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AUGUSTO BORGES MANRIQUE

SEMINÁRIO V – IPI E IOF


.

Questionário relativo ao Seminário V


apresentado ao Curso de Pós-Graduação em
Direito Tributário do IBET, como pré-requisito
para a obtenção parcial da média final do
Modulo exigibilidade do crédito tributário.

Goiânia/GO
2019

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1. Construir a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do IPI.
A regra matriz de incidência tributária é composta por uma
hipótese/suposto/antecedente (onde se identifica os critérios material,
temporal e espacial) e por um consequente (donde se verifica os critérios
pessoal e quantitativo). Diante desta premissa, vislumbra-se duas regras-
matrizes de incidência tributária do IPI, construídas individualmente a partir
dos seguintes elementos:
 1º. critério material: realizar operações com produtos industrializados
(tais operações, ditas jurídicas, promovem a saída de produtos
industrializados dos estabelecimentos industriais, transferindo-lhes a
propriedade ou posse, em típicas obrigações de dar);
 2º. critério espacial: qualquer ponto do território nacional (desde que
existente um estabelecimento industrial donde possa sair o produto
industrializado);
 3º. critério temporal: o momento da saída dos produtos industrializados
dos respectivos estabelecimentos industriais;
 4º. critério pessoal:
 4º.1. sujeito ativo: União, detentora do direito subjetivo, no papel
de sujeito ativo da relação jurídica tributária;
 4º.2. sujeito passivo: estabelecimento industrial ou equiparado;
 5º. critério quantitativo:
 5º.1. base de cálculo: valor da operação, constituído pelo
somatório do preço do produto que decorrer a saída da mercadoria
do estabelecimento industrial ou equiparado.;
 5º.2. alíquota: aquela prevista na tabela do IPI

No que tange à importação de produtos industrializados


brasileiros, há critérios que divergem dos acima expostos, donde deflui com
limpidez a existência de uma outra norma-modelo do IPI:
 1º. critério material: realizar operações com produtos industrializados –
realizar operações de importação de produtos industrializados;
 2º. critério espacial: as repartições aduaneiras;
 3º. critério temporal: o momento do desembaraço aduaneiro;

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 4º. critério pessoal:
 4º.1. sujeito ativo: União, detentora do direito subjetivo, no papel
de sujeito ativo da relação jurídica tributária;
 4º.2. sujeito passivo: reimportador;
 5º. critério quantitativo:
 5º.1. base de cálculo: valor da operação – o valor que serviria de
base para o cálculo do Imposto de Importação, eliminados este pr
incabível e os encargos cambiais por superados;
 5º.2. alíquota: aquela prevista na tabela do IPI

2. Sobre o direito ao crédito do IPI, pergunta-se:


a) É possível o aproveitamento de créditos de IPI decorrentes da aquisição
de insumos com alíquota zero ou imunes? E de operações decorrentes da
Zona Franca de Manaus adquiridos sobre o regime de isenção? Se
possíveis estes créditos, como quantificá-los? (Vide anexos I, II e III).
Não. embora a referida matéria esteja em discursão no
âmbito do STF, compreendo que não se confere o direito ao creditamento do
IPI aos contribuintes adquirentes de insumos ou matérias-primas tributados e
utilizados na industrialização de produtos cuja saída do estabelecimento
industrial é isenta, não tributada ou sujeita à alíquota zero.
Isto porque, a compensação prevista na Constituição
Federal/88, para fins da não cumulatividade, depende do cotejo de valores
apurados entre o que foi cobrado na entrada e o que foi devido na saída, de
modo que o crédito do adquirente se dará em função do montante cobrado do
vendedor do insumo e o débito do adquirente existirá quando o produto
industrializado é vendido a terceiro, dentro da cadeia produtiva.
Assim, embora a isenção e a alíquota zero tenham
naturezas jurídicas diferentes, a consequência é a mesma, em razão da
desoneração do tributo.
Desta forma, é importante registrar que embora a referida
o regime constitucional do IPI determina a compensação do que for devido em
cada operação com o montante cobrado nas operações anteriores, em

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observância ao princípio da não cumulatividade, não aperfeiçoado quando não
houver produto onerado na saída, pois o ciclo não se completa.
Assim como o referido entendimento se aplicaria nas
operações decorrentes da Zona Franca de Manaus em que os insumos são
adquiridos sobre o regime de isenção, ou seja, o creditamento somente poderia
ocorrer se houver imposto devido na etapa anterior.

b) Os materiais consumidos no processo de produção, mas que não são


agregados diretamente ao produto final, geram créditos do IPI? E os
bens adquiridos para ativo permanente? E os materiais de teste ou
protótipos? (Vide anexo IV)

Sim, ao teor do inciso I, do artigo 164, do Decreto


4544/02, estabelece que “(...) Os estabelecimentos industriais, e os que lhes
são equiparados, poderão creditar-se – I – do imposto relativo a matéria
prima adquiridos no emprego da industrialização....embora não se integrando
ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização ”.
Ao passo que os bens adquiridos que não consumidos no
consumo do novo produto industrializado, mas que adquirido para ativo
permanente, para estes, não há o creditamento do IPI, conforme entendimento
ascendente da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

3. Qual a relevância das classificações fiscais para a determinação da


incidência do IPI? Discorrer sobre os seus critérios de solução para
efeitos de problemas de classificação fiscal. Responda comentando qual
a classificação correta para Tablets (se 8471.30.12 ou 8471.3019),
justificando com base nos critérios de solução identificados. (Vide
anexo VI).
A classificação fiscal tem por objetivo classificar
mercadorias, baseado em uma estrutura de códigos e respectivas descrições. A
composição dos códigos permite que sejam atendidas as especificidades dos
produtos, tais como origem, matéria constitutiva e aplicação, em um
ordenamento numérico lógico, crescente e de acordo com o nível de
sofisticação das mercadorias.

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4. Que é produto industrializado? O processo de salga do bacalhau
constitui aperfeiçoamento do produto para consumo ou é mero modo de
conservação para fins de transporte? Em outros termos, o bacalhau
(seco e salgado) é tido produto industrializado para fins de incidência
do IPI? Caso o bacalhau seja de espécie não contemplada na tabela do
IPI (TIPI), mesmo que seja seco, salgado ou em salmoura ou, ainda,
defumado, pode-se falar em incidência do IPI? (Vide anexo VII) .
Produto industrializado é o resultante de qualquer
operação definida no RIPI (Regulamento do IPI) como industrialização,
mesmo incompleta, parcial ou intermediária.
É importante destacar que de acordo com o Regra do
IPI, existem cinco modalidades de industrialização, quais sejam:
 I -Transformação - Operação exercida sobre produtos
intermediários ou matérias-primas, que importe na obtenção de
espécie nova.

 II – Beneficiamento o mesmo produto aperfeiçoado, ou seja, o


beneficiamento é a operação que importe em aperfeiçoar,
modificar, ou alterar a aparência, a utilização, o funcionamento
ou o acabamento do produto.

 III- Montagem - operação que importe na reunião de produtos,


peças ou partes que resultam em um novo produto ou unidade
autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal

 IV- Acondicionamento e Reacondicionamento O mesmo


produto, mas com nova apresentação. Nessa modalidade está a
operação que altera a apresentação do produto pela colocação da
embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a
embalagem colocada se destine apenas ao transporte da
mercadoria

 V- Renovação ou recondicionamento O mesmo produto


renovado, mas com objetivo de comercialização a terceiros. Nesta
categoria está a operação exercida sobre produto usado ou parte
remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, que remova
ou restaure o produto para utilização.

A par destas premissas, compreendo que o bacalhau seco e


salgado não se apresenta como retirado da natureza, de modo que se constata

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que peixe passou por operações de evisceração, retirada de cabeça, limpeza,
secagem e, finalmente, a salga, assim vejo que é evidente que aparência foi
indiscutivelmente modificada.
Assim, compreendo que o referido produto (bacalhau seco
e eviscerado, sem cabeça e salgado) é produto industrializado, pois tais
operações alteraram a apresentação que o peixe tinha quando pescado.
Caso o bacalhau seja de espécie não contemplada
expressamente na tabela do IPI (TIPI), ainda assim compreendo pela
incidência do imposto de industrialização, haja vista que a Lei nº 4.502/1964
considera industrialização qualquer operação que altere a apresentação do
produto.

5. Qual a base de cálculo do IPI? Você entende que os seguintes valores


podem ser incluídos em sua BC: (i) valores relativos juros das vendas
financiadas? (ii) os descontos incondicionais ou de produtos
bonificados? (iii) o valor do frete? (iii. a) O frete integra o ciclo de
produção? (iii. b) Há diferença se houver sido estipulada cláusula FOB
(free on board) ou CIF (cost, insurance and freight)? Fundamente suas
respostas.
A base de cálculo do IPI é valor da operação, constituído
pelo somatório do preço do produto que decorrer a saída da mercadoria do
estabelecimento industrial ou equiparado.
Compreendo que a base de calculo do IPI corresponde
apenas e tão somente com o preço do produto no memento da saída da
mercadoria do estabelecimento industrial, e partir desta premissa, compreendo
que os juros da venda da mercadoria, descontos nos produtos, valor do frete
não compõe a base de calculo do IPI, pois não estão vinculados em qualquer
etapa de industrialização do produto.

6. A empresa Tudex Ltda é uma indústria que produz máquinas e


equipamentos. No meio de seu processo de produção, envia seus
produtos a outra empresa, Galvanomix Ltda, para que esta efetue a
galvanização desses produtos. Feita a galvanização, os produtos voltam
à linha de produção da Tudex, onde esta concluirá seu processo de
produção e, posteriormente os venderá aos consumidores finais.
Pergunta-se: a atividade realizada pela Galvanomix é uma
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industrialização por encomenda ou prestação de serviço? Incidirá ISS,
IPI ou ISS e IPI? Justifique (vide anexos VIII, IX e X).

Compreendo que para a atividade realizada peça


Galvanomix é uma prestação de serviço. Ao que se denota da regra matriz de
incidência tributária do IPI – há necessidade de ser realizada a operação de
produtos industrializados, e acerca do termo “operação” subintende-se a
transferência de titularidade do produto industrializado.
A par desta consideração, compreendo que a mera
encomenda para a realização de etapa do processo de industrialização, não
compreende, ao meu ver, a transferência de titularidade de mercadoria, mas a
mera prestação de serviço da empresa Galvanomix, e sobre o referido serviço
se incide ISS.

7. Construir as regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do IOF. Por


que a utilização da nomenclatura “IOF’” pode ser considerada como
equivocada? De forma ampla, qual a previsão constitucional para a
incidência dessa exação?

 1º. critério material: realizar operações de (i) crédito; (ii) IOF câmbio
que prevê a incidência do imposto nas operações de câmbio; (iii) IOF
seguros, no qual a materialidade requer operação envolvendo seguros;
(iv) IOF títulos ou valores mobiliários, envolvendo operações com
títulos ou valores mobiliários.;
 2º. critério espacial: Em qualquer ponto do território nacional.
 3º. critério temporal: No momento da operação.
 4º. critério pessoal:
 4º.1. sujeito ativo: União, detentora do direito subjetivo.
 4º.2. sujeito passivo: Tomadores de crédito, compradores de
câmbio, os segurados, os adquirentes de títulos.
 5º.1. base de cálculo: valor da operação.
 5º.2. alíquota: aquela prevista em Lei.

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A nomenclatura IOF (imposto sobre operações
financeiras), dá a entender que o referido imposto se refere apenas a
operações financeira, por mencionar a nomenclatura “F” (financeiras),
contudo, a constituição determina o IOF para operações diversas de crédito,
câmbio, seguro, títulos e sobre a venda de ouro.
Ou seja, nem todas as operações passíveis de tributação
pelos impostos sobre operações de crédito, câmbio, seguro ou relativas a
títulos ou valores mobiliários podem ser qualificadas como operações
financeiras, motivo pelo qual entende-se que a locução IOF é considerada
como equivocada.

8. A alteração de alíquotas do “IOF” prescinde de motivação do Governo


Federal? A justificativa para aumento do tributo pode se dar sem
relação comprovada com a necessidade de manipulação na política
regulatória do mercado de crédito, cambial, securitário ou de títulos e
valores mobiliários? Há algum tipo de inconstitucionalidade no caso de
alteração imotivada?

Em se tratando as alterações para a reduzir o tributo,


compreendo que não, haja vista a previsão expressa do parágrafo único, artigo
5º, da Lei 8894/94, determinar que “(...) O Poder Executivo poderá reduzir e
restabelecer a alíquota fixada neste artigo, tendo em vista os objetivos das
políticas monetária, cambial e fisca l”.

9. Determinada pessoa jurídica “X”, pertencente a um grupo de empresas


“Y”, celebra contrato de mútuo com outras empresas desse mesmo
grupo, com a finalidade de obter dinheiro sem recorrer ao mercado
financeiro. Pergunta-se: o empréstimo decorrente desse contrato de
mútuo configura fato jurídico tributário que enseja a exigência do IOF?
É legítima a cobrança de IOF sobre a venda de direitos creditórios
realizada por empresas de factoring? E sobre o direito de crédito entre
empresa controlada e sua controladora? Se sim, em que momento
haverá a incidência? (Vide anexos XI, XII, XIII e XIV).

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Compreendo que a operação financeira entre empresas,
ainda que do mesmo grupo econômico é fato jurídico tributário que enseja a
exigência do IOF, isto porque, da própria interpretação do critério material do
IOF, em que o requerido tributo incide quando há “(..) realização de
operações de (i) crédito; (ii) IOF câmbio que prevê a incidência do imposto
nas operações de câmbio; (iii) IOF seguros, no qual a materialidade requer
operação envolvendo seguros; (iv) IOF títulos ou valores mobiliários,
envolvendo operações com títulos ou valores mobiliários ”. .
Ainda é importante registrar que em julho de 2013, a 1ª
Turma da 1ª Câmara da 3ª Seção decidiu que os recursos financeiros das
empresas controladas que circulam nas contas da controladora não constituem
mútuo automaticamente(tributável pelo IOF), pois entre as atividades de
empresa controladora de grupo econômico está a gestão de recursos, por meio
de conta corrente.
Entretanto, a título de informação, no referido processo
prevaleceu o entendimento adotado pela Fazenda Nacional em que reconheceu
que o artigo 13 da Lei nº 9.779, de 1999 determina que as operações de
crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas
jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitam-se ao IOF, sendo
que a tributação entre pessoas jurídicas do mesmo grupo econômico segue as
mesmas normas aplicadas às operações de financiamento e empréstimos
praticadas por instituições financeiras.

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