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CURSO PARA A PROVA OBJETIVA

MP-SP
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RODADA 3

COMENTÁRIOS
#SouOuse
#AquiéMP
#TôDentro
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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

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DIREITO PENAL
PROF. MURIEL VASCONCELOS
01 – QUESTÃO:

Em relação aos crimes contra a dignidade sexual, considerando as orientações doutrinárias


e jurisprudenciais dominantes, assinale a alternativa falsa:

a) O estupro (art. 213 do CP) é considerado um tipo penal misto alternativo. Com efeito, se
o agente, no mesmo contexto fático, pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso contra
uma só vítima, pratica um só crime do art. 213 do CP.
b) Nos crimes sexuais contra vulnerável, a certidão de nascimento não é o único meio idôneo
para se comprovar a idade da vítima, podendo o juiz valer-se de outros elementos.
c) A prática de sexo ou ato libidinoso com menor de 14 anos é considerada crime de estupro
de vulnerável, independente de ter havido consentimento.
d) Não é aplicável o princípio da adequação social ao crime de casa de prostituição.
e) A conduta de filmar um casal mantendo relações sexuais em uma praça pode caracterizar
o crime de registro não autorizado da intimidade sexual.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: A) Parte Especial - Crimes contra a dignidade sexual.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Segundo o art. 213, constitui estupro a conduta de constranger al-


guém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir
que com ele se pratique outro ato libidinoso.

Como ensina Rogério Sanches (2016), após o advento da Lei n. 12.015/09, o crime de
estupro passou a ser de conduta múltipla ou de conteúdo variado. Ou seja, praticando o agente
mais de um núcleo, dentro do mesmo contexto fático, não desnatura a unidade do crime.

Na mesma senda, o STJ entende que o estupro (art. 213 do CP), com redação dada
pela Lei n. 12.015/09, é tipo penal misto alternativo. Logo, se o agente, no mesmo contexto fá-
tico, pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso contra apenas uma vítima, pratica um só
crime de estupro.

Ademais, o STJ assentou que, malgrado seja um tipo penal misto alternativo, na 1ª
fase da dosimetria da pena, o magistrado deverá aumentar a pena-base considerando que a
vítima foi obrigada a realizar dois atos sexuais diferentes. (AgRg no REsp 1262650/RS, Rel. Min.
Regina Helena Costa, 5ª Turma, j. em 05/08/2014); (HC 212.305-DF, Rel. Min. Marilza Maynard
(Des. Conv. TJ/SE), 6ª Turma, j. em 24/4/2014).

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Cumpre frisar que, para Cleber Masson (2015), no art. 213, caput, do Código Penal há
somente um núcleo: “constranger”. Este verbo se relaciona aos aros de “ter conjunção carnal” e
“praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. Se existe um único núcleo, o
tipo penal é simples, e não misto. Todavia, trata-se de entendimento minoritário, a ser levanta-
do apenas em provas discursivas ou orais.

Alternativa A está correta.

Alternativa B: Segundo o art. 217-A, constitui crime de estupro de vulnerável a con-


duta de ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos.

Para o STJ (AgRg no AREsp 12.700-AC), é possível verificação etária, crimes sexuais
contra vulnerável, a partir de outros elementos de prova presentes nos autos. Para a Corte, a
certidão de nascimento não é o único meio idôneo para se comprovar a idade da vítima, poden-
do o juiz valer-se de outros elementos.

No caso julgado, o STJ entendeu que, apesar de não ter a certidão de nascimento da
vítima, a sua idade poderia ser provada por meio das informações presentes no laudo pericial,
das declarações das testemunhas, da compleição física da vítima e das declarações do próprio
acusado.

Alternativa B correta.

Alternativa C: Há uma presunção absoluta de violência, segundo o STJ. Ou seja, basta


que o agente tenha conjunção carnal ou pratique qualquer ato libidinoso com pessoa menor de
14 anos.

O consentimento da vítima, sua eventual experiência sexual anterior ou a existência


de relacionamento amoroso entre o agente e a vítima não afastam a ocorrência do crime.

Nessa senda, o STJ editou a súmula 593:

Súmula 593 do STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura com


a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos,
sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do
ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento
amoroso com o agente.

Apenas a título de informação, existe uma tese defensiva denominada “exceção de


Romeu e Julieta”. Para tal tese, não se deve considerar estupro de vulnerável quando a relação
sexual ocorre com uma pessoa com diferença etária de até cinco anos, pois ambas as partes
se encontram na mesma etapa de desenvolvimento sexual. Nesse cenário, não seria razoável

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considerar estupro a relação consentida entre namorados. Todavia, a “exceção de Romeu e
Julieta” não é aceita pela jurisprudência.

A alternativa C está correta.

Alternativa D: Segundo o art. 229, configura o crime de estabelecimento para


exploração sexual a conduta de manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em
que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário
ou gerente.

Segundo o princípio da adequação social, ainda que uma conduta seja formalmente
e materialmente típica, não poderá ser considerada típica, caso ela seja socialmente adequada.

Para o STF e STJ, a eventual condescendência da sociedade ou das autoridades


públicas não provoca a atipicidade da conduta relativa à prática do crime previsto no art. 229
do CP. Nessa senda, “de acordo com o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de justiça -
STJ, não se aplica o princípio da adequação social aos crimes de favorecimento da prostituição
ou manutenção de casa de prostituição” (STJ, 6ª T., AgRg no REsp 1508423, j. 01/09/2015).

A alternativa D está correta.

Alternativa E: A Lei nº 13.718/2018 acrescentou um novo delito no art. 215-A do


Código Penal, denominado registro não autorizado da intimidade sexual.

O crime pune aquele que grava ou fotografa uma cena de nudez, ato sexual ou
libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes.

Para que o crime esteja caracterizado, a cena registrada deve ter sido praticada em
caráter íntimo e privado. Com efeito, se o agente filma um casal mantendo relações sexuais em
uma praia, por exemplo, não configura o crime.

Desta feita, a cena deve ter sido praticada em caráter íntimo e privado, ou seja, num
ambiente não acessível ao público.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

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02 – QUESTÃO:

A prescrição da pretensão executória do Estado:

a) Tem o prazo aumentado de um terço, se o condenado é reincidente.


b) Extingue os efeitos penais secundários.
c) Tem por base a pena em abstrato.
d) Tem a decisão confirmatória da pronúncia como causa interruptiva.
e) Tem a reincidência como causa suspensiva.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: A) Parte Geral – Prescrição.

- COMENTÁRIOS:

Segundo Rogério Sanches (2016), a prescrição é a perda, em face do decurso do


tempo, do direito de o Estado punir (prescrição da pretensão punitiva) ou executar uma punição
já imposta (prescrição da pretensão executória). Trata-se de um limite temporal ao direito de
punir do Estado.

A prescrição da pretensão executória ocorre quando o Estado não executa uma


sanção penal transitada em julgado durante determinado lapso temporal, perdendo, assim, o
direito e o dever de fazê-lo.

Alternativa A: No caso de reincidência, devidamente reconhecida na sentença ou no


acórdão, o prazo prescricional aumenta-se de um terço (art. 110, caput, do CP). Esse aumento é
aplicável exclusivamente à prescrição da pretensão executória.

Cumpre frisar que a Súmula 220 do STJ assenta que:

Súmula 220 do STJ: A reincidência não influi no prazo da prescrição da


pretensão punitiva.

Alternativa A está correta.

Alternativa B: Diferente do que ocorre com a prescrição da pretensão punitiva, a


prescrição da pretensão executória atinge apenas a pena principal, conservando os demais
efeitos condenatórios. Dessa forma, se houver o reconhecimento da prescrição da pretensão
executória, a pena estará extinta, mas os efeitos penais secundários continuam vigentes.

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Com efeito, se o acusado vier a cometer novo crime, será considerado reincidente.
Ademais, continuará com a obrigação de indenizar a vítima como efeito da condenação.

Alternativa B incorreta.

Alternativa C: A prescrição da pretensão executória tem por base a pena em


concreto. Dessa forma, trata-se de prescrição de pena efetivamente imposta, que tem como
pressuposto sentença condenatória com transito em julgado para ambas as partes. Verifica-se
dentro dos prazos estabelecidos no art.109 CP, os quais são aumentados de 1/3 se o condenado
é reincidente.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: As hipóteses que interrompem o curso da prescrição da pretensão


executória estão descritas nos incisos V e VI do art. 117 do Código Penal: a) início ou a continuação
do cumprimento da pena ou b) reincidência.

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:


(...)
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
VI - pela reincidência. 

Na verdade, a decisão confirmatória da pronúncia é causa interruptiva da prescrição


da pretensão punitiva.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: Como destacado na alternativa anterior, a reincidência é causa


interruptiva da prescrição da pretensão executória.

Para o STJ (RHC 68.812/RJ), a reincidência, como causa de interrupção da prescrição


da pretensão executória, é contada a partir da prática do novo delito, e não do trânsito em
julgado de eventual sentença condenatória.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

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03 – QUESTÃO:

Sobre o concurso de crimes, assinale a alternativa correta:

a) Para efeitos de aplicação da pena, adota-se, no crime continuado, o critério da unidade


real.
b) No concurso formal imperfeito, as penas são aplicadas cumulativamente.
c) No crime continuado específico, a fração de aumento de pena será determinada apenas
pela quantidade de crimes praticados.
d) No sistema do cúmulo material, aplica-se a pena de um dos crimes, se idênticas, ou a mais
grave, se diversas, com fração de aumento.
e) No caso de concurso formal de crimes, a pena privativa de liberdade pode exceder a que
seria cabível pela regra do concurso material.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: A) Parte Geral - Concurso de crimes.

- COMENTÁRIOS:

Ocorre o concurso de crimes quando o agente, mediante uma ou mais de uma ação
ou omissão, pratica dois ou mais crimes. São espécies: concurso formal, concurso material e
crime continuado.

Alternativa A: No crime continuado, o sujeito, por meio de mais de uma conduta


(ação ou omissão), pratica mais de um crime da mesma espécie, sendo que estes crimes guar-
dam entre si uma relação, em que seja possível deduzir que um deles seja continuidade do
outro, pois foram praticados nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução e
outras semelhantes.

Trata-se de uma ficção jurídica para fins de política criminal. O juiz, ao invés de apli-
car as penas correspondentes aos vários crimes praticados em continuidade, por ficção jurídi-
ca, para fins da pena, considera como se um só crime fosse praticado pelo agente, majorando
a sua pena.

Nessa senda, o Código Penal adotou a teoria da ficção jurídica, ou seja, é constituído
por uma pluralidade de crimes, mas, por ficção legal, é tratado como delito único no momento
da aplicação da pena.

Alternativa A está incorreta.

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Alternativa B: No concurso formal impróprio (imperfeito), há desígnios autônomos
em relação a cada um dos crimes, ou seja, é aquele em que o agente, mediante uma só ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, decorrentes de desígnios autônomos.

No concurso formal imperfeito, as penas são somadas, pois, a exemplo do concurso


material, o agente atua com desígnios autônomos (sistema da cumulação). A pena é aplicada
como se tratasse de concurso material (art. 70, caput, segunda parte, do CP).

Alternativa B correta.

Alternativa C: O crime continuado específico está previsto no art. 71, parágrafo


único, do CP, estabelecendo que, nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos
com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.

Segundo o STJ (HC 305.233/SP), a exacerbação da pena deverá se nortear por critérios
objetivos (número de infrações praticadas) e subjetivos (culpabilidade, antecedentes, conduta
social, personalidade do agente, motivos e circunstâncias do crime).

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: No sistema do cúmulo material, cada delito corresponde a uma pena,


que será somada com as demais. É adotado pelo Código Penal no art. 69 (concurso material),
no art. 70, caput, 2ª, parte (concurso formal impróprio ou imperfeito) e na aplicação das penas
de multa (art. 72).

A alternativa descreveu o sistema da exasperação, ou seja, a pena a ser aplicada deve


ser a do delito mais grave, mas aumentada em certa quantidade. Adotado pelo art. 70, caput, 1ª
parte (concurso formal próprio ou perfeito), e art. 71 (crime continuado).

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: No concurso formal próprio, o juiz aplica uma só pena, se idênticas as


penas dos crimes, ou a maior, quando não idênticas, aumentada de 1/6 até a metade (sistema
da exasperação).

Se a soma das penas é mais benéfica ao réu, o sistema da exasperação deve ser
substituído pelo da cumulação (sistema do cúmulo material benéfico). Ou seja, não poderá a
pena exceder a que seria cabível pela regra do concurso material do Código Penal.

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A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

04 – QUESTÃO:

Observadas as disposições do Código Penal quanto à aplicação da lei penal, assinale a


alternativa correta:

a) Na hipótese de crimes que, mesmo cometidos no estrangeiro, o Brasil se obrigou a reprimir,


por tratado ou convenção, a lei brasileira é aplicada de forma irrestrita, independentemente
da observância de qualquer condição.
b) A lei temporária e a excepcional, mesmo que encerrado o período de sua duração, serão
aplicadas aos fatos praticados durante a sua vigência, razão pela qual têm o efeito da
retroatividade.
c) Ainda que o réu seja beneficiado, é defeso ao juiz combinar disposições de leis diversas.
d) Na extraterritorialidade condicionada, o agente será punido segundo a lei brasileira, ainda
que absolvido ou condenado no estrangeiro.
e) Consideram-se como extensão do território nacional apenas as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, que estejam em sua zona
econômica exclusiva.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: A) Parte Geral - Aplicação da lei penal.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Segundo o art. 7º, II, “b”, do Código Penal, ficam sujeitos à lei brasileira,
embora cometidos no estrangeiro, os crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
a reprimir.

Para aplicação da lei brasileira, é preciso que se observem algumas condições: a) en-
trar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c)
estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter
sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter ai cumprido a pena; e) não ter sido o agente
perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei
mais favorável.

Desta feita, para os crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a repri-
mir, é preciso observar as condições supracitadas.

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Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: Lei penal temporária é aquela que tem um prazo de validade, isto é,
tem uma vigência predeterminada no tempo Ex.: art. 36 da Lei 12663/12 (copa de 2014):

Art. 36. Os tipos penais previstos neste Capítulo terão vigência até o dia
31 de dezembro de 2014.

A Lei penal excepcional é aquela que vigora somente numa situação de anormalida-
de. Com efeito, quando o estado de emergência cessar, também cessará a lei. Todavia, continua
a ser aplicada aos fatos ocorridos durante a sua vigência.

Art. 3º. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de


sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-
-se ao fato praticado durante sua vigência.

A lei excepcional ou temporária tem ultratividade, ou seja, alcançam fatos praticados


durante a sua vigência, mesmo após a sua revogação.

Alternativa B incorreta.

Alternativa C: Na aplicação combinada de leis penais ou Lex tertia busca-se a


conjugação de dispositivos de duas leis para se chegar a uma norma mais benéfica, quando
ambas as leis regulam a matéria em tempos distintos e uma revogou a outra. Logo, é o ato de
extrair de duas ou mais leis algumas partes, para se aplicar ao caso concreto.

É o que ocorreria na retroatividade parcial de leis, por meio da aplicação seletiva


das disposições mais benéficas de cada uma das leis. Exemplo dessa situação ocorreria com
a possibilidade de aplicação da causa de diminuição do § 4° do art. 33 da Lei n° 11.343/06 aos
delitos praticados sob a vigência da lei antiga, dispensando-se todos os demais dispositivos da
nova Lei de Drogas que são, no conjunto, mais maléfico ao réu.

Sobre o assunto, existem diversas correntes. Para Nelson Hungria, não é possível a
combinação de leis, já que o juiz estará exercendo papel de legislador, usurpando a separação
de Poderes.

Já para José Frederico Marques, seria sim possível a combinação de leis, já que não
haveria criação de nova lei, mas apenas interpretação do juiz, dentro dos parâmetros que a lei
fornece. De outro lado, assim agindo, o juiz estaria obedecendo com fidelidade aos preceitos
constitucionais, já que se estaria beneficiando o réu.

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O STF, porém, não tem admitido tal raciocínio, eis que vem entendendo que a
combinação de leis poderia caracterizar verdadeira violação do princípio da separação dos
poderes. É o que restou consignado no julgamento do HC 81.459. Para a Corte, a aplicação do
princípio da retroatividade, isto é, da novatio legis in mellius, não autoriza a combinação de leis,
vedada pelo ordenamento jurídico pátrio. Desta forma, não é possível a conjugação de partes
mais benéficas de diferentes normas, para criar-se uma terceira lei, ainda que beneficie o réu,
sob pena de violação aos princípios da legalidade e da separação de poderes

A alternativa C está correta.

Alternativa D: Na extraterritorialidade incondicionada, a simples prática do delito


no exterior já autoriza a aplicação da lei brasileira. Com efeito, não há qualquer condição para
aplicação da lei penal.

Art. 7º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


 I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
(...)
 § 1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira,
ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.

Destarte, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou


condenado no estrangeiro. Trata-se da extraterritorialidade incondicionada.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território


nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem. Com efeito, não há limitação à zona econômica exclusiva.

Art. 5º. (...).


§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública
ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem
como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar.

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A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

05 – QUESTÃO:

Com relação às medidas de segurança, assinale a alternativa correta:

a) O juiz concederá a desinternação sem estabelecer qualquer condição.


b) A medida de segurança restritiva sujeita o agente à internação em hospital de custódia.
c) O semi-imputável que pratica um crime submete-se ao sistema duplo binário.
d) Caso não haja vagas em hospital de custódia, o inimputável pode cumprir a medida de
segurança em estabelecimento prisional comum.
e) Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido
imposta.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: A) Parte Geral - Medidas de segurança.

- COMENTÁRIOS:

A medida de segurança é uma espécie de sanção penal. É a forma com que o Estado
reage contra a violação da norma proibitiva por agente não imputável.

Trata-se de mais uma sanção penal, ao lado da pena, utilizada pelo Estado na resposta
à violação da norma penal, pressupondo agente não imputável ou semi-imputável.

A finalidade essencial da medida de segurança é preventiva, pois visa impedir que o


sujeito volte a praticar fato definido como crime, pois, apesar de inimputável, ele apresenta alto
grau de periculosidade.

Alternativa A: Verificado mediante perícia médica que o agente não mais apresenta
sinais de periculosidade, o juiz concederá a desinternação, ou a liberação, que será sempre
condicional, restabelecendo a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano,
pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade.

Art. 97. (...).


§ 3º A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo
ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1
(um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade.

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Destarte, a desinternação ou liberação será sempre condicional.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: A medida de segurança restritiva está relacionada ao tratamento


ambulatorial. Aplica-se a crimes apenados com detenção, salvo se a periculosidade do agente
justificar que ele seja submetido a uma internação.

Em outra senda, a medida de segurança detentiva representa a internação em


hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. Aplica-se a crimes apenados com reclusão.
Rogério Sanches (2016) destaca que o mandamento legal leva em consideração apenas a
gravidade da infração (e não a periculosidade do agente), ignorando, portanto, o princípio da
proporcionalidade.

Alternativa B incorreta.

Alternativa C: O semi-imputável (CP, art. 26, parágrafo único) que pratica um crime
é submetido ao sistema vicariante ou unitário, ou seja, a medida de segurança não é aplicada
cumulativamente com a pena privativa de liberdade).

Até 1984, vigorava o sistema do duplo binário, segundo o qual poderia ser aplicada
uma pena e uma medida de segurança. Poderia haver a aplicação conjunta. Então, o agente
cumpria em primeiro lugar a medida de segurança e depois cumpriria a pena. Se a pena e a
medida de segurança são duas espécies de sanção penal, há aqui uma dupla punição (bis in
idem). Para um fato criminoso praticado, o agente recebia pena e medida de segurança, o que
está errado.

Sensível a isso, na reforma do CP de 1984, o legislador brasileiro passou a adotar o


sistema vicariante. Só é possível aplicar uma pena ou uma medida de segurança.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: Segundo o STJ (HC 385.198/SP), o inimputável submetido à medida de


segurança de internação em hospital de custódia não pode cumprir medida de segurança no
estabelecimento prisional comum, sob a justificativa de que não há vagas ou recursos.

Para a Corte, a manutenção de estabelecimentos adequados ao cumprimento


da medida de segurança de internação é de responsabilidade do Estado, não podendo o
inimputável ser penalizado pela insuficiência de vagas.

A alternativa D está incorreta.

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Alternativa E: A medida de segurança, por ter caráter de sanção penal, poderá ter
extinta a sua punibilidade. Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem
subsiste a que tenha sido imposta. Portanto, poderá haver a prescrição da pretensão punitiva
assim como a prescrição da pretensão executória.

Art. 96. (...).


Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de
segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.

A alternativa E está correta.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

06 – QUESTÃO:

Considerando os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento, assinale a opção correta,


de acordo com a jurisprudência do STJ:

a) A conduta de portar granada de gás lacrimogêneo ou granada de gás de pimenta configura


Crime do Estatuto do Desarmamento.
b) Quando apreendidas armas ou munições de uso permitido e de uso restrito no mesmo
contexto fático, deve ser aplicado o concurso formal.
c) Para que haja condenação pelo crime de posse ou porte é necessário que a arma de fogo
tenha sido apreendida e periciada.
d) Configura o crime de posse ilegal de arma de fogo a conduta do agente que mantém sob
guarda, no interior de sua residência, arma de fogo de uso permitido com registro vencido.
e) Caso a arma esteja desmuniciada, não configura o crime de posse de arma de fogo.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: C) (...). 16. Estatuto do Desarmamento.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: O art. 16, parágrafo único, III, do Estatuto do Desarmamento, prevê


que incorre nas mesmas penas do crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso res-
trito, aquele que possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.

Em caso analisado pelo STJ, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de uma
pessoa que foi presa portando uma granada de gás lacrimogêneo e uma granada de gás de
pimenta. No entendimento do Parquet, tais objetos configurariam artefato explosivo, amoldan-
do-se ao dispositivo supracitado.

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Todavia, para o STJ (REsp 1627028/SP), a conduta de portar granada de gás lacrimo-
gêneo ou granada de gás de pimenta não se subsome (amolda) ao delito previsto no art. 16,
parágrafo único, III, da Lei nº 10.826/2003. Isso porque elas não se enquadram no conceito de
artefatos explosivos. Para ser considerado artefato explosivo, é necessário que ele seja capaz de
gerar alguma destruição.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: De acordo com recente entendimento do STJ (AgRg nos EDcl no AREsp
1122758/MG), os tipos penais dos arts. 12 e 16 da Lei n. 10.826/03 tutelam bens jurídicos diver-
sos e, por tal razão, deve ser aplicado o concurso formal quando apreendidas armas ou muni-
ções de uso permitido e de uso restrito no mesmo contexto fático.

Para a Corte, o art. 16 do Estatuto do Desarmamento, além da paz e segurança públi-


cas, também protege a seriedade dos cadastros do Sistema Nacional de Armas, sendo inviável
o reconhecimento de crime único, pois há lesão a bens jurídicos diversos.

Alternativa B correta.

Alternativa C: Para o STJ (REsp 1.451.397-MG), é irrelevante a realização de exame


pericial para a comprovação da potencialidade lesiva do artefato, pois basta o simples
porte de arma de fogo, ainda que desmuniciada, em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, para a incidência do tipo penal. Isso porque os crimes previstos no arts. 12, 14 e
16 da Lei 10.826/03 são de mera conduta ou perigo abstrato, cujo objeto jurídico imediato é a
segurança coletiva.

Cumpre frisar que, uma vez realizada perícia técnica, constatando a absoluta ineficácia
da arma apreendida, resta descaracterizado o delito, diante da ausência de ofensividade da
conduta. Desta feita, ausente a exposição de qualquer risco do bem jurídico tutelado pela
norma, é de rigor o reconhecimento da atipicidade penal da conduta.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: Consoante entendimento do STJ (APn 686-AP), não configura o crime


de posse ilegal de arma de fogo (art. 12 da Lei nº 10.826/2003) a conduta do agente que mantém
sob guarda, no interior de sua residência, arma de fogo de uso permitido com registro vencido.

Se o agente já procedeu ao registro da arma, a expiração do prazo é mera irregularidade


administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa. A conduta, no entanto,
não caracteriza ilícito penal.

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PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Para a Corte, não há dolo do agente que procede ao registro e, depois de expirado
o prazo, é apanhado com a arma nessa circunstância. Trata-se de uma irregularidade
administrativa.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: É pacífico no STJ (AgRg nos EAREsp 260.556/SC) e STF (HC 95073/MS)
que posse a ou o porte de arma de fogo configura crime mesmo que ela esteja desmuniciada.

Para os tribunais superiores, a simples posse ou porte de arma, munição ou acessório


de uso permitido — sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar
— configura os crimes previstos nos arts. 12 ou 14 da Lei nº 10.826/2003. Isso porque, por serem
delitos de perigo abstrato, é irrelevante o fato de a arma apreendida estar desacompanhada de
munição, já que o bem jurídico tutelado é a segurança pública e a paz social.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

07 – QUESTÃO:

Sobre os crimes contra a vida, assinale a alternativa falsa:

a) É admitido o perdão judicial no homicídio privilegiado.


b) Se não houver capacidade de discernimento, o agente que induziu ou instigou o suicídio
terá cometido o crime de homicídio.
c) No crime de infanticídio, admite-se coautoria e participação.
d) O crime de aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante é considerado
exceção à teoria monista no concurso de pessoas.
e) Se o feminicídio é praticado durante a gestação e o feto morre, o agente vai responder por
feminicídio com causa de aumento de pena, desde que o agente tinha ciência dessa gravidez,
e pelo aborto sem o consentimento da gestante.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: A) Parte Especial - Crimes contra a vida.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: O perdão judicial é um instituto em que o juiz percebe que houve um


fato típico, ilícito, culpável, mas a pena torna-se desnecessária, por conta da perda do interesse
estatal em punir. Trata-se do princípio da bagatela imprópria.

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
O perdão judicial, diferentemente do perdão do ofendido, não precisa ser aceito pelo
infrator para produzir seus efeitos. A sentença que concede o perdão judicial é declaratória da
extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.

O homicídio privilegiado tem a pena diminuída de um sexto a um terço. O perdão


judicial, no homicídio, pode ocorrer na modalidade culposa se as consequências da infração
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Art. 121. (...).


§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar
a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de
forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: Segundo o art. 122 do CP, é crime a conduta de induzir ou instigar al-
guém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça.

O suicídio não é crime (ou sua tentativa), mas a conduta do terceiro que auxilia outra
pessoa a se matar (material ou moralmente) é tipificada no Código Penal.

Sabendo que o suicídio é a eliminação direta e voluntária da própria vida, o delito


exige que a pessoa tenha capacidade de discernimento. Portanto, apenas quem tem essa ca-
pacidade de discernimento poderá ser sujeito passivo do crime. Se não houver capacidade de
discernimento, o agente que supostamente induziu ou instigou o suicídio terá cometido o crime
de homicídio.

Alternativa B correta.

Alternativa C: Segundo o art. 123 do CP, é crime de infanticídio a conduta de matar,


sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após.

O sujeito ativo do crime deve ser a genitora, visto que é indispensável que seja mulher
que está sob a influência do estado puerperal.

Trata-se de crime próprio. Com efeito, admite-se o concurso de pessoas (coautoria


e participação) caso os demais agentes saibam das condições pessoais da mãe (circunstâncias
elementares do crime) que mata o próprio filho. Caso contrário, os demais agentes respondem
por homicídio.

A alternativa C está correta.

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Alternativa D: Aborto é a interrupção da gravidez, da qual resulta a morte do produto
da concepção.

Quando a gestante dá o seu consentimento ao terceiro para que realize o aborto, o


terceiro responderá pelo artigo 126, e a gestante responderá pelo artigo 124, parte final. Trata-
se, aqui, de exceção à teoria monista adotada pelo CP, uma vez que, apesar da conduta ser
de concurso necessário (a gestante deve consentir e outrem deve fazer o aborto), cada um
responde por um crime diferente.

Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe


provoque: Pena - detenção, de um a três anos.

Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena -


reclusão, de um a quatro anos.

A alternativa D está correta.

Alternativa E: De acordo com Rogério Sanches (2016), o feminicídio, entendido como


a morte de mulher em razão da condição do sexo feminino. A incidência da qualificadora reclama
situação de violência praticada contra a mulher, em contexto caracterizado por relação de poder
e submissão, praticada por homem ou mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade.

Como dispõe o art. 121, §7º, do CP, a pena imposta ao feminicídio será aumentada se,
no momento do crime, a vítima (mulher) estava grávida ou havia apenas 3 meses que ela tinha
tido filho(a).

Caso o agente pratique o crime de feminicídio durante a gestação da mulher ou nos


3 (três) meses posteriores ao parto e o feto faleça, responderá pelo feminicídio majorado de 1/3
até a metade e, em concurso formal impróprio ou em concurso material, pelo aborto. Cumpre
frisar que só vai incidir a causa de aumento de pena se o agente tinha ciência dessa gravidez,
uma vez não se admite a responsabilidade penal objetiva.

A alternativa E está correta.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

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08 – QUESTÃO:

Sobre o erro de tipo, assinale a alternativa falsa:

a) No delito putativo por erro de tipo, o agente possui consciência e vontade de cometer o
delito, todavia, em face do erro acerca dos elementos da figura típica, pratica uma conduta
atípica.
b) No erro de tipo acidental, a falsa percepção da realidade recai sobre as circunstâncias
periféricas da figura típica.
c) Segundo a teoria limitada da culpabilidade, o erro sobre os pressupostos fáticos de uma
causa de justificação constitui um erro de tipo permissivo.
d) No caso de erro sobre a pessoa, serão consideradas as condições ou qualidades pessoais
da vítima real.
e) Erro de tipo essencial é aquele que recai sobre os elementos constitutivos do tipo penal ou
sobre as circunstâncias.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: A) Parte Geral - Erro de tipo.

- COMENTÁRIOS:

Erro no Direito Penal pode ser conceituado como a falsa percepção/compreensão de


algo. Não se confunde com a ignorância, que é o total desconhecimento de determinada coisa.

Dessa forma, o erro de tipo trata de erro ou ignorância que recai sobre as elementares,
circunstâncias ou quaisquer dados que se agregam a determinado tipo penal.

O erro de tipo pode ser dividido em duas espécies: o erro de tipo essencial e o erro de
tipo acidental. O primeiro recai sobre os dados principais do tipo penal, já o segundo, sobre os
dados periféricos.

Alternativa A: Delito putativo por erro de tipo acontece quando o sujeito imagina
realiza um fato típico, mas, na verdade, o fato é atípico. O crime só existe na cabeça do agente.

Ex.: Pedro sai com uma menina, pensando que ela tem 12 anos de idade, o que confi-
guraria um estupro de vulnerável. No entanto, após a apuração, verifica-se que ela tem 16 anos
de idade. Apesar de ele ter pensado que seria um estupro de vulnerável, o fato é atípico.

Como destaca Rogério Sanches (2016), o delito putativo por erro de tipo não passa
de um crime impossível por absoluta impropriedade do objeto material.

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C U RSO PARA A
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Alternativa A está correta.

Alternativa B: O erro de tipo acidental é o erro que recai sobre dados periféricos do
tipo penal. Neste caso, há um intento criminoso manifesto, devendo ser dividido em: a) erro
sobre o objeto (error in objecto); b) erro quanto à pessoa (error in persona); c) erro na execução;
d) resultado diverso do pretendido (aberratio criminis ou aberratio delicti); e) erro sobre o nexo
causal.

No erro sobre o objeto, o agente confunde o objeto material (coisa) visado no crime,
atingindo outro diferente do desejado. A doutrina considera que deve ser levado em considera-
ção o objeto material efetivamente atingido. Por essa razão, é possível inclusive aplicar o prin-
cípio da insignificância, a depender do objeto material e do crime.

No erro quanto à pessoa, o agente confunde a pessoa que queria atingir com pessoa
diversa. Há uma vítima virtual, pessoa que o agente queria atingir, e vítima real, pessoa efetiva-
mente atingida. Nesse caso, não se consideram as condições da vítima atingida e sim da que se
queria atingir.

O erro na execução ocorre quando, por acidente ou erro, no uso dos meios de execu-
ção, o agente atinge pessoa diversa da pretendida, embora corretamente representada. Segun-
do o art. 73, quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, em vez de
atingir a pessoa que pretendia ofender, atingir pessoa diversa, responderá como se tivesse pra-
ticado o crime contra aquela (vítima virtual), atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste
Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a
regra do concurso formal (art. 70 do CP) – homicídio doloso consumado (vítima virtual) e lesão
corporal culposa (vítima pretendida).

No resultado diverso do pretendido, o indivíduo atinge bem jurídico distinto daquele


que pretendia atingir. O art. 74 do CP estabelece que quando, por acidente ou erro na execução
do crime, vier resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto
como crime culposo, porém, se ocorrer também o resultado pretendido, aplica-se a regra do
concurso formal (art. 70).

Por fim, no erro sobre o nexo causal, trata-se do equívoco em relação ao meio de exe-
cução do crime, que acaba por determinar o resultado almejado pelo agente. Ex.: Pedro atira
em João e, supondo que este já estava morto, resolve jogá-lo em um rio, causando a sua morte
por afogamento. Nesse caso, Pedro responderá por homicídio doloso consumado, uma vez que
o erro do curso causal é irrelevante.

Alternativa B correta.

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Alternativa C: A teoria limitada da culpabilidade, que é a prevalente, estabelece que,
no caso em que a descriminante putativa se dá em razão dos pressupostos fáticos, há erro de
tipo.

Isso porque, se ele for inevitável, excluirá o dolo e a culpa, apesar de a lei dizer que
o agente é isento de pena, eis que esta é apenas uma consequência. Se o agente não age com
dolo ou com culpa, não pode ser penalizado.

Com efeito, se o erro recair sobre uma situação fática, será erro de tipo, que passa a
ser denominado erro de tipo permissivo.

A alternativa C está correta.

Alternativa D: Nos termos do art. 20, § 3°:

Art. 20. (...).


§ 3° O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta
de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da
vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

Nesse caso, o Código Penal adotou a teoria da equivalência, pois se leva em


consideração as condições pessoais da vítima que o agente pretendia lesar, não da pessoa
que ele realmente atingiu. Com efeito, no caso de erro sobre a pessoa, serão consideradas as
condições ou qualidades pessoais da vítima virtual.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: No erro de tipo essencial, o erro recai sobre os dados principais


(elementares e circunstâncias) do tipo penal. Pode ser escusável ou inescusável.

No erro de tipo essencial escusável (inevitável, invencível, justificável ou desculpável),


mesmo empreendendo os esforços de um homem médio, o agente não tinha como evitar a
falsa percepção da realidade. Nesse caso, exclui o dolo e a culpa. O sujeito não responde por
qualquer crime.

Em outra senda, no erro de tipo essencial inescusável (vencível, evitável, injustificável


ou indesculpável), o agente não incorreria em erro se tivesse adotado as cautelas que um homem
médio adotaria se estivesse no lugar daquele. Nesse caso, não há isenção de pena quando o
erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo, se previsto pelo tipo respectivo.

A alternativa E está correta.

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- GABARITO DA QUESTÃO: D.

09 – QUESTÃO:

Analise a alternativa correta acerca da legítima defesa e do estado de necessidade:

a) É admitida a legítima defesa real recíproca.


b) A legítima defesa subjetiva ocorre quando, por erro justificável, aquele que reage a uma
agressão injusta vai além dos limites da legítima defesa.
c) O estado de necessidade defensivo ocorre quando o sacrifício se dá em relação a bem
pertencente a terceiro, que não causou a situação de perigo.
d) Em relação ao conflito de bens no estado de necessidade, o Código Penal adotou a teoria
diferenciadora.
e) É cabível a legítima defesa real em face de quem age em estado de necessidade.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: A) Parte Geral - Legítima defesa e estado de necessidade.

- COMENTÁRIOS:

A noção de estado de necessidade remete à ideia de sopesamento de bens diante de


uma situação adversa. Se há dois bens em perigo permite-se que seja sacrificado um deles, pois
a tutela penal não consegue proteger ambos.

Conforme previsão do art. 24 do CP, considera-se em estado de necessidade quem


pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de
outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
exigir-se.

Em outra senda, o CP estabelece em seu art. 25 que quem, usando moderadamente


dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem,
justifica a sua conduta pela legítima defesa. Para caracterizar a legítima defesa, exige-se que
a agressão seja: a) injusta; b) atual ou iminente e c) contra direito próprio ou de terceiro. Além
disso, o agente deve usar, de forma moderada, os meios necessários, ou seja, deve ser utilizado
o meio menos lesivo à disposição do agredido.

Alternativa A: Para que ocorra a legítima defesa é necessária a existência de uma


agressão ilícita e de uma reação lícita. Assim, se um dos sujeitos possui comportamento ilícito,
não pode ao mesmo tempo ser considerado lícito.

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Dessa forma, não é possível legítima defesa contra legítima defesa (recíproca), pois
não é possível que duas pessoas ajam uma contra outra em legítima defesa. Para que haja legí-
tima defesa, uma das agressões deve ser injusta. Porém, se duas legítimas defesas são idôneas,
não há agressão injusta, não havendo fundamento para a legítima defesa.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: Legítima defesa subjetiva (excesso acidental), ou excessiva, é aquela


em que o indivíduo, por erro escusável (inevitável), ultrapassa os limites da legítima defesa.

Com efeito, o sujeito procede com excesso, escapando aos limites da proporcionali-
dade exigidos pela norma penal, fazendo-o, porém, em razão de erro escusável ou invencível,
visto que qualquer pessoa, em situação idêntica, agiria da mesma forma.

Alternativa B correta.

Alternativa C: No estado de necessidade defensivo, o indivíduo dirige a reação a bem


jurídico de titularidade de outrem que, por sua vez, foi o responsável por criar a situação de
perigo.

Por outro lado, no estado de necessidade agressivo, a reação pode derivar de uma
situação de perigo ocasionada pela natureza ou ainda do ser humano que, para salvaguardar
direito seu ou de outrem, acaba lesando bem jurídico daquele que em nada contribuiu para a
situação de perigo.

Alternativa B incorreta.

Alternativa D: Para a teoria diferenciadora, se o bem jurídico sacrificado tiver um


valor menor ou igual ao bem jurídico protegido, haverá estado de necessidade como excludente
da ilicitude, denominado de estado de necessidade justificante. Por outro lado, se o bem
sacrificado tiver o valor maior do que o bem protegido, a doutrina denominará esta situação
de estado de necessidade exculpante, ou seja, há a exclusão da culpabilidade. É adotada no
Código Penal Militar.

Em outra senda, para a teoria unitária, adotada pelo nosso Código Penal, todo estado
de necessidade é justificante, ou seja, tem a finalidade de eliminar a ilicitude do fato típico
praticado pelo agente. Para essa teoria, não importa se o bem protegido pelo agente é de valor
superior ou igual àquele que está sofrendo a ofensa, uma vez que em ambas as situações o fato
será tratado sob a ótica das causas excludentes da ilicitude.

A alternativa D está incorreta.

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Alternativa E: Não é possível legítima defesa contra estado de necessidade, pois
quem age em estado de necessidade não pratica agressão injusta (ilícita).

Dessa forma, se dois náufragos se agridem pelo colete salva-vidas, ocorre estado de
necessidade x estado de necessidade, pois nenhuma das agressões é injusta.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

10 – QUESTÃO:

Sobre a dosimetria da pena, marque a alternativa que está de acordo o entendimento dos
tribunais superiores:

a) Condenações anteriores transitadas em julgado podem ser utilizadas como conduta social
desfavorável.
b) É possível a compensação entre institutos de fases distintas da dosimetria da pena.
c) O conhecimento da ilicitude pelo agente é suficiente para exasperar a pena-base.
d) A ausência de motivos para a prática do delito constitui fundamento apto para a majoração
da pena.
e) Se a confissão foi parcial e o juiz a considerou no momento da condenação, o magistrado
deverá fazer incidir a atenuante na fase da dosimetria da pena.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: A) Parte Geral - Dosimetria da pena.

- COMENTÁRIOS:

Segundo o art. 68 do CP, a pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59


deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por
último, as causas de diminuição e de aumento. Esse dispositivo consagra o sistema trifásico,
também denominado de sistema Nélson Hungria: a) 1ª fase: circunstâncias judiciais do art. 59,
CP; b) 2ª fase: agravantes e atenuantes; c) 3ª fase: causas de diminuição e aumento.

Na primeira fase da dosimetria da pena as circunstâncias judiciais a serem observadas


pelo juiz são: culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivos
do crime, circunstâncias do crime, consequências do crime e comportamento da vítima.

Na segunda fase, o magistrado irá analisar as atenuantes ou agravantes, a fim de


verificar quais se fazem presentes no caso concreto. É preciso ressaltar que, à medida que o

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julgador avança na dosimetria, sua liberdade diminui. Tanto assim que o Código proclama, no
caput dos arts. 61 (agravantes genéricas) e 65 (atenuantes genéricas), que tais circunstâncias
são de aplicação obrigatória. Deve-se lembrar que uma agravante ou atenuante deixará de ser
aplicada quando constituir o crime ou figurar como elementar, qualificadora, privilégio, causa
de aumento ou redução de pena (sob pena de produzir-se bis in idem).

Por fim, o juiz, na terceira fase, faz incidir as causas de aumento e diminuição e,
com isto, estabelecer a pena definitiva. Somente nessa fase a pena poderá ser fixada abaixo
do mínimo ou acima do máximo abstratamente cominado ao delito. As causas de aumento
ou diminuição da pena encontram-se tanto na Parte Geral (causas gerais) quanto na Parte
Especial (causas especiais).

Alternativa A: A circunstância judicial “conduta social”, prevista no art. 59 do Código


Penal, representa o comportamento do agente no meio familiar, no ambiente de trabalho e no
relacionamento com outros indivíduos.

Para o STF (RHC 130132) e STJ (HC 475436/PE), os antecedentes sociais do réu não se
confundem com os seus antecedentes criminais. São circunstâncias distintas, com regramen-
tos próprios. Assim, não se mostra correto o magistrado utilizar as condenações anteriores tran-
sitadas em julgado como “conduta social desfavorável”.

Com efeito, não é possível a utilização de condenações anteriores com trânsito em


julgado como fundamento para negativar a conduta social.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: Segundo o STJ (AgRg no HC 447.785/SC), em observância ao critério


trifásico estabelecido no art. 68 do Código Penal, as circunstâncias atenuantes não podem ser
compensadas com circunstâncias judiciais desfavoráveis ou causa de aumento de pena.

Para a Corte, a compensação é indevida, conforme inteligência do art. 68 do Código


Penal, tendo em vista que tais institutos jurídicos são valorados em fases distintas da dosime-
tria.

Alternativa B incorreta.

Alternativa C: O STJ (REsp 1474053/AL) entende que o fato de o agente ter agido
“com plena consciência” não justifica a exasperação da pena-base, porquanto a potencial
consciência da ilicitude diz respeito à culpabilidade em sentido estrito, assim definida como
elemento integrante da estrutura do crime, em sua concepção tripartida, e não à culpabilidade
em sentido lato, a qual se refere à maior ou à menor reprovabilidade do agente pela conduta
delituosa praticada.

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Destarte, o conhecimento da ilicitude pelo agente não é suficiente para exasperar
a pena-base, tendo em vista que tal conhecimento constitui elemento da culpabilidade em
sentido estrito, sendo parte integrante da estrutura do crime.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: A simples falta de motivos para o delito não constitui fundamento


idôneo para o incremento da pena-base ante a consideração desfavorável da circunstância
judicial, que exige a indicação concreta de motivação vil para a prática delituosa.

Nessa senda, o STJ (AgRg no REsp 1500747/TO) assenta que a ausência de motivos para
a prática do delito não constitui fundamento apto para a majoração da pena, sendo necessária
a indicação de um fato concreto que justifique a consideração da circunstância desfavorável.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: Na confissão parcial, o réu confessa apenas parcialmente os fatos


narrados na denúncia. Ex.: réu foi acusado de furto qualificado; confessa a prática do furto, mas
nega a qualificadora do emprego de chave falsa.

Nesse caso, o STJ (HC 217683/SP) entende que se a confissão, ainda que parcial,
serviu de suporte para a condenação, ela deverá ser utilizada como atenuante (art. 65, III, “d”,
do CP) no momento de dosimetria da pena.

A alternativa E está correta.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

11 – QUESTÃO:

Sobre a desistência voluntária e o arrependimento eficaz, assinale a alternativa correta:

a) A desistência voluntária ocorre nos casos em que o agente, após a execução, mas antes da
consumação do crime, desiste de prosseguir na execução do crime.
b) Na desistência voluntária, basta que a conduta seja voluntária.
c) Prevalece que a desistência voluntária e o arrependimento eficaz são causas de exclusão
da culpabilidade.
d) O arrependimento eficaz é considerado causa de diminuição de pena.
e) No arrependimento eficaz, o agente abandona a execução do crime quando ainda lhe
sobrava, do ponto de vista objetivo, uma margem de ação.

- RESPOSTA: Alternativa B.

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- PONTO DO EDITAL: A) Parte Geral - Desistência voluntária e arrependimento posterior.

- COMENTÁRIOS:

A desistência voluntária e arrependimento eficaz são denominados de tentativa


abandonada. Na tentativa, o resultado não acontece por circunstâncias alheias à vontade do
agente. Na tentativa abandonada, o resultado não ocorre pela vontade do agente, que impede
a consumação do delito.

Tanto na desistência voluntária quanto no arrependimento eficaz, o sujeito só


responderá pelos atos até então praticados. Nos dois institutos, existe a chamada ponte de
ouro, razão pela qual, se o indivíduo estiver no caminho do ilícito, poderá tomar o caminho de
ouro, da licitude.

Alternativa A: Na desistência voluntária, o agente, antes de praticar todos os atos


executórios, desiste de prosseguir na execução do crime. Nesse caso, responderá apenas pelos
atos já praticados.

Com efeito, o agente desiste voluntariamente de prosseguir nos atos executórios e


não ocorre a consumação do crime inicialmente almejado. Na alternativa, ocorre, na verdade, a
configuração do arrependimento eficaz.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: Como destaca Rogério Greco (2017), impõe a lei penal que a desistên-
cia seja voluntária, mas não espontânea. Isso quer dizer que não importa se a ideia de desistir
no prosseguimento da execução criminosa partiu do agente, ou se foi ele induzido a isso por cir-
cunstâncias externas que, se deixadas de lado, não o impediriam de consumar a infração penal.

Nessa senda, a desistência voluntária não precisa ser espontânea, devendo apenas
ser voluntária. Isto é, não precisa que a ideia parta do agente.

Alternativa B está correta.

Alternativa C: Existe discussão doutrinária sobre a natureza jurídica dos institutos.


Para Nelson Hungria e Zaffaroni, devem ser consideradas causas pessoais extintivas da
punibilidade.

Em outra senda, Roxin defende que os institutos são causas de exclusão da


culpabilidade.

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Por fim, uma terceira corrente, defendida por Fragoso, Damásio e Rogério Greco,
entende que os institutos são causas de exclusão da tipicidade. Para os autores, a tentativa
de um crime é punida em razão da norma de extensão (art. 14, II). Na hipótese do art. 15, essa
norma de extensão está sendo afastada, de sorte que também estará afastada a tipicidade
da tentativa. Ou seja, não haverá adequação típica indireta ou mediata. No Brasil, trata-se da
posição dominante na jurisprudência e a mais aceita nas provas de concurso público.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: Como delineado no item anterior, a desistência voluntária é


considerada, de forma majoritária, como causa de exclusão da tipicidade.

O instituto descrito na alternativa é o arrependimento posterior. O art. 16 do CP


estabelece que nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano
ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente,
a pena será reduzida de 1/3 a 2/3. Tem, portanto, natureza jurídica de causa de diminuição de
pena.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: No arrependimento eficaz, a execução do crime já se encerrou, mas


o agente adota providências para impedir a consumação. Portanto, diferente do afirmado na
alternativa, o agente esgota a fase de execução, mas pratica novo ato para evitar a consumação.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

12 – QUESTÃO:

Sobre as causas extintivas da punibilidade, assinale a alternativa falsa:

a) A perempção incide somente sobre as ações penais privadas, desde que exclusiva ou
personalíssima.
b) A anistia se dá por meio de lei aprovada pelo Congresso Nacional. Cessam os efeitos penais,
mas permanecem os efeitos civis da sentença.
c) A graça é concedida pelo Presidente da República, excluindo o crime e fazendo desaparecer
suas consequências penais.
d) O prazo para oferecimento da queixa-crime e da representação é de 6 (seis) meses, a contar
do dia em que a vítima tomou conhecimento de quem foi o autor do fato criminoso.
e) Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos
outros, a agravação da pena resultante da conexão.

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: A) Parte Geral - Causas extintivas da punibilidade.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Perempção é uma sanção processual ao sujeito que se mostra inerte


e desidioso. A perempção incide somente sobre as ações penais privadas, somente recaindo
sobre a ação penal privada exclusiva ou sobre a ação penal privada personalíssima.

No caso de ação penal privada subsidiária da pública, a inércia do querelante acarre-


ta a retomada da titularidade da ação por parte do Ministério Público.

Alternativa A está correta.

Alternativa B: A anistia é direcionada para crimes políticos, albergando, excepcional-


mente, crimes comuns. Além disso, ela envolve fatos, não pessoas, embora possa estabelecer
determinados requisitos ao infrator.

Pode ser dividida em própria, quando concedida anteriormente à condenação, e im-


própria, na hipótese em que sua concessão opera-se após a sentença condenatória. Pode ser
também condicionada ou incondicionada, conforme esteja ou não sujeita a condições para sua
aceitação.

Segundo Rogério Sanches (2016), na anistia o Estado, por meio de lei penal, devi-
damente discutida no Congresso Nacional e sancionada pelo executivo federal, por razões de
clemência, política, social etc., esquece um fato criminoso, apagando seus efeitos penais (prin-
cipais e secundários).

Com efeito, os efeitos extrapenais são mantidos, permanecendo os efeitos civis da


sentença.

Alternativa B está correta.

Alternativa C: A graça é um benefício concedido a uma pessoa determinada. A


doutrina também a denomina de indulto individual.

É concedida por decreto do Presidente da República. Diferente da anistia, a graça diz


respeito a pessoas e não a fatos.

A graça tem como efeito extinguir a pena (efeito principal da condenação). Todavia,
diferente do afirmado na alternativa, os efeitos secundários (penais e extrapenais) da sentença
penal condenatória irrecorrível permanecem.

29
:

C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: Segundo Rogério Greco (2017), a decadência é o instituto jurídico


mediante o qual a vítima, ou quem tenha qualidade para representá-la, perde o seu direito de
queixa ou de representação em virtude do decurso de um certo espaço de tempo.

O sujeito, nesse tempo, deveria ter oferecido queixa-crime ou apresentado


representação, mas como não o fez, foi extinta a punibilidade. O prazo para oferecimento
da queixa-crime e da representação é de 6 meses, a contar do dia em que a vítima tomou
conhecimento de quem foi o autor do fato criminoso, conforme previsão do art. 103, do CP.

Art. 103. Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do


direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo
de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor
do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se
esgota o prazo para oferecimento da denúncia.

A alternativa D está correta.

Alternativa E: Crime conexo é o praticado para assegurar a execução, a ocultação, a


impunidade ou a vantagem de outro crime.

Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto


aos outros, a agravação da pena resultante da conexão, conforme dispõe o art. 108, do CP.
Exemplo: se um homicídio for praticado para assegurar a execução de outro crime, a extinção
da punibilidade com relação a este crime não impede o reconhecimento da qualificadora do
homicídio relativa à conexão (CP, art. 121, § 2º, V).

A alternativa E está correta.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

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13 – QUESTÃO:

Sobre o instituto da suspensão condicional da pena, marque a alternativa correta:

a) O Brasil adotou o sistema franco-belga para a suspensão condicional da pena.


b) A suspensão poderá ser revogada se, no curso do prazo, o beneficiário, frustra, embora
solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do
dano.
c) A condenação anterior a pena de multa impede a concessão do sursis.
d) A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa,
por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de sessenta anos de idade.
e) Se o agente for condenado à pena privativa de liberdade durante o período de prova, o juiz
é obrigado a revogar o sursis.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: A) Parte Geral – Suspensão condicional da pena.

- COMENTÁRIOS:

A suspensão condicional da pena é um instituto de política criminal. A ideia é


suspender a execução da pena privativa de liberdade, o condenado tem suspensa a execução
da pena, ficando submetido a determinadas condições, a fim de conferir a ele a liberdade, sendo
denominado este período de período de prova. O magistrado é obrigado a suspender a pena se
estiverem presentes os requisitos. Trata-se de um direito público subjetivo.

Alternativa A: No estudo do sursis¸ temos três sistemas:

Sistema anglo-americano (probation sistem): o réu fica submetido ao período de


prova, após o reconhecimento de sua responsabilidade penal, mas sem que tenha sido imposta
a ele determinada pena. Descumprindo as condições, o julgamento é retomado, a fim de esta-
belecer a pena privativa de liberdade. Não é contemplado no ordenamento jurídico brasileiro.

Sistema do probation of first offender act: é o adotado no âmbito dos juizados es-
peciais criminais, quando a pena fixada não ultrapassa um ano. Estabelece que haverá a sus-
pensão da ação penal, inclusive antes de se reconhecer a responsabilidade penal do réu. Há a
imposição de determinadas condições, as quais, não sendo cumpridas, gerará a retomada do
processo. É adotado para a suspensão condicional do processo. A suspensão é condicional, eis
que o sujeito fica submetido a determinadas condições. Não cumprindo as condições, é possí-
vel a retomada do processo (e não do julgamento), no qual já foi oferecida a denúncia e recebi-
da pelo magistrado anteriormente.

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C U RSO PARA A
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MP-SP
Sistema franco-belga: é o sistema adotado no Código Penal. O sujeito é condenado e
imposta uma pena privativa de liberdade, sendo que, em momento posterior, haverá a suspen-
são da pena, fixando o juiz certas condições, às quais o condenado deve se submeter. Caso não
as observe, poderá cumprir a pena privativa de liberdade. Desta feita, ordenamento brasileiro
adota o sistema franco-belga para a suspensão condicional da pena.

Alternativa A está correta.

Alternativa B: A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: a) é


condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; b) frustra, embora solvente, a execução
de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; c) Descumpre a
condição do § 1º do artigo 78 deste Código (prestação de serviços à comunidade ou limitação de
fim de semana). Trata-se de revogação obrigatória. Dessa forma, se preenchidos os requisitos,
a aplicação é obrigatória (direito subjetivo do condenado).

Art. 81. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:


I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua,
sem motivo justificado, a reparação do dano;
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código.

Por outro lado, poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra
condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção,
a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. No caso de revogação facultativa, o juiz
também poderá optar: a) pela revogação; b) por nova advertência; c) por prorrogar o período
de prova até o máximo; ou d) por exacerbar as condições impostas (neste caso, fixa outras
condições). Trata-se da revogação facultativa.

Art. 81. (...).


§1º A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre
qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado,
por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade
ou restritiva de direitos.

Nessa senda, se, no curso do prazo, o beneficiário, frustra, embora solvente, a exe-
cução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano, haverá a
revogação obrigatória do sursis.

Alternativa B está incorreta.

Alternativa C: O art. 77, I, do CP prevê, como um dos requisitos, que o condenado


não seja reincidente em crime doloso. Por sua vez, o art. 77, § 1º, dispõe que a condenação
anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.

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C U RSO PARA A
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Nessa senda, a Súmula 499 dispõe que:

Súmula 499: Não obsta à concessão do sursis a condenação anterior à


pena de multa.

Destarte, a pena de multa anteriormente imposta não impede que seja concedida a
suspensão.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: No sursis etário, a execução da pena privativa de liberdade, não


superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado
seja maior de setenta anos de idade.

Art. 77. (...).


§ 2º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro
anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado
seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a
suspensão.

O sursis etário é conferido às pessoas maiores de 70 anos, idade essa diferente do


Estatuto do Idoso, razão pela qual nem todo idoso será beneficiário.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: A condenação que provoca a revogação obrigatória do sursis é aquela


que se dá em sentença irrecorrível por crime doloso.

Art. 77. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois)


anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (...)

Desta feita, não basta que seja imposta pena privativa de liberdade.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

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14 – QUESTÃO:

Considerando o entendimento do STJ com relação aos crimes contra a administração pública,
assinale a alternativa correta:

a) O depositário judicial é funcionário público para fins penais.


b) A obtenção de lucro fácil e a cobiça podem ser utilizadas na apreciação das circunstâncias
judiciais para justificar a elevação da pena-base nos crimes de concussão e corrupção passiva.
c) O crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a vantagem indevida esteja relacionada
com atos que formalmente não se inserem nas atribuições do funcionário público.
d) O advogado dativo não pode ser considerado funcionário público por equiparação para
fins penais.
e) O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: A) Parte Especial - Crimes contra a Administração Pública.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Segundo o art. 327 do Código Penal, considera-se funcionário público,


para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, em-
prego ou função pública. Trata-se de uma norma penal explicativa.

Segundo Guilherme Nucci (2013), cargo é o posto criado por lei na estrutura hierár-
quica da Administração Pública, com denominação e padrão de vencimentos próprios, ocupa-
do por servidor com vínculo estatutário (ex.: cargo de delegado de polícia, de oficial de justiça,
de auditor da receita etc.).

No caso do depositário judicial, o STJ (HC 402949-SP) entendeu que a conduta do de-
positário judicial que vende os bens sob sua guarda não comete o crime de peculato, pois não
é funcionário público e não ocupa cargo público. Para a Corte, o depositário judicial não ocupa
cargo criado por lei, não recebe vencimento nem tem vínculo estatutário. Ademais, não ocupa
emprego público nem função pública. Trata-se, na verdade, de um auxiliar do juízo que fica com
o encargo de cuidar de bem litigioso.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: Segundo o art. 316, constitui crime de concussão a conduta de exigir,


para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-
-la, mas em razão dela, vantagem indevida.

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A corrupção passiva, por sua vez, está prevista no art. 317, dispondo que constitui
crime a conduta de solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar
promessa de tal vantagem.

Para o STJ (EDv nos EREsp 1196136-RO), no exame das circunstâncias judiciais envol-
vendo a prática dos crimes de concussão e corrupção passiva, a ganância, cobiça e a intenção
de obter lucro fácil constituem elementares dos delitos, não podendo, assim, serem utilizadas
novamente na apreciação das circunstâncias judiciais para justificar a elevação da pena-base.

Alternativa B está incorreta.

Alternativa C: No crime de corrupção passiva, a consumação do delito demanda


apenas que o agente público solicite, receba ou aceite a promessa de vantagem indevida em
razão da função por ele ocupada. Para fins de consumação, é absolutamente indiferente se, em
razão da vantagem, o agente retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício.

Nessa senda, o STJ (REsp 1745410-SP) decidiu que a expressão “ato de ofício” no
crime de corrupção passiva figura apenas na majorante do art. 317, § 1º, do CP e na modalidade
privilegiada do § 2º do mesmo dispositivo, o que reforça a ideia de que o caput do art. 317 do
CP não exige ato de ofício.

Com efeito, o crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a solicitação


ou recebimento de vantagem indevida, ou a aceitação da promessa de tal vantagem, esteja
relacionada com atos que formalmente não se inserem nas atribuições do funcionário público,
mas que, em razão da função pública, materialmente implicam alguma forma de facilitação da
prática da conduta almejada.

A alternativa C está correta.

Alternativa D: Como destacado anteriormente, considera-se funcionário público,


para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
emprego ou função pública. Trata-se de uma norma penal explicativa.

Para o STJ (RHC 33.133/SC), embora não sejam servidores públicos propriamente
ditos, pois não são membros da Defensoria Pública, os advogados dativos, nomeados para
exercer a defesa de acusado necessitado nos locais onde o referido órgão não se encontra
instituído, são considerados funcionários públicos para fins penais, nos termos do art. 327
do Código Penal, razão pela qual tendo, na qualidade de advogado dativo, exigido, para si,
vantagem indevida da vítima, impossível considerar sua conduta atípica.

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Desta feita, o advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público,
atua de forma remunerada em defesa dos agraciados com o benefício da Justiça Pública,
enquadra-se no conceito de funcionário público para fins penais.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: Segundo o STJ, os crimes contra a Administração Pública têm


como objetivo resguardar não apenas o aspecto patrimonial, mas, principalmente, a moral
administrativa. Logo, mesmo que o valor do prejuízo seja insignificante, deverá haver a sanção
penal considerando que houve uma afronta à moralidade administrativa, que é insuscetível de
valoração econômica.

Nessa senda, o STJ editou a Súmula 599, assentando que o princípio da insignificância
é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.

Cumpre frisar que, para o STF, a prática de crime contra a Administração Pública,
por si só, não inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância, devendo haver uma análise
do caso concreto para se examinar se incide ou não o referido postulado. Como a alternativa
refere-se ao entendimento do STJ, a alternativa deve ser considerada incorreta.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

15 – QUESTÃO:

Em relação à lei n° 9.503/1997, que trata dos crimes de trânsito, são circunstâncias que
sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a
infração, exceto:

a) Com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo;


b) Utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que
afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade
prescritos nas especificações do fabricante.
c) Utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas.
d) Com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação vencida.
e) Com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano
patrimonial a terceiros.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: C) (...). 13. Crimes de trânsito.

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- COMENTÁRIOS:

O CTB, em seu art. 291, caput, prevê a aplicação subsidiária, aos crimes cometidos
na direção de veículo automotor, das normas gerais do Código Penal e do Código de Processo
Penal, bem como da Lei n. 9.099/95, no que couber. O §1º trata da aplicabilidade, ao CTB, das
medidas despenalizadoras previstas nos arts. 74 (composição civil dos danos), 76 (transação
penal), com as ressalvas contidas nos incisos, caso em que deverá ser instaurado o Inquérito
Policial (§2º).

O art. 298, do CTB, prevê que são circunstâncias que sempre agravam as penalidades
dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração: a) com dano potencial para
duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros; b) utilizando o
veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas; c) sem possuir Permissão para Dirigir ou
Carteira de Habilitação; d) com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria
diferente da do veículo; d) quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com
o transporte de passageiros ou de carga; e) utilizando veículo em que tenham sido adulterados
equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de
acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante; f) sobre faixa
de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres.

Alternativa A: Segundo o art. 298, IV, do CTB, é considerada circunstância agravante


o condutor do veículo dirigir com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria
diferente da do veículo.

Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos cri-
mes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria
diferente da do veículo.

Segundo Paulo Baltazar (2018), o ato de conduzir veículo com permissão ou habili-
tação de categoria diversa, gerando perigo de dano, caracteriza, por si só, o crime do art. 309,
e, portanto, a agravante em tela não se aplica a ele. Em relação aos demais delitos do Código, a
regra tem aplicação.

Alternativa A está correta.

Alternativa B: Conforme previsão do art. 298, VI, do CTB, utilizar veículo em que te-
nham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu
funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabri-
cante, é considerada circunstância agravante.

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C U RSO PARA A
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MP-SP
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos cri-
mes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos
ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento
de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do
fabricante.

Alternativa B está correta.

Alternativa C: Dentre as circunstâncias agravante no âmbito da Lei n° 9.503/1997, tem


a conduta de conduzir veículo utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas.

Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos cri-
mes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:
II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas.

Essa agravante só se faz presente quando não é o autor da infração quem falsificou ou
adulterou a placa. Se foi o indivíduo que alterou ou falsificou a placa, há o crime de trânsito em
concurso material com o crime do art. 311 do CP (adulteração de sinal identificador de veículo
automotor).

A alternativa C está correta.

Alternativa D: Cometer o crime de trânsito com Permissão para Dirigir ou Carteira de


Habilitação vencida não constitui circunstância agravante. Trata-se, na realidade, de infração
de trânsito de natureza gravíssima.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: Cometer a infração com dano potencial para 2 ou mais pessoas ou com
grande risco de grave dano patrimonial a terceiros é considerada circunstância agravante.

Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos cri-
mes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de
grave dano patrimonial a terceiros.

A expressão dano potencial equivale a perigo.

A alternativa E está correta.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL


PROFA. TALLITA SAMPAIO

16 – QUESTÃO:

Sobre o tema “Prisões”, assinale a alternativa correta:

a) É possível a substituição da prisão preventiva pela domiciliar quando a mulher presa for
reincidente.
b) O excesso de prazo para conclusão do Inquérito Policial de investigado preso
preventivamente, excesso este não respaldado pelas circunstâncias do caso concreto,
autoriza a revogação da prisão, sem prejuízo da continuidade da persecução criminal.
c) A prisão preventiva é cabível para os crimes punidos com pena privativa de liberdade
máxima superior a 4 (quatro) anos.
d) Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva
decretada pelo juiz, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do
assistente, ou por representação da autoridade policial. 
e) Os atos infracionais praticados não servem como antecedentes penais para se aferir
se existe risco à garantia da ordem pública com a liberdade do acusado, requisito para a
decretação da prisão preventiva.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: 9. Prisão e medidas cautelares pessoais alternativas à prisão.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: O CPP não afasta a prisão domiciliar caso a mulher seja reincidente:

Art. 318-A.  A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe
ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída
por prisão domiciliar, desde que: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018).
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a
pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018).
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.      

Igualmente, o STF, no Info 801, decidiu que o simples fato de a mulher ser reincidente
não faz com que ela perca o direito à prisão domiciliar. Quando a detida for tecnicamente
reincidente, o juiz deverá decidir de acordo com as circunstâncias do caso concreto, mas sempre
tendo por norte os princípios e as regras acima enunciadas, observando, ademais, a diretriz de
excepcionalidade da prisão.

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MP-SP
Alternativa B: Como é cediço, uma das características do Inquérito Policial é
a temporariedade (tem prazo certo para finalizar). Quanto às consequências relativas à
inobservância desse prazo para a conclusão do inquérito policial, entende-se que, no caso
de investigado solto, o prazo é impróprio, pois sua inobservância não produz qualquer
consequência. Já no caso do investigado preso, eventual atraso de poucos dias não gera
qualquer ilegalidade. Mas, se restar caracterizado um excesso abusivo, não respaldado pelas
circunstâncias do caso concreto (complexidade das investigações e pluralidade de investigados),
impõe-se o relaxamento da prisão, sem prejuízo da persecução criminal.

Perceba, portanto, que o excesso de prazo é causa de RELAXAMENTO da prisão (pois


esta se torna ilegal), e não de REVOGAÇÃO (esta deve ocorrer quando desaparecem os motivos
ensejadores da prisão preventiva).

Alternativa C: CUIDADO: a prisão preventiva é cabível apenas para os crimes dolosos


(e a alternativa falou apenas em crimes).

Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação
da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima
superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art.
64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher,
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para
garantir a execução das medidas protetivas de urgência; (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011).

Alternativa D: De acordo com o art. 311 do CPP, caberá a prisão preventiva decretada
pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, o que permite concluir, a contrario sensu, que
referida medida cautelar não poderá ser decretada de ofício na fase investigatória. Portanto,
alternativa se tornou errada por ter retirado a expressão “se no curso da ação penal”.

Art. 311.  Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal,


caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da
ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou
do assistente, ou por representação da autoridade policial. 

Alternativa E: Os atos infracionais não podem ser considerados como antecedentes


penais, já que ato infracional não é crime e medida socioeducativa não é pena.

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C U RSO PARA A
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MP-SP
Apesar disso, a prática de atos infracionais anteriores serve para justificar a decretação
ou manutenção da prisão preventiva como garantia da ordem pública, considerando que
indicam que a personalidade do agente é voltada à criminalidade, havendo fundado receio de
reiteração.
STJ. 5ª Turma. RHC 47.671-MS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 18/12/2014 (Info 554).
STJ. 3ª Seção. RHC 63.855-MG, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
11/05/2016.

Vale ressaltar, porém, que não é qualquer ato infracional, em qualquer circunstância,
que pode ser utilizado para caracterizar a periculosidade e justificar a prisão antes da sentença.
Para tanto, foram estabelecidos alguns critérios (condições).

Para saber se o ato infracional é idôneo ou não para ser levado em consideração
no momento da decretação/manutenção da prisão preventiva, a autoridade judicial deverá
examinar três condições:

a) a gravidade específica do ato infracional cometido (independentemente de


equivaler a crime considerado em abstrato como grave);
b) o tempo decorrido entre o ato infracional e o crime em razão do qual é decretada
a preventiva; e
c) a comprovação efetiva da ocorrência do ato infracional.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

17 – QUESTÃO:

Acerca da conexão e continência, é correto afirmar que:

a) O concurso formal de crimes não configura hipótese de conexão.


b) Se dois grupos rivais combinarem entre si uma briga em determinado ponto da cidade, os
diversos crimes de lesões corporais estarão vinculados em razão da conexão intersubjetiva
por simultaneidade.
c) Quando o agente mata o segurança para facilitar o sequestro da vítima, há conexão
instrumental entre o crime de homicídio e o de sequestro.
d) Se dois agentes praticarem um crime de homicídio, há conexão intersubjetiva.
e) Nas hipóteses de crime continuado, a competência será determinada pela continência.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: 4. Jurisdição e Competência.

- COMENTÁRIOS:

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É importante ler os arts Art. 76 e 77 do CPP.

Art. 76. A competência será determinada pela conexão:


I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao
mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em
concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas
contra as outras;
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar
ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em
relação a qualquer delas;
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias
elementares influir na prova de outra infração.

Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:


I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração (CHAMADA
DE CONTINÊNCIA POR CUMULAÇÃO SUBJETIVA)
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, §
1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal (CHAMADA DE CONTINÊNCIA
POR CUMULAÇÃO OBJETIVA)

A conexão existe quando há interligação entre dois ou mais delitos, que por isso
devem ser julgados no mesmo processo. Divide-se em:

a) conexão intersubjetiva: quando dois ou mais crimes são praticados por duas ou
mais pessoas. Subdivide-se em:

a.1) conexão intersubjetiva por simultaneidade: a conexão se estabelece porque


os crimes ocorrem nas mesmas circunstâncias de tempo e espaço, sendo que os
infratores não estavam previamente acordados.
a.2) conexão intersubjetiva concursal: neste caso, os infratores estavam previamente
acordados.
a.3) conexão intersubjetiva por reciprocidade: os crimes se conectam pelo fato de
os infratores agirem uns contra os outros. O crime de rixa não se enquadra nessa
hipótese, pois caracteriza crime único, e a conexão exige mais de um crime.

b) conexão lógica, teleológica ou finalista: nela, o crime é praticado para levar vanta-
gem, criar impunidade ou ocultar outro delito.

c) conexão instrumental ou probatória: nesta, a prova da existência de um crime é


fundamental para demonstrar que um outro delito ocorreu.

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Alternativa A: Essa é a alternativa correta. O concurso formal de crimes configura
hipótese de continência por cumulação objetiva.

O CPP, ao tratar da continência no art. 77, II, faz referência aos artigos 51, § 1o, 53,
segunda parte, e 54 do Código Penal, que atualmente não se referem à concurso de crimes. Ocorre
que o CPP foi escrito há muito tempo atrás, quando a redação do CP era outra. Esses artigos,
em verdade, são os atuais art. 70, 73 segunda parte e 74 segunda parte), que correspondem ao
concurso formal de crimes, aberratio ictus ou erro na execução e aberratio delicti ou resultado
diverso do pretendido. São essas, pois, as hipóteses de continência por cumulação objetiva.

Alternativa B: Incorreta, pois nesse caso há conexão intersubjetiva por reciprocidade,


uma vez que os crimes se conectam pelo fato de os infratores agirem uns contra os outros.

Alternativa C: Incorreta, pois quando um crime é cometido para facilitar a execução


de outro crime, há a conexão objetiva teleológica. A conexão instrumental, por sua vez, existe
quando A PROVA de um crime influencia na existência do outro.

Alternativa D: Nesse caso, há continência por cumulação subjetiva, e não conexão


intersubjetiva. A diferença é a seguinte: na continência, são várias pessoas e um único crime; na
conexão, são vários crimes e várias pessoas.

Alternativa E: Incorreta, pois nas hipóteses de crime continuado, a competência não


será determinada pela conexão, nem pela continência, mas sim pela prevenção, nos termos do
art. 71 do CPP.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

18 – QUESTÃO:

Sobre o procedimento de investigação criminal, é incorreto afirmar que:

a) O procedimento investigatório criminal é condição de procedibilidade para a ação penal.


b) O membro do Ministério Público, no exercício de suas atribuições criminais, deverá dar
andamento, no prazo de 30 (trinta) dias a contar de seu recebimento, às representações,
requerimentos, petições e peças de informação que lhes sejam encaminhadas, podendo este
prazo ser prorrogado, fundamentadamente, por mais 30 (trinta) dias, nos casos em que sejam
necessárias diligências preliminares para a investigação dos fatos para formar juízo de valor.
c) O procedimento investigatório criminal é instrumento sumário e desburocratizado de
natureza administrativa e investigatória, instaurado e presidido apenas pelo membro do
Ministério Público que tenha atribuição criminal, e terá como finalidade apurar a ocorrência
de infrações penais de iniciativa pública, servindo como preparação e embasamento para o
juízo de propositura, ou não, da respectiva ação penal.

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
d) Em poder de quaisquer peças de informação, o membro do Ministério Público poderá
encaminhar as peças para o Juizado Especial Criminal, caso a infração seja de menor potencial
ofensivo.
e) Sem prejuízo de outras providências inerentes à sua atribuição funcional e legalmente
previstas, o membro do Ministério Público, na condução das investigações, poderá
notificar testemunhas e vítimas e requisitar sua condução coercitiva, nos casos de ausência
injustificada.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 23. Procedimento investigatório criminal e acordo de não persecução


penal (Resolução nº 181/17, CNMP).

- COMENTÁRIOS:

Acerca da Investigação criminal pelo Ministério Público, ensina Renato Brasileiro, em


seu Manual de Direito Penal:

Muito se discute quanto à possibilidade de o Ministério Público realizar


investigações criminais.
Posição contrária à investigação pelo Ministério Público:
De um lado, parte da doutrina entende que ao Ministério Público não
foi conferida a atribuição de realizar investigações no âmbito criminal.
Entre outros fundamentos apontados por esses doutrinadores, podemos
citar:
1) a investigação pelo Parquet atenta contra o sistema acusatório, pois
cria um desequilíbrio na paridade de armas;
2) a Constituição Federal dotou o Ministério Público do poder de requisitar
diligências e a instauração de inquéritos policiais (art. 1 29, VIII), mas
não lhe conferiu o poder de realizar e presidir inquéritos policiais;
3) a atividade investigatória é exclusiva da Polícia Judiciária (CF, art. 1
44, § 1 °, IV, c/c art. 1 44, § 4°);
4) não há previsão legal de instrumento idôneo para a realização das
investigações pelo Ministério Público.

Posição favorável à investigação pelo Ministério Público:


Em sentido diverso, grande parte da doutrina tem admitido a
possibilidade de investigação pelo Ministério Público, sob os seguintes
argumentos:
1) Não há falar em violação ao sistema acusatório, nem tampouco à
paridade d e armas, porquanto os elementos colhidos pelo Ministério
Público terão o mesmo tratamento dispensado àqueles colhidos em

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PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
investigações policias: serão de mera informação preliminar, apenas a
servir de base para a denúncia, devendo ser ratificados judicialmente
sob crivo do contraditório e da ampla defesa, para embasamento da
eventual condenação de alguém;
2) Teoria dos poderes implícitos: segundo essa teoria, nascida na
Suprema Corte dos EUA, no precedente Me CulloCh vs. Maryland
(1819), a Constituição, ao conceder uma atividade- fim a determinado
órgão ou instituição, culmina por, implicitamente e simultaneamente,
a ele também conceder todos os meios necessários para a consecução
daquele objetivo. Segundo o Juiz Black “tudo o que for necessário para
fazer efetiva alguma disposição constitucional, envolvendo proibição
ou restrição ou a garantia a um poder, deve ser julgado implícito e
entendido na própria disposição”.
Portanto, se a última palavra acerca de um fato criminoso cabe ao
Ministério Público, porquanto é ele o titular da ação penal pública (CF,
art. 1 29, inc. I), deve-se outorgar a ele todos os meios para firmar seu
convencimento, aí incluída a possibilidade de realizar investigações
criminais, sob pena de não se lhe garantir o meio idôneo para realizar a
persecução criminal, ao menos em relação a certos tipos de delito;
3) A Constituição Federal confere à Polícia Federal a exclusividade
do exercício das funções de Polícia Judiciária da União, mas funções
de polícia judiciária não se confundem com funções de polícia
investigativa. Por polícia investigativa compreendem-se as atribuições
ligadas à colheita de elementos informativos quanto à autoria e
materialidade das infrações penais. A expressão polícia judiciária está
relacionada às atribuições de auxiliar o Poder Judiciário, cumprindo as
ordens judiciárias relativas à execução de mandado de prisão/ busca e
apreensão, à condução coercitiva de testemunhas, etc. Apesar do teor
do art. 4° do CPP, segundo o qual a polícia judiciária tem por objeto a
apuração das infrações penais e da autoria, essa terminologia não foi
recepcionada pela Constituição Federal. Basta perceber que a própria
Constituição Federal, ao se referir às atribuições da Polícia Federal,
diferencia as funções de polícia investigativa (CF, art. 1 44, § 1 °, incisos
I e II) das funções de polícia judiciária (CF, art. 1 44, § 1 °, inciso IV), o
que também se dá quando se refere às polícias civis, às quais incumbem
as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais.
Portanto, estabelecida a distinção noções de polícia judiciária e funções
de polícia investigativa, fica claro que apenas a primeira foi conferida
com exclusividade à Polícia Federal e à Polícia Civil. As atribuições
investigatórias, todavia, poderão ser exercidas por outras autoridades
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função, tal qual
dispõe o art. 4°, parágrafo único, do CPP.

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C U RSO PARA A
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MP-SP
4) A possibilidade de o Ministério Público investigar pode ser extraída de
diversos dispositivos constitucionais e legais.
No âmbito da Constituição Federal, além da titularidade da ação penal
pública (art. 129, I), convém ressaltar que também se estabelece como
função institucional do Ministério Público expedir notificações nos
procedimentos administrativos de sua competência, requisitando
informações e documentos para instruí-los, assim como requisitar
diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados
os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais (art. 129,
VI e VIII).
Por sua vez, a Lei Complementar no 75/93, nos arts. 7° e 8°, enumera
diversas atribuições do Ministério Público da União, destacando-se, dentre
elas, a possibilidade de instaurar inquérito civil e outros procedimentos
administrativos correlatos, requisitar diligências investigatórias e a
instauração de inquérito policial e de inquérito policial militar, podendo
acompanhá-los e apresentar provas, requisitar à autoridade competente
a instauração de procedimentos administrativos, notificar testemunhas
e requisitar sua condução coercitiva, no caso de ausência injustificada,
requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades
da Administração Pública direta ou indireta, requisitar da Administração
Pública serviços temporários de seus servidores e meios materiais
necessários para a realização de atividades específicas, requisitar
informações e documentos a entidades privadas, realizar inspeções e
diligências investigatórias, etc .
No mesmo rumo, a Lei da Ação Civil Pública (Lei n° 7 . 347 /85) prevê que
o Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito
civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou particular,
certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar,
o qual não poderá ser inferior a 1 O (dez) dias úteis. De seu turno, o
Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe que compete ao Ministério
Público instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e
determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de ilícitos
ou infrações às normas de proteção à infância e à j uventude (Lei n° 8 .
069/90, art. 201, VII). Dispositivo semelhante a este também pode ser
encontrado no Estatuto do Idoso (Lei n° 10. 74 1 /03, art. 74).

- Procedimento investigatório criminal.


Firmada a possibilidade de o Ministério Público presidir investigações
criminais, e tendo em conta que o órgão do Ministério Público não pode
presidir inquéritos policiais, discute-se acerca do instrumento a ser
utilizado para a realização das investigações pelo órgão ministerial.
O meio a ser usado pelo Parquet para a realização das investigações

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
é o procedimento investigatório criminal (PIC), o qual não exclui a
possibilidade de formalização de investigação por outros órgãos
legitimados da Administração Pública. Consiste o procedimento
investigatório criminal no instrumento de natureza administrativa
e inquisitorial, instaurado e presidido por um membro do MP, com
atribuição criminal, e terá como finalidade apurar a ocorrência de
infrações penais, de natureza pública, fornecendo elementos para
o oferecimento ou não da denúncia, estando regulamentado pela
Resolução n° 1 3 do Conselho Nacional do Ministério Público. 1 34
Esse procedimento poderá ser instaurado de oficio, por membro do
Ministério Público, no âmbito de suas atribuições criminais, ao tomar
conhecimento de infração penal, por qualquer meio, ainda que informal,
ou mediante provocação. Também poderá ser instaurado por grupo de
atuação especial composto por membros do Ministério Público. Essa
instauração deve se dar por portaria fundamentada, devidamente
registrada e autuada, com a indicação dos fatos a serem investigados e
deverá conter, sempre que possível, o nome e a qualificação do autor da
representação e a determinação das diligências iniciais.
Admitida a possibilidade de o Ministério Público presidir investigações
criminais através do procedimento investigatório criminal, é certo dizer
que, da mesma forma que se assegura ao advogado acesso aos autos do
inquérito policial, também se deve a ele assegurar o acesso aos autos
desse procedimento, sob pena de violação ao preceito do art. 5°, LXIII,
da Constituição Federal.
Dentre outras limitações, não pode o Ministério Público desrespeitar
o direito do investigado ao silêncio (nemo tenetur se detegere), nem
lhe ordenar a condução coercitiva, nem constrangê-lo a produzir
prova contra si próprio, nem lhe recusar o conhecimento das razões
motivadoras do procedimento investigatório, nem submetê-lo a medidas
suj e itas à reserva constitucional de jurisdição, nem impedi-lo de fazer-
se acompanhar de Advogado, nem impor, a este, indevidas restrições
ao regular desempenho de suas prerrogativas profissionais. 1 35 O
Ministério Público também não está autorizado a requisitar documentos
fiscais e bancários sigilosos diretamente ao Fisco e às instituições
financeiras, sob pena de violar os direitos e garantias constitucionais de
intimidade da vida privada dos cidadão s, já que tal medida somente é
válida quando precedida da devida autorização judicial.

Em 2015, o STF proferiu o seguinte entendimento:

O Ministério Público dispõe de competência para promover, por


autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza

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MP-SP
penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a
qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado,
observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva
constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais
de que se acham investidos, em nosso País, os Advogados (Lei 8.906/94,
artigo 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo
da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direito
– do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente
documentados (Súmula Vinculante 14), praticados pelos membros
dessa instituição.

O STF, portanto, estabeleceu parâmetros para a validade da instigação criminal pelo


Ministério Público, quais sejam:

1) Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos investigados;

2) Os atos investigatórios devem ser necessariamente documentados e praticados


por membros do MP;

3) Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição, ou


seja, determinadas diligências somente podem ser autorizadas pelo Poder Judiciário nos casos
em que a CF/88 assim exigir (ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário etc);

4) Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas por lei aos


advogados;

5) Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula vinculante 14 do STF (“É direito
do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”);

6) A investigação deve ser realizada dentro de prazo razoável;

7) Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao permanente controle


do Poder Judiciário.

Além da doutrina e da jurisprudência a respeito, é fundamental conhecer a Resolução


13 do CNMP.

Alternativa A: Nos termos do art. 1, Parágrafo primeiro da Res. 181 do CNMP:

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O procedimento investigatório criminal não é condição de procedibili-
dade ou pressuposto processual para o ajuizamento de ação penal e não
exclui a possibilidade de formalização de investigação por outros órgãos
legitimados da Administração Pública.

Alternativa B: De acordo com o art. 3, parág. 4 da Res. 181 do CNMP:

O membro do Ministério Público, no exercício de suas atribuições


criminais, deverá dar andamento, no prazo de 30 (trinta) dias a contar
de seu recebimento, às representações, requerimentos, petições e peças
de informação que lhes sejam encaminhadas, podendo este prazo ser
prorrogado, fundamentadamente, por até 90 (noventa) dias, nos casos
em que sejam necessárias diligências preliminares para a investigação
dos fatos para formar juízo de valor.

Alternativa C: Resposta correta.

Art. 1º O procedimento investigatório criminal é instrumento sumário e


desburocratizado de natureza administrativa e investigatória, instaurado
e presidido pelo membro do Ministério Público com atribuição criminal,
e terá como finalidade apurar a ocorrência de infrações penais de
iniciativa pública, servindo como preparação e embasamento para o
juízo de propositura, ou não, da respectiva ação penal. (Redação dada
pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)

Alternativa D: Correta. Resolução n° 181/2017, do CNMP,

Art. 2º Em poder de quaisquer peças de informação, o membro do


Ministério Público poderá:  III – encaminhar as peças para o Juizado
Especial Criminal, caso a infração seja de menor potencial ofensivo;

Alternativa E: Alternativa correta, conforme art. 7, IV da Res. 181/2017 do CNMP.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

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MP-SP
19 – QUESTÃO:

Sobre Revisão Criminal, assinale a alternativa correta:

a) No julgamento de Revisão Criminal, se, além de desconstituir a decisão impugnada, o


Tribunal proferir outra decisão em substituição àquela que foi rescindida, diz-se que houve
juízo rescindente.
b) A revisão criminal não é cabível para desconstituir sentença condenatória proferida pelo
Tribunal do Júri, porque violaria o princípio constitucional da soberania dos veredictos.
c) Para que a revisão criminal possa ser ajuizada, basta que tenha havido o trânsito em julgado
da sentença condenatória ou absolutória imprópria, sendo irrelevante o fato de ter havido ou
não o esgotamento dos recursos ordinários postos à disposição da defesa.
d) A revisão criminal poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente
habilitado ou pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do réu.
e) Só é cabível a revisão criminal da sentença condenatória, pois não é admitida o manejo
dessa ação pro societate.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: 19. Recursos e outros meios de impugnação.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: No julgamento da revisão criminal, se o Tribunal decidir desconstituir


a decisão impugnada, diz-se que houve juízo rescindente. Se, além de desconstituir a decisão
impugnada, o próprio Tribunal proferir outra decisão em substituição àquela que foi rescindida,
diz-se que houve juízo rescisório.

JUÍZO RESCINDENTE JUÍZO RESCISÓRIO


Haverá juízo  rescindente  quando Haverá juízo rescisório quando
o Tribunal desconstituir a decisão o Tribunal, após desconstituir a
impugnada.  decisão impugnada, proferir uma
nova decisão em substituição àquela
que foi rescindida. 

Julgando procedente a revisão (juízo rescindente), o Tribunal poderá (art. 626, CPP): 

- alterar a classificação da infração (juízo rescindente + juízo rescisório) 


- absolver o réu (juízo rescindente + juízo rescisório) 
- modificar a pena (juízo rescindente + juízo rescisório) ou 
- anular o processo (nesse caso, só haverá juízo rescindente porque o processo será
devolvido à 1ª instância onde lá será proferida nova sentença). 

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MP-SP
A alternativa está incorreta porque o correto seria juízo rescisório, e não rescindente.

Alternativa B: A condenação penal definitiva imposta pelo Júri também pode ser
desconstituída mediante revisão criminal, não lhe sendo oponível a cláusula constitucional da
soberania do veredicto do Conselho de Sentença. Esse é o entendimento do STJ, conforme se
vislumbra da ementa abaixo colacionada:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO


QUALIFICADO. JÚRI. REVISÃO CRIMINAL. ABSOLVIÇÃO. POSSIBILIDADE.
PONDERAÇÃO DE PRINCÍPIOS. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
PREVALÊNCIA SOBRE A SOBERANIA DOS VEREDITOS E COISA
JULGADA. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA
EXTENSÃO, NÃO PROVIDO.
1. Havendo o Tribunal de origem consignado que a solução
condenatória contrariou a evidência dos autos, inviável rever o
entendimento do Tribunal, porquanto importaria em reexame do
acervo fático-probatório dos autos, procedimento vedado em recurso
especial, por força do enunciado sumular n. 7 do Superior Tribunal de
Justiça.
2. Diante do conflito entre os princípios da soberania dos vereditos e da
dignidade da pessoa humana, ambos sujeitos à tutela constitucional,
cabe conferir prevalência a este, considerando-se a repugnância que
causa a condenação de um inocente por erro judiciário (REsp 964978/
SP).
3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, não
provido.
STJ, REsp 1050816/SP, Rel. Min. ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Julgado em
01/12/2016.

Ressalto que a alternativa apenas queria saber se cabe revisão criminal em face de
decisão proferida no âmbito do Tribunal do Júri, tendo em vista o princípio da soberania dos
veredictos. Ou seja, o enunciado não entrou no debate de qual juízo (rescisório ou rescindente,
ou ambos) pode ser realizado pelo órgão revisor.

Quanto ao juízo a ser feito pelo Tribunal ad quem por ocasião do julgamento da
revisão criminal, há quem entenda que ao Tribunal competente é conferida a possibilidade de
proceder ao juízo rescindente, consistente em desconstituir a sentença do Tribunal do Júri, e
juízo rescisório, consistente em substituir a decisão do júri por outra do próprio Tribunal de
segundo grau (Ada Pellegrini Grinover).

Em sentido diverso, parte da doutrina conclui que é possível apenas o juízo


rescindente, com a cassação da decisão e sujeição do acusado a novo julgamento pelo Júri para
que outro veredicto seja proferido (Nucci)

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MP-SP
A 5ª Turma do STJ decidiu que se o Tribunal de Justiça, ao julgar uma revisão
criminal, entender que a condenação do réu foi proferida de forma contrária à evidência dos
autos, ele poderá absolver diretamente o condenado, não sendo necessário que outro júri seja
realizado (REsp 964.978/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. p/ Acórdão Min. Adilson Vieira Macabu,
Desembargador Convocado do TJ/RJ, julgado em 14/08/2012, DJe 30/08/2012).

A Alternativa B está incorreta.

Alternativa C: Essa é a alternativa correta. Como já se pronunciou o STF, não há


necessidade de se impor, relativamente à matéria versada na revisão criminal, o instituto do
prequestionamento, notadamente em razão das alíneas I e II do art. 621 do CPP, que não fazem
qualquer exigência neste sentido.

Alternativa D: Possui legitimidade para propor revisão criminal: 

- Acusado/ Defensor;
- Morrendo o acusado e não tendo sido a ação ainda proposta, a legitimação é trans-
ferida para o cônjuge, ascendente, descendente e irmão (art. 623, CPP);
- Morrendo o acusado e já tendo sido a ação proposta, o juiz deve providenciar a no-
meação de um curador (art. 631, CPP);
- MP possui legitimação?

1ª Corrente: Não, o MP não pode oferecer a revisão criminal, ainda que em favor do
réu, por não constar no rol dos legitimados do art. 623 do CPP (NUCCI).

2ª Corrente: Apesar de não constar expressamente no rol do art. 623 do CPP, o MP


também tem legitimidade para ingressar com o pedido de revisão criminal, desde que o faça,
logicamente, em favor do réu (Renato Brasileiro, Néstor Távora, Paulo Rangel, Eugênio Pacelli.

O STF possui um julgado antigo afirmando que o Parquet não tem legitimidade ativa
para ingressar com pedido de revisão criminal (HC 80796-8/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Marco Auré-
lio, DJU 10/08/2001).

Legitimado Passivo: É o Estado ou da União, a depender do órgão jurisdicional que


prolatou a decisão impugnada. O Ministério Público intervirá como fiscal da lei.

Há quem entenda que a Fazenda Pública não deve ser citada para se defender no
âmbito da revisão criminal, já que o Ministério Público ocuparia o polo passivo da demanda,
representanto o interesse penal do Estado e o interesse civil da Fazenda Pública (Ada Pellegrino
Grinover, Antônio Magalhães Gomes Filho e Antônio Scarance).

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MP-SP
Todavia, segundo Renato Brasileiro, Néstor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar, o
Ministério Público não deve figurar no polo passivo da revisão criminal, pois a Constituição Fe-
deral, no seu art. 129, IX, parte final, veda a representação judicial e a consultoria jurídica de
entidades públicas por parta da instituição. Na verdade, o MP não é citado para contestar a de-
manda, atuando, na verdade, como fiscal da lei, prevendo o CPP a abertura de vista dos autos
para que se manifestar (art. 625, §5º).

A Alternativa D está incorreta.

Alternativa E: Interesse de Agir: Somente é possível ajuizar a revisão criminal quan-


do estiver diante de uma sentença condenatória ou absolutória imprópria com trânsito em
julgado. Quando o art. 621, caput, do CPP, utiliza-se da expressão processos findos, refere-se a
processos com sentenças passadas em julgado.

Na mesma linha, segundo o art. 625, §1º, do CPP, a revisão criminal deve ser instruída
com a certidão de haver passado em julgado a sentença condenatória e com as peças necessá-
rias à comprovação dos fatos arguidos.

A Alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

20 - QUESTÃO:

Sobre a restituição de coisas apreendidas, assinale o item correto:

a) Só o juiz criminal pode decidir o pedido de restituição de coisas apreendidas.


b) O pedido de restituição sempre exige oitiva do Ministério Público.
c) Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, instaura-se procedimento apartado,
no próprio juízo criminal, ordenando o depósito das coisas nas mãos do próprio terceiro que
as detinha.
d) Os objetos adquiridos com o provento da infração serão alienados em leilão público,
recolhendo-se o valor ao tesouro nacional, quando não couber ao terceiro de boa-fé.
e) O pedido de restituição de coisas apreendidas autuar-se-á em apartado.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: 6. Questões e processos incidentes.

- COMENTÁRIOS:

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Alternativa A: Prezados alunos, o Código de Processo Penal trata da possibilidade de
restituição de coisas apreendidas pelo Delegado de Polícia, quando não exista dúvida sobre o
direito do reclamante. Por tal razão, não se exige sempre a reserva de jurisdição, como afirmado
no item.

Art.  120.    A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela


autoridade policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde que não
exista dúvida quanto ao direito do reclamante.
§ 1º  Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-se-á em
apartado, assinando-se ao requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a
prova. Em tal caso, só o juiz criminal poderá decidir o incidente.
§  2º  O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade
judicial o resolverá, se as coisas forem apreendidas em poder de terceiro
de boa-fé, que será intimado para alegar e provar o seu direito, em prazo
igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e outro dois dias para
arrazoar.

Alternativa B: em provas de primeira fase devemos redobrar a atenção com as


palavras sempre e nunca, por isso destaquei este artigo. No caso da questão, o Código de
Processo Penal exige sempre a oitiva do Ministério Público. Destaco:

Art. 120, §3º. Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o


Ministério Público.

Alternativa C: Cuidado: Em caso de dúvida, o magistrado remete para o juízo cível.

Art. 120, §º Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz
remeterá as partes para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas
em mãos de depositário ou do próprio terceiro que as detinha, se for
pessoa idônea.

Alternativa D: Esta é a alternativa correta.

Art. 121. No caso de apreensão de coisa adquirida com os proventos da


infração, aplica-se o disposto no art. 133 e seu parágrafo.

Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício


ou a requerimento do interessado, determinará a avaliação e a venda
dos bens em leilão público.
Parágrafo único.    Do dinheiro apurado, será recolhido ao Tesouro
Nacional o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.

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Alternativa E: Incorreto, pois o pedido de restituição, quando não houver dúvida
quanto ao direito do reclamante, será feita mediante termo nos autos. Apenas quando duvidoso
esse direito ou quando as coisas forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé é que será
autuado em apartado.

Art.  120.    A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela


autoridade policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde que não
exista dúvida quanto ao direito do reclamante.
§  1º Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-se-á em
apartado, assinando-se ao requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a
prova. Em tal caso, só o juiz criminal poderá decidir o incidente.
§  2º  O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade
judicial o resolverá, se as coisas forem apreendidas em poder de terceiro
de boa-fé, que será intimado para alegar e provar o seu direito, em prazo
igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e outro dois dias para
arrazoar.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

21 – QUESTÃO:

Sobre a prisão temporária:

a) Será decretada pelo prazo improrrogável de 5 dias.


b) A prisão somente poderá ser executada depois da expedição de mandado judicial.
c) O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou da autoridade policial,
determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da au-
toridade policial e submetê-lo a exame de corpo de delito.
d) Não cabe prisão temporária em caso de autoria ou participação em crime de homicídio
doloso simples.
e) A prisão temporária pode ser decretada pelo juiz em face de representação da autoridade
policial, após concordância do Ministério público.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 22.1. Prisão temporária.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Nos termos do art. 2 da Lei de prisão temporária, esta pode sim ser
prorrogada, em caso de extrema e comprovada necessidade.

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Art. 2° da lei 7960: A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face
da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministé-
rio Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período
em caso de extrema e comprovada necessidade.

Alternativa B: Esta é a alternativa correta, nos termos do Art. 2, parág 5 da Lei 7960.

Alternativa C: Incorreta, pois a lei diz que o requerimento pode ser feito pelo Ministé-
rio Público ou pelo advogado, não se referindo à autoridade policial.

Art. 2, parág. 3: O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério


Público e do Advogado, determinar que o preso lhe seja apresentado,
solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e
submetê-lo a exame de corpo de delito

Alternativa D: É fundamental memorizar as hipóteses de cabimento da prisão tem-


porária. Cuidado para não confundir com os crimes que são considerados hediondos. Por
exemplo: o homicídio simples admite prisão temporária (art. 1, III, “a” da Lei 7960), mas não é
considerado hediondo (e o candidato pode se confundir com isto).

Vejam os crimes que admitem a prisão temporária:

II - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova ad-


mitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos
seguintes crimes:
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e
parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o
art. 223, caput, e parágrafo único);
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e pa-
rágrafo único);
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou
medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art.
285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956),

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em qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de
1986).
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.

Agora, vejam os crimes que são considerados hediondos:

I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo


de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio
qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); * HOMICÍDIO
SIMPLES, NÃO
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão
corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em
razão dessa condição;
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine);
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); *APENAS A
QUALIFICADA PELA MORTE; EXTORSÃO SIMPLES, NÃO.
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualif‍icada (art. 159, caput,
e §§ lo, 2o e 3o);
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o);
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o).
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto
destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A
e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração
sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e
§§ 1º e 2º).

Alternativa E: Quando houver representação da autoridade policial pela decretação


da prisão temporária, a lei exige que o juiz, antes de decidir, escute o Ministério Público. Mas, este
poderá concordar ou não. Mesmo que ele discorde, o Juiz pode decretar a prisão temporária.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

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22 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa correta:

a) É incabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na


procedência parcial da pretensão punitiva.
b)   O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais
cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena
mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o
limite de um (01) ano.
c)   Não é possível a revogação da suspensão condicional do processo depois de expirado
o período da suspensão do curso do processo, ainda que comprovado que houve o
descumprimento das condições impostas ou que o beneficiado passou a ser processado por
outro crime no curso do prazo da suspensão.
d) Preenchidos os requisitos objetivos para o oferecimento da transação penal, cabe ao
Ministério Público propô-la.
e) A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado
e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima; se autor do fato,
após a lavratura do termo circunstanciado, for imediatamente encaminhado ao juizado ou
assumir o compromisso de a ele comparecer, se imporá prisão em flagrante, mas não se
exigirá fiança.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 17. Lei dos Juizados especiais criminais.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Incorreta, pois em desconformidade com a Súmula 337 do STJ, in


verbis:

Súmula 337 do STJ: É cabível a suspensão condicional do processo


na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão
punitiva.

Alternativa B: Correta, segundo o teor da Súmula 243 do STJ, in verbis:

Súmula 243 do STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável


em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso
formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja
pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite
de um (01) ano.

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A expressão “pena mínima cominada não superior a um ano”, requisito necessário
para a concessão do sursis processual (art. 89, caput, da Lei n. 9.099/95), deve ser compreendida
de modo restrito, sendo inadmissível o favor legal na hipótese de concurso material, concurso
formal ou continuidade delitiva, em que o somatório das penas mínimas ultrapassa ao citado
limite.

Alternativa C: Incorreta. O STJ entende que é possível a revogação da suspensão


condicional do processo, ainda que expirado o período da suspensão do curso do processo,
desde que comprovado que houve o descumprimento das condições impostas ou que o
beneficiado passou a ser processado por outro crime no curso do prazo da suspensão.

Inclusive, esse tema já foi apreciado e foi firmada orientação em recurso repetitivo,
conforme se depreende da ementa abaixo transcrita:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSAMENTO SOB O RITO DO ART. 543-


C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. RECURSO REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA. AMEAÇA. LESÃO CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. DESCUMPRIMENTO DAS
CONDIÇÕES IMPOSTAS DURANTE O PERÍODO DE PROVA. FATO OCORRIDO
DURANTE SUA VIGÊNCIA. REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO MESMO QUE
ULTRAPASSADO O PRAZO LEGAL. ESTABELECIMENTO DE CONDIÇÕES
JUDICIAIS EQUIVALENTES A SANÇÕES PENAIS. POSSIBILIDADE.
RECURSO PROVIDO.
1. Recurso especial processado sob o regime previsto no art. 543-C, § 2º,
do CPC, c/c o art. 3º do CPP, e na Resolução n. 8/2008 do STJ.
PRIMEIRA TESE: Se descumpridas as condições impostas durante o
período de prova da suspensão condicional do processo, o benefício
poderá ser revogado, mesmo se já ultrapassado o prazo legal, desde
que referente a fato ocorrido durante sua vigência.
SEGUNDA TESE: Não há óbice a que se estabeleçam, no prudente uso
da faculdade judicial disposta no art. 89, § 2º, da Lei n. 9.099/1995,
obrigações equivalentes, do ponto de vista prático, a sanções penais (tais
como a prestação de serviços comunitários ou a prestação pecuniária),
mas que, para os fins do sursis processual, se apresentam tão somente
como condições para sua incidência.
2. Da exegese do § 4º do art. 89 da Lei n. 9.099/1995 (“a suspensão poderá
ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo,
por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta),
constata-se ser viável a revogação da suspensão condicional do
processo ante o descumprimento, durante o período de prova, de
condição imposta, mesmo após o fim do prazo legal.
3. A jurisprudência de ambas as Turmas do STJ e do STF é firme em

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assinalar que o § 2º do art. 89 da Lei n. 9.099/1995 não veda a imposição
de outras condições, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal
do acusado.
4. Recurso especial representativo de controvérsia provido para,
reconhecendo a violação do art. 89, §§ 1º, 2º, 4º e 5º da Lei n. 9.099/1995,
afastar a decisão de extinção da punibilidade do recorrido, com o
prosseguimento da Ação Penal n. 0037452-56.2008.8.21.0017.
REsp 1498034/RS, Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Terceira Seção,
Julgado em 25/11/2015.

A alternativa C, portanto, está incorreta.

Alternativa D: alternativa incorreta, pois além dos requisitos objetivos, são necessá-
rios requisitos subjetivos para que o acusado tenha direito à transação penal.

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal


pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério
Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos
ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá
reduzi-la até a metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena
privativa de liberdade, por sentença definitiva; REQUISITO OBJETIVO
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco
anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste
artigo; REQUISITO OBJETIVO
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade
do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e
suficiente a adoção da medida. REQUISITO SUBJETIVO

Alternativa E: A alternativa está incorreta, pois caso o autor do fato seja imediata-
mente encaminhado ao juizado ou assuma o compromisso de a ele comparecer, nem mesmo
se imporá prisão em flagrante.

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência


lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao
Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições
dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso
de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá

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fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar,
como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a vítima.        

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

23 – QUESTÃO:

Sobre o tema de nulidades no processo penal, assinale a alternativa correta:

a) É necessário decisão judicial para a análise e a utilização de dados armazenados no celular


apreendido por força de uma ordem de busca e apreensão.
b) A falta de comunicação ao acusado sobre o direito de permanecer em silêncio é causa de
nulidade absoluta, cujo reconhecimento independe da comprovação do prejuízo.
c) É absoluta a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de
precatória para inquirição de testemunha.
d) É relativa a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório.
e) As nulidades ocorridas posteriormente à pronúncia, deverão ser arguidas logo depois de
anunciado o julgamento e apregoadas as partes.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 18. Nulidades.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Não confunda as seguintes decisões acerca da análise de conversas de


celular apreendido:

I – Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela


polícia por meio da extração de dados e de conversas registradas no
whatsapp presentes no celular do suposto autor de fato delituoso,
ainda que o aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em
flagrante. STJ. 6ª Turma. RHC 51.531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 19/4/2016 (Info 583).
II – Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular
pela polícia, sem prévia autorização judicial, na hipótese em que seu
proprietário - a vítima - foi morto, tendo o referido telefone sido entregue
à autoridade policial por sua esposa. STJ. 6ª Turma. RHC 86.076-MT, Rel.
Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 19/10/2017 (Info 617).
III - Se o telefone celular foi apreendido em busca e apreensão

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determinada por decisão judicial, não há óbice para que a autoridade
policial acesse o conteúdo armazenado no aparelho, inclusive as
conversas do whatsapp.
Para a análise e a utilização desses dados armazenados no celular não é
necessária nova autorização judicial.
A ordem de busca e apreensão determinada já é suficiente para permitir
o acesso aos dados dos aparelhos celulares apreendidos.
STJ. 5ª Turma. RHC 77.232/SC, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
03/10/2017.

A alternativa se refere ao item III acima, de forma que ela está incorreta, pois não
há necessidade de nova autorização judicial se o celular foi apreendido por força de ordem de
busca e apreensão.

Alternativa B: Incorreta, pois a falta de comunicação ao acusado sobre o direito


de permanecer em silêncio é causa de nulidade RELATIVA, cujo reconhecimento DEPENDE da
comprovação do prejuízo. Esse é, inclusive, o entendimento do STJ, constante no Jurisprudência
em tese.

13) A falta de comunicação ao acusado sobre o direito de permanecer


em silêncio é causa de nulidade relativa, cujo reconhecimento depende
da comprovação do prejuízo.

Alternativa C: Incorreta, porque a ausência de intimação da defesa sobre a expedição


de precatória para oitiva de testemunha é causa de nulidade relativa.

Esse é o entendimento dos Tribunais Superiores. Inclusive, o tema é objeto de súmula


do STF, in verbis:

Súmula 155 do STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta


de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha.

Alternativa D: Incorreta, pois a falta de quesito obrigatório, no júri, dá ensejo à


nulidade de natureza ABSOLUTA.

Esse é o entendimento sumulado do STF, in verbis:

Súmula 156 do STF: É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por


falta de quesito obrigatório.

Alternativa E: Essa é a alternativa correta, nos termos do art. 571, V do CPP.

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- GABARITO DA QUESTÃO: E.

24 – QUESTÃO:

Quem é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser autor da infração, encontra-se em situação de:

a) Flagrante real.
b) Flagrante impróprio.
c) Flagrante Presumido.
d) Flagrante ficto.
e) Flagrante retardado.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 9. Prisão e medidas cautelares pessoais alternativas à prisão.

- COMENTÁRIOS:

Espécies de flagrante:

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:


I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III  -  é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por
qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV  -  é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

Esse rol de situações é taxativo, não comporta analogia, tampouco interpretação


extensiva.

a) flagrante próprio, perfeito, real ou verdadeiro (CPP, ART. 302, I E II):

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:


I - está cometendo a infração penal.
II - acaba de cometê-la.

Ainda que posteriormente seja reconhecida a atipicidade material de sua conduta,


isso não tem o condão de afastar a legalidade da ordem de prisão em flagrante, porquanto
a análise que se faz, no momento da captura do agente, restringe-se à análise da tipicidade
formal.

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b) flagrante impróprio, imperfeito, irreal ou quase flagrante (CPP, ART. 302, III):

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:


III  -  é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por
qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração.

O importante, no quase flagrante, é que a perseguição tenha início logo após o


cometimento do fato delituoso, podendo perdurar por várias horas, desde que seja ininterrupta
e contínua, sem qualquer solução de continuidade.

Em se tratando de crimes contra vulneráveis, o logo após deve ser aferido a partir do
momento em que o representante legal tomar ciência do delito.

Cuidado para não confundir o flagrante impróprio com o presumido, por conta da
palavra “presumir” no conceito de flagrante impróprio.

c) flagrante presumido, ficto ou assimilado (CPP, ART. 302, IV):

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:


IV  -  é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

Nesse caso, a lei não exige que haja perseguição, bastando que a pessoa seja
encontrada logo depois da prática do ilícito com coisas que traduzam um veemente indício da
autoria ou participação no crime.

d) flagrante preparado, provocado, crime de ensaio, delito de experiência ou delito


putativo por obra do agente provocador:

Ocorre quando alguém (particular ou autoridade policial), de forma insidiosa, instiga


o agente à prática do delito com o objetivo de prendê-lo em flagrante, ao mesmo tempo em
que adota todas as providências para que o delito não se consuma. Trata-se, pois, de crime
impossível. Nesse sentido, Súmula 145 do STF:

Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante


pela polícia torna impossível a sua consumação.

A leitura da Súmula fornece dois requisitos do flagrante preparado:

01) Preparação do flagrante.


02) Não consumação do delito.

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Logo, mesmo que o agente tenha sido induzido à prática do delito, porém operando-
se a consumação do ilícito, haverá crime e a prisão será considerada legal.

e) flagrante esperado: Nessa espécie de flagrante não há qualquer atividade de


induzimento, instigação ou provocação. Valendo-se de investigação anterior, sem a utilização
de um agente provocador, a autoridade policial ou terceiro limita-se a aguardar (campana)
o momento do cometimento do delito para efetuar a prisão em flagrante, respondendo o
agente pelo crime praticado na modalidade consumada, ou, a depender do caso, tentada. A
jurisprudência não acata a tese de crime impossível nos flagrantes esperados, uma vez que a
vigilância não torna o agente absolutamente incapaz de consumar o delito. Ter-se-ia, portanto,
ineficácia relativa do meio.

Nos casos de policial disfarçado que compra droga a fim de efetuar prisão em
flagrante de traficante, há de se levar em conta que quanto ao núcleo do tipo vender, resta
impossível a sua consumação, pois a venda nunca poderá ser concretizada em face da situação
em análise. Entretanto, quanto ao núcleo do tipo trazer consigo ou oferecer, não há falar em
crime impossível, restando legal a prisão em flagrante efetuada nesses termos.

f) flagrante prorrogado, protelado, retardado ou diferido (AÇÃO CONTROLADA):


A ação controlada consiste no retardamento da intervenção policial, que deve ocorrer no
momento mais oportuno do ponto de vista da investigação criminal ou da colheita de provas.
Também conhecido como flagrante prorrogado, retardado ou diferido, vem prevista na Lei de
Organizações Criminosas, na Lei de Drogas e na Lei de Lavagem de Capitais.

g) flagrante forjado, fabricado, maquinado ou urdido: Nesta hipótese de flagrante


totalmente artificial, policiais ou particulares criam provas de um crime inexistente, a fim de
legitimar uma prisão em flagrante. Nesse caso, a par da inexistência do delito, responde a
autoridade policial pelo delito de abuso de autoridade (Lei 4.898/65, art. 3º, a), caso o delito
seja praticado em razão de suas funções, ao passo que o particular pode responder pelo crime
de denunciação caluniosa (CP, art. 339).

Alternativa A: Incorreta, conforme explicação acima.

Alternativa B: Essa é a alternativa correta, conforme explicação acima.

Alternativa C: Incorreta, conforme explicação acima.

Alternativa D: Incorreta, conforme explicação acima.

Alternativa E: Incorreta, conforme explicação acima.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

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25 – QUESTÃO:

Acerca das provas em espécie do processo penal, assinale a opção correta.

a) O ofendido não pode ser conduzido coercitivamente à presença da autoridade jurisdicional,


sob pena de ofensa ao seu direito constitucional de ir e vir.
b) Quanto ao interrogatório do réu, o CPP adotou, como regra, o sistema presidencialista,
segundo o qual a partes perguntam diretamente ao acusado, podendo o juiz complementar
a inquirição.
c) O juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar
o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico
de transmissão de sons e imagens em tempo real, quando o preso responder à grave questão
de ordem pública.
d) Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecidos os vestígios, a
prova testemunha não poderá suprir-lhe a falta.
e) Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, a autoridade não poderá
mandar conduzí-lo à sua presença, pois isso configuraria violação ao direito ao silêncio.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 7. Prova.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: ERRADO.  

Art. 201. [...] § 1º  Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem
motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade.

Não há violação ao direito de ir e vir do ofendido, posto que o interesse público


subjacente ao processo penal autoriza a relativização do direito de locomoção, desde que pelo
tempo estritamente necessário à realização do ato processual, respeitados os demais direitos
fundamentais da vítima.

Alternativa B: ERRADO. A primeira parte da assertiva está correta, uma vez que o
CPP, como regra, no interrogatório, adotou o sistema presidencialista. Contudo, o conceito
de sistema presidencialista apresentado na questão está ERRADO. O sistema presidencialista
não permite que as partes façam perguntas diretamente ao acusado. Segundo esse sistema de
inquirição, as perguntas devem ser feitas ao acusado diretamente pelo juiz, não podendo as
partes fazê-las.

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O sistema presidencialista foi adotado pelo CPP, conforme dispõe o art. 188 do CPP:
“Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para
ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevan-
te.” 

No procedimento do júri, no entanto, não é aplicado o Sistema Presidencialista.

Alternativa C: Incorreta, pois o CPP fala em gravíssima, e não grave.

Art. 185.
[...]
§ 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício
ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu
preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja
necessária para atender a uma das seguintes finalidades:
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de
que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão,
possa fugir durante o deslocamento;
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando
haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por
enfermidade ou outra circunstância pessoal;
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da
vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por
videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
§ 3º Da decisão que determinar a realização de interrogatório por
videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de
antecedência.
§ 4º Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá
acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os
atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os arts.
400, 411 e 531 deste Código.
§ 5º Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao
réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se
realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais
telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no
presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre
este e o preso.
§ 6º A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de
atos processuais por sistema de videoconferência será fiscalizada pelos
corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério

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Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil.
[...]

Alternativa D: ERRADO.

ART. 167 CPP: Não sendo possível o exame de corpo de delito, por
haverem desaparecidos os vestígios, a prova testemunha poderá suprir-
lhe a falta.

Veja que a prova testemunhal, nesses casos, é utilizada de forma subsidiária, quando
não for possível o exame pericial.

Alternativa E: O CPP, ao tratar sobre a condução coercitiva, prevê o seguinte:

Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório,


reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser
realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença.

O STF declarou que a expressão “para o interrogatório” prevista no art. 260 do CPP não
foi recepcionada pela Constituição Federal. Assim, não se pode fazer a condução coercitiva do
investigado ou réu com o objetivo de submetê-lo ao interrogatório sobre os fatos. Isso porque a
CF/88 e os tratados internacionais, ao preverem o direito do investigado ao silêncio, asseguram
também a ele, como decorrência, o direito de ausência ao interrogatório. Ora, se o investigado
não é obrigado a falar no interrogatório, ele também não pode ser obrigado a comparecer ao
interrogatório. Pode-se dizer, portanto, que existe um direito de ausência do investigado ao
interrogatório. O direito de ausência, por sua vez, afasta a possibilidade de condução coercitiva.

STF. Plenário. ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 13 e
14/6/2018 (Info 906).

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

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26 – QUESTÃO:

Sobre a Lei de Organização Criminosa, Assinale a alternativa correta:

a) O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do
acordo de colaboração.
b) Admite-se a colaboração premiada, na qual a pena pode ser reduzida até 2/3 e a pena
privativa de liberdade substituída por restritiva de direito, não tratando a legislação, de
forma expressa, do perdão judicial.
c) Em caso de acordo de colaboração premiada, o prazo para o oferecimento da denúncia pode
ser suspenso em até seis meses, não sendo hipótese de suspensão do prazo prescricional.
d) Prevista na Lei de Organização Criminosa, a ação controlada exige a autorização judicial.
e) A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais
renovações, desde que comprovada sua necessidade.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 22.3. Repressão aos crimes praticados por organizações criminosas.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Resposta incorreta.

Art. 4. § 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as


partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre
o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do
Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o
investigado ou acusado e seu defensor.

Alternativa B: A Lei de Organização Criminosa admite o perdão judicial, como medida


a ser adotada em virtude do cumprimento do acordo de colaboração premiada.

Art. 4º. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão


judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade
ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado
efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal,
desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes
resultados: [...]

Alternativa C:

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Art. 4º.
[…]
§ 3o O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao
colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis
por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração,
suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.

Alternativa D: É bem verdade que a ação controlada se encontra prevista na lei


de organização criminosa, mas a sua execução depende apenas de comunicação ao Juiz,
diferentemente da Lei de Drogas. Observe o quadro comparativo abaixo:

Art. 8º, §1º, da Lei 12.850: Art. 53, II, Lei 11343/06
Art. 8º    Consiste a ação controlada Art. 53.  Em qualquer fase da
em retardar a intervenção policial persecução criminal relativa aos
ou administrativa relativa à ação crimes previstos nesta Lei, são
praticada por organização criminosa permitidos, além dos previstos em
ou a ela vinculada, desde que mantida lei, mediante autorização judicial
sob observação e acompanhamento e ouvido o Ministério Público,
para que a medida legal se concretize os seguintes procedimentos
no momento mais eficaz à formação investigatórios:
de provas e obtenção de informações. [...]
§ 1º  O retardamento da intervenção II - a não-atuação policial sobre
policial ou administrativa será os portadores de drogas, seus
previamente comunicado ao juiz precursores químicos ou outros
competente que, se for o caso, produtos utilizados em sua
estabelecerá os seus limites e produção, que se encontrem no
comunicará ao Ministério Público. território brasileiro, com a finalidade
de identificar e responsabilizar maior
número de integrantes de operações
de tráfico e distribuição, sem prejuízo
da ação penal cabível.

Alternativa E:

Art. 10.  A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação,


representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério
Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando
solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada,
motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites.
[...]
§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses,

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sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua
necessidade.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

27 – QUESTÃO:

Sobre o perdão judicial, assinale a alternativa correta:

a) O perdão concedido a um dos querelados não aproveita aos demais, salvo disposição
expressa neste sentido.
b) O ordenamento brasileiro não admite o perdão tácito, devendo este ser sempre expresso.
c) O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais.
d)  Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado
a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o
seu silêncio importará recusa.
e) O perdão judicial é ato unilateral.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: 3. Inquérito policial, Investigação Criminal e Ação Penal.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: É justamente o contrário. A regra é que o perdão concedido a um se


estenda aos demais; só não vai se estender para aquele que não aceitar.

Art. 51.  O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos,


sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.

Alternativa B: Incorreta, pois o perdão pode sim ser tácito.

Art. 57.  A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de


prova.

Alternativa C: Essa é a alternativa correta.

Art.  55.    O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes
especiais.

Alternativa D: Alternativa incorreta, pois o silêncio quanto ao perdão concedido


configura aceitação, e não recusa.

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Art. 58.  Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o
querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo,
ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará
aceitação.

Alternativa E: O perdão necessita de aceitação, por consequência se trata de ato


bilateral. Para fins de revisão, deixo uma pequena tabela para que relembrem as diferenças
entre o perdão e a renúncia.

RENÚNCIA PERDÃO
Ato unilateral; Ato bilateral;
Obsta a formação do processo penal; Pressupõe processo em curso;
É sempre extraprocessual. Pode ser processual ou extraprocessual.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

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DIREITO CIVIL
PROFA. BRUNA RIBEIRO

28 – QUESTÃO:

De acordo com a Lei de Introdução das Normas do Direito Brasileiro, não se pode afirmar:

a) Invocando a parte lei estrangeira, poderá o juiz exigir que faça prova da vigência da norma.
b) A aplicação da lei estrangeira será feita tendo em vista a disposição desta, sem considerar
qualquer remissão por ela feita a outra lei.
c) Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para
lhes celebrar o casamento e a separação consensual e o divórcio consensual, não havendo
filhos menores ou incapazes do casal.
d) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei brasileira quanto ao ônus
e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira
desconheça.
e) Os Governos estrangeiros não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis de
desapropriação, podendo, no entanto, adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede
dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.  

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: 1. Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A alternativa está correta. O art. 14 da Lei de Introdução dispõe:

Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a
invoca prova do texto e da vigência.

Alternativa B: A alternativa está correta. O art. 16 da Lei de Introdução dispõe:

Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar
a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se
qualquer remissão por ela feita a outra lei.

Trata-se da vedação legal à aplicação, pelo juiz brasileiro, da teoria do retorno


(também chamada de reenvio ou devolução). O retorno consiste em uma forma de interpretação
de normas do direito internacional privado que prioriza a aplicação da lei estrangeira em
detrimento da nacional.

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O direito brasileiro, como visto, veda a aplicação do reenvio, cabendo apenas a
aplicação da regra de direito brasileiro para determinar qual deve ser a norma de direito material
cabível.

Alternativa C: A alternativa está correta. O art. 18 da Lei de Introdução dispõe:

Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades


consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de
Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de
óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do
Consulado.

O parágrafo primeiro do mesmo dispositivo, em complemento, estabelece:

Art. 18. (...).


§1º As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a
separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo
filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais
quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública
as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à
pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge
de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se
deu o casamento.

Alternativa D: A alternativa está incorreta. O art. 13 da Lei de Introdução dispõe:

Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela
lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não
admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.

Assim, conquanto seja verdade que é vedada a produção de provas que a lei brasileira
desconheça, por ferir o princípio da soberania nacional, é incorreto afirmar que a prova dos fatos
ocorridos no estrangeiro obedecerá a lei brasileira quanto ao ônus e aos meios de produção.

Não se trata de apenas admitir provas taxativamente previstas pela legislação pátria,
mas de vedar a produção de provas que ferem as normas do nosso ordenamento jurídico.
Exemplificativamente, caso um país considere lícita confissão obtida por meio de tortura, esta
prova não poderá ser admitida no Brasil, pois fere as normas e princípios do nosso direito.

Alternativa E: A alternativa está correta. O parágrafo primeiro do art. 11 da Lei de


Introdução dispõe: Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza,
que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão

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adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis de desapropriação”. Em seguida, o parágrafo
terceiro complementa: “Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios
necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares”.        

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

29 – QUESTÃO:

Pode-se, em linhas gerais, conceituar-se dano moral como aquele que atinge a esfera dos
direitos da personalidade de determinado indivíduo. Acerca desta categoria jurídica, assinale
a alternativa correta:

a) Tratando-se de dano à esfera íntima de alguém, faz-se necessário, para a caracterização do


dano moral, a verificação, in concreto, da ocorrência de dor ou sofrimento.
b) Indivíduo portador de deficiência mental, totalmente incapaz de compreender a lesão aos
seus direitos da personalidade não pode sofrer dano moral.
c) Embora não seja a regra, é possível que o descumprimento contratual leve à ocorrência de
dano moral indenizável.
d) Sendo lesão a direitos inerentes à dignidade humana, não se pode falar em redução do
valor indenizatório da compensação por dano moral em virtude da demora na busca da
indenização.
e) É cabível indenização por dano moral em face de violação do direito de imagem de pessoa
jurídica de direito público.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: 9. Responsabilidade civil: culpa, dano, nexo de causalidade e excludentes.


Responsabilidade objetiva. Responsabilidade contratual e extracontratual.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A alternativa está incorreta. A caracterização do dano moral, segundo


a melhor doutrina, dispensa a verificação de dor ou sofrimento naquele que o sofre. Nesse
sentido é o Enunciado n. 445 da V Jornada de Direito Civil:

Enunciado 445: O dano moral indenizável não pressupõe necessariamente


a verificação de sentimentos humanos desagradáveis como dor ou
sofrimento.

Lembre-se que, no esteio do entendimento esposado no Enunciado de Súmula n.


227 do Superior Tribunal de Justiça, a pessoa jurídica também pode sofrer dano moral, sendo
certo que é logicamente impossível aferir a existência de dor no ente abstrato.

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Assim, aponta Flávio Tartuce que (TARTUCE, p. 486):

“Quanto à pessoa natural, tem entendido o Superior Tribunal de


Justiça que, nos casos de lesão a valores fundamentais protegidos
pela Constituição Federal, o dano moral dispensa a prova dos citados
sentimentos humanos desagraváveis, presumindo-se o prejuízo.”

Alternativa B: A alternativa está incorreta. Conforme já pontuado nos comentários da


alternativa anterior, a caracterização do dano moral dispensa a ocorrência de dor ou sofrimento.
Assim, sempre que houver ofensa injusta aos direitos da personalidade de determinado
indivíduo haverá dano moral in re ipsa a ser compensado.

Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça já entendeu que o absolutamente


incapaz, ainda quando impassível de detrimento anímico, pode sofrer dano moral (STJ. 4ª
Turma. REsp 1.245.550-MG, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgado em 17/03/2015).

Alternativa C: A alternativa está correta. A jurisprudência das cortes brasileiras,


sobretudo do STJ, tem, em regra, entendimento que a mera quebra de um contrato ou o mero
descumprimento contratual não gera dano moral. Entretanto, existem hipóteses em que o
descumprimento contratual pode implicar a violação de direitos da personalidade. Neste caso,
o Tribunal da Cidadania tem chancelado a possibilidade de que a quebra da pactuação gere
dano moral indenizável. Também é neste sentido o Enunciado n. 411 da V Jornada de Direito
Civil.

Alternativa D: A alternativa está incorreta. Com efeito, conforme já pontuado, o dano


moral caracteriza-se como lesão aos direitos inerentes à personalidade. Disto não decorre,
porém, a impossibilidade de redução do valor da indenização em face da demora na busca da
compensação.

Nesse sentido já decidiu o STJ que a redução do montante indenizatório em virtude


do grande lapso temporal se justifica quando tal circunstância houver decorrido de desídia da
parte autora. Assim, o julgador poderá, a seu prudente critério, reduzir o valor da indenização
em virtude da demora para a propositura da ação de indenização.

É preciso, contudo, fazer uma importante ressalva. Já decidiu o STJ que tal redução
só deve ser aplicada nos casos em que a demora na propositura decorrer puramente do descaso
da parte. Em caso concreto, o Tribunal afastou a redução na hipótese em que os autores da
ação eram menores de 18 (dezoito) anos à época do evento danoso, propondo a ação tão logo
completada a maioridade (STJ. 3ª Turma. REsp 1.529.971-SP. Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 12/09/2017).

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Alternativa E: A alternativa está incorreta. A jurisprudência do STJ se consolidou no
sentido de que não é cabível a indenização por dano moral em face de violação da honra ou da
imagem de pessoa jurídica de direito público.

Em linhas gerais, entendeu a Corte que a aptidão de alguém de sofrer dano moral
passa, necessariamente, pela investigação da possibilidade de titularização de direitos
fundamentais. Ocorre que doutrina jurisprudência têm entendimento firmado no sentido
de que as pessoas jurídicas de direito público apenas possuem direitos fundamentais de
caráter processual ou relacionados à proteção constitucional da autonomia, prerrogativas ou
competência de entidade e órgãos públicos, ou seja, direitos oponíveis ao próprio estado, e não
ao particular.

Desta forma, não se pode admitir o cabimento de indenização por dano moral da
pessoa jurídica de direito público contra o particular, pois haveria uma subversão da essência
dos direitos fundamentais, uma vez que o poder público estaria se valendo de uma garantia do
cidadão contra o próprio cidadão.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

30 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa incorreta:

a) Em face do princípio da acessio temporis, a prescrição iniciada contra uma pessoa não
continuará a correr em face de seus sucessor, dando-se início a novo prazo prescricional.
b) A prescrição fulmina uma pretensão relativa a direitos subjetivos patrimoniais e disponíveis,
atingindo uma ação condenatória; a decadência ataca direito potestativo, atingindo uma
ação constitutiva.
c) É válida a renúncia da prescrição, expressa ou tácita, desde que feita sem prejuízo de
terceiro após a consumação.
d) Não existe dever jurídico de se restituir o pagamento voluntário de dívida prescrita, pois a
prescrição não fulmina a existência da obrigação em si.
e) A prescrição possui vertente negativa, referente à prescrição extintiva, que fulmina uma
pretensão, e positiva, referente à prescrição aquisitiva, que faz nascer um direito.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: 7. Da prescrição e da decadência. Da forma e da prova.

- COMENTÁRIOS:

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Alternativa A: A alternativa está incorreta. O art. 196 do Código Civil dispõe que:

Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr


contra o seu sucessor.

A doutrina aponta que o dispositivo representa a adoção, pelo ordenamento jurídico


brasileiro, do princípio da accessio temporis, de forma que há a continuidade da prescrição,
tanto em decorrência de ato causa mortis quanto inter vivos.

Alternativa B: A alternativa está correta. Na esteira da doutrina de Agnelo Amorim


Filho, doutrina e jurisprudência pátria associam a prescrição com direitos subjetivos, próprios
das pretensões individuais. Nesse sentido, o art. 189 do Código Civil estabelece “Violado o
direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição”.

A decadência, por outro lado, é associada a direitos potestativos e às ações


constitutivas, positivas ou negativas. Assim, os direitos potestativos são direitos sem pretensão,
eis que insuscetíveis de violação, pois não opõe um dever a outrem, mas, antes, exigem sujeição
a um direito.

Alternativa C: A alternativa está correta. Dispõe o art. 191 do Código Civil que “A
renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de
terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos
do interessado, incompatíveis com a prescrição”.

A leitura do dispositivo evidencia que não se admite a renúncia prévia à prescrição,


pois está só poderá ocorrer após a consumação do prazo prescricional.

Alternativa D: A alternativa está correta. O art. 882 do Código Civil dispõe que:

Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita,
ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.

Isto ocorre justamente porque na prescrição ocorre a extinção da


pretensão, permanecendo íntegro o direito em si, só que desprovido de
proteção jurídica para solucioná-lo (TARTUCE, p. 341).

Alternativa E: A alternativa está correta. Como visto nos comentários das alternativas
anteriores, a prescrição extintiva constitui sanção à inercia do titular do direito violado,
extinguindo a pretensão.

Em complemento, fala-se em prescrição aquisitiva quando o decurso do tempo


implica não na perda (como ocorre na extintiva), mas, sim, na aquisição de um direito. É o que

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ocorre com a usucapião, em que o decurso do tempo, aliado a outros requisitos, faz nascer para
o titular a aquisição do direito de propriedade.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

31 – QUESTÃO:

Acerca do instituto da solidariedade, no direito das obrigações, assinale a alternativa


incorreta:

a) O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o


julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha
direito de invocar em relação a qualquer deles.
b) A interrupção da prescrição operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não
prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos
indivisíveis.
c) Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta
somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.
d) Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito
a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se
a obrigação for indivisível.
e) No caso de rateio entre os codevedores, estão excluídos os exonerados da solidariedade
pelo credor pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 8. Do direito das obrigações. Das modalidades e efeitos.

- COMENTÁRIOS:

O artigo 264 do Código Civil define solidariedade “quando na mesma obrigação


concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida
toda”. Em complementação, o art. 265 dispõe que “A solidariedade não se presume; resulta da
lei ou da vontade das partes”. Conclui-se, assim, que a solidariedade é a exceção, e não a regra,
em nosso ordenamento jurídico.

O Código Civil regulamenta as obrigações solidárias entre seus artigos 264 e 285.

Alternativa A: A alternativa está correta. O art. 274 do Código Civil estabelece que:

Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge


os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de

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exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a
qualquer deles.   

Alternativa B: A alternativa está correta. O parágrafo segundo do art. 204 do Código


Civil dispõe:

Art. 204. (...).


§2º A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário
não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate
de obrigações e direitos indivisíveis.

Conforme será pontuado no comentário da alternativa “D”, a solidariedade possui


caráter pessoal, diferentemente do que ocorre com a indivisibilidade, marcada pela objetividade.
Assim, a solidariedade não se transmite aos sucessores. Em consequência, a interrupção da
prescrição operada contra um dos herdeiros do devedor solidário, em regra, não prejudica os
demais herdeiros ou devedores.

Alternativa C: A alternativa está correta. O art. 280 do Código Civil dispõe:

Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que
a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde
aos outros pela obrigação acrescida.

A este respeito, Flávio Tartuce pontua (TARTUCE, p. 388):

“Em suma, diferentemente do que ocorre com a obrigação indivisível,


todos os devedores solidários sempre respondem pelo débito, mesmo
não havendo descumprimento por parte de um ou de alguns. Dessa for-
ma, a solidariedade quanto ao valor da dívida permanece em todos os
casos. Porém, quanto às perdas e danos somente será responsável o de-
vedor que agiu com culpa ou dolo.”

Alternativa D: A alternativa está correta. O art. 270 do Código Civil dispõe:

Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada


um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corres-
ponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.

Exemplificativamente, suponhamos que José, Maria e Paulo são credores solidários,


de uma dívida de R$ 120,00, do devedor João. Se Paulo falecer, deixando dois herdeiros, cada
um deles somente poderá exigir de João o valor de R$ 20,00, pois a solidariedade, tendo caráter
pessoal, em regra não se transmite aos sucessores.

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Assim, cada herdeiro, neste caso, apenas será credor do montante correspondente
ao seu quinhão hereditário (se repartida por igual, o crédito de cada um corresponderia a R$
40,00, sendo certo que com a morte de Paulo cada um dos seus herdeiros passa a ser credor de
metade deste valor).

Note-se, contudo, que José e Maria continuam credores solidários do todo, isto é,
dos R$ 120,00, pois quanto a eles continua aplicável a solidariedade.

A regra em questão não se aplica se a obrigação for indivisível. Isto porque a


indivisibilidade possui caráter objetivo, e não pessoal. Assim, se indivisível a dívida, cada um
dos sucessores continuará podendo exigir o cumprimento da obrigação integral. Entretanto,
isto ocorre devido à indivisibilidade do objeto, e não à solidariedade.

Alternativa E: A alternativa está incorreta. O art. 284 do Código Civil dispõe:

Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também


os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação
incumbia ao insolvente.

Inicialmente, deve-se atentar para o teor do Enunciado n. 350 da CJF que alerta:

Enunciado 350: A renúncia à solidariedade diferencia-se da remissão,


em que o devedor fica inteiramente liberado do vínculo obrigacional,
inclusive no que tange ao rateio da quota do eventual codevedor insol-
vente, nos termos do art. 284.

Percebe-se, assim, que a renúncia da solidariedade não equivale ao perdão comple-


to da dívida, mas, apenas, à exclusão de determinado indivíduo da regra da obrigação solidária.
Ele continuará reponsável pelo pagamento da sua parte na dívida, apenas não mais poderá ser
cobrado, indistintamente, por todo o montante devido.

Ademais, conforme determinação legal, havendo inadimplemento por parte de um


dos devedores solidários, os que foram exonerados da solidariedade continuarão responsável
pelo adimplemento, perante o credor, pela parte na obrigação que incumbia ao insolvente.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

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32 – QUESTÃO:

Considerando o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta:

a) A falta de citação dos confinantes acarretará a nulidade da sentença que declara a


usucapião.
b) Não há interesse processual para o oferecimento de oposição em ação de usucapião.
c) O requisito temporal para a aquisição da usucapião deve estar implementado,
necessariamente, antes da propositura da demanda.
d) A propriedade dos bens que integram a herança jacente pertence ao Estado, não estando,
portanto, sujeitos à usucapião.
e) Não é possível a usucapião, por um dos herdeiros, de bem imóvel objeto de herança, pois
a tolerância dos demais herdeiros leva à mera detenção do bem.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 12. Dos Direitos Reais. Da aquisição da propriedade imóvel e móvel.
Usucapião constitucional urbana. Usucapião constitucional rural. Usucapião especial coletiva.
Usucapião administrativa. Usucapião especial indígena.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A alternativa está incorreta. No julgamento do REsp 1.432.579-MG o


Superior Tribunal de Justiça decidiu que “A ausência de citação dos confinantes e respectivos
cônjuges na ação de usucapião ensejará nulidade relativa, caso se constate o efetivo prejuízo”.
Nos termos do entendimento da Corte:

“(...) No tocante à citação do confrontante, apesar de amplamente


recomendável, a sua falta não acarretará, por si, causa de irremediável
nulidade da sentença que declara a usucapião, notadamente pela
finalidade de seu chamamento e, pelo fato de que seu liame no processo é
bem diverso daquele relacionado ao dos titulares do domínio, formando
pluralidade subjetiva da ação especial, denominado, pela doutrina, de
litisconsórcio sui generis.”

Assim, entende o STJ que diferentemente do que ocorreria no caso de ausência de


citação do proprietário do imóvel, a falta de citação dos confinantes não acarreta, por si só, a
nulidade da sentença que declara a usucapião, sendo necessário averiguar, no caso concreto, a
existência de prejuízo.

Alternativa B: A alternativa está correta. No julgamento do REsp 1726292/CE,


o Superior Tribunal de Justiça entendeu que a ação de usucapião se incluí nos chamados

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juízo universais, em que são convocados a integrar o polo passivo por meio de edital toda a
universalidade de eventuais interessados. Assim, ao invés de apresentar oposição, o indivíduo
poderia simplesmente apresentar sua irresignação por meio de contestação. Não há, portanto,
que se falar em intervenção de terceiros no processo da usucapião, eis que a manifestação de
qualquer terceiro interessado revelara autêntica contestação.

Alternativa C: A alternativa está incorreta. No julgamento do REsp 1.361.226-MG, o


Superior Tribunal de Justiça decidiu que “É possível o reconhecimento da usucapião de bem
imóvel com a implementação do requisito temporal no curso da demanda”.

No entendimento da Corte, o magistrado deve examinar o requisito temporal da


usucapião ao proferir a sentença, permitindo que o prazo seja completado no curso do processo
judicial.

Alternativa D: A alternativa está incorreta. No AgRg no Ag 1212745/RJ o Superior


Tribunal de Justiça entendeu que “O bem integrante de herança jacente só é devolvido ao Estado
com a sentença de declaração da vacância, podendo, até ali, ser possuído ad usucapionem”.

Conclui-se, portanto, que a herança, enquanto jacente, não integra o patrimônio


público, apenas passando a este quando do ato de arrecadação e declaração de vacância.
Enquanto jacente, portanto, não sofre a vedação de usucapião de bens públicos, podendo ser
usucapida.

Alternativa E: A alternativa está incorreta. No julgamento do REsp 1631859/SP o


Superior Tribunal de Justiça entendeu que:

“Mesmo no caso de imóvel objeto de herança, é possível a um dos


herdeiros pleitear a declaração da prescrição aquisitiva do bem
(usucapião), desde que observados os requisitos para a configuração
extraordinária previstos no artigo 1.238 do Código Civil de 2002 – o
prazo de 15 anos cumulado com a posse exclusiva, ininterrupta e sem
oposição dos demais proprietários ou de terceiros.”

Com a morte, ocorre a abertura da sucessão, com a transmissão automática dos bens
aos herdeiros. Forma-se, assim, um condomínio indivisível sobre o acervo hereditário, regendo-
se o direito dos coerdeiros, quanto à posse e à propriedade dos bens integrantes da herança,
pelas normas relativas ao condomínio.

Todavia, o STJ possui jurisprudência no sentido de que é possível o condômino


usucapir, em nome próprio, desde que atendidos os requisitos legais da usucapião e que tenha
sido exercida a posse exclusiva pelo herdeiro/condômino como se dono fosse (animus domini).

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- GABARITO DA QUESTÃO: B.

33 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa correta:

a) Para que a venda de ascendente para descendente seja anulada é imprescindível que o
interessado comprove a ocorrência de prejuízo aos herdeiros necessários.
b) O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo
de decadência de dois anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do
comprador.
c) É imprescindível a interpelação judicial do comprador para a comprovação da mora no
caso de compra e venda com reserva de domínio.
d) A compra e venda de bem imóvel pode ser feita por meio de contato particular,
independentemente de escritura pública quando o bem tiver valor inferior a 20 salários
mínimos.
e) É inválida a venda de ascendente para descendente, sem o consentimento de filho cuja
paternidade foi reconhecida post mortem.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: 10. Dos contratos em geral. Das várias espécies de contrato.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A alternativa está correta. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento


do REsp 1.211.531/MS, entendeu que, para que a venda de ascendente para descendente
seja anulada, é imprescindível que o autor da ação anulatória comprove, no caso concreto,
a efetiva ocorrência de prejuízo aos herdeiros necessários, não se admitindo a alegação de
prejuízo presumido. Isto porque este negócio jurídico não é nulo (nulidade absoluta), mas, sim,
meramente anulável (nulidade relativa).

Nesse sentido, relembre-se que o art. 496 do Código Civil dispõe que:

Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os


outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem
consentido.

Assim, para a Corte:

“Não é possível ao magistrado reconhecer a procedência do pedido no


âmbito da ação anulatória da venda de ascendente a descendente com

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base apenas na presunção de prejuízo decorrente do fato de o autor da
ação anulatória ser absolutamente incapaz quando da celebração do
negócio por seus pais e irmão”.

Alternativa B: A alternativa está incorreta. O art. 505 do Código Civil disciplina a


compra e venda com cláusula de retrovenda, dispondo:

Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de


recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o
preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as
que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização
escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.

O prazo decadencial, portanto, é de três, e não dois, anos.

Alternativa C: A alternativa está incorreta. O Superior Tribunal de Justiça, no


julgamento do REsp 1.629.000/MG decidiu que:

“A mora do comprador, na ação ajuizada pelo vendedor com o intuito


de recuperação de cosia vendida, com cláusula de reserva do domínio,
pode ser comprovada por meio de notificação extrajudicial enviada pelo
Cartório de Títulos e Documentos”.

O art. 521 do Código Civil disciplina a compra e venda com reserva de domínio:

Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a


propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.

Para a Corte, no caso de compra e venda com reserva de domínio, existem três formas
de comprovar a mora do comprador: por meio de protesto do título, por interpelação judicial ou
por notificação extrajudicial enviada pelo Cartório de Protesto de Títulos e Documentos.

Alternativa D: A alternativa está incorreta. O art. 108 do Código Civil estabelece que:

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à


validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência,
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior
a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

O valor, portanto, é de 30, e não 20 salários mínimos. Por oportuno, deve-se lembra
que o STJ entende que este valor deve ser contabilizado de acordo com o valor calculado pelo
Fisco, e não com o preço dado pelas partes.

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Alternativa E: A alternativa está incorreta. No julgamento o REsp 1.356.431/DF o
Superior Tribunal de Justiça entendeu que:

“O reconhecimento de paternidade post mortem não invalida a alteração


de contrato social com a transferência de todas as cotas societária
realizadas pelo genitor a outro descendente”.

O art. 496 do Código Civil dispõe que:

Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os


outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem
consentido.

No entendimento do STJ, conquanto se aplique à transferência de quotas societárias,


de ascendente a descendente, a exigência do consentimento dos demais descendentes, na
hipótese de a transferência ter sido aperfeiçoada anteriormente ao reconhecido da paternidade,
não há que se falar em invalidade do negócio. Isto porque na época em que a transferência
foi feita o herdeiro posteriormente reconhecido ainda não figurava na condição de descente.
Em suma, para a Corte, “ainda que a sentença de reconhecimento de paternidade produza
efeitos ex tunc, há um limite intransponível: o respeito às situações jurídicas definitivamente
constituídas”.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

34 – QUESTÃO:

Filiação é a relação jurídica firmada entre ascendentes e descendentes de primeiro grau. A


este respeito, julgue os itens a seguir:

I - A filiação civil socioafetiva é prevista na adoção e na inseminação artificial heteróloga.


II – O empréstimo ou doação temporária de útero é admitido no direito brasileiro apenas no
âmbito familiar, restringindo-se aos parentes até o terceiro grau.
III – O adultério confessado da mulher ilide a presunção legal de paternidade.
IV – No fato jurídico nascimento compreende-se a paternidade socioafetiva e a biológica,
sendo possível, inclusive, a multiparentalidade.
V – A posse de estado de filho está caracterizada desde que estejam presente três elementos:
tractatus, nomem e fama (ou reputatio).

a) I, III e V.
b) II, IV e V.
c) I, II, IV e V.
d) III, IV e V.
e) I, IV e V.

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- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 14. Do direito de família. Da filiação: registral, biológica e socioafetiva. Do


reconhecimento dos filhos.

- COMENTÁRIOS:

Item I: O item está correto. Conforme será comentado no item “IV”, doutrina e juris-
prudência têm reconhecido o parentesco firmado na socioafetividade, isto é, na formação de
vínculos contínuos de afeto, auxílio e respeito mútuos entre dois indivíduos. A filiação socioafe-
tiva estará presente, portanto, quando não houver vínculo biológico, sendo prevista na adoção
e na inseminação artificial heteróloga. Esta última, inclusive, de acordo com o inciso I do art.
1.597 do Código Civil gera presunção de paternidade, desde que haja prévia autorização do
marido.

Item II: O item está incorreto. É permita a doação de útero no Brasil, chamada de
“gestação de substituição”, regulamentada pela Resolução n. 2.121/2015 do Conselho Federal
de Medicina. Apesar de popularmente conhecida como “barriga de aluguel”, apenas admite-se,
em nosso ordenamento jurídico, que a doação de útero ocorra a título gratuito. Ademais, nos
termos da mencionada resolução, a gestação de substituição apenas pode se dar no âmbito
de uma mesma família, limitando-se em um parentesco até o quarto (e não segundo) grau.
A doação de útero fora de uma mesma família apenas será possível mediante autorização do
Conselho Federal de Medicina.

Item III: O item está incorreto. O art. 1.600 do Código Civil dispõe que “Não basta o
adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presunção legal da paternidade”. Neste
contexto, verificada a existência de causa de presunção legal de filiação, nos termos do art.
1.597 do Código Civil, não bastará a afirmação da mulher de que o marido não é o pai da criança
para elidir a presunção de paternidade. Será necessária, para afastar tal presunção, a produção
de outras provas, a exemplo do exame de DNA (TARTUCE, p. 1.378).

Item IV: O item está correto. O art. 1.593 do Código Civil estabelece que “O paren-
tesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem”. Fica claro, por-
tanto, que o parentesco, e, por consequência, a filiação, pode decorrer de vínculo biológico (ou
sanguíneo) ou ser fundada na socioafetividade, isto é, nos vínculos de afeto e mútuo auxílio,
respeito e amparo fixados entre pais e filhos, ainda que inexistente vínculo sanguíneo.

Ademais, doutrina e jurisprudência têm chancelado a possibilidade de reconheci-


mento da multiparentalidade, isto é, a possibilidade de constarem dois pais ou duas mães em
um mesmo registro civil. Hodiernamente, tem-se entendido que o vínculo de filiação é comple-
xo, não decorrendo apenas do fator biológico. Neste contexto, é possível, por exemplo, que um
mesmo indivíduo tenha vínculos afetivos com um genitor e seja filho biológico de outro, sendo
reconhecida a dupla paternidade.

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Item V: O item está correto. Fala-se em posse do estado de filho quando existe uma
relação de afeto e auxílio mútuo, firmada na voluntariedade, em que um dos indivíduos assume
o papel de filho e outro o papel de pai.

A doutrina aponta para a existência de três elementos na verificação da posse de


estado de filho: o tractatus, caracterizado pelo tratamento do indivíduo como filho, o nomem,
quando o indivíduo faz uso contínuo do nome do pai e a fama, quando o indivíduo é reconhecido
pela sociedade como filho.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

35 – QUESTÃO:

Julgue os itens a seguir e assinale a alternativa correta:

I – Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança


ou do adolescente promovida ou induzida por qualquer pessoa que mantenha vínculos, bio-
lógicos ou socioafetivos, com a criança ou adolescente para que repudie genitor ou que cause
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
II – A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do ado-
lescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com
genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e
descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou
guarda. 
III - Declarado indício de ato de alienação parental, que depende de requerimento da parte
interessada, o processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, ouvi-
do o Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação da integridade
psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com ge-
nitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso. 
IV - A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência ao genitor que viabiliza a
efetiva convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, vedada a guarda compar-
tilhada. 
V - O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de alienação
parental terá prazo de 60 (sessenta) dias para apresentação do laudo, prorrogável exclusiva-
mente por autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada. 

a) Apenas os itens I e IV.


b) Apenas os itens II, III e V.
c) Apenas o item II.
d) Apenas o item V.
e) Apenas os itens II e V.

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- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: 14. Do direito de família. Alienação Parental.

- COMENTÁRIOS:

A Lei n. 12.318/2010 dispõe acerca da alienação parental, também chamada de


implantação de falsas memórias. Os itens da questão advêm da disciplina legal da matéria.

Item I: O item está incorreto. O art. 2º do referido Diploma Legal dispõe que:

Art. 2º. Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação


psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um
dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente
sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou
que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos
com este.

Percebe-se, portanto, que, de acordo com a disciplina legal, a alienação parental


apenas pode ser praticada pelos genitores, pelos avós ou por aqueles que tenham a criança
ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância. Necessário, portanto, que haja uma
relação de ascendência ou autoridade sobre a vítima dos atos. 

Item II: O item está correto. O art. 3º da Lei n. 12.318/2010 dispõe:

Art. 3º. A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental


da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável,
prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo
familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e
descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou
decorrentes de tutela ou guarda.

Item III: O item está incorreto. O art. 4º da Lei n. 12.318/2010 estabelece que:

Art. 4º. Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento


ou de ofício, em qualquer momento processual, em ação autônoma
ou incidentalmente, o processo terá tramitação prioritária, e o juiz
determinará, com urgência, ouvido o Ministério Público, as medidas
provisórias necessárias para preservação da integridade psicológica da
criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com
genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso. 

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Conclui-se, assim, que sendo o direito à convivência familiar indisponível, além de
ser o ato de alienação praticado em desfavor de incapaz, pode o juiz, de ofício (e não apenas
mediante requerimento), ao constatar indício da prática da alienação parental, proceder à sua
declaração nos autos, que, a partir deste momento, passarão a ter tramitação prioritária.

Item IV: O item está incorreto. O art. 7º da Lei n. 12.318/2010 estabelece que:

Art. 7º. A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência ao


genitor que viabiliza a efetiva convivência da criança ou adolescente
com o outro genitor nas hipóteses em que seja inviável a guarda
compartilhada. 

Não existe, portanto, vedação à guarda compartilhada. Por oportuno, ressalta-se


que o Lei n. 13.058/2014 tornou a guarda compartilhada regra em nosso ordenamento jurídico,
conforme dispõe o parágrafo segundo do art. 1.584 do Código Civil:

Art. 1.584. (...).


§2º Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda
do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder
familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores
declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor.

Item V: O item está incorreto. O art. 5º da Lei 12.318/2010 dispõe que:

Art. 5º. Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em


ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia
psicológica ou biopsicossocial. 

O parágrafo terceiro deste dispositivo legal determina que:

Art. 5º. (...).


§3º O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a
ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para
apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por autorização
judicial baseada em justificativa circunstanciada. 

O prazo para a elaboração do laudo pericial, portanto, é, em regra, de 90 (noventa),


e não de 60 (sessenta) dias.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

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36 – QUESTÃO:

João, casado com Maria no regime da comunhão universal de bens, teve com ela três filhos,
Pedro, Marcos e Antônio. Pedro possui um filho, Felipe. Marcos tem dois filhos, Juliana e Vi-
tor. Antônio tem dois filhos, Mariana e José. João e Antônio viajavam juntos quando falece-
ram, vítima de acidente aéreo. Marcos renunciou à herança do pai.

Considerando o caso acima narrado, assinale a alternativa correta:

a) Não sendo possível determinar a premoriência, José e Mariana não poderão tomar parte
na herança do avô, representando seu pai.
b) São herdeiros de João: Maria, Pedro, José e Mariana. Sendo ascendente dos herdeiros com
quem concorre, Maria terá direito a 1/3 da herança.
c) Serão chamados a suceder Pedro, Juliana, Vitor, José e Mariana, cabendo, a cada um deles,
igual parte da herança.
d) Serão chamados a suceder Pedro, José e Mariana, cabendo ao primeiro metade da heran-
ça e, a cada um dos outros dois, 1/4.
e) Maria e Pedro terão direito à herança de João, cabendo a cada um deles metade do patri-
mônio deixado pelo falecido.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: 15. Dos direitos das sucessões: Da sucessão em geral. Da sucessão legítima.
Herdeiros necessários. Do direito de acrescer entre herdeiros e legatários. Das substituições. Da
deserdação.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A alternativa está incorreta. De acordo com o art. 1.851 do Código Civil:

Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos


parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia,
se vivo fosse.

Por meio da representação, portanto, os filhos do herdeiro pré-morto são chamados


a suceder em seu lugar.

O art. 1.854 do Código Civil dispõe:

Art. 1.854. Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria


o representado, se vivo fosse.

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O art. 1.855 complementa:

Art. 1.855. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre


os representantes”. Cabe aos representantes, portanto, o quinhão
hereditário que caberia ao herdeiro pré-morto, devendo o montante ser
divido por igual entre eles.

Acerca da possibilidade de representação nos casos de comoriência, o Enunciado


610 da VII Jornada de Direito Civil dispõe:

Enunciado 610: Parece claro que o direito de representação é concedido


aos filhos de herdeiros pré-mortos. Nasce, no entanto, a dúvida se o
direito de representação deve ser concedido aos filhos do herdeiro que
falece simultaneamente ao autor da herança, em casos de comoriência.
Maioria da doutrina não tem admitido o direito de representação, mas
a jurisprudência tem se mostrado no sentido de concedê-lo aos filhos
de herdeiros mortos em comoriência. Da leitura do art. 1851 do Código
Civil, vê-se a possibilidade de se reconhecer o direito de representação
em casos de comoriência, uma vez que o artigo não faz menção à
necessidade de pré-morte, estabelecendo apenas que os parentes do
falecido podem suceder em todos os direitos em que ele sucederia se
vivo fosse. Significa então, que ele pode ter morrido conjuntamente com
o autor da herança, não havendo necessidade de ter morrido antes. Não
reconhecer o direito de representação aos filhos de herdeiro falecido em
concomitância com o autor da herança gera uma situação de verdadeira
injustiça.

Alternativa B: A alternativa está incorreta. O estudo das regras sucessórias no


Código Civil evidencia que existe uma distinção clara entre a meação e a herança, sendo o
primeiro instituto ligado ao regime de bens, típico do direito de família e o segundo instituto
verdadeiramente sucessório. Por este motivo, quanto o cônjuge é herdeiro não é meeiro e
quando é meeiro não herda.

No caso proposto, Maria e João eram casados no regime da comunhão universal de


bens. Por este motivo, caberá a Maria a metade dos bens do falecido, a título de meação. Por
outro lado, Maria não terá direito à herança.

Neste sentido, o inciso I do art. 1.829 do Código Civil dispõe que “aos descendentes,
em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da
comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou
se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares”.

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Alternativa C: A alternativa está incorreta. A renúncia à herança é ato jurídico
unilateral por meio do qual o herdeiro declara, de maneira expressa, que não aceita a herança.
O art. 1.806 do Código Civil estabelece que “A renúncia da herança deve constar expressamente
de instrumento público ou termo judicial”.

Renunciada a herança por Marcos, seus filhos não poderão representa-lo na


sucessão do avô, pois o renunciante será tido como estranho à herança. Desta forma, o
herdeiro renunciante será tratado como se nunca tivesse sido chamado à sucessão, não sendo
considerado para efeito do cálculo da porção disponível do patrimônio do de cujus. Juliana e
Vitor, portanto, não poderão herdar.

Lembre-se, por oportuno, que Marcos poderia representar seu pai na herança de
terceiro, pois o repúdio não se estende a outra herança, conforme estabelece o art. 1.856 do
Código Civil: “O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de
outra”.

Alternativa D: A alternativa está correta. Conforme se pode apreender dos comen-


tários das alternativas anteriores, Maria não possui direito à herança de João, pois era casada
com comunhão universal de bens.

Tendo Marcos renunciado à herança, seus herdeiros não poderão representá-lo na


herança do avô.

Os filhos de Antônio, por outro lado, poderão representá-lo na herança de João, pois
a jurisprudência tem aceitado a representação nos casos de comoriência.

Assim, no caso em análise, são herdeiros Pedro, José e Mariana. Nos termos dos
artigos 1.854 e 1.855 do Código Civil, já colacionados nos comentários da alternativa “A”, os
representantes podem herdar o que herdaria o representado, se vivo fosse. Divide-se a herança
em dois, cabendo metade a Pedro e metade a Antônio, representado por seus filhos. Pedro,
portanto, terá o quinhão hereditário de 1/2 do extinto.

Por fim, nos termos do art. 1.855, José e Mariana repartirão igualmente, entre eles, o
quinhão que caberia ao seu genitor. Cada um deles, portanto, receberá 1/4 da herança.

Alternativa E: A alternativa está incorreta. Conforme já pontuado no comentário


da alternativa “B”, Maria, sendo casada com João no regime da comunhão universal, não será
chamada a suceder.

Ademais, apesar de haver comoriência, os herdeiros de Antônio terão direito de


representa-lo na herança do avô.

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- GABARITO DA QUESTÃO: D.

37 – QUESTÃO:

O ordenamento jurídico brasileiro prevê duas penais civis capazes de gerar a exclusão do
direito sucessório, a indignidade e a deserdação. A este respeito assinale a alternativa correta:

a) Tratam-se de hipóteses em que falta ao herdeiro ou legatário legitimação para suceder.


b) O herdeiro instituído deve propor ação de confirmação de deserdação a fim de comprovar
a veracidade da causa alegada pelo testador.
c) A indignidade decorre da incidência de norma jurídica por meio de decisão judicial e só
pode atingir herdeiro necessário.
d) A deserdação depende de ato de última vontade que pode atingir qualquer herdeiro.
e) A ação de indignidade pode ser proposta por qualquer interessado e pelo Ministério
Público, no praz decadencial de três anos, contados da abertura da sucessão.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 15. Dos direitos das sucessões: Da deserdação.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A alternativa está incorreta. A falta de legitimação para suceder não se


confunde com a indignidade e a deserdação. Enquanto a primeira se trata de questão de ordem
objetiva, a segunda possui caráter subjetivo. Nesse sentido, acerca da legitimação, o art. 1.798
do Código Civil estabelece que:

Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas


no momento da abertura da sucessão.

Alternativa B: A alternativa está correta. A deserdação ocorre através de ato de última


vontade do autor da herança que afasta herdeiro necessário, nos termos do art. 1.961 do Código
Civil:

Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima,


ou deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos da
sucessão.

As causas que autorizam a deserdação são previstas pelos artigos 1.962 e 1.963 do
Código Civil. Expressamente declarada a causa em testamento (art. 1.964 do Código Civil),
cabe ao herdeiro instituído ou àquele a quem aproveite a deserdação provar a veracidade da
causa alegada pelo testador, conforme dispõe o art. 1965 do Código Civil. Conclui-se, assim,

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que a deserdação depende de confirmação por sentença, por meio da propositura de ação de
confirmação de deserdação. O direito a produção da prova acerca da causa decai em quatro
anos, a contar da data da abertura do testamento (cf. parágrafo único do art. 1.965 CC).

Alternativa C: A alternativa está incorreta. Na indignidade a exclusão do direito


sucessório decorre da incidência da norma jurídica por meio de decisão judicial, desde que
comprovada a ocorrência de uma das hipóteses previstas pelo at. 1.814 do Código Civil.

Entretanto, nos termos do art. 1.815 do mesmo Diploma Lega, a indignidade poderá
atingir qualquer herdeiro, e não apenas os herdeiros necessários.

Alternativa D: A alternativa está incorreta. Conforme já pontuado nos comentários


da alternativa “A”, a deserdação depende de expressa declaração da causa em testamento (ato
de última vontade). Entretanto, nos termos do art. 1.961 do Código Civil apenas pode atingir os
herdeiros necessários:

Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima,


ou deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos da
sucessão.

Alternativa E: A alternativa está incorreta. Nos termos do que estabelece o parágrafo


primeiro do art. 1.815 do Código Civil, o direito de demanda a exclusão do herdeiro ou legatário
por meio da propositura de ação de indignidade extingue-se em quatro (e não três) anos,
contados da abertura da sucessão, podendo a ação ser proposta por qualquer interessado e,
nas hipóteses do inciso I do art. 1.814 do Código Civil, também pelo Ministério Público.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL


PROF. MICHEL EDUARDO STECHINSKI

38 – QUESTÃO:

A respeito das súmulas vinculantes, assinale a alternativa correta:

a) Um dos pressupostos para a edição de súmula vinculante é a controvérsia atual entre


órgãos do Poder Judiciário, que acarrete grave insegurança jurídica ou multiplicação de
processos idênticos. Controvérsia entre órgão do Poder Judiciário e a Administração Pública
não permitirá a edição de súmula vinculante.
b) Um dos pressupostos para a edição de súmula vinculante é que haja manifestação em
sessão plenária do STF de, ao menos, sete membros da corte.
c) Um dos pressupostos para a edição de súmula vinculante é a existência de questão
importante a ser levantada por Ministro do STF.
d) O pleno do STF fica vinculado pelo teor da súmula vinculante.
e) Os Poderes Executivo e Legislativo ficam vinculados pela súmula, salvo quando estiverem
no exercício da produção normativa, isco é, desempenhando atividade legislativa, o que visa
evitar o inconcebível fenômeno da fossilização da Constituição.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 27. Precedentes e julgados vinculantes. Precedente, jurisprudência e


súmula. Efeito vinculante. Limites do efeito vinculante. Fundamentos relevantes. Distinção e
superação.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A assertiva está incorreta.

Um dos pressupostos à edição é a controvérsia atual entre órgãos do Poder


Judiciário ou entre estes e a Administração Pública que acarrete grave insegurança jurídica
ou a multiplicação de processos idênticos, ou seja, demonstração de que o tema ainda não
é juridicamente uniforme, pois há discrepância nos posicionamentos dos Tribunais e/ou dos
órgãos da administração, o que coma a questão intoleravelmente incerta e insegura e enseja
uma multiplicação de ações sobre a mesma causa.

Alternativa B: A assertiva está incorreta.

Um dos pressupostos à edição é a aprovação por 2/3 dos membros da Corte: é


necessário que haja manifestação em sessão plenária de, ao menos, oito Ministros do STF para
que o enunciado da súmula seja editado e a ele seja conferido efeito vinculante. Segundo a

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emenda constitucional que inaugurou o instituto no ordenamento, as súmulas desprovidas de
efeito vinculante (persuasivas) podem adquiri-lo, desde que sejam confirmadas por 2/3 dos
Ministros.

Alternativa C: Está incorreta a alternativa.

Um dos pressupostos à edição é existência de reiteradas decisões sobre a matéria


constitucional: quanto à primeira locução (“reiteradas decisões”), ela denota a necessidade de
a questão já ter sido avaliada pela Suprema Corre em outras várias oportunidades, o que a
torna “madura” judicialmente, pois já exaustivamente debatida e conhecidas as consequências
sociais (econômicas, políticas e jurídicas) das diversas abordagens possíveis.

Com a edição da súmula, a Corre estaria sedimentando um entendimento construído


e uniformizado em debates dialéticos anteriores, nos quais variadas posturas judiciais foram
contrapostas, discutidas e, finalmente, articuladas racionalmente para a construção do
enunciado. No que se refere à segunda expressão, “matéria constitucional”, entendemos que
a ela deva ser reconhecido significado amplo, que abarque todos os assuntos constantes da
Constituição.

Alternativa D: Está incorreta a alternativa.

O pleno do STF não fica vinculado pelo teor da súmula, haja vista estar
constitucionalmente autorizado a revê-la ou cancelá-la quando ela não mais representar,
correta e adequadamente, a percepção jurídica que a Corte tem acerca do tema. É papel do STF,
portanto, se as mudanças sociais exigirem, adequar a súmula (revisando-a) ou mesmo cancelá-
la, se seu enunciado em algum momento se dissociar da realidade a ser normatizada.

Ressalte-se, por outro lado, que os Ministros, individualmente considerados, e as


duas turmas da Corre devem obediência estrita ao enunciado, não podendo substituí-lo, revisá-
lo, cancelá-lo ou se recusarem a cumpri-lo.

Alternativa E: Está correta esta assertiva.

Nesse contexto, uma das formas de renovar a discussão sobre o tema, que estava
encerrada pela edição da súmula, é exatamente o Legislador (ou, por exemplo, o Presidente
da República por meio de uma medida provisória), editar ato normativo com teor contrário ao
sedimentado pelo STF na súmula. Com isso, reaberto estará o debate que parecia já vencido.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

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39 – QUESTÃO:

Acerca da denunciação da lide, assinale a alternativa incorreta:

a) Pode ser proposta tanto pelo autor como pelo réu.


b) Proposta pelo réu, trata-se de demanda incidente, em processo já em curso, que acarreta
a ampliação subjetiva ulterior do processo.
c) Quando o denunciante for o réu, a denunciação será requerida no prazo para contestar. A
citação do denunciado deve ser promovida no prazo de 15 dias, sob pena de se tornar sem
efeito a denunciação.
d) A denunciação da lide, por constituir ação regressiva, é instituto típico do processo de
conhecimento. Não é cabível, portanto, no processo de execução.
e) É cabível ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido
ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam e àquele
que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do
que for vencido no processo.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: 6. Denunciação da lide.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A assertiva está correta, por isso não deve ser assinalada.

Consiste a denunciação da lide em uma ação regressiva, in simultaneus processus,


proponível tanto pelo autor como pelo réu, sendo citada como denunciada aquela pessoa
contra quem o denunciante terá uma pretensão indenizatória, pretensão de reembolso, caso
ele, denunciante, vier a sucumbir na ação principal.

Exemplos: construtora acionada para reparar defeitos em prédio por ela construído
denuncia a lide ao engenheiro responsável (denunciação pelo réu); comprador promove ação
reivindicatória contra o possuidor do bem e, ao mesmo tempo, denuncia a lide ao vendedor,
para que este lhe responda pela evicção (denunciação pelo autor).

Alternativa B: A assertiva está correta, por isso não deve ser assinalada.

Visa à denunciação enxertar no processo uma nova lide, que vai envolver o
denunciante e o denunciado em torno do direito de garantia ou de regresso que um pretende
exercer contra o outro. Trata-se de demanda incidente, em processo já em curso, que acarreta a
ampliação subjetiva ulterior do processo. Ou seja, proposta a denunciação, o processo passará a
ter duas demandas: a principal, envolvendo autor e réu; e a incidental, envolvendo denunciante
e denunciado.

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De tal sorte, se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao
julgamento da denunciação da lide; se vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido
examinado (art. 129). Assim sendo, podemos considerar que a denunciação guarda em si uma
certa relação de prejudicialidade, já que o pleito do denunciante merecerá apreciação apenas
na hipótese de a ação principal lograr apreciação meritória e de ser decidida de forma contrária
aos interesses do denunciante. Em síntese, se o denunciante, seja autor ou réu, sair vitorioso
na demanda, a ação regressiva restará prejudicada. Sucumbindo o denunciante, a denunciação
terá seu mérito apreciado, podendo ser julgada procedente ou improcedente.

Alternativa C: Está incorreta esta alternativa, por isso deve ser assinalada. Atenção
com os prazos legais.

Quando o denunciante for o réu, a denunciação será requerida no prazo para contestar
(art. 126). A citação do denunciado deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena
de se tornar sem efeito a denunciação (art. 126, parte final, c/c o art. 131). Caso o denunciado
resida em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou, ainda, em lugar incerto, o prazo
para a citação será de dois meses. Frise-se que a demora na citação por motivos inerentes ao
mecanismo da Justiça não tem o condão de gerar qualquer prejuízo para o denunciante que
providenciou a citação dentro do prazo.

Alternativa D: Está correta esta alternativa, por isso não deve ser assinalada.

A denunciação da lide, por constituir ação regressiva, é instituto típico do processo


de conhecimento. Não é cabível, portanto, no processo de execução. A denunciação também
não é cabível nas demandas que envolvam relações de consumo. Conquanto o art. 88 do CDC
faça menção apenas às demandas que discutam a responsabilidade do fornecedor pelo fato
do produto e do serviço (art. 13 do CDC), deve-se interpretar ampliativamente o dispositivo, de
forma a obstaculizar a denunciação em todo e qualquer litígio que verse relação de consumo. É
que a denunciação da lide viabiliza, no interesse exclusivo da parte ré, a discussão a respeito da
responsabilidade subjetiva pelo evento danoso, prejudicando, por conseguinte, a apreciação
célere do direito de indenização pleiteado pelo consumidor, fundado em causa de pedir diversa,
qual seja, a responsabilidade objetiva.

Alternativa E: Está correta esta, por isso não deve ser assinalada.

Nos termos do art. 125 do novo CPC, é admissível a denunciação da lide, promovida
por qualquer das partes:

Art. 125. (...).


I – ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi
transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que
da evicção lhe resultam;

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II – àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em
ação regressiva, o prejuízo do que for vencido no processo.

O novo diploma processual excluiu a hipótese prevista no art. 70, II, do CPC de
1973, qual seja a denunciação “ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de
obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o
réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada”.

A alteração, no entanto, não restringiu, no aspecto material, as hipóteses de


denunciação. Isso porque o dispositivo excluído já podia ser enquadrado na hipótese do art.
70, III (art. 125, II, do CPC/2015). O proprietário ou o possuidor indireto está obrigado a indenizar
o possuidor direto seja por conta de disposição legal ou contratual, o que se amolda à hipótese
geral no antigo art. 70, III.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

40 – QUESTÃO:

Está sujeita ao duplo grau de jurisdição:

a) Sentença estiver fundada em súmula de tribunal superior.


b) Sentença estiver fundada acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos.
c) Sentença estiver fundada entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência.
d) Sentença estiver fundada entendimento coincidente com orientação vinculante firmada
no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou
súmula administrativa.
e) Todas alternativas estão corretas.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 25. Recursos.

- COMENTÁRIOS:

O objetivo desta questão é que o aluno atente à “lei seca”, muito cobrada pelo
MPSP.

O reexame necessário não deve ser considerado recurso, seja por lhe faltar tipicidade,
seja por não deter diversos dos requisitos básicos exigidos para caracterização dos recursos, tais
como a necessidade de fundamentação, o interesse em recorrer, a tempestividade, o preparo,

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entre outros. Por esse motivo, entende-se que a remessa necessária tem natureza jurídica de
condição de eficácia da sentença, não se relacionando, portanto, com os recursos previstos na
legislação processual.

No anteprojeto do novo CPC uma das propostas era a extinção da remessa necessária.
Apesar de não ter havido adesão de parte da bancada legislativa, o art. 496 da nova legislação
restringiu, ainda mais, as hipóteses de aplicação do instituto.

Veja:

Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito
senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
I – proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios
e suas respectivas autarquias e fundações de direito público;
II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução
fiscal;
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo
legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o
presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa
necessária.
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o
proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior
a:
I – 1.000 (mil) salários mínimos para a União e as respectivas autarquias
e fundações de direito público;
II – 500 (quinhentos) salários mínimos para os Estados, o Distrito Federal,
as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios
que constituam capitais dos Estados;
III – 100 (cem) salários mínimos para todos os demais Municípios e
respectivas autarquias e fundações de direito público.
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença
estiver fundada em:
I – súmula de tribunal superior;
II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;
IV – entendimento coincidente com orientação vinculante firmada
no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em
manifestação, parecer ou súmula administrativa.

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Alternativa A: Está correta esta alternativa. Trata-se do inciso I, do parágrafo 4º, do
art. 496.

Alternativa B: Está correta esta alternativa. Trata-se do inciso II, do parágrafo 4º, do
art. 496.

Alternativa C: Está correta esta alternativa. Trata-se do inciso III, do parágrafo 4º, do
art. 496.

Alternativa D: Está correta esta alternativa. Trata-se do inciso IV, do parágrafo 4º, do
art. 496.

Alternativa E: Está correta esta alternativa. Está correta, de acordo com os comentários
acima.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

41 – QUESTÃO:

A respeito da liquidação de sentença, assinale a alternativa incorreta:

a) Não sendo o caso de liquidação, o credor deverá apresentar a memória discriminada e


atualizada do cálculo, o que pode ser feito no próprio pedido de cumprimento da sentença.
b) O CPC admite a liquidação antecipada da sentença, ou seja, na pendência de recurso,
ainda que tenha sido recebido também no efeito suspensivo.
c) Qualquer que seja a forma da liquidação, o procedimento inicia-se com o pedido do credor
(ou do devedor), formulado por simples petição, à qual não se aplica o disposto no art. 319.
d) A decisão proferida no procedimento liquidatório tem natureza interlocutória, razão
pela qual cabível o recurso de agravo de instrumento, que nesse caso, em regra, terá efeito
suspensivo.
e) Far-se-á a liquidação pelo procedimento comum quando, para determinar o valor da
condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo. Fato novo é aquele que
não foi considerado na sentença. Irrelevante que se trate de fato antigo, ou seja, surgido
anteriormente à prolação da sentença, ou de fato novo, isto é, surgido posteriormente ao ato
sentencial.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: 21. Sentença.

- COMENTÁRIOS:

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Alternativa A: Está correta esta alternativa, logo não deve ser assinalada.

Não sendo o caso de liquidação, o credor deverá apresentar a memória discriminada


e atualizada do cálculo, o que pode ser feito no próprio pedido de cumprimento da sentença
(art. 509, § 2º). Essa providência tem por objetivo delimitar a pretensão do credor (pedido
mediato), permitindo ao devedor controlar a exatidão da quantia executada e controvertê-la
por meio de impugnação, se for o caso. De regra, não se exige dilação probatória para definição
do valor a ser apurado.

De qualquer forma, não se suprime o contraditório. O credor requer o cumprimento


da sentença, instruindo o pedido com o demonstrativo discriminado e atualizado do crédito. O
devedor, então, é intimado para pagar o valor constante do demonstrativo no prazo de quinze
dias. Intimado, o devedor pode efetuar o pagamento, caso em que a fase de cumprimento de
sentença será extinta por sentença. Decorrido o prazo sem pagamento, iniciam-se mais quinze
dias para a apresentação de impugnação, independentemente de nova intimação (ou penhora),
na forma do art. 525.

Alternativa B: Está correta esta alternativa, logo não deve ser assinalada. O art. 512
admite a liquidação antecipada da sentença, ou seja, na pendência de recurso, ainda que
tenha sido recebido também no efeito suspensivo. Nesse caso, o pedido de liquidação, que
é formulado no juízo de origem e autuado em apartado, será instruído com cópias das peças
processuais pertinentes. A mera expectativa de que o provimento deferido na primeira instância
seja mantido legitima o presumido credor a agilizar a satisfação futura de sua pretensão,
mensurando, desde já, a quantia devida. É incomum que o próprio devedor requeira a liquidação
antecipada, mas o Código não faz nenhuma distinção. Se, por exemplo, é o credor que recorre
da sentença por considerar que o juiz não acolheu integralmente o seu pedido, pode o devedor
pleitear a liquidação.

Essa liquidação antecipada em nada prejudica o suposto devedor ou o suposto


credor, porquanto eles poderão, concomitantemente com o processamento do recurso, opor-
se aos termos da liquidação. Ademais, dado provimento ao recurso, o cumprimento do julgado
terá por baliza a obrigação definida no acórdão, o qual, nos termos do art. 1.008, substitui a
decisão recorrida no que tiver sido impugnado. Como já afirmado, o recebimento do recurso
no efeito suspensivo não impede a liquidação antecipada. Entretanto, embora liquidada
antecipadamente, caso penda recurso ao qual se imprimiu efeito suspensivo, não poderá o
credor executar provisoriamente a sentença. Somente a sentença ou o acórdão impugnado
por meio de recurso recebido no efeito meramente devolutivo é passível de cumprimento
provisório. Assim, finda a liquidação antecipada, o credor somente pode promover a execução
provisória caso o recurso não tenha sido recebido no efeito suspensivo.

Alternativa C: Está correta esta alternativa, logo não deve ser assinalada.

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Qualquer que seja a forma da liquidação, o procedimento inicia-se com o pedido do
credor (ou do devedor), formulado por simples petição, à qual não se aplica o disposto no art.
319.

Os termos da petição bem como o procedimento a ser observado dependerão da


forma de liquidação. Por exemplo, em se tratando de liquidação por arbitramento, a fim de
se apurar a desvalorização decorrente de acidente de automóvel, devem-se indicar os danos
sofridos pelo veículo, conforme reconhecido na sentença. Tratando-se de liquidação pelo
procedimento comum, a petição deve indicar os fatos a serem provados. Autuada a petição,
cabe ao juiz adotar uma das seguintes providências: (a) indeferi-la; (b) determinar que se
emende a petição; ou (c) determinar a intimação das partes, na liquidação por arbitramento,
ou do requerido (credor ou devedor), na liquidação pelo procedimento comum.

Na liquidação por arbitramento as partes serão intimadas para apresentar os


documentos necessários à liquidação no prazo assinalado pelo juiz. O réu revel, sem procurador
nomeado nos autos, não precisa ser intimado dos atos subsequentes à citação. Entretanto,
embora não intimado para a fase da liquidação, poderá o réu revel intervir no procedimento
liquidatório, desde que o faça por meio de advogado, no prazo fixado para a intervenção,
contado da publicação do ato decisório no órgão oficial.

Em se tratando de liquidação pelo procedimento comum, a intimação, de regra,


se faz na pessoa do advogado do requerido ou da sociedade de advogados a que estiver
vinculado (art. 511). Essa previsão se harmoniza com a redação do art. 105, § 3º, que determina
ao advogado integrante de sociedade de advocacia a indicação, no instrumento de mandato
anexado à petição inicial, dos dados do escritório ao qual estiver vinculado. Vale ressaltar que
não é a sociedade que atuará nos autos. O patrocínio da causa é pessoal. A sociedade apenas
será intimada de determinadas publicações por meio do diário oficial. E essa intimação compele
o advogado à atuação.

O procedimento da liquidação encerra-se por decisão que irá declarar o quantum


debeatur ou individuar o objeto da obrigação, integrando a sentença condenatória anteriormente
prolatada e possibilitando a execução por meio do cumprimento de sentença. Exatamente por
se tratar a liquidação de fase ou incidente do processo de conhecimento, tal pronunciamento
judicial tem natureza de decisão interlocutória, sujeita, pois, a agravo, conforme expressamente
previsto no art. 1.015, parágrafo único.

Alternativa D: Está incorreta esta alternativa, logo deve ser assinalada.

Conforme já salientado, a decisão proferida no procedimento liquidatório tem


natureza interlocutória, razão pela qual cabível o recurso de agravo de instrumento (art. 1.015,
parágrafo único).

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O agravo de instrumento, de regra, não tem efeito suspensivo. Assim, a menos que
o relator imprima tal efeito ao recurso, a execução prescinde aguardar o julgamento do agravo
interposto contra a decisão que pôs fim à liquidação.

Finalizada a liquidação, pode o credor partir para o cumprimento da sentença,


podendo ser provisório ou definitivo. Definitivo, se a sentença transitou em julgado (art. 523);
provisório, caso a sentença tenha sido impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo
(art. 520).

Na liquidação não são devidos honorários advocatícios, exceto os fixados na


sentença, que por óbvio integrarão a memória de cálculo. O mesmo não se pode dizer da fase
de cumprimento definitivo da sentença. Conforme veremos no próximo capítulo, o novo CPC
consolidou o entendimento segundo o qual é cabível a fixação de honorários de advogado na
referida fase.

Alternativa E: Está correta esta alternativa, logo não deve ser assinalada.

Far-se-á a liquidação pelo procedimento comum quando, para determinar o valor da


condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo (art. 509, II). Fato novo é aquele
que não foi considerado na sentença. Irrelevante que se trate de fato antigo, ou seja, surgido
anteriormente à prolação da sentença, ou de fato novo, isto é, surgido posteriormente ao ato
sentencial.

Fato novo, para fins de liquidação, é aquele que, embora não considerado
expressamente na sentença, encontra-se albergado na generalidade do dispositivo, no contexto
do fato gerador da obrigação, tendo portanto relevância para determinação do objeto da
condenação.

Exemplo: o réu (empregador) foi condenado a ressarcir danos pessoais e lucros


cessantes sofridos em razão de acidente de trabalho por culpa daquele empregador, conforme
se apurar em liquidação. A liquidação, nesse caso, faz-se com a observância do procedimento
comum, em face da necessidade de se provar fatos novos, como, por exemplo, gastos com
despesas médico-hospitalares e paralisação de atividades. Indispensável é que tais fatos
tenham relação causal com o acidente reconhecido na sentença, porquanto não se permite
discutir novamente a lide ou modificar a sentença que a julgou (art. 509, § 4º).

Tal como na liquidação por arbitramento, o procedimento encerra-se por decisão


interlocutória, que complementa a sentença liquidanda.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

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42 – QUESTÃO:

A respeito da apelação, assinale a alternativa correta:

a) Em geral, a apelação não é recebida no efeito suspensivo.


b) A Teoria da causa madura aplica-se apenas aos casos de extinção sem resolução do mérito.
c) Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco)
dias, retratar-se. Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao
recurso.
d) O efeito translativo é um peculiaridade do efeito suspensivo.
e) A profundidade do efeito devolutivo permite que o órgão julgador perscrute todas as
questões necessárias ao julgamento do objeto do recurso. As questões de ordem pública
podem ser apreciadas até de ofício, da mesma forma das que dizem respeito à matéria de
fundo.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: 25. Recursos.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A assertiva está incorreta. Em geral, a apelação é recebida nos efeitos


devolutivo e suspensivo. Afora esses dois, parte da doutrina aponta um terceiro efeito presente
em todos os recursos, consistente no impedimento da formação da coisa julgada, ou efeito
obstativo. No sistema processual brasileiro, a regra é que os recursos sejam recebidos somente
no efeito devolutivo.

A apelação não segue a regra do sistema. Como já afirmado, não dispondo a lei de
forma diversa, prevalece a duplicidade dos efeitos da apelação. Apenas quando há disposição
expressa de lei é que não incide a suspensividade do recurso. O art. 1.012 dispõe sobre os
efeitos da apelação. O caput prevê a regra aplicável à apelação, isto é, o efeito suspensivo, nessa
modalidade de recurso, é automático. O parágrafo 1º, por outro lado, prevê as exceções, ou seja,
os casos em que a apelação é dotada somente do efeito devolutivo. Há leis extravagantes, como
a Lei nº 8.245/1991 (art. 58, V), que contemplam somente o efeito devolutivo para as apelações
nas ações ali mencionadas (ação de despejo, v.g.).

A regra mencionada – efeito suspensivo automático – vale somente para a apelação.


Para todos os demais recursos, não há previsão de efeito suspensivo automático.

Alternativa B: A assertiva está incorreta. Aplicação da teoria da causa madura: Nas


hipóteses previstas no § 3º do art. 1.013, o tribunal pode – ou melhor, deve – julgar desde logo
o mérito, se a causa estiver em condições de imediato julgamento. Trata-se da aplicação da

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chamada teoria da causa madura, que já contava com previsão do CPC/1973, mas relacionada
apenas aos casos de extinção sem resolução do mérito.

Vamos à comparação: CPC/1973, art. 515, § 3º Nos casos de extinção do processo


sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar
questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento.

CPC/2015, art. 1.013. (...).


§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o
tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:
I – reformar sentença fundada no art. 485;
II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os
limites do pedido ou da causa de pedir;
III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que
poderá julgá-lo;
IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

O § 3º do art. 1.013 do novo CPC alargou consideravelmente a possibilidade de


julgamento do mérito com supressão de instância. Nem se diga que não há supressão de um
grau de jurisdição pelo fato de haver autorização na lei. Há, sim. O que ocorre é que, firme no
entendimento de que o duplo grau de jurisdição não tem sede constitucional, permite-se que
a lei estabeleça os casos em que o tribunal pode conhecer e julgar originariamente um pedido.

Alternativa C: Está correta esta alternativa. Peculiaridades da apelação da sentença


que indefere a petição inicial: Dispõe sobre o tema o art. 331, cuja redação é a seguinte:

Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao


juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.
§ 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder
ao recurso.
§ 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação
começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o
disposto no art. 334.
§ 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em
julgado da sentença.

Basicamente há apenas uma peculiaridade em relação a uma apelação comum: o


juízo de retratação.

Consiste o juízo de retratação na possibilidade de o juiz, examinando o recurso, voltar


atrás e determinar o seguimento do processo.

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Na sistemática do CPC/1973, o réu não precisava ser citado para responder ao recurso
(art. 296). Entretanto, de acordo com o novo CPC, a citação sempre se fará necessária, havendo
ou não juízo de retratação, mesmo que o eventual provimento da apelação se dê para cassar
a sentença e determinar o prosseguimento do feito no primeiro grau de jurisdição. Em suma:
se o juiz não se retratar e o autor apelar, a formação do contraditório é medida que se impõe.
Por outro lado, se o juiz se retratar, a audiência de conciliação/mediação, se for o caso, será
designada e o réu será citado para a ela comparecer. No caso de não haver retratação, a citação
do réu é para apresentação de contrarrazões, no prazo de 15 dias.

Alternativa D: Está incorreta esta alternativa. Em regra, apenas as matérias que


foram objeto de decisão na sentença podem ser impugnadas, porquanto não é lícito às partes
inovarem no recurso. Por outro lado, há matérias que, embora não impugnadas, ou pelo menos
não expressamente, devem ser apreciadas no recurso. A essa possibilidade de julgamento
recursal, além daquilo que fora objeto de impugnação, a doutrina denomina efeito translativo
do recurso, que nada mais é do que uma peculiaridade do efeito devolutivo. Os parágrafos do
art. 1.013 autorizam essa translação.

Segundo o art. 1.013, § 1º, serão objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal
todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas,
desde que relativas ao capítulo impugnado. Exemplo: O autor recorre de uma sentença citra
petita, que deixou de apreciar o seu pedido de multa por litigância de má-fé. O tribunal irá
apreciar e julgar, em sede de apelação, tal matéria impugnada, mesmo que ela não tenha sido
solucionada pelo juízo de primeiro grau ao proferir a sentença.

Ainda, de acordo com o § 4º desse mesmo dispositivo, quando reformar sentença


que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito,
examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro
grau. O autor ajuizou ação de cobrança em face do réu ao fundamento de que este celebrou
contrato com aquele. O juiz, em face do reconhecimento da prescrição, julgou improcedente
o pedido formulado na inicial. O autor apela, impugnando a declaração da prescrição e,
consequentemente, o julgamento de improcedência. No recurso, afastando-se a prescrição,
deve-se passar ao exame da outra questão impugnada, ou seja, a improcedência, cuja análise
envolverá o fato constitutivo do direito do autor (a obrigação contratual).

Alternativa E: Está incorreta esta alternativa.

O efeito devolutivo, que consiste em transferir ao tribunal ad quem todo o exame da


matéria impugnada, está presente em todos os recursos.

Na apelação, especificamente, por força do efeito devolutivo, o recurso tem o condão


de transferir ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. Se a apelação for total, ou
seja, referir-se a toda a sentença, a devolução será por inteiro; tratando-se de apelação parcial,

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parcial será a devolução. Essa limitação, expressa nos arts. 1.002 e 1.013, consagra o princípio
do tantum devolutum quantum appellatum.

De acordo com esse princípio, tal como o juiz, ao proferir a sentença, está jungido ao
pedido formulado na inicial, o tribunal, no exame da apelação, fica adstrito, amarrado, ao que
foi impugnado no recurso.

A profundidade do efeito devolutivo permite que o órgão julgador perscrute todas as


questões necessárias ao julgamento do objeto do recurso. As questões de ordem pública podem
ser apreciadas até de ofício; as que dizem respeito à matéria de fundo devem ser suscitadas e
submetidas ao contraditório.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

43 - QUESTÃO:

A respeito do inventário e partilha, assinale a alternativa correta:

a) O arrolamento sumário é cabível, a depender do valor da herança e desde que todos os


herdeiros sejam maiores e capazes e estejam de acordo com a partilha amigável.
b) O arrolamento comum é cabível, sejam ou não capazes os herdeiros, quando o valor dos
bens for igual ou inferior a 1.000 (um mil) salários mínimos.
c) Ao Juízo do Inventário cabe a decisão d a discussão sobre a qualidade de herdeiro e a
petição de herança.
d) A causa de pedir da ação de inventário exige a pormenorizada descrição dos bens deixados
pelo falecido.
e) As primeiras declarações deverão ser prestadas pelo inventariante nos trinta dias seguintes
ao compromisso.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 19. Inventário e partilha.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A assertiva está incorreta.

O arrolamento sumário, disciplinado pelos arts. 659 e seguintes, é cabível, qualquer


que seja o valor da herança, desde que todos os herdeiros sejam maiores e capazes e estejam
de acordo com a partilha amigável.

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Art. 659. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos
termos da lei, será homologada de plano pelo juiz, com observância dos
arts. 660 a 663.
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se, também, ao pedido de adjudicação,
quando houver herdeiro único.
§ 2º Transitada em julgado a sentença de homologação de partilha
ou de adjudicação, será lavrado o formal de partilha ou elaborada
a carta de adjudicação e, em seguida, serão expedidos os alvarás
referentes aos bens e às rendas por ele abrangidos, intimando-se o
fisco para lançamento administrativo do imposto de transmissão e de
outros tributos porventura incidentes, conforme dispuser a legislação
tributária, nos termos do § 2º do art. 662.

Art. 660. Na petição de inventário, que se processará na forma de


arrolamento sumário, independentemente da lavratura de termos de
qualquer espécie, os herdeiros:
I - requererão ao juiz a nomeação do inventariante que designarem;
II - declararão os títulos dos herdeiros e os bens do espólio, observado o
disposto no art. 630;
III - atribuirão valor aos bens do espólio, para fins de partilha.

Art. 661. Ressalvada a hipótese prevista no parágrafo único do art.


663, não se procederá à avaliação dos bens do espólio para nenhuma
finalidade.

Art. 662. No arrolamento, não serão conhecidas ou apreciadas questões


relativas ao lançamento, ao pagamento ou à quitação de taxas judiciárias
e de tributos incidentes sobre a transmissão da propriedade dos bens
do espólio.
§ 1º A taxa judiciária, se devida, será calculada com base no valor
atribuído pelos herdeiros, cabendo ao fisco, se apurar em processo
administrativo valor diverso do estimado, exigir a eventual diferença
pelos meios adequados ao lançamento de créditos tributários em geral.
§ 2º O imposto de transmissão será objeto de lançamento administrativo,
conforme dispuser a legislação tributária, não ficando as autoridades
fazendárias adstritas aos valores dos bens do espólio atribuídos pelos
herdeiros.

Art. 663. A existência de credores do espólio não impedirá a homologação


da partilha ou da adjudicação, se forem reservados bens suficientes para
o pagamento da dívida.
Parágrafo único. A reserva de bens será realizada pelo valor estimado

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pelas partes, salvo se o credor, regularmente notificado, impugnar a
estimativa, caso em que se promoverá a avaliação dos bens a serem
reservados.

Art. 664. Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a
1.000 (mil) salários-mínimos, o inventário processar-se-á na forma de
arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado, independentemente
de assinatura de termo de compromisso, apresentar, com suas
declarações, a atribuição de valor aos bens do espólio e o plano da
partilha.
§ 1º Se qualquer das partes ou o Ministério Público impugnar a estimativa,
o juiz nomeará avaliador, que oferecerá laudo em 10 (dez) dias.
§ 2º Apresentado o laudo, o juiz, em audiência que designar, deliberará
sobre a partilha, decidindo de plano todas as reclamações e mandando
pagar as dívidas não impugnadas.
§ 3º Lavrar-se-á de tudo um só termo, assinado pelo juiz, pelo
inventariante e pelas partes presentes ou por seus advogados.
§ 4º Aplicam-se a essa espécie de arrolamento, no que couber, as
disposições do art. 672, relativamente ao lançamento, ao pagamento
e à quitação da taxa judiciária e do imposto sobre a transmissão da
propriedade dos bens do espólio.
§ 5º Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às
suas rendas, o juiz julgará a partilha.

Art. 665. O inventário processar-se-á também na forma do art. 664, ainda


que haja interessado incapaz, desde que concordem todas as partes e o
Ministério Público.

Art. 666. Independerá de inventário ou de arrolamento o pagamento


dos valores previstos na Lei no 6.858, de 24 de novembro de 1980.

Art. 667. Aplicam-se subsidiariamente a esta Seção as disposições das


Seções VII e VIII deste Capítulo.

Alternativa B: A assertiva está correta.

O arrolamento comum, previsto no art. 664, é cabível, sejam ou não capazes os


herdeiros, quando o valor dos bens for igual ou inferior a 1.000 (um mil) salários mínimos.

Art. 664. Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a
1.000 (mil) salários-mínimos, o inventário processar-se-á na forma de
arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado, independentemente

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de assinatura de termo de compromisso, apresentar, com suas
declarações, a atribuição de valor aos bens do espólio e o plano da
partilha.
§ 1º Se qualquer das partes ou o Ministério Público impugnar a estimativa,
o juiz nomeará avaliador, que oferecerá laudo em 10 (dez) dias.
§ 2º Apresentado o laudo, o juiz, em audiência que designar, deliberará
sobre a partilha, decidindo de plano todas as reclamações e mandando
pagar as dívidas não impugnadas.
§ 3º Lavrar-se-á de tudo um só termo, assinado pelo juiz, pelo
inventariante e pelas partes presentes ou por seus advogados.
§ 4º Aplicam-se a essa espécie de arrolamento, no que couber, as
disposições do art. 672, relativamente ao lançamento, ao pagamento
e à quitação da taxa judiciária e do imposto sobre a transmissão da
propriedade dos bens do espólio.
§ 5º Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às
suas rendas, o juiz julgará a partilha.

Alternativa C: A assertiva está incorreta.

Ressalte-se que a competência do juízo do inventário circunscreve-se às questões de


direito e de fato que venham a surgir no curso do processo. Entretanto, aquelas que demandarem
“alta indagação” serão remetidas às vias ordinárias. Por questão de alta indagação, entende-se
aquela que envolve matéria fática cuja complexidade poderia comprometer a rápida solução
do inventário, por depender de prova de natureza diversa da documental. A alta indagação não
se refere, em absoluto, à dificuldade de se aplicar o direito à espécie, mas sim à dificuldade de
se apurarem os fatos. São exemplos de questão de alta indagação a discussão sobre a qualidade
de herdeiro e a petição de herança.

Alternativa D: A assertiva está incorreta. O legitimado que tomar a iniciativa de abrir


o inventário fará, por meio de petição inicial, a comunicação ao juízo acerca do óbito do autor
da herança, informando também a existência de herdeiros e bens a partilhar.

A petição inicial deverá observar os requisitos dos arts. 319 e 320, com as peculiaridades
próprias do procedimento em estudo. Como bem salientado por Misael Montenegro Filho:

“A petição inicial do processo de inventário é bem menos burocratizada,


se comparada às petições de outros modelos processuais, retirando da
peça a necessidade de ampla exposição dos fatos e dos fundamentos
jurídicos do pedido, do pedido com suas especificações; do protesto
pela produção de provas etc.”

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Com efeito, na petição inicial do procedimento de inventário, noticia-se a ocorrên-
cia da morte do autor da herança, a existência de bens e herdeiros e, ao final, pede-se a abertura
do procedimento com a nomeação do inventariante e a distribuição dos quinhões, pondo fim
ao estado de indivisão da universalidade de bens.

Observe-se que a causa de pedir se limitará à existência de patrimônio e de


herdeiros sucessíveis, não se podendo exigir a pormenorizada descrição dos bens, herdeiros
e grau de parentesco. Tratando-se de inventário tradicional ou solene, não há necessidade
de especificar qual bem tocará a determinado herdeiro, reservando-se tal providência para
a ocasião da partilha.

Entretanto, no caso de arrolamento, a celeridade que marca o procedimento impõe a


presença de esboço da partilha já na petição inicial. Por fim, considera-se documento essencial
a certidão de óbito do autor da herança, a qual necessariamente acompanhará a inicial, sob
pena de indeferimento desta, caso não seja atendido o despacho para a emenda.

Alternativa E: A assertiva está incorreta. Nomeado o inventariante, este deverá


prestar as primeiras declarações, nas quais devem constar as informações indispensáveis à
realização do inventário. As primeiras declarações deverão ser prestadas nos 20 dias seguintes
ao compromisso do inventariante, sob pena de remoção, como visto.

São informações indispensáveis a serem contempladas nas primeiras declarações a


qualificação completa do de cujus, incluindo a data e lugar do óbito; a qualificação dos herdeiros,
seu grau de parentesco com o falecido e, havendo cônjuge ou companheiro supérstite, o regime
de bens do casamento ou da união estável; a relação completa e individuada de todos os bens
do espólio, inclusive aqueles que devem ser conferidos à colação.

Dentre as informações a serem exaradas no âmbito das primeiras declarações, o


novo Código introduz a necessidade de os bens conferidos à colação constarem dessa relação
(art. 620, IV). A menção expressa aos bens a serem colacionados torna mais simples a tarefa
de fiscalização, por parte do magistrado e do inventariante, da obrigação dos herdeiros de
procederem à colação dos bens recebidos em vida pelo de cujus. É importante ressaltar que o
herdeiro que omitir bens da colação perderá o direito que sobre eles lhe cabia, nos termos do
art. 1.992 do Código Civil.

O objetivo dessa fase no procedimento de inventário é dar ao magistrado a perfeita


delimitação do patrimônio sucessível e dos herdeiros que serão aquinhoados com os bens. Como
visto no tópico anterior, a petição inicial é marcada pela simplicidade e concisão, até porque
alguns dos legitimados não detêm elementos suficientes para discriminar pormenorizadamente
todos os bens e herdeiros (é o caso do credor de um dos herdeiros, do Ministério Público ou do
administrador da massa falida, por exemplo). Destarte, nada mais justo do que fazer recair esse
encargo sobre o inventariante, que o realizará pessoalmente ou por intermédio de procurador
com poderes especiais (art. 618, III).

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Prestadas as primeiras declarações, o juiz determina o balanço do estabelecimento,
se o de cujus era empresário individual, ou a apuração de haveres, se era sócio de alguma
sociedade que não seja anônima (art. 620, § 1º, I).

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

44 - QUESTÃO:

A respeito da competência, assinale a alternativa correta:

a) No sistema pátrio não existe a teoria da competência implícita.


b) A jurisdição, como reflexo da manifestação de uma função do Estado, é indivisível e todo
magistrado, regularmente investido na função jurisdicional, possui jurisdição em todo o
território nacional, a mesma regra se estendendo a competência.
c) No momento do registro ou distribuição da petição inicial devem ser observadas as normas
de competência, sendo irrelevantes as alterações no estado de fato ou de direito ocorridas
posteriormente, sendo considerada proposta desde o protocolo.
d) O novo CPC dispõe que a forma de arguição da competência absoluta difere da forma de
arguição da competência relativa.
e) O princípio da competência sobre a competência não se aplica no atual CPC.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: 3. Competência.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A assertiva está incorreta. O poder é uno (art. 1°, parágrafo único,
CR/1988), dividindo-se nas funções jurisdicional, legislativa e administrativa (art. 2°, CR/1988).
Assim, a jurisdição, como reflexo da manifestação de uma função do Estado, é indivisível e
todo magistrado, regularmente investido na função jurisdicional, possui jurisdição em todo o
território nacional (art. 16 do CPC/2015), entretanto, nem sempre possuirá competência.

Assim, a propalada definição de competência como “medida da jurisdição” deve ser


analisada com cuidado. A competência é, a rigor, uma especialização de setores da jurisdição,
mediante um conjunto de regras para melhor servir o jurisdicionado, organizando a atividade
jurisdicional. É uma “divisão de trabalho” em genial expressão doutrinária. Competência é o
âmbito, o espaço, dentro do qual o juiz pode, validamente, exercer a jurisdição. É o limite dentro
do qual o órgão judiciário exerce legitimamente a jurisdição, de acordo com a Constituição,
com as leis processuais, de organização judiciária ou, até mesmo, por regimentos internos dos
Tribunais.

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Desse conceito, podemos extrair, como decorrentes do princípio do juiz natural, o
princípio da tipicidade e da indisponibilidade das competências.

De acordo com o princípio da tipicidade, a competência não se presume, pois é


estabelecida, em regra, previamente pelo legislador, todavia, como o legislador não tem
como prever todas as hipóteses, complementando o mencionado princípio, temos a teoria
da competência implícita (impleid power), em que a atribuição de uma competência acaba,
implicitamente, contendo a outra, evitando-se um vácuo de competência. Vejamos melhor.

O art. 102, I, “m”, da CR/1988 estabelece que o STF pode delegar atribuição para a
prática de atos processuais (princípio da tipicidade das competências), por outro lado, não
encontramos essa mesma previsão no art. 105, que disciplina a competência do STJ, todavia,
pela teoria das competências implícitas, não existiria motivo para não se admitir essa delegação
pelo STJ.

De igual modo, não há regra constitucional que preveja como competência do STF ou
do STJ o julgamento de embargos de declaração interpostos contra as suas decisões, embora
seja inegável que a atribuição de competência para julgar determinadas demandas embute,
implicitamente, a de julgar esse recurso.

Alternativa B: A assertiva está incorreta.

O poder é uno (art. 1°, parágrafo único, CR/1988), dividindo-se nas funções
jurisdicional, legislativa e administrativa (art. 2°, CR/1988). Assim, a jurisdição, como reflexo da
manifestação de uma função do Estado, é indivisível e todo magistrado, regularmente investido
na função jurisdicional, possui jurisdição em todo o território nacional (art. 16 do CPC/2015),
entretanto, nem sempre possuirá competência.

Assim, a propalada definição de competência como “medida da jurisdição” deve ser


analisada com cuidado. A competência é, a rigor, uma especialização de setores da jurisdição,
mediante um conjunto de regras para melhor servir o jurisdicionado, organizando a atividade
jurisdicional. É uma “divisão de trabalho” em genial expressão doutrinária. Competência é o
âmbito, o espaço, dentro do qual o juiz pode, validamente, exercer a jurisdição. É o limite dentro
do qual o órgão judiciário exerce legitimamente a jurisdição, de acordo com a Constituição,
com as leis processuais, de organização judiciária ou, até mesmo, por regimentos internos dos
Tribunais.

Alternativa C: A assertiva está correta. As regras de competência são fixadas pela lei,
portanto, em abstrato, tornando-se necessário o estabelecimento de um marco, um referencial
concreto para que apliquemos essas regras.

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O art. 43 do CPC/2015 estabelece que, no momento do registro ou distribuição
da petição inicial devem ser observadas as normas de competência, sendo irrelevantes as
alterações no estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, sendo considerada
proposta desde o protocolo (art. 312 do CPC/2015), consagrando o princípio da perpetuação da
jurisdição (perpetuatio jurisdictions). Por esse princípio, fixada a competência, a jurisdição se
estabiliza e se perpetua, sendo irrelevante o que ocorrer posteriormente. A rigor, a perpetuação
da jurisdição não é mais do que um desdobramento do princípio do juiz natural e é salutar
porque vincula o juízo à causa que foi legitimamente proposta.

Afirma o legislador que é irrelevante qualquer alteração no estado de fato ou de


direito. Há alteração de fato na hipótese, por exemplo, de mudança do domicílio do réu, há
alteração de direito quando, por exemplo, se reduz a competência do órgão jurisdicional no que
toca ao valor.

Nessa linha, por exemplo, ajuizada uma ação no domicílio do réu, portanto, no
juízo competente (art. 46 do CPC/2015), se, no dia seguinte ao ajuizamento da demanda o
réu mudou de endereço, caso seja alegada incompetência territorial, esta deve ser rejeitada,
eis que a demanda foi ajuizada no domicílio do réu no momento da distribuição, portanto,
irrelevante a modificação ocorrida posteriormente. De igual modo, se ajuizada uma demanda
por um procedimento limitado a sessenta salários mínimos e, posteriormente, ocorrer uma
alteração legislativa reduzindo-o para 20 salários mínimos, mesmo assim, a causa continuará
pelo procedimento originariamente escolhido, pois se trata de alteração de direito.

Alternativa D: A assertiva está incorreta. Interessante notar que, com o CPC/2015,


tanto a incompetência relativa quanto a absoluta passaram a ser arguidas em preliminar de
contestação (art. 337, II, c/c o art. 65 do CPC/2015). O art. 65, parágrafo único, do CPC/2015
afirma que o MP poderá suscitar a incompetência relativa, nos feitos em que atuar. Cremos que
a interpretação não pode ser literal e restritiva, sendo cabível pelo MP suscitar a incompetência
absoluta.

Alternativa E: A assertiva está incorreta.

Devemos frisar que o juízo sempre tem competência para analisar a sua própria
competência, de acordo com o princípio da competência sobre a competência (chamado, pelos
alemães, de Kompetenz-Kompetenz), todo juiz tem competência para apreciar sua competência
para examinar determinada causa. Trata-se de decorrência inevitável da cláusula que outorga
ao magistrado da causa o poder de verificar a satisfação dos pressupostos processuais (art. 485,
§ 3º, do CPC/2015 e art. 8º, parágrafo único, da Lei 9.307/1996. Se a competência é um destes
pressupostos, é natural que o juiz da causa tenha o poder de decidir (ao menos em primeira
análise) sobre sua competência. Dessa forma, as questões relativas à competência do órgão
jurisdicional para apreciar certa questão devem ser levadas a ele diretamente, competindo-lhe
avaliar, em primeiro plano, a arguição promovida

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- GABARITO DA QUESTÃO: C.

45 - QUESTÃO:

Acerca da competência, assinale a alternativa incorreta:

a) Alegada a incompetência, o contraditório da parte contrária é imprescindível, de igual


modo, sendo incompetência absoluta e, portanto, é possível seu reconhecimento de ofício, o
contraditório prévio das partes também é imprescindível.
b) O CPC consagra a translatio iudicii.
c) A respeito da competência internacional, não se consagra a concorrência de competência.
d) O conflito de competência tem natureza jurídica de um incidente processual sempre da
competência originária de um Tribunal.
e) Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será
elevada a até quinze por cento sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer
recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda
Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: 25. Recursos.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Alternativa correta, por isso não deve ser assinalada.

Trata-se do disposto no art. 10 do CPC.

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com
base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes
oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a
qual deva decidir de ofício.

Alternativa B: Alternativa correta, por isso não deve ser assinalada.

O art. 64, § 4º, consagra a denominada translatio iudicii que, a grosso modo, nada
mais seria do que trasladar para outro processo a relação jurídico processual que era travada
em outro foro, uma transferência de juízo, conservando os efeitos totais da relação jurídica
processual anterior, aproveitando todos os atos processual, mesmo na hipótese de uma
incompetência absoluta, o que deve ser prestigiado.

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Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como
questão preliminar de contestação. (...).
§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os
efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja
proferida, se for o caso, pelo juízo competente.

Alternativa C: Alternativa incorreta, por isso deve ser assinalada. A competência


internacional serve, justamente, para delimitar esse espaço em que a jurisdição deve ser
exercida para que o Estado possa fazer cumprir suas decisões, pois de nada adiantaria ser
admissível o conhecimento da matéria, mas ser inadmissível sua execução. Haveria um desgaste
desnecessário de energia.

O art. 21 do CPC/2015 traz hipóteses de competência internacional concorrente, ou


seja, podem ser julgadas tanto no Brasil como em tribunais estrangeiros. Sendo proferida no
estrangeiro, a decisão somente será eficaz no Brasil depois de homologada pelo STJ (art. 105,
I, “i”, da CR/1988), observados vários critérios, como não ofensa à soberania nacional, ter sido
prolatada por juízo competente etc. Já o art. 23 do CPC/2015 especifica causas de competência
exclusiva dos tribunais brasileiros, assim, eventual sentença estrangeira jamais produzirá
efeitos no território nacional.

Por fim, o art. 24 do CPC/2015, dando ênfase à supremacia da jurisdição nacional


em face da estrangeira, informa que a ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência no Brasil. Destaque-se que tal regra incide somente para os casos de competência
concorrente, pois seria ocioso mencioná-la para os casos de competência exclusiva.

Alternativa D: Alternativa correta, por isso não deve ser assinalada. Conflito de
competência é o conflito entre dois ou mais órgãos jurisdicionais, para julgar uma ou mais
causas, para decidir sobre a reunião ou separação de processos. O conflito pode ser positivo,
quando dois ou mais juízos reputam-se competentes (art. 66, I, do CPC/2015), ou negativo,
quando dois ou mais juízos se dão por incompetentes (art. 66, II, do CPC/2015).

Pode acontecer conflito positivo de competência sem que haja decisão expressa de
ambos os juízos afirmando sua competência sobre o outro, bastando para que se configure o
conflito a prática de atos de ambos sobre a mesma causa, como se fossem os únicos competentes
para conhecê-la, com o reconhecimento implícito da própria competência. O exemplo
rotineiramente lembrado pela doutrina é do inventário proposto por pessoas diferentes em
juízos diversos, hipótese que, em muitas vezes, nem o próprio juiz sabe da existência de outro
inventário tramitando em comarca diversa.

De igual modo, não existe conflito de competência entre órgãos que mantenham
uma relação de superioridade hierárquica, como um juízo estadual e o tribunal de justiça, pois
sempre prevalecerá a decisão do Tribunal.

118
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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
O conflito tem natureza jurídica de um incidente processual sempre da competência
originária de um Tribunal, devendo ser distribuído diretamente ao Tribunal para ser designado
um relator, nos termos do respectivo regimento interno (art. 954, c/c o art. 959 do CPC/2015).
Podem suscitar o conflito as partes ou o MP, por petição, ou o juízo envolvido, por ofício (art.
953 do CPC/2015). O Ministério Público somente atuará nas hipóteses do art. 178, salvo quando
tiver a qualidade de parte por ter suscitado (art. 951, parágrafo único, do CPC/2015). Se um dos
juízos conflitantes já tiver, na causa, proferido sentença com trânsito em julgado, não haverá
conflito de competência (Enunciado 59 do STJ).

Alternativa E: Alternativa correta, por isso não deve ser assinalada. Na reiteração de
embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento
sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao
depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade
da justiça, que a recolherão ao final.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

46 – QUESTÃO:

A respeito dos embargos de declaração, assinale a alternativa correta:

a) Além dos defeitos da omissão, contradição e obscuridade, o novo CPC inseriu a possibilidade
do erro material para a propositura dos embargos de declaração.
b) O atual CPC prevê o contraditório sempre quando manejados embargos declaratórios.
c) Quando manifestamente protelatórios, ou seja, manifestamente inadmissíveis ou
improcedentes, deve-se impor ao embargante uma multa não superior a 5% do valor da
causa.
d) Os embargos de declaração suspendem o prazo para a interposição de recurso.
e) Os embargos de declaração não constam no rol de recursos do CPC.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: 25. Recursos.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Está correta esta primeira alternativa. Os embargos de declaração são


cabíveis contra qualquer decisão judicial, como se observa do caput do art. 1.022, ou seja, seja
uma sentença, um acórdão, uma decisão interlocutória ou uma decisão monocrática proferida
por um tribunal.

119
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C U RSO PARA A
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MP-SP
Como mencionado, além dos clássicos três defeitos, omissão, contradição e
obscuridade, foi inserida a possibilidade do erro material.

O erro material abrange as inexatidões materiais e os erros de cálculo, previstos


no art. 494, I, do CPC, reconhecíveis à primeira vista, cuja correção não irá alterar o resultado
do julgamento, ou seja, não é um vício de conteúdo do julgamento, mas da forma como foi
exteriorizado.

Alternativa B: Está incorreta esta alternativa. Sempre se sustentou que ter finalidade
precípua dos embargos é somente de esclarecimento da decisão proferida, portanto, em
princípio, não há necessidade de prazo para contrarrazões, entretanto, se ao suprir uma omissão,
eliminar uma contradição, esclarecer uma obscuridade ou corrigir erro material, o juiz alterar a
decisão embargada, estar-se-á atribuindo o chamado efeito infringente ou modificativo, sendo
aqui imprescindível o prévio contraditório, como se observa do § 2º do art. 1.023 do CPC/2015.

Alternativa C: Está incorreta esta alternativa.

Art. 1.026. (...).


§ 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração,
o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante
a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o
valor atualizado da causa.

Alternativa D: Está incorreta esta alternativa.

Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e


interrompem o prazo para a interposição de recurso.

Alternativa E: Está incorreta esta alternativa.

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:


I - apelação;
II - agravo de instrumento;
III - agravo interno;
IV - embargos de declaração;
V - recurso ordinário;
VI - recurso especial;
VII - recurso extraordinário;
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX - embargos de divergência.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

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C U RSO PARA A
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MP-SP
47 – QUESTÃO:

A respeito da cumulação de pedidos, assinale a alternativa incorreta:

a) A cumulação própria confunde-se com a cumulação simples.


b) A cumulação imprópria divide-se em eventual (também denominada de subsidiária),
prevista ou alternativa.
c) Ocorre o concurso de ações quando a lei coloca à disposição do titular do direito subjetivo
a escolha de diversas ações ou diversas formas de solucionar a questão.
d) É direito do autor alterar os elementos objetivos da demanda (pedido e causa de pedir) até
a citação do réu, independentemente do consentimento do réu.
e) Até o saneamento o autor pode aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com
consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação
deste no prazo mínimo de 15 dias, facultado o requerimento de prova suplementar.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: 20. Procedimento comum.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Está incorreta esta primeira alternativa, logo deve ser assinalada. Diz-
se cumulação própria quando são formulados vários pedidos, pretendendo-se o acolhimento
simultâneo de todos eles, tornando composto o objeto litigioso do processo e implicando em
uma decisão judicial em capítulos. Nessa hipótese, a rigor, haverá uma cumulação de relações
jurídicas processuais. Seu amparo legal está no art. 327 do CPC/2015.

A cumulação própria divide-se em: simples e sucessiva.

Na simples não há precedência lógica, são completamente independentes os pedidos,


ou seja, todos podem ser acolhidos, todos podem ser rejeitados, um pode ser acolhido e ou
outro rejeitado. Há exemplos nas Súmulas 37 e 387 do STJ. Será sucessiva quando os pedidos
guardam entre si uma precedência lógica, sendo que o acolhimento de um pedido pressupõe o
acolhimento do anterior.

Acolhido o primeiro pedido, necessariamente o segundo será analisado, mas não


necessariamente acolhido, pois o primeiro pedido é prejudicial ou preliminar. Tal cumulação
também é denominada de cumulação por prejudicialidade ou preliminariedade. São exemplos
a ação de investigação de paternidade cumulada com alimentos; declaratória de inexistência
de relação jurídica e repetição de indébito; pedido rescisório e pedido de novo julgamento.

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C U RSO PARA A
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MP-SP
Alternativa B: Está correta esta alternativa, logo não deve ser assinalada. A cumula-
ção imprópria divide-se em eventual (também denominada de subsidiária), prevista no art. 326
do CPC/2015, ou alternativa.

Na cumulação eventual há formulação de pedidos subsidiários, por força da


eventualidade, elegendo o autor uma hierarquia/preferência entre os pedidos formulados,
sendo que o segundo pedido somente será analisado se o primeiro for rejeitado ou não puder
ser analisado, estando o magistrado condicionado à ordem de exame exposta pelo autor, nem
mesmo se houver reconhecimento pelo réu da procedência do pedido subsidiário. É o caso, por
exemplo, do pedido de nulidade total da cláusula que impõe uma multa c/c pedido de redução
da multa imposta por essa mesma cláusula.

Alternativa C: Está correta esta alternativa, logo não deve ser assinalada. Ocorre o
concurso de ações quando a lei coloca à disposição do titular do direito subjetivo a escolha
de diversas ações ou diversas formas de solucionar a questão, nos casos dos arts. 442 e 500 do
CC/02.

Na primeira hipótese, caso alguém venha a adquirir um determinado produto que


apresente vício redibitório, o titular do direito poderá propor ação redibitória, buscando a
rescisão do contrato, ou a ação quanti minoris, reclamando o abatimento proporcional do preço,
ou seja, há duas formas de se solucionar o conflito. Na segunda hipótese há a denominada
compra e venda ad mensuram, em que se delimita as dimensões da propriedade, contudo,
posteriormente, percebe-se que tem metragem menor, sendo possível ao comprador ou pleitear
a complementação da área, ou reclamar a rescisão contratual, ou o abatimento no preço.

Há, portanto, a propositura de uma única ação, escolhendo o autor qual a forma que
lhe convém, diferentemente do que ocorre na cumulação de pedidos ou ações.

Alternativa D: Está correta esta alternativa, logo não deve ser assinalada. É direito do
autor alterar os elementos objetivos da demanda (pedido e causa de pedir) até a citação do réu
(art. 329, I), independentemente do consentimento do réu. E até o saneamento, aditar ou alterar
o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a
possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 dias, facultado o requerimento de
prova suplementar. Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos
ou solicitar ajustes, no prazo comum de cinco dias, findo o qual a decisão se torna estável (art.
357, § 1º).

No que toca ao aditamento subjetivo, esse é admitido ao longo de todo o processo,


na forma do art. 108 do CPC/2015. De igual modo, tais hipóteses não são bem regulamentadas,
pois, nem sempre que a lei autorizar, será admissível o aditamento, como visto, por exemplo, no
estudo do litisconsórcio ativo posterior (intervenção litisconsorcial voluntária) ou na sucessão
processual (analisado junto com as condições da ação).

122
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C U RSO PARA A
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MP-SP
Há, ainda, alguns outros artigos que analisados em conjunto fortalecem a estabiliza-
ção da demanda, como a perpetuatio jurisdictionis (art. 43), a substituição processual prevista
no art. 109, caput, a necessidade de concordância do réu para o autor desistir da demanda (art.
485, § 4º).

Alternativa E: Está correta esta alternativa, logo não deve ser assinalada. Vide
comentário acima.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP

DIREITO ELEITORAL
PROFA. TALLITA SAMPAIO

48 – QUESTÃO:

De acordo com o que estabelece a CF/88 acerca dos Partidos Políticos, é correto afirmar:

a) É assegurada aos partidos políticos autonomia para adotar os critérios de escolha e o


regime de suas coligações partidárias, que poderão ser criadas nas eleições majoritárias e
proporcionais. 
b) Nas coligações partidárias há obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em
âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo os estatutos estabelecer normas
de disciplina e fidelidade partidária. 
c) O candidato que for eleito por um partido que não preencher os requisitos para obter o
fundo partidário e o tempo de rádio e TV tem o direito de mudar de partido, sem perder o
mandato por infidelidade partidária, não sendo essa nova filiação considerada para fins de
distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de
televisão.
d) É permitida a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
e) É assegurado ao partido político o direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito
ao rádio e à televisão.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: 10. Partidos políticos.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A alternativa está incorreta.

Cuidado! A EC 97/2017 acabou com as coligações partidárias nas eleições


proporcionais:

Art. 17 da CF/88. (...)


§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua
estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração
de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização
e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de
suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração
nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre
as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal,
devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade
partidária.     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)

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:

C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
A nova redação do art. 17, § 1º, da CF/88, já está em vigor, mas vedação às coligações
proporcionais se aplicará somente a partir das eleições de 2020:

Art. 2º. A vedação à celebração de coligações nas eleições proporcionais,


prevista no § 1º do art. 17 da Constituição Federal, aplicar-se-á a partir
das eleições de 2020.

Alternativa B: A alternativa está incorreta.

Nas coligações partidárias não há obrigatoriedade de vinculação entre as


candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal:

Art. 17 da CF/88. (...)


§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua
estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração
de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização
e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de
suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração
nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre
as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal,
devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade
partidária.     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)

Alternativa C: Essa é a alternativa correta:

Art. 17 (...)
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no §
3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda
do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filia-
ção considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidá-
rio e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.

Alternativa D: Alternativa incorreta.

§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização


paramilitar

Alternativa E: A alternativa está incorreta.

A EC 97/2017 criou uma cláusula de barreira (ou de desempenho) prevendo que os


partidos somente terão acesso aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda
gratuita no rádio e na televisão se atingirem um patamar mínimo de candidatos eleitos.:

125
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C U RSO PARA A
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MP-SP
Art. 17 da CF/88. (...)
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso
gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que
alternativamente: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de
2017)
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo,
3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um
terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por
cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 97, de 2017)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos
em pelo menos um terço das unidades da Federação. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
(...)
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no
§ 3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem
perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo
essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo
partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

49 – QUESTÃO:

Sobre a propaganda política, é correto afirmar:

a) A propaganda partidária gratuita, gravada ou ao vivo, efetuada mediante transmissão por


rádio e televisão, será realizada, entre as dezenove horas e trinta minutos e as vinte e duas
horas, para difundir os programas partidários, sendo vedada a participação de pessoa filiada
a partido que não o responsável pelo programa.
b) Na propaganda eleitoral na internet, o impulsionamento de conteúdo em redes sociais
deve ser contratado, por candidatos, partidos ou coligações, diretamente com provedor com
sede e foro no país, ou de sua filial, sucursal, escritório, estabelecimento ou representante
legalmente estabelecido no país e apenas com o fim de promover ou beneficiar candidatos
ou suas agremiações, sendo vedado o impulsionamento por pessoas naturais.
c) Não é permitida a propaganda eleitoral por meio de carros de som e minitrios.
d) Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam pedido
explícito de voto, a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente aberto
e a expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais,
discussão de políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias visando às eleições.  
e) A lei permite a veiculação de propaganda em postes de iluminação pública por meio de
exposição de placas, estandartes, faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados.

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C U RSO PARA A
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MP-SP
- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 13. Propaganda eleitoral.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A alternativa está incorreta.

Cuidado! A Lei nº 13.487/2017 revogou os arts. 45 a 49 da Lei nº 9096/95, fazendo


assim desaparecer do ordenamento a propaganda partidária.

Alternativa B: A alternativa está correta.

Com a nova redação do caput do art. 57-C da Lei das Eleições (Lei 9.504/97),
alterado pela Lei Nº 13.488/2017, o impulsionamento de conteúdos em redes sociais passou
a ser considerado uma exceção legal à proibição da propaganda paga na internet, desde que
cumpridos os requisitos previstos no dispositivo:

Art. 57-C.  É vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleito-


ral paga na internet, excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde
que identificado de forma inequívoca como tal e contratado exclusiva-
mente por partidos, coligações e candidatos e seus representantes. (Re-
dação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)

Segundo o art. 57-B, IV, b, da Lei 9.504/97, o impulsionamento não pode ser contratado
por pessoas naturais:

Art. 57-B.  A propaganda eleitoral na internet poderá ser realizada nas


seguintes formas:
(...)
IV - por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas
e aplicações de internet assemelhadas cujo conteúdo seja gerado ou
editado por: (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)
a) candidatos, partidos ou coligações; ou (Incluído pela Lei nº 13.488, de
2017)
b) qualquer pessoa natural, desde que não contrate impulsionamento
de conteúdos. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

Prosseguindo no detalhamento dos requisitos necessários para a legalidade dos


impulsionamentos, determina o § 3o do art. 57-C:

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:

C U RSO PARA A
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MP-SP
§ 3o  O impulsionamento de que trata o  caput  deste artigo deverá ser
contratado diretamente com provedor da aplicação de internet com
sede e foro no País, ou de sua filial, sucursal, escritório, estabelecimento
ou representante legalmente estabelecido no País e apenas com o fim
de promover ou beneficiar candidatos ou suas agremiações.  (Incluído
pela Lei nº 13.488, de 2017)

Alternativa C: A alternativa está incorreta.

É permitida a propaganda eleitoral por meio de carros de som e minitrios, desde que
observado o limite sonoro de 80 decibéis medido a 7 metros de distância do veículo, apenas em
carreatas, caminhadas e passeatas ou durante reuniões e comícios, segundo a redação atual
do art. 30, § 11, da Lei nº 9.504/97:

§ 11  É permitida a circulação de carros de som e minitrios como meio


de propaganda eleitoral, desde que observado o limite de oitenta
decibéis de nível de pressão sonora, medido a sete metros de distância
do veículo, e respeitadas as vedações previstas no § 3o  deste artigo,
apenas em carreatas, caminhadas e passeatas ou durante reuniões e
comícios.   (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)

Alternativa D: Incorreta, pois para que não configure propaganda antecipada, tais
atos têm que ocorrer em ambiente fechado.

Art. 36-A.  Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que


não envolvam pedido explícito de voto, a menção à pretensa candidatu-
ra, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e os seguin-
tes atos, que poderão ter cobertura dos meios de comunicação social,
inclusive via internet:  (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente
fechado e a expensas dos partidos políticos, para tratar da organização
dos processos eleitorais, discussão de políticas públicas, planos de go-
verno ou alianças partidárias visando às eleições, podendo tais ativida-
des ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação intrapartidária; 

Alternativa E: Alternativa incorreta, pois é vedada qualquer tipo de propaganda nos


postes de iluminação pública.

Art. 37.  Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder
público, ou que a ele pertençam, e nos bens de uso comum, inclusive
postes de iluminação pública, sinalização de tráfego, viadutos,
passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos,

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C U RSO PARA A
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MP-SP
é vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive
pichação, inscrição a tinta e exposição de placas, estandartes, faixas,
cavaletes, bonecos e assemelhados. 

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

50 – QUESTÃO:

Sobre o alistamento eleitoral, assinale a alternativa correta:

a) Em caso de mudança de domicílio, cabe ao eleitor requerer ao juiz do novo domicílio


sua transferência, desde que tenha residência mínima de 6 (seis) meses no novo domicílio,
atestada pela autoridade policial ou provada por outros meios convincentes.
b) Para efeito da inscrição do eleitor considera-se domicílio eleitoral o lugar de residência
ou moradia do requerente e verificando-se ter o alistando mais de uma, considera-se como
domicílio o lugar de residência ou moradia mais antigo.
c) Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros podendo, entretanto, os conscritos
durante o período do serviço militar obrigatório.
d) Em caso de mudança de domicílio, cabe ao eleitor requerer ao juiz do novo domicílio sua
transferência, desde que tenha transcorrido pelo menos 6 meses da inscrição primitiva.
e) A suspensão ou perda dos direitos políticos e a pluralidade de inscrição acarretaram a
exclusão do eleitor e podem ser promovidas ex officio, a requerimento de delegado de partido
ou de qualquer eleitor.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 8. Alistamento eleitoral.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A alternativa está incorreta.

Art. 55. Em caso de mudança de domicílio, cabe ao eleitor requerer ao


juiz do novo domicílio sua transferência, juntando o título anterior.
§ 1º A transferência só será admitida satisfeitas as seguintes exigências:
I - entrada do requerimento no cartório eleitoral do novo domicílio até
100 (cem) dias antes da data da eleição.
II - transcorrência de pelo menos 1 (um) ano da inscrição primitiva;
III - residência mínima de 3 (três) meses no novo domicílio, atestada pela
autoridade policial ou provada por outros meios convincentes.

Alternativa B: A alternativa está incorreta.

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No caso de duplicidade ou multiplicidade de residências, considera-se domicílio
eleitoral qualquer delas:

Art. 42 do CE. O alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição


do eleitor.
Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar
de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando
mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas.

Alternativa C: A alternativa está incorreta.

Além dos estrangeiros, os conscritos não podem se alistar durante o serviço militar
obrigatório:

Art. 14 da CF/88. (...)


§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o
período do serviço militar obrigatório, os conscritos.

Alternativa D: A alternativa está incorreta.

Art. 55. Em caso de mudança de domicílio, cabe ao eleitor requerer ao


juiz do novo domicílio sua transferência, juntando o título anterior.
§ 1º A transferência só será admitida satisfeitas as seguintes exigências:
I - entrada do requerimento no cartório eleitoral do novo domicílio até
100 (cem) dias antes da data da eleição.
II - transcorrência de pelo menos 1 (um) ano da inscrição primitiva;
III - residência mínima de 3 (três) meses no novo domicílio, atestada pela
autoridade policial ou provada por outros meios convincentes.

Alternativa E: Alternativa está correta.

A suspensão ou perda dos direitos políticos e a pluralidade de inscrição acarretaram


a exclusão do eleitor e podem ser promovidas ex officio, a requerimento de delegado de partido
ou de qualquer eleitor:

Art. 71. São causas de cancelamento:


I - a infração dos artigos. 5º e 42;
II - a suspensão ou perda dos direitos políticos;
III - a pluralidade de inscrição;
IV - o falecimento do eleitor;
V - deixar de votar em 3 (três) eleições consecutivas.
§ 1º A ocorrência de qualquer das causas enumeradas neste artigo acar-

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retará a exclusão do eleitor, que poderá ser promovida ex officio, a re-
querimento de delegado de partido ou de qualquer eleitor.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

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