
a c , para qualquer j quando det(A) = 0.
i 1 ij ij
A det A ou n n
A é não-singular se e somente se dim ( A) 0.
n
j
a c , para qualquer i
1 ij ij 1
como A adj A / det A , A admite inversa se e somente se det(A) 0, ou seja,
onde cij é o cofator do elemento aij. quando A é não-singular.
com isso, se B é uma matriz obtida de A pela troca de duas de suas colunas, então
6.7 Autovalores e autovetores
det(B) = det(A).
seja uma matriz A de dimensão n n. Diz-se que um escalar (conjunto dos
seja A [a1 aj a n ] (1 j n). O determinante de A possui as
n
números complexos) é um autovalor de A se existe um vetor não-nulo x ,
seguintes propriedades:
chamado de autovetor associado a , tal que
Invariância: det [a1 aj an ] = det [a1 aj ak an ] ,
Ax = x.
j k, 1 j,k n;
Ax = x pode ser reescrito como ( I A)x = 0;
Homogeneidade: det [a1 ba j a n ] = b.det [a1 aj an ]

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n
Traço x ,x 0 tal que ( I A)x = 0 se e somente se det I A 0;
dada uma matriz A de dimensão n n, o traço de A, representado por tr(A), é a
det I A é o polinômio característico de A;
soma dos elementos da diagonal de A, ou seja:
Como o grau de ( ) é n, a matriz A possui n autovalores.
n
tr A aii
i 1 6.8 Formas Quadráticas

Adjunta n n n
Definição: Para qualquer y e A AT , QA (y) y T Ay é uma forma
dada uma matriz A de dimensão n n, a adjunta de A, representada por adj(A), é quadrática associada a A.
dada na forma:
Propriedades:
adj(A) = { aij }
Q A (y) 2 Ay
onde aij = cji, o cofator do elemento aji. 2
Q A (y) 2A
A.adj A = det A . I 1 adj A A e QA são chamadas de:
são válidas as seguintes igualdades: A
adj A . A = det A . I det A n
semi-definida positiva se Q A ( y ) y T Ay 0, y .
T n
definida positiva se Q A ( y ) y Ay 0, y ,y 0.

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n 6.9 Matrizes simétricas: positividade e autovalores
semi-definida negativa se Q A ( y ) y T Ay 0, y .
n n n n n n n
definida negativa se Q A ( y ) y T Ay 0, y ,y 0. uma matriz quadrada A é dita ser simétrica se AT A( ou ).
n n T
se a matriz quadrada é tal que A , então ela será hermitiana se A * A,
6.8.1 Cálculo diferencial aplicado a formas quadráticas
ou seja, se A for idêntica ao transposto de seu complexo conjugado.
n n n n
Dados x ,y e A :
matrizes simétricas só admitem autovalores reais.

y T Ax Ax autovetores associados a autovalores distintos de uma matriz simétrica com


y n n
elementos reais (A ) são ortogonais.
T T T T T T T
y Ax x A y y Ax x A y A y mesmo que os autovalores não sejam distintos, é possível obter autovetores
x x
n n
ortogonais para matrizes simétricas A . Sendo assim, dados os
T T
x Ax A x Ax autovetores ortogonais v1, ..., vn, é possível construir a matriz T abaixo:
x
v1 v2 vn
T , onde 2
.
para AT A, x T Ax 2 Ax v1 v2 vn
x
1
a matriz T é ortogonal, pois T T T , como pode ser verificado a seguir:

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6.8.2 Normas ponderadas e a medida de distância de Mahalanobis v1T


v1 1 0
já foi apresentada a relação existente entre norma e produto interno. Com a v1 vn
T TT In n
introdução de formas quadráticas, é possível recorrer ao conceito de norma v Tn v1 vn
0 1
ponderada. vn
n
sejam x,y , então é possível expressar a distância ponderada entre x e y por: com a matriz T, é possível obter uma matriz diagonal a partir da matriz A, tendo
T 2 2 T
( x, y ) x y (x y ) (x y ) x y 2x y os autovalores de A na diagonal, como a seguir:
n n 1. da definição de autovalores tem-se: Avi = ivi, i=1,...,n.
onde é uma matriz simétrica e semidefinida positiva, geralmente sendo
uma matriz diagonal que pondera diferentemente cada coordenada. v1 vn Av1 Av n 1 v1 n vn
AT A
v1 vn v1 vn v1 vn
para = I, resulta a norma euclidiana.
2. 1 0
quando os elementos de x e y são variáveis aleatórias geradas a partir de uma v1 vn
T
distribuição normal, e sabendo haver uma dependência estatística entre os v1 vn
0 n
elementos de x e y, então tomando a matriz como sendo a inversa da matriz de
T 1 AT T T AT
covariância entre x e y resulta a medida de distância de Mahalanobis. 3. AT T 1
A T T T TT

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este resultado é muito útil no caso da matriz A estar presente em formas min i, para deixar a matriz definida positiva
i 1,..., n
quadráticas: max para deixar a matriz definida negativa
i,
i 1,...,n
T T T T T T
Q A (x ) x Ax x T T x T x (T x ) n m
seja uma matriz A de dimensão n m (A ) e uma matriz B de dimensão
T
fazendo y T x x Ty , resulta: m n
m n (B ). Então, os autovalores não-nulos de AB e BA são os mesmos e
T 2 2 2
Q A ( x) x Ty
y y 1y1 2y 2 nyn têm as mesmas multiplicidades. Além disso, se x é um autovetor de AB para
n algum autovalor 0, então y = Bx é um autovetor de BA. Isto implica que AAT e
como a matriz T tem posto completo, então y pode ser qualquer. Logo:
A>0 i > 0 para i=1,...,n ATA têm os mesmos autovalores e todos são positivos.

A 0 i 0 para i=1,...,n 6.10 A inversa de uma matriz


A<0 i < 0 para i=1,...,n n n n n
a inversa de uma matriz A é uma matriz M tal que
A 0 i 0 para i=1,...,n
AM MA I
n n
se A é uma matriz simétrica definida positiva, então são condições
a notação adotada para a matriz M é: M A 1.
equivalentes:
para que uma matriz seja inversível, ela tem que ser quadrada e não-singular.
A é definida positiva;

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1 T 1
A 1 é definida positiva; vale a seguinte propriedade: A AT .
todos os autovalores de A são reais positivos;
n
6.11 O lema de inversão de matrizes
y T Ay 0, y ,y 0;
assuma que A e C são matrizes quadradas arbitrárias para as quais existe a inversa,
é possível decompor A na forma: A = BTB, com B não-singular;
e B é uma terceira matriz tal que BCBT tem a mesma dimensão de A. Então o
det(Ak) > 0, k=1,...,n, onde Ak é a k-ésima sub-matriz principal líder.
chamado lema de inversão de matrizes é dado na forma:
se ocorrer i >0 e j < 0 para i j e i,j {1,...,n}, então a matriz é dita ser
1 1 1 1 1
indefinida. A BCB T A A 1B BT A 1B C BT A
n n a matriz C geralmente tem dimensões menores que a matriz A.
se A é uma matriz simétrica com autovalores 1, 2, ..., n, então a matriz
A + In terá como autovalores 1+ , 2+ , ..., n+ , e os autovetores de A e de 6.12 A pseudo-inversa de uma matriz
A + In serão os mesmos. m n n m
a pseudo-inversa de uma matriz A é uma matriz M tal que valem
sendo assim, é possível “corrigir” os autovalores de uma matriz simétrica
as seguintes propriedades:
indefinida ou singular, sem alterar seus autovetores, deixando a matriz definida
AMA = A
positiva ou definida negativa, na forma:
MAM = M

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AM e MA são matrizes simétricas quando múltiplas soluções são possíveis, como no caso acima, pode-se adotar
a notação adotada para a matriz M é: M A . aquela solução que otimiza algum critério. Por exemplo, a solução com norma
pode-se demonstrar que existe uma única pseudo-inversa para cada matriz. euclidiana mínima é aquela que toma y = 0.
valem as seguintes propriedades: supondo que posto(A) = n m, então a seguinte expressão representa uma solução
1 + 1
0+ = 0T ( A)+ = A , se 0 para a equação matricial (1): x AT A AT b . Repare que, sob a condição
+ + + T + T T T + T 1 T
(A ) = A A = (A A) A = A (AA ) posto(A) = n m, A A A é a pseudo-inversa de A, de modo que é possível
(A+)T = (AT)+ + 1
A = A , se A é quadrada e não-singular expressar a solução na forma:
(AA+)T = AA+ e (A+A)T = A+A T + T T + T x A b (3)
A AA = A e AA (A ) = A
no entanto, para posto(A) = n < m, a equação matricial (1) nem sempre tem
solução exata, e nestes casos o que se obtém é o mínimo de Ax b 2 .
6.12.1 Exemplos de pseudo-inversas

A a 1 , se a 0 6.13 Operadores de projeção ortogonal


caso escalar (m = n = 1): A = a
A 0, se a 0 n n
seja X um subespaço vetorial e seja x . Então é possível expressar x na
forma:

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aT x xˆ ~
x
A , se a 0
caso vetorial (m > 1 e n = 1): A = a aT a onde x̂ x
X e~ X.
A 0 T , se a 0
neste caso, diz-se que x̂ é a projeção ortogonal de x em X.

6.12.2 Uso de pseudo-inversão para a solução de sistemas lineares de todas as decomposições na forma x x x , onde x X , aquela em que

considere o seguinte sistema linear de equações na forma matricial x X é tal que x 2


é mínima.
n n
Ax = b (1) existe sempre uma matriz simétrica P , chamado operador de projeção
m n n m ortogonal em X, tal que
onde A ,x eb .
supondo que posto(A) = m n, então a seguinte expressão representa uma solução xˆ Px e ~
x I Px
1 n (I P) é o operador de projeção ortogonal em X (complemento ortogonal de X).
para a equação matricial (1): x AT AAT b I AT ( AAT ) 1 A y , onde y
1
é um vetor arbitrário. Repare que, sob a condição posto(A) = m n, AT AAT é 6.13.1 Um exemplo de operador simétrico e idempotente

a pseudo-inversa de A, de modo que é possível expressar a solução na forma: todo operador de projeção ortogonal é idempotente, sendo que a seguir iremos

x A b I A A y. (2) apresentar um exemplo de operador de projeção ortogonal que também é


simétrico.

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as projeções ortogonais podem ser expressas através de transformações lineares, além disso, a matriz A pode ter elementos reais ou complexos. Neste estudo,
de modo que sempre é possível obter P. iremos considerar apenas matrizes com elementos reais.
n
assuma que X [x1, x2, ..., xk] é um subespaço do , gerado pelos vetores em termos geométricos, os valores singulares de uma matriz A correspondem aos
n
xi , i = 1,...,k < n. Seja A uma matriz que tem como colunas os vetores comprimentos dos semi-eixos do hiperelipsóide E = {Ax : x 2
1}
n n m
xi , i = 1,...,k < n. O objetivo é obter o operador P de projeção ortogonal ao seja uma matriz A de dimensão n m (A ) e de posto r, com r min(n,m).
n
subespaço X, de modo que sua aplicação a um vetor qualquer x produza Então, A pode ser expressa na forma:
xˆ Px e ~x I P x , onde x̂ X e ~ x X. 0 T
A=U V
T~ 0 0
como, por definição, ~
x X , então tem-se que A x 0. n n m m
onde U e V são matrizes unitárias, tais que UTU = UUT = In e
a solução desta equação matricial é dada pela expressão (2) acima, produzindo r r
VTV = VVT = Im, e é uma matriz diagonal, com elementos
~ n
x I ( AT ) AT y I AA y , para um y arbitrário e sabendo que a
1 2 ... r > 0, denominados valores singulares da matriz A.
matriz ( AT ) AT é simétrica. repare que esta decomposição é sempre possível, independente de se ter n = m,
y = x é uma escolha possível, e como ~
x é único, então a expressão n < m ou n > m.
~
x I AA x

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leva a que I P I AA e P AA . note também que o número de valores singulares positivos coincide com o posto
conclusão: da matriz A, o que implica que a decomposição em valores singulares representa

AA é o operador de projeção ortogonal ao subespaço gerado pelas colunas um método prático para se obter o posto da matriz A.

de A, ou seja, ao subespaço X. 0
é possível verificar também que UTAV = e que as colunas de U são
0 0
as matrizes I AA e I A A são operadores de projeção ortogonal aos
autovetores de AAT, enquanto que as colunas de V são autovetores de ATA.
subespaços que são os complementos ortogonais dos subespaços gerados pelas
0
colunas e linhas de A, respectivamente. como UUT = In, então , AV = U o que implica que:
0 0
6.14 Decomposição em valores singulares Av i i 1,..., r
i ui ,

a decomposição em valores singulares é uma poderosa ferramenta matemática Av i 0, i r 1,..., m


para a solução de problemas de quadrados mínimos, pois fornece informações onde vi e ui são, respectivamente, as i-ésimas colunas de V e U.
quantitativas importantes acerca da estrutura de um sistema de equações lineares sendo assim, é possível expressar a matriz A na forma:
do tipo: Ax = b. Ela vale tanto para matrizes quadradas quanto retangulares. r
T
A i ui v i
i 1

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se a matriz A for simétrica, então seus valores singulares correspondem aos 6.16 Funcional
valores absolutos de seus autovalores não-nulos (ver seção 6.9). uma transformação T: X é chamada de funcional sobre X.
para os propósitos deste curso, a principal motivação para o estudo de
decomposição em valores singulares é a possibilidade de propor um método 6.17 Funcional convexo

prático de cálculo da pseudo-inversa de uma matriz, independente de se ter n < m um funcional f: X é convexo sobre um subconjunto convexo X de um espaço
ou n > m. vetorial linear se e somente se
n m
seja uma matriz A de dimensão n m (A ) e de posto r, com r min(n,m),
f x 1 (1 ) x2 f ( x1 ) (1 ) f (x 2 )
0
que tenha uma decomposição em valores singulares tal que UTAV = . para todo x1, x2 Xe [0,1].
0 0
Então, a pseudo-inversa da matriz A pode ser obtida na forma: Extensão 1: O funcional f é estritamente convexo se a desigualdade acima for
1 estrita, com (0,1).
0 T
A+ = V U
0 0 Extensão 2: Um funcional f é (estritamente) côncavo se f é (estritamente)
1 1 1 1
onde diag( 1 , 2 ,..., r ). convexo, de modo que max f min ( f ) .

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quando a matriz A tem posto completo, ou seja, quando r = min(n,m), então é


possível mostrar que: Interpretação Geométrica
1
0 T
A+ = V U = (ATA) 1AT, quando n > m
0 0
f(x1) + (1 ) f(x2)
1
0 T
A+ = V U = AT(AAT) 1, quando n < m f(x1)
0 0

6.15 Transformações contínuas f(x2)

uma transformação T: X Y é contínua em x0 X se para todo > 0 existe um


> 0 tal que x x 0 implica que T ( x ) T ( x 0 ) . Obviamente assume-se
x1 x2
que X e Y são espaços vetoriais sobre os quais está definida uma mesma norma.
x1 + (1 ) x2
diz-se que T é contínua se ela for contínua para todo x X.

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6.18 Funcional convexo diferenciável 8 Expansão em Série de Taylor


um funcional diferenciável f: X é convexo sobre um subconjunto convexo X n n
f: x
de um espaço vetorial linear se e somente se n
expansão em série de Taylor em torno do ponto x* :
T
f y f x f x y x 1 2
f (x ) f ( x*) f ( x*)T x x * x x* T f ( x*) x x * O (3)
2
para todo x, y X.
Interpretação Geométrica
2 2 2
f ( x*) f ( x*) f ( x*) f ( x*)
x1 x12 x1 x 2 x1 x n
f(y) 2 2
f ( x*) f ( x*) f ( x*)
2
f ( x*) x2 f ( x*) x 2 x1 x 22
T
f(x) (y x) f ( x*) 2 2
f(x) f ( x*) f ( x*)
xn x n x1 x n2

vetor gradiente matriz hessiana


x y

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7 Mínimos Locais 9 Condição Necessária de Otimalidade


n n
seja f um funcional definido sobre X. Um ponto x0 é chamado MÍNIMO Teorema: Assuma que f: e f C2[ ] (conjunto das funções com
a n
LOCAL de f sobre se existe uma esfera derivadas contínuas até 2 ordem). Se x* é um mínimo local de f(x), então
N x0 , x : x x0 f (x*) 0.

tal que f(x0) f(x), x N x0 , . Prova: Por absurdo, suponha que x* é mínimo local de f(x) e que f (x*) 0 . Para
x0 é um MÍNIMO GLOBAL se f(x0) f(x), x . n
> 0 suficientemente pequeno, é possível definir um x tal que
Interpretação Geométrica x x* f ( x*) . Portanto:

f(x)
f (x) f ( x*) f (x*) T x x * f ( x*) f ( x*)T f ( x*)
T 2
f ( x*) f ( x*) f ( x*) f ( x*) f ( x*)

Logo, em uma vizinhança de x*, x tal que f(x) < f(x*). ABSURDO!

x01 x02 x

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10 Condição Suficiente de Otimalidade Exemplo:


n n 1
Teorema: Assuma que f: e f C2[ ] (conjunto das funções com n
Resolva o problema min x T Ax b T x , onde A AT 0ex .
x 2
a n
derivadas contínuas até 2 ordem). Se x* é tal que f (x*) 0 e
2 Solução:
f (x*) 0 , então x* resolve min f ( x ) .
x

n 1 T
Prova: Para > 0 suficientemente pequeno, é possível definir um x tal que Definindo f ( x) x Ax b T x , a aplicação da condição necessária de
2
n
x x* d , onde d é uma direção arbitrária. Portanto:
otimalidade ao problema min f ( x ) produz:
x
T 1 2
f (x ) f ( x*) f ( x*) x x * x x* T f ( x*) x x *
2 f (x ) Ax b 0 x* A 1b
2
1 T 2 2
f ( x*) d f ( x*) d f ( x*) dT f ( x*)d
2 2 2
0
Como, por hipótese, f (x) A 0 (condição suficiente de otimalidade), então
n x * é um ponto de mínimo global, portanto solução do problema.
Como d é qualquer, então existe uma vizinhança de x* tal que f(x) > f(x*).
Logo, x* é um mínimo local.

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n
Conclusão: Suponha que x* é tal que f (x*) 0 . Então x* é 11 Referências bibliográficas
ANDERSON, B.D.O. & MOORE, J.B. “Optimal Control – Linear Quadratic Methods”, Prentice-Hall, 1989.
2 n
(a) um mínimo global de f(x) se f (x) 0 x , ou seja, f(x*) f(x) ATHANS, M. & FALB, P.L. “Optimal Control: An Introduction to the Theory and Its Application”, McGraw Hill, 1966.
BAZARAA, M. S., SHERALY, H. D. & SHETTY, C. “Nonlinear Programming: Theory and Algorithms”, 2nd edition, John Willey
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x .
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FERREIRA, P.A.V. “Notas de Aula - Curso EA932: Sistemas de Controle II”, 1997.
2 n
(b) um mínimo global estrito de f(x) se f (x ) 0 x , ou seja, f(x*) < f(x) FRANKLIN, G.F., POWELL, J.D. & EMAMI-NAEINI, A. “Feedback Control of Dynamic Systems”, 3rd. edition, Addison-Wesley
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x ,x x*.
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(c) um máximo global de f(x) se f (x) 0 x , ou seja, f(x*) f(x)
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2 n
(d) um máximo global estrito de f(x) se f (x ) 0 x , ou seja, f(x*) > f(x) LUENBERGER, D.G. “Optimization by Vector Space Methods”, John Wiley & Sons, 1969 (Paperback, 1997).
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