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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. Conceitos de Estado, sociedade e mercado. 2. A redefinição do papel do Estado: 2.1. Reforma
do Serviço Civil (mérito, flexibilidade e responsabilização). 3. Processos participativos de gestão
pública: 3.1. conselhos de gestão, 3.2. orçamento participativo, 3.3. parceria entre governo e
sociedade. 4. Artigo 37 da Constituição Federal.
Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de princípios e regras referentes a direitos,
deveres e demais normas que regem a sua vida funcional. A lei que reúne estas regras é
denominada de Estatuto e o regime jurídico passa a ser chamado de regime jurídico Estatutário.
Era, não é mais. Como já vimos, o Regime Jurídico Único existiu até o advento da Emenda
Constitucional nº 19, de 04/06/98. A partir de então é possível a admissão de pessoal ocupante
de emprego público, regido pela CLT, na Administração federal direta, nas autarquias e nas
fundações públicas; por isto é que o regime não é mais um só, ou seja, não é mais único.
O pessoal admitido para emprego público terá sua relação de trabalho regida pela CLT (art.1º,
caput);
Leis específicas disporão sobre a criação de empregos, bem como sobre a transformação dos
atuais cargos em empregos (§1º);
É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei (art. 4º).
Serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso público às pessoas
portadoras de deficiência para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a
deficiência de que são portadoras (art. 5º, §2º).
PROVIMENTO
É preenchimento de cargo vago. O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da
autoridade competente de cada Poder (art. 6º).
FORMAS DE PROVIMENTO (art. 8º) :
NOMEAÇÃO – é o ato administrativo pelo qual se atribui um cargo a alguém (Odete Medauar). A
nomeação dar-se-á (art. 9º e 10º): Em caráter efetivo quando se tratar de cargo isolado ou de
carreira (cargos de carreira são aqueles são estruturados em classes e que permitem
crescimento profissional) depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou de
provas e títulos. Em comissão, declarado em lei de livre nomeação e exoneração, para cargos
de confiança.
PROMOÇÃO – representa a progressão vertical na carreira, passando de uma classe para outra
(conceito doutrinário).
I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria
Não poderá reverter o aposentado que já tiver completado 70 (setenta) anos de idade (art. 27).
APROVEITAMENTO– é o retorno à atividade do servidor estável em disponibilidade em cargo de
atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupando (art. 31).
VACÂNCIA
DEMISSÃO – trata-se de penalidade aplicada ao servidor, prevista no artigo 132, deste estatuto.
PROMOÇÃO - representa a progressão vertical na carreira, passando de uma classe para outra
(conceito doutrinário).
I - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido 15 dias
ATENÇÃO : embora não conste expressamente do artigo 30, que elenca as hipóteses de
vacância, a recondução tem sido assim considerada nos concursos públicos.
A POSSE E O EXERCÍCIO
A nomeação por si só não basta para iniciar as atribuições do cargo são necessários ainda a
posse e o exercício.
A POSSE (arts. 13 e 14): A investidura em cargo público ocorrerá com a posse (art. 7º), mediante
assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as
responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado (art. 13, caput). Posse é a aceitação
do cargo pelo servidor (Odete Medauar).
Só haverá posse na hipótese de provimento por nomeação (§4º, art. 13), poderá ser mediante
procuração específica (§3º, art. 13). A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta dias) contados da
publicação do ato de provimento (nomeação). Será tornado sem efeito o ato de provimento se a
posse não ocorrer neste prazo (§§ 1º e 6º, art. 13).
A posse dependerá de prévia inspeção médica oficial, será empossado aquele que for julgado
apto física e mentalmente para o exercício do cargo (art. 14).
No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e valores que constituem seu
patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública
(§5º, art. 13). A lei 8.424/92, exige a declaração de bens e valores do cônjuge ou companheira e
das demais pessoas que vivam sob sua dependência econômica (Lei 8.429, art. 13, caput e §1º).
I - a nacionalidade brasileira;
Os cargos públicos são acessíveis aos estrangeiros na forma da lei (CF/88, aert. 37, I . A lei nº
9.515/97 prevê que as universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais
poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros.
II - o gozo dos direitos políticos;
É de 15 (quinze dias) o prazo para o servidor empossado em cargo público entrar em exercício,
contados da data da posse, se não entrar em exercício no prazos previsto o servidor será
exonerado do cargo ou será tornado sem efeito o ato de sua designação para função de
confiança, (§§1º e 2º, art. 15).
REMOÇÃO
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Administração;
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas
expensas, condicionada à comprovação por junta médica oficial;
SUBSTITUIÇÃO
ESTABILIDADE
São estáveis, após 3 anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento
efetivo em virtude de concurso público; como condição para aquisição da estabilidade é
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade (CF,
art. 41, caput e §4º).
O servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado ou, se estável, reconduzido ao
cargo anteriormente ocupado (§2º, art. 20). Eis aqui, ao mesmo tempo, a forma de provimento e
de vacância denominada de recondução.
DIREITOS E VANTAGENS
Vencimento e da Remuneração
O Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei,
Nenhum servidor receberá, a título de vencimento, importância inferior ao salário-mínimo.
VANTAGENS
Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as seguintes vantagens (art. 49):
INDENIZAÇÕES
DIÁRIAS - O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório fará
jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com
pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento (art. 58).
GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS
Além do vencimento e das vantagens previstas nesta Lei, serão deferidos aos servidores as
seguintes retribuições, gratificações e adicionais (art. 61):
- gratificação natalina;
- adicional noturno;
- adicional de férias;
Entendo que o detalhamento a respeito dos adicionais e gratificações, das licenças e dos
afastamentos é secundário, no entanto, como consta do programa ponho a disposição o texto de
estatuto com redação atualizada até março de 2001.
A remuneração dos cargos em comissão será estabelecida em lei específica (par. único, art. 62).
Ao servidor ocupante de cargo efetivo é devida retribuição pelo seu exercício de função de
direção, chefia ou assessoramento, ou de cargo de provimento ou de Natureza Especial (art. 62).
GRATIFICAÇÃO NATALINA
A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze avos) da remuneração a que o servidor fizer
jus no mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano (art. 63). A fração igual ou
superior a 15 (quinze) dias será considerada como mês integral.
O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de periculosidade deverá optar por um
deles (§1º, art. 68).
O adicional de atividade penosa será devido aos servidores em exercício em zonas de fronteira
ou em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e limites fixados
em regulamento (art. 71).
Os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios X ou substâncias radioativas serão
mantidos sob controle permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultrapassem
o nível máximo previsto na legislação própria. (art. 72)
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão submetidos a exames médicos a
cada 6 (seis) meses.
O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) em
relação à hora normal de trabalho (art. 73) e somente será permitido para atender a situações
excepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada (art. 74).
ADICIONAL NOTURNO
O serviço noturno, prestado em horário de um compreendido entre 22 (vinte e duas) horas dia e 5
(cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento),
computando-se cada hora como cinqüenta e dois minutos e trinta segundos (art. 75).
Em se tratando de serviço extraordinário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a
remuneração prevista no art. 73 (art. 75, parágrafo único).
ADICIONAL DE FÉRIAS
Independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das férias, um adicional
correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias (art. 76).
FÉRIAS
O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem ser acumuladas, até o máximo de dois
períodos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação
específica (art. 77). Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos 12 (doze) meses
de exercício (parágrafo único).
O pagamento da remuneração das férias será efetuado até 2 (dois) dias antes do início do
respectivo período.
O servidor que opera direta e permanentemente com Raios X ou substâncias radioativas gozará
20 (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em
qualquer hipótese a acumulação (art. 79)
As férias somente poderão ser interrompidas por motivo de calamidade pública, comoção interna,
convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela
autoridade máxima do órgão ou entidade (art. 80). O restante do período interrompido será
gozado de uma só vez.
DAS LICENÇAS
para capacitação;
A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do término de outra da mesma espécie será
considerada como prorrogação (art. 82).
Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos
pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva às suas expensas e
conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação por junta médica oficial (art. 83).
A licença será concedida sem prejuízo da remuneração do cargo efetivo, até trinta dias, podendo
ser prorrogada por até trinta dias, mediante parecer de junta médica oficial e, excedendo estes
prazos, sem remuneração, por até noventa dias (§2º).
É vedado o exercício de atividade remunerada durante o período da licença (§3º, art. 81).
LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO CÔNJUGE
Poderá ser concedida licença ao servidor para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi
deslocado para outro ponto do território nacional, para o exterior ou para o exercício de mandato
eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo (art. 84).
A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração (art. 84, §1º).
No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro também seja servidor público, civil ou
militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da Administração Federal direta,
autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de atividade compatível com o seu cargo
(art. 84,§2º).
Ao servidor convocado para o serviço militar será concedida licença, na forma e condições
previstas na legislação específica (art. 85). (o artigo não diz se é com ou sem remuneração).
Concluído o serviço militar, o servidor terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o
exercício do cargo (art. 85, parágrafo único).
O servidor terá direito a licença, sem remuneração, durante o período que mediar entre a sua
escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua
candidatura perante a Justiça Eleitoral (art. 86).
O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde desempenha suas funções e que exerça
cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a
partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo
dia seguinte ao do pleito (art. 86, §1º).
A partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à
licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses (art.
86, §2º).
A critério da Administração, poderão ser concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde
que não esteja em estágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo prazo de
até três anos consecutivos, sem remuneração. (art. 91). A licença poderá ser interrompida, a
qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.
LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO CLASSISTA
A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser prorrogada, no caso de reeleição, e por
uma única vez (art. 92, §2º).
DOS AFASTAMENTOS
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade dos Poderes
da União, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses:
I - para exercício de cargo em comissão ou função de confiança - sendo a cessão para órgãos ou
entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus da remuneração será do
órgão ou entidade cessionária, mantido o ônus para o cedente nos demais casos (§1º).
A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a missão ou estudo, somente decorrido igual
período, será permitida nova ausência (§1º, art. 95).
Ademais a este servidor não será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse
particular antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de
ressarcimento da despesa havida com seu afastamento (§2º, art 95).
TEMPO DE SERVIÇO
É contado para todos os efeitos o tempo de serviço público federal, inclusive o prestado às
Forças Armadas (art. 100). A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que serão
convertidos em anos, considerado o ano como de 365 dias (art. 101).
Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são considerados como de efetivo exercício
os afastamentos em virtude de (art.102) :
I - férias;
VIII - licença:
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do
tempo de serviço público prestado à União, em cargo de provimento efetivo;
c) para o desempenho de mandato classista, exceto para efeito de promoção por merecimento;
XI - afastamento para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual
coopere.
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que exceder o prazo a que se refere a
alínea "b" do inciso VIII do art. 102.
O tempo em que o servidor esteve aposentado será contado apenas para nova aposentadoria
(§1º, 103). Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às Forças Armadas em
operações de guerra (§2º, art. 103). Entendo que é inconstitucional, ante o teor do art. 40, §10,
CF, acrescentado pela EC nº 20/98,
DIREITO DE PETIÇÃO
Cabe pedido de reconsideração à autoridade que houver expedido o ato ou proferido a primeira
decisão, não podendo ser renovado (art. 106).
O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo a juízo da autoridade competente. Em caso
de provimento, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato impugnado (art. 109).
O direito de requerer contado da data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo
interessado, quando o ato não for publicado (tiver natureza reservada) (art. 110, parágrafo único),
prescreve (art. 110):
A prescrição é de ordem pública, não podendo ser relevada pela administração (art. 112). O
pedido de reconsideração e o recurso, quando cabíveis, interrompem a prescrição (art. 111). São
fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
A administração deverá rever seus atos, a qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.
DO REGIME DISCIPLINAR
O regime disciplinar faz parte do título IV do Estatuto, e compreende os seguintes capítulos : dos
deveres, das proibições, da acumulação, das responsabilidades e das penalidades.
Breves comentários :
Não deve ser confundido o poder disciplinar com o poder penal do Estado. O poder penal é
exercido pelo Poder Judiciário, norteado pelo processo penal; visa à repressão de condutas de
condutas qualificadas como crime e contravenções; portanto, tem a finalidade precípua de
preservar a ordem e ordem e a convivência na sociedade como um todo. O poder disciplinar, por
sua vez, é atividade administrativa, regida pelo direito administrativo; visa à punição de condutas,
qualificadas em estatutos ou demais leis, como infrações funcionais; tem a finalidade de preservar
de modo imediato, a ordem interna do serviço, para que as atividades do órgão possam ser
realizadas sem a perturbação e sem desvirtuamentos, dentro da legalidade e da lisura (Odete
Medauar).
DAS PENALIDADES
ADVERTÊNCIA
inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não
justifique imposição de penalidade mais grave (art. 129). Eis aqui um exemplo de que as sanções
disciplinares não obedecem cegamente o princípio da tipicidade. Que decide se cabe ou não
penalidade mais grave é a Administração.
Bem como na Inobservância das seguinte proibições (art. 117, incisos I a VIII e XIX)
cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de
atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou
parente até o segundo grau civil;
SUSPENSÃO
das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão; de que são
exemplos as proibições (art. 117, XVII e XVIII) :
cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
emergência e transitórias;
exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com
o horário de trabalho;
Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser convertida
em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando
o servidor obrigado a permanecer em serviço (§2º).
Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se
a ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade competente, cessando os
efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação (§1º).
DEMISSÃO
- inassiduidade habitual (entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa
justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o período de doze meses (art. 139) ;
- improbidade administrativa;
- corrupção;
Bem como na transgressão das seguintes proibições ( incisos IX a XVI do art. 117) :
- improbidade administrativa
- corrupção;
- corrupção
O servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão nos casos abaixo não poderá
retornar ao serviço público federal (parágrafo único, art. 137).
- improbidade administrativa
- corrupção;
O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando
investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos,
salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles,
declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos (art. 120)
O servidor não poderá exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no
parágrafo único do art. 9o,(exercício interino em outro cargo de confiança, nesta hipótese deverá
optar pela remuneração de um deles) nem ser remunerado pela participação em órgão de
deliberação coletiva (art. 119). Exceto remuneração devida pela participação em conselhos de
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias
e controladas, bem como quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
indiretamente, detenha participação no capital social(parágrafoúnicoart.119).
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
públicas, a autoridade notificará o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar
opção no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência e, na hipótese de
omissão, adotará procedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata ;
A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em
que se converterá automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo (§5º).
CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA
A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada
nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão (art. 135).
Constatada a hipótese de que trata este artigo, a exoneração efetuada (a pedido ou a juízo da
autoridade, hipóteses do artigo 35) será convertida em destituição de cargo em comissão
(parágrafo único).
APLICAÇÃO DAS PENALIDADES DISCIPLINARES
Breves comentários :
Na Administração Pública, ao contrário do que acontece no direito penal, não deve rigorosa
obediência ao princípio da tipicidade estrita na definição legal dos atos passíveis de pena e das
respectivas sanções.
- nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias, pelo chefe da repartição e
outras autoridades na forma dos respectivos regimentos ou regulamentos,;
- quando se tratar de destituição de cargo em comissão, pela autoridade que houver feito a
nomeação.
PRESCRIÇÃO
prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido (§1º, ART. 142).
INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO
DA SINDICÂNCIA
I - arquivamento do processo;
Na hipótese de o relatório da sindicância concluir que a infração está capitulada como ilícito
penal, a autoridade competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público,
independentemente da imediata instauração do processo disciplinar (art. 154, parágrafo único).
O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por
igual período, a critério da autoridade superior (lei 8.112/90, art. 145, parágrafo único).
DO PROCESSO DISCIPLINAR
Será obrigatória a abertura de processo disciplinar, sempre que o ilícito praticado pelo servidor
ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão,
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão (Lei
8.112/90, art. 146).
O processo disciplinar será conduzido por comissão composta de três servidores estáveis
designados pela autoridade competente, que indicará entre eles o seu presidente, que deverá ser
ocupante de cargo efetivo superior ou do mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou
superior ao do indiciado (art. 149).
III - julgamento.
O prazo para conclusão do processo disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da
data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo,
quando as circunstâncias e exigirem (Lei 8.112/90, art. 152).
INDICIAÇÃO DO SERVIDOR
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na apuração da
irregularidade, a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determinar o seu
afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, que poderá ser
prorrogado por igual prazo, sem prejuízo da remuneração, findo o qual cessarão os efeitos, ainda
que não concluído o processo (art. 147).
O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se
aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a
inadequação da penalidade aplicada. Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do
servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do processo. No caso de
incapacidade mental do servidor, a revisão será requerida pelo respectivo curador.
LEI Nº 5.371 - DE 5 DEZEMBRO DE 1967
Art. 1º Fica o Governo Federal autorizado a instituir uma fundação, com patrimônio próprio e
personalidade jurídica de direito privado, nos termos da lei civil denominada "Fundação Nacional
do Índio", com as seguintes finalidades:
I - estabelecer as diretrizes e garantir o cumprimento da política indigenista, baseada nos
princípios a seguir enumerados:
a) respeito à pessoa do índio e às instituições e comunidades tribais;
b) garantia à posse permanente das terras que habitam e o usufruto exclusivo dos recurso
naturais e de todas as unidades nelas existentes;
c) preservação do equilíbrio biológico e cultural do índio, no seu contacto com a sociedade
nacional;
d) resguardo à aculturação espontânea do índio, de forma que sua evolução sócio-econômica se
processe a salvo de mudanças bruscas;
§1º Os bens, rendas e serviços da Fundação são isentos de impostos federais, estaduais e
municipais, de conformidade com a lei "c", item III, do art.20 da Constituição.
§2º O orçamento da União, consignará, em cada exercício, recursos suficientes ao atendimento
das despesas da Fundação.
§3º A Fundação poderá promover a obtenção de cooperação financeira e assistência técnica
internas ou externas, públicas ou privadas, coordenando e adequando a sua aplicação aos planos
estabelecidos.
Art.3º As Rendas do patrimônio Indígena serão administradas pela Fundação tendo em vista os
seguintes objetivos:
I - emancipação econômica das tribos;
II - acréscimo do patrimônio rentável;
III - custeio dos serviços de assistência ao índio.
Parágrafo único. Responderá a Fundação pelos danos que os seus empregados causem ao
Patrimônio Indígena, cabendo-lhe ação regressiva contra o empregado responsável, nos casos
de culpa ou dolo.
Art.6º Instituída a Fundação, ficarão automaticamente extintos o Serviço de Proteção aos Índios
(S.P.I), o Conselho Nacional de Proteção aos Índios (C.N.P.I) e o Parque Nacional do Xingu
(P.N.X.).
Art.7º Os quadros de pessoal dos órgãos a que se refere ao artigo anterior serão considerados m
extinção, a operar-se gradativamente, de acordo com as normas fixadas em Decreto.
§1º Os servidores dos quadros em extinção passarão a prestar serviços a Fundação consoante o
regime legal que lhe é próprio, podendo entretanto, optar pelo regime da legislação trabalhista, a
juízo da Diretoria da Fundação,, conforme normas a serem estabelecidas em Decreto do Poder
Executivo.
§2º O tempo de serviço prestado a Fundação em regime trabalhista, na forma do parágrafo
anterior, será contado como de serviço público para os fins previstos na legislação federal.
§3º A Fundação promoverá o aproveitamento em órgãos federais e, mediante convênio nos
Estados e Municípios, dos servidores referidos neste artigo, que não forem considerados
necessários aos serviços, tendo em vista o disposto no artigo 99 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de
fevereiro de 1967.
Parágrafo único. Os servidores requisitados na forma deste artigo poderão optar pelo regime
trabalhista peculiar à Fundação, durante o período em que permaneçam à sua disposição,
contando-se o tempo de serviço assim prestado para efeito de direitos e vantagens da função
pública.
Art. 12° Cumpre à Fundação elaborar e propor ao Poder Executivo Anteprojeto de Lei, a ser
encaminhado ao congresso, sobre o Estatuto Legal do Índio Brasileiro.
Art.13° No prazo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação desta Lei, o Ministro do Interior,
ouvida a Procuradoria-Geral da República, submeterá ao Presidente da República o projeto dos
Estados da Fundação Nacional do Índio.
Art.14° Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
A. Costa e Silva
DECRETO Nº 7.056 DE 28 DE DEZEMBRO DE 2009.
Aprova o Estatuto e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e
das Funções Gratificadas da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, e dá
outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e
VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 50 da Lei no 10.683, de 28 de
maio de 2003,
DECRETA:
Art. 1o Ficam aprovados o Estatuto e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das
Funções Gratificadas da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, na forma dos Anexos I e II a este
Decreto.
Art. 2o A letra “a” do inciso I do art. 1o do Decreto no 6.280, de 3 de dezembro de 2007, passa a
vigorar com a seguinte redação:
“a) a Fundação Nacional do Índio - FUNAI, sete DAS 102.4 e quatro DAS 102.3;” (NR)
Art. 3o Em decorrência do disposto no art. 1o, ficam remanejados, na forma do Anexo III a este
Decreto, os seguintes cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores -
DAS:
I - da FUNAI para a Secretaria de Gestão, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão:
um DAS 101.4; e dezessete DAS 102.1; e
II - da Secretaria de Gestão, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, para a FUNAI:
cinco DAS 102.4; dezesseis DAS 101.3; três DAS 102.3; trinta DAS 101.2; trinta e três DAS
102.2; e dezessete DAS 101.1.
Art. 4o Os apostilamentos decorrentes da aprovação do Estatuto de que trata o art. 1o deverão
ocorrer no prazo de vinte dias, contado da data de publicação deste Decreto.
Parágrafo único. Após os apostilamentos previstos no caput, o Presidente da FUNAI fará publicar
no Diário Oficial da União, no prazo de trinta dias, contado da data de publicação deste Decreto,
relação nominal dos titulares dos cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento
Superiores - DAS a que se refere o Anexo II, indicando, inclusive, o número de cargos vagos, sua
denominação e respectivo nível.
Art. 5o Ficam extintas todas as Administrações Executivas Regionais e Postos Indígenas de que
tratam os Decretos nos 4.645, de 25 de março de 2003, e 5.833, de 6 de julho de 2006, e criadas
as unidades regionais na forma estabelecida nos Anexos I e II.
Parágrafo único. Os servidores com lotação nas unidades extintas serão removidos para outras
unidades da FUNAI ou redistribuídos para outros órgãos, conforme a legislação vigente.
Art. 6o O Ministro de Estado da Justiça poderá editar regimento interno para detalhar as unidades
administrativas integrantes do Estatuto da FUNAI, suas competências e as atribuições de seus
dirigentes, conforme dispõe o art. 9o do Decreto no 6.944, de 21 de agosto de 2009.
Art. 7o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 8o Ficam revogados os Decretos nos 4.645, de 25 de março de 2003, e 5.833, de 6 de julho
de 2006.
Art.1º Esta Lei regula a situação jurídica dos índio ou silvícolas e das comunidades indígenas, com o
propósito de preservar a sua cultura e integrá-los, progressiva e harmonicamente, à comunhão
nacional.
Parágrafo único . Aos índios e às comunidades indígenas se estende a proteção das leis do País,
nos mesmo termos em que se aplicam os demais brasileiros, resguardados os usos, costumes e
tradições indígenas, bem como as condições peculiares reconhecidas nesta Lei.
Art.2º cumpre à União, aos Estados e aos Municípios, bem como aos órgão das respectivas
administrações indiretas, nos limites de sua comparência, para a proteção das comunidades
indígenas e a preservação dos seus direitos;
I - estender aos índios os benefícios da legislação comum, sempre que possível a sua aplicação;
II - prestar assistência aos índios e às comunidades indígenas ainda não integradas à comunhão
nacional;
III - respeitar, ao proporcionar aos índios meio para seu desenvolvimento, as peculiaridades
inerentes à sua condição;
IV - assegurar aos índios a possibilidade de livre escolha dos seus meios de vida e subsistência;
V - garantir aos índios a permanência voluntária no seu habitat, proporcionando-lhes ali recursos
para seu desenvolvimento e progresso;
VII - executar sempre que possível mediante a colaboração dos índios, os programas e projetos
tendentes a beneficiar as comunidades indígenas;
VIII - utilizar a cooperação de iniciativa e as qualidades pessoais do índio, tendo em vista a melhoria
de suas condições de vida e a sua integração no processo de desenvolvimento;
IX - garantir aos índios e comunidades indígenas, nos termos de Constituição, a posse permanente
das terras que habitam, reconhecendo-lhes o direito ao usufruto exclusivo das riquezas naturais e de
todas as utilidades naquelas terras existentes;
X - garantir aos índios o pleno exercício dos direitos civis e políticos que em fase da legislação lhes
couberem.
III - Integrados- Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício dos
direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos da sua cultura.
Art.5º Aplicam-se aos índios ou silvícolas as normas dos artigos 145 e 146, da Constituição Federal,
relativas à nacionalidade e à cidadania.
Parágrafo único. O exercício dos direitos civis e políticos pelo índio depende da verificação das
condições especiais estabelecidas nesta Lei e na legislação pertinente.
Art.6º Serão respeitados os usos, tradições costumes das comunidades indígenas e seus efeitos,
nas relações de família, na ordem de sucessão, no regime de propriedade nos atos ou negócios
realizados entre índios, salvo se optarem pela aplicação do direito comum.
Parágrafo único. Aplicam-se as normas de direito comum às relações entre índios não integrados e
pessoas estranhas à comunidade indígena, executados os que forem menos favoráveis a eles e
ressalvado o disposto nesta Lei.
CAPÍTULO I I
Da Assistência ou Tutela
Art.7º Os índios e as comunidades indígenas ainda não itegrados à comunhão nacional ficam
sujeitos ao regime tutelar estabelecido nesta Lei.
§1º Ao regime tutelar estabelecido nesta Lei aplicam-se no que couber, os princípios e as normas da
tutela do direito comum, independendo, todavia, o exercício da tutela da especialização de bens
imóveis em hipoteca legal, bem como da prestação de caução real ou fidejussória.
§2º Incumbe a tutela à União, que a exercerá através do competente órgão federal de assistência
aos silvícolas.
§8º São nulos os atos praticados entre índios não integrados e qualquer pessoa estranha à
comunidade indígena quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente.
Parágrafo único. Não se aplica a regra deste artigo no caso em que o índio revele consciência e
conhecimento do ato praticado, desde que não lhe seja prejudicial, e da extensão dos seus efetivos.
Art.9º Qualquer índio poderá requerer ao Juízo competente a sua liberação do regime tutelar
previsto nesta Lei, investindo-se na plenitude da capacidade civil, desde que preencha os requisitos
seguintes:
Parágrafo único. O juiz decidirá após instrução sumária, ouvidos o órgão de assistência ao índio e
o Ministério Público, transcrita a sentença concessiva no registro civil.
Parágrafo único. Para os efeitos do disposto neste artigo, exigir-se-à o preenchimento, pelos
requerentes, dos requisitos estabelecidos no artigo 9º.
Art.12º Os nascimentos e óbitos, e os casamentos civis dos índios não integrados, serão registrados
de acordo com a legislação comum, atendidas as peculiaridades de sua condição quanto à
qualificação do nome, prenome e filiação.
Parágrafo único. O registro civil será feito a pedido do interessado ou da autoridade administrativa
competente.
Art.13º Haverá livros próprios, no órgão competente de assistência, para o registro administrativo de
nascimentos e óbitos dos índios, da cessação de sua incapacidade e dos casamentos contraídos
segundo os costumes tribais.
Parágrafo único. O registro administrativo constituirá, quanto couber, documento hábil para
proceder ao registro civil do alto correspondente, admitido, na falta deste, como meio subsidiário de
prova.
Art.15º Será nulo o contrato de trabalho ou de locação de serviços realizados com os índios de que
trata o art.4º, I.
§1º será estimulada a realização de contratos por equipe, ou a domicilio, sob a orientação do órgão
competente, de modo a favorecer a continuidade da vida comunitária.
§2º Em qualquer caso de prestação de serviços por indígenas não integrados, o órgão de proteção
ao índio exercerá permanentes fiscalização das condições de trabalho, denunciados os abusos e
providenciando as providencias a aplicação das sanções cabíveis.
§3º O órgão de assistência ao indígena propiciará o acesso, aos seus quadros, de índios integrados,
estimulando a sua especificação indigenista.
I - as terras ocupadas ou habitadas pelos silvícolas, a que se referem os artigos 4º, IV, e 198, da
Constituição;
Art.18° As terras indígenas não poderão ser objeto de arrendamento ou de qualquer ato ou negócio
jurídico que restrinja o pleno exercício da posse direta pela comunidade indígena ou pelos silvícolas.
§1º Nessas áreas, é vedada a qualquer pessoa estranha aos grupos tribais ou comunidades
indígenas a prática da caça, pesca ou coleta de frutos, assim como de atividade agropecuárias ou
extrativa.
§2º vetado.
Art.19º As terras indígenas, por iniciativa e sob orientação do órgão federal de assistência ao índio,
serão administrativamente demarcadas, de acordo com o processo estabelecido em decreto do
Poder Executivo.
§1º A demarcação promovida nos termos deste artigo, homologada pelo Presidente da República,
será registrada em livro próprio do Serviço do Patrimônio da União (S.P.U) e do registro imobiliário
da comarca da situação das terras.
§2º Contra a demarcação processada nos termos deste artigo não caberá a concessão do interdito
possessório, facultado aos interessados contra ela recorrer à ação petitória ou à demarcatória.
Art.20° Em caráter experimental e por qualquer dos motivos adiante enumerados, poderá a União
intervir, se não houver solução alternativa, em áreas indígenas, determinada a providência por
decreto do Presidente da República.
b) para combater graves surtos epidêmicos, que possam acarretar o extermino da comunidade
indígena, ou qualquer mal que ponha em risco a integridade do silvícola ou do grupo tribal;
§2º A intervenção executar-se-à nas condições estipuladas no decreto e sempre pór meios
suasórios, dela podendo resultar, segundo a gravidade do fato, uma ou algumas das medidas
seguintes:
§3º Somente caberá a remoção de grupo tribal quando de todo impossível ou desaconselhável a sua
permanência na área sob intervenção, destinando-se à camunidade indígena removida área
equivalente à anterior, inclusive quanto às condições ecológicas.
§4º A comunidade indígena removida será integralmente ressarcida dos prejuízos decorrentes da
remoção.
§5º O ato de intervenção terá a assistência direta do órgão federal que exercita tutela do índio.
Art.22° cabe aos índios ou silvícolas a posse permanente das terras que habitam e o direito ao
usufruto exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades naquelas terras existentes.
Parágrafo único. As terras ocupadas pelos índios, nos termos deste artigo, são bens inalienáveis da
União (artigos 4º, IV, e 198 da Constituição Federal)
Art.23° Considera-se pose do índio ou silvícola a ocupação efetiva de terra, que, de acordo com os
usos, costumes e tradições tribais, detém e onde habita ou exerce atividade indispensável à sua
subsistência ou economicamente útil.
Art.24° O usufruto assegurado aos índios ou silvícolas compreende o direito à posse, uso e
percepção das riquezas naturais e de todas as utilidades existentes nas terras ocupadas, bem assim
ao produto da exploração econômica de tais riquezas naturais e utilidades.
§1º Incluem-se, no usufruto, que se estende aos acessórios e seus acrescidos, o uso dos
mananciais e das águas dos trechos das vias fluviais compreendidos nas terras ocupadas.
§2º É garantido ao índio o exclusivo exercício da caça e pesca nas áreas por ele ocupadas, devendo
ser executadas por forma suasória as medidas de polícia que em relação a ele eventualmente
tiverem que ser aplicadas.
Art.25° O reconhecimento do direito dos índios e grupos tribais à posse permanente das terras por
eles habitadas, nos termos do artigo 198, da Constituição Federal, independerá de sua demarcação,
e será assegurado pelo órgão federal de assistência aos silvícolas, atendendo à situação atual e ao
consenso histórico sobre a antigüidade da ocupação, sem prejuízo das medidas cabíveis que, na
omissão ou erro do referido órgão, tomar qualquer dos Poderes da República.
Art.26° A União poderá estabelecer, em qualquer parte do território nacional, áreas distintas à posse
e ocupação pelos índios, onde possam viver e obter meios de subsistência, com direito ao usufruto e
utilização das riquezas naturais indígenas, podendo organizar-se sob uma das seguintes
modalidades:
a) reserva indígena;
b) parque indígena;
Art.27° Reserva Indígena é uma área destinada a servir de habitat a grupos indígenas, com os
meios suficientes à sua subsistência.
Art.28° Parque Indígena é a área contida em terra para posse dos índios, cujo grau de integração
permita assistência econômica, educacional e sanitária dos órgãos da União, em que se preservem
as reservas de flora e fauna e as belezas naturais da região.
§1º Na administração dos parques serão respeitadas a liberdade, usos, costumes e tradições dos
índios.
§2º As medidas de polícia, necessárias à ordem interna e à preservação das riquezas existentes na
área do parque, deverão ser tomadas por meios suasórios e de acordo com interesse dos índios que
nela habitam.
§3º O loteamento das terras do parque indígena obedecerá ao regime de propriedade, usos e
costumes tribais, bem como as normas administrativas nacionais, que deverão ajustar-se aos
interesses das comunidades indígenas.
Art.29° Colônia agrícola é a área destinada à exploração agropecuária, administrada pelo órgão de
assistência ao índio, onde convivam tribos acumuladas e membros da comunidade nacional.
Art.31° As disposições deste Capítulo serão aplicadas, no que couber, às áreas em que a posse
decorra da aplicação do artigo 198, da Constituição Federal.
Art.32° São de propriedade plena do índio ou da comunidade indígena, conforme o caso, as terras
havidas por qualquer das formas de aquisição do domínio, nos termos da legislação civil.
Art.33° O índio integrado ou não, que ocupe como próprio, por dez anos consecutivos, trechos de
terras inferior a cinqüenta hectares, adquirir-lhe-á propriedade plena.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às terras do domínio da União, ocupadas
por grupos tribais, às áreas reservadas de que trata esta Lei, nem às terras de propriedade coletiva
de grupo tribal.
Art.34° O órgão federal de assistência ao índio poderá solicitar a colaboração das Forças Armadas e
Auxiliares da Polícia Federal, para assegurar a proteção das terras ocupadas pelos índios e pelas
comunidades indígenas.
Art.35° Cabe ao órgão federal de assistência ao índio a defesa jurídica ou extrajudicial dos direitos
dos silvícolas e das comunidades indígenas.
Art.36° Sem prejuízos do disposto no artigo anterior compete à União adotar as medidas
administrativas ou propor, por intermédio do Ministério Público Federal, as medidas judiciais
adequadas à proteção da posse dos silvícolas sobre as terras que habitam.
Parágrafo único. Quando as medidas judiciais previstas neste artigo, forem propostas pelo órgão
federal de assistência, ou contra ele, a União será litisconsorte ativa ou passiva.
Art.37° Os grupos tribais ou comunidades indígenas são partes legítimas para a defesa dos seus
direitos em juízo, cabendo-lhes, no caso, a assistência do Ministério Público Federal ou do órgão de
proteção ao índio.
Art.38° As terras indígenas são inusucapíveis e sobre elas não poderá recair desapropriação, salvo
o previsto no artigo 20.
II - O usufruto exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades existentes nas terras
ocupadas por grupos tribais ou comunidades indígenas e nas áreas a eles reservadas.
II - o grupo tribal ou comunidades indígenas determinada, quanto à posse e usufruto das terras por
ele exclusivamente ocupadas, ou eles destinadas;
Art.44° As riquezas do solo, nas áreas indígenas, somente pelos silvícolas podem ser exploradas,
cabendo-lhes com exclusividade o exercício da garimpagem, faiscação e cata das áreas referidas.
Art.45° A exploração das riquezas do subsolo nas áreas pertencentes aos índios, ou domínio da
União, mas na posse de comunidade indígenas, far-se-á nos termos da legislação vigente,
observando o disposto nesta Lei.
§1º O Ministério do interior, através do órgão competente de assistência aos índios, representará os
interesses da União, como proprietário do solo, mas a participação no resultado da exploração, as
indenizações e a renda devida pela ocupação do terreno, reverterão em benéficos das índios e
constituirão fontes de renda indígena.
§2º Na salvaguarda dos interesses do patrimônio Indígena e do bem estar dos silvícolas, a
autorização de pesquisa ou lavra, a terceiros, nas posses tribais, estará condicionada a prévio
entendimento com o órgão de assistência ao índio.
Art.47° É assegurado o respeito ao patrimônio cultural das comunidades indígenas, seus valores
artísticos e meios de exploração.
Art.49° A alfabetização dos índio far-se-á na língua do grupo a que pertençam, e em português,
salvaguardado o uso da primeira.
Art.50° A educação do índio será orientada para a integração na comunhão nacional mediante
processo de gradativa compreensão dos problemas gerais e valores da sociedade nacional, bem
como do aproveitamento das suas aptidões individuais.
Art.51° A assistência aos menores, para fins educacionais, será prestada, quando possível, sem
afastá-los do convívio familiar ou tribal.
Art.52° Será proporcionada ao índio a formação profissional adequada, de acordo com seu grau de
culturação.
Art.53° O artesanato e as indústrias rurais serão estimulados, no sentido de elevar o padrão de vida
do índio com a conveniente adaptação às condições técnicas nomeadas.
Art.54° Os índios têm direito aos meios de proteção à saúde facultados à comunhão nacional.
Art.55° O regime geral da previdência social será extensivo aos índios, atendidas as condições
sociais, econômicas e culturais das comunidades beneficiadas.
Art. 56°. No caso de condenação de índio por infração penal, a pena deverá ser atenuada e na sua
aplicação o juiz atenderá também ao grau de integração silvícola.
Art.57°. Será tolerada aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de
sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou
infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte.
II - utilizar o índio ou comunidade indígena como objeto de propaganda turística ou de exibição para
fins lucrativos. Pena - detenção de dois a seis meses;
III - propiciar, por qualquer meio, a aquisição, o uso e a disseminação de bebidas alcoólicas, nos
grupos tribais eu entre índios não integrados. Pena - detenção de seis meses a dois anos;
Parágrafo único. As penas estatuídas neste artigo são agravadas de um terço, quando o crime for
praticado por funcionário ou empregado do órgão de assistência ao índio.
Art.59°. No caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, em que o ofendido seja
índio não integrado ou comunidade indígena, a pena será agravada de um terço.
TÍTULO VII - Disposições Gerais
Art.62°. Ficam declaradas a nulidade e a extinção dos efeitos jurídicos dos atos de qualquer
natureza que tenham por objeto o domínio, a posse ou a ocupação das terras habitadas pelos índios
ou comunidades indígenas.
§1º Aplica-se o dispositivo neste artigo às terras que tenham sido desocupadas pelos índios ou
comunidades indígenas em virtude de ato ilegítimo de autoridade e particular.
§2º Ninguém terá direito a ação ou indenização contra a União, o órgão de assistência ao índio ou
os silvícolas em virtude da nulidade e extinção de que trata este artigo, ou de suas conseqüências
econômicas.
§3º Em caráter excepcional e a juízo exclusivo do dirigente do órgão de assistência ao índio, será
permitida a continuação, por prazo razoável, dos efeitos dos contratos de arrendamento em vigor da
data desta Lei, desde que a sua extinção acarrete graves conseqüências sociais.
Art.63°. Nenhuma medida judicial será concedida liminarmente em causas que envolvam interesse
de silvícolas ou do Patrimônio Indígena, sem prévia audiência da União e do órgão de proteção ao
índio.
Art.64°. Vetado
Art.65°. O Poder Executivo fará, no prazo de cinco anos, a demarcação das terras indígenas, ainda
não demarcadas.
Art.66°. O órgão de proteção ao silvícola fará divulgar e respeitar as normas da Convenção 107,
promulgada pelo Decreto nº 58.824, de 14 de julho de 1966.
Art.68° . Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
EMÍLIO G. MÉDICI
Alfredo Buzaid
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o artigo 84, inciso IV, da
Constituição, tendo em vista o disposto na Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973 e em
cumprimento da Convenção nº 107, da Organização Internacional do Trabalho, aprovada pelo
Decreto nº 58.825, de 14 de julho de 1966, sobre a proteção da integração das populações
indígenas e outras populações tribais e semi-tribais de países independentes,
DECRETA:
Art. 1º Fica atribuída ao Ministério da Educação a competência para coordenar as ações referentes
à educação indígena, em todos os níveis e modalidades de ensino, ouvida a Funai.
Art. 2º As ações previstas no Art. 1º serão desenvolvidas pelas Secretarias de Educação dos
Estados e Municípios em consonância com as Secretarias Nacionais de Educação do Ministério da
Educação.
FERNANDO COLLOR
Jarbas Passarinho
Carlos Chiarelli
PRESTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA AOS POVOS INDÍGENAS - DECRETO Nº 3.156, DE 27/08/1999.
Dispõe sobre as condições para a prestação de assistência à saúde dos povos indígenas, no âmbito
do Sistema Único de Saúde, pelo Ministério da Saúde, altera dispositivos dos Decretos nºs 564, de 8
de junho de 1992, e 1.141, de 19 de maio de 1994, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI,
da Constituição, e tendo em vista nos arts. 14, inciso XVII, alinea " c ", 18, inciso X e 28-b da Lei nº
9.649, de 27 de maio de 1998,
DECRETA:
Art 1º A atenção à saúde indígena é dever da União e será prestada de acordo com a Constituição e
com a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, objetivando a universidade, a integralidade e a
equanimidade dos serviços de saúde.
Parágrafo único. As ações e serviços de saúde prestados aos índios pela União não prejudicam as
desenvolvidas pelos Municípios e Estados, no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Art 2º Para o cumprimento do disposto no artigo anterior, deverão ser observadas as seguintes
diretrizes destinadas à promoção, proteção e recuperação da saúde do índio, objetivando o alcance
do equilíbrio bio-psico-social, com o reconhecimento do valor e da complementariedade das práticas
da medicina indígena, segundo as peculiaridades de cada comunidade, o perfil epidemiológico e a
condição sanitária:
VI - a assistência médica e odontológica integral, prestada por instituições públicas em parceria com
organizações indígenas e outras da sociedade civil;
VII - a garantia aos índios e às comunidades indígenas de acesso às ações de nível primário,
secundário e terciário do Sistema Único de Saúde - SUS;
IX - o reconhecimento da organização social e política, dos costumes, das línguas, das crenças e
das tradições dos índios.
Parágrafo único. A organização das atividades de atenção à saúde das populações indígenas dar-
se-á no âmbito do Sistema Único de Saúde e efetivar-se-á, progressivamente, por intermédio dos
Distritos Sanitários Especiais Indígenas, ficando assegurados os serviços de atendimento básico no
âmbito das terras indígenas.
Parágrafo único. A FUNAI comunicará à FUNASA a existência de grupos indígenas isolados, com
vistas ao atendimento de saúde específico.
Art 4º Para os fins previstos neste Decreto, o Ministério da Saúde poderá promover os meios
necessários para que os Estado, Municípios e entidades governamentais e não-governamentais
atuem em prol da eficácia das ações de saúde indígena, observadas as diretrizes estabelecidas no
art. 2º deste Decreto.
Art 5º Os arts. 2º e 17 do Anexo I ao Decreto nº 564, de 8 de junho de 1992, passam a vigorar com a
seguinte redação:
"Art. 17. À Diretoria de Assistência compete promover e dirigir, em nível nacional, as ações de
assistência aos índios nas áreas de proteção aos grupos indígenas isolados, de execução das
atividades relativas à prestação, conservação e recuperação do meio ambiente de atividades sociais
produtivas, assim como apoiar e acompanhar as ações das comunidades indígenas, desenvolvidas
pelo Ministério da Saúde." (NR)
Art 6º Os arts. 1º, 2º e 6º do Decreto nº 1.141, de 19 de maio de 1994, passam a vigorar com a
seguinte redação:
"Art. 2º As ações de que trata este Decreto dar-se-ão mediante programas nacionais e projetos
específicos, de forma integrada entre si e em relação às demais ações desenvolvidas em terras
indígenas, elaboradas e executadas pelos Ministérios da Justiça, da Agricultura e do Abastecimento,
do Meio Ambiente e da Cultura, ou por seus órgãos vinculados e entidades supervisionadas, em
suas respectivas áreas de competência legal, com observância das normas estabelecidas pela Lei
nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973." (NR)
IX - dois representante da Sociedade Civil, vinculados a entidades de defesa dos interesses das
comunidades indígenas." (NR)
Art 7º Ficam remanejados, na forma deste artigo e do Anexo I a este Decreto, da Fundação Nacional
do Índio - FUNAI para a Fundação Nacional de Saúde - FUNASA, um DAS 101.4; dois DAS 101.3;
vinte e quatro DAS 101.1 e quarenta e nove FG-1.
Parágrafo único. Em decorrência do disposto no caput deste artigo, os anexos LXVIII e LXXIV ao
Decreto nº 1.351, de 28/12/1994, passam a vigorar na forma dos anexos II e III a este Decreto.
Art 8º A FUNASA contará com Distritos Sanitários Especiais Indígenas destinados ao apoio e à
prestação de assistência à saúde das populações indígenas.
§ 1º Os Distritos de que trata este artigo serão dirigidos por um Chefe DAS 101.1 e auxiliados por
dois Assistentes FG-1.
§ 2º Ficam subordinadas aos respectivos Distritos Sanitários Especiais Indígenas as Casas do Índio,
transferidas da FUNAI para a FUNASA, cada uma delas dirigida por um Chefe FG-1.
§ 4º Cada Distrito Sanitário Especial Indígena terá um Conselho Distrital de Saúde Indígena, com as
seguintes atribuições:
III - apreciação da prestação de contas dos órgãos e instituições executoras das ações e serviços de
atenção à saúde do índio.
Art 9º Poderão ser criados, pelo Presidente da FUNASA, no âmbito dos Distritos Sanitários
Especiais Indígenas, Conselhos Locais de Saúde, compostos por representantes das comunidades
indígenas, com as seguintes atribuições:
III - indicar conselheiros para o Conselho Distrital de Saúde Indígena e para os Conselhos
Municipais, se for o caso; e
IV - fazer recomendações ao Conselho Distrital de Saúde Indígena, por intermédio dos conselheiros
indicados.
Art 10. As designações dos membros dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena e dos Conselhos
Locais de Saúde serão feitas, respectivamente, pelo Presidente da FUNASA e pelo Chefe do Distrito
Sanitário Especial Indígena, mediante indicação das comunidades representadas.
§ 1º Além da exigência estabelecida no caput deste artigo, deverão ocupar, ou ter ocupado, no caso
de servidor inativo, cargo permanente de nível superior e ter experiência mínima de cinco anos em
cargo de direção ou função de confiança no Ministério da Saúde ou em suas entidades vinculadas,
os ocupantes dos seguintes cargos:
Art 14. Ficam revogados os arts. 11, 12, 13 e 14 do Decreto nº 1.141, de 19 de maio de 1994, e os
Decretos nºs 1.479, de 2 de maio de 1995, 1.779, de 9 de janeiro de 1996; e 2.540, de 8 de abril de
1998.
José Serra
Martus Tavares
Declaração Universal dos direitos dos Povos Indígenas
Parágrafos preambulares
1 - Afirmando que todos os povos indígenas são livres e iguais em dignidade e direitos, de acordo
com as normas internacionais, e reconhecendo o direito de todos os indivíduos e povos de serem
distintos e de considerarem-se distintos, e serem respeitados como tais;
2 - Considerando que todos os povos contribuem para a diversidade e a riqueza das civilizações e
culturas, as quais constituem patrimônio comum da humanidade;
4 - Preocupados com o fato de os povos indígenas terem sido freqüentemente privados de seus
direitos humanos e liberdades fundamentais, tendo como resultado a perda de suas terras, territórios
e recursos, assim como a pobreza e a marginalização;
5 - Celebrando o fato de que os povos indígenas estão se organizando para pôr fim a todas as
formas de discriminação e opressão onde quer que ocorram;
7 - Reafirmando que os povos indígenas, no exercício de seus direitos, deveriam ver-se livres de
discriminação adversa de todo tipo;
9 - Enfatizando a necessidade da desmilitarização das terras e territórios dos povos indígenas, o que
contribuirá para a paz, a compreensão e as relações amistosas entre os povos do mundo;
l0 - Enfatizando a importância de dar especial atenção aos direitos e necessidades das mulheres,
jovens e crianças indígenas;
11 - Convencidos de que os povos indígenas têm o direito de determinar livremente suas relações
com os Estados nos quais vivem, num espírito de coexistência com outros cidadãos;
13 - Tendo em conta que nada nesta Declaração pode ser usado como justificativa para negar a
qualquer povo seu direito à autodeterminação;
14 - Conclamando os Estados a cumprir e implementar efetivamente todos os instrumentos
internacionais aplicáveis aos povos indígenas;
Parágrafos operativos
Parte 1
2 - Os povos indígenas têm o direito ao pleno e efetivo desfrute de todos os direitos humanos e
liberdades fundamentais reconhecidos na Carta das Nações Unidas e outros instrumentos
internacionais de direitos humanos.
3 - O povos indígenas têm o direito de serem livres e iguais a todos os outros seres humanos em
dignidade e direitos, e de serem livres de distinção ou discriminação adversa de qualquer tipo
baseada em sua identidade indígena.
Parte II
4 - Os povos indígenas têm o direito coletivo de existir em paz e segurança como povos distintos e
de serem protegidos contra o genocídio, assim como os direitos individuais à vida, integridade física
e mental, liberdade e segurança da pessoa.
6 - Os povos indígenas têm o direito coletivo e individual de serem protegidos do genocídio cultural,
incluindo a prevenção e a indenização por:
a) qualquer ato que tenha o objetivo ou o efeito de privá-los de sua integridade como sociedades
distintas, ou de suas características ou identidades culturais ou étnicas;
7) Os povos indígenas têm o direito de reviver e praticar sua identidade e tradições culturais,
incluindo o direito de manter, desenvolver e proteger as manifestações de suas culturas, passadas,
presentes e futuras, tais como os sítios e estruturas arqueológicas e históricas, objetos, desenhos,
cerimônias, tecnologia e obras de arte, assim com o direito à restituição da propriedade cultural,
religiosa e espiritual retiradas deles sem seu livre e informado consentimento ou em violação às
suas próprias leis.
8) Os povos indígenas têm o direito de manifestar, praticar e ensinar suas próprias tradições
espirituais e religiosas, costumes e cerimônias; o direito de manter, proteger e ter acesso em
privacidade aos sítios religiosos e culturais; o direito ao uso e controle de objetos cerimoniais; e o
direito à repartição de restos humanos.
9) Os povos indígenas têm o direito de reviver, usar, desenvolver, promover e transmitir às futuras
gerações suas próprias línguas, sistemas de escrita e literatura, e designar e manter os nomes
originais de comunidades, lugares e pessoas. Os Estados tomarão medidas para assegurar que os
povos indígenas possam atender e serem entendidos nos procedimentos políticos, legais e
administrativos, quando seja necessário, através da provisão de intérpretes ou outros meios efetivos.
10) Os povos indígenas têm o direito a todas as formas de educação, incluindo o acesso à educação
em suas próprias línguas, e o direito de estabelecer e controlar seus próprios sistemas educacionais
e institucionais. Os recursos serão proporcionados pelo Estado para estes propósitos.
11) Os povos indígenas têm o direito à dignidade e à diversidade de suas culturas, histórias,
tradições e aspirações refletidas em todas as formas de educação e informação públicas. Os
Estados tomarão medidas efetivas para eliminar os preconceitos e fomentar a tolerância,
entendimento e boas relações.
12Os povos indígenas têm o direito ao uso e acesso a todas as formas de meios massivos de
comunicação em suas próprias línguas.Os Estados tomarão medidas efetivas para alcançar este fim
13 - Os povos indígenas têm o direito a uma adequada assistência financeira e técnica, por parte
dos Estados e, através da cooperação internacional, de procurar livremente seu próprio
desenvolvimento econômico, social e cultural, e para o gozo dos direitos contidos nesta Declaração.
Nada nesta Declaração pode ser interpretado no sentido de implicar para qualquer Estado, grupo ou
indivíduo o direito de empreender quaisquer atividades ou realizar quais. quer atos contrários à
Carta das Nações Unidas ou à Declaração Internacional de Princípios de Direitos 50bre Relações
Amistosas e Cooperação entre os Estados de acordo com a Carta das Nações Unidas.
Parte III
14 - Os povos indígenas têm o direito de manter sua distintiva e profunda relação com suas terras,
territórios e recursos, os quais incluem o total ambiente da terra, água, ar e mar, que eles
tradicionalmente ocupam ou usam de outra maneira.
15 - Os povos indígenas têm o direito coletivo e individual de possuir, controlar e usar as terras e
territórios que eles têm ocupado tradicionalmente ou usado de outra maneira. Isto inclui o direito ao
pleno reconhecimento de suas próprias leis e costumes, sistemas de posse da terra e instituições
para o manejo de recursos, e o direito a medidas estatais efetivas para prevenir qualquer
interferência ou abuso destes direitos.
16 - Os povos indígenas têm o direito à restituição, e na medida em que isto não seja possível, a
uma justa ou equitativa compensação pelas terras e territórios que hajam sido confiscados,
ocupados, usados ou sofrido danos sem seu livre e informado consentimento. A menos que se
acorde livremente outra coisa pelos povos envolvidos, a compensação tomará preferivelmente a
forma de terras e territórios de qualidade, quantidade e status legal pelo menos iguais àqueles que
foram perdidos.
17 - Os povos indígenas têm o direito à proteção de seu ambiente e à produtividade de suas terra e
territórios, e o direito à assistência adequada, incluindo a cooperação internacional para este fim. A
menos que outra coisa seja acordada livremente pelos envolvidos, as atividades militares e o
armazenamento ou depósito e de materiais perigosos não poderão ser feitos em suas terras e
territórios.
Nenhum dos povos indígenas poderá, em nenhum caso, ser privado de seus meios de subsistência.
Parte IV
18 - “O direito de manter e desenvolver, dentro de suas áreas de terras e outros territórios, suas
estruturas econômicas, instituições e modos de vida tradicionais, de ter asseguradas suas estruturas
econômicas e modos de vida tradicionais, de ter assegurado o desfrute de seus próprios meios de
subsistência tradicionais, e de dedicar-se livremente às suas atividades econômicas tradicionais e
outras, incluindo a caça, pesca de água doce e salgada, pastoreiro, coleta, corte de árvores e
cultivos, sem discriminação adversa. Em nenhum caso pode um povo indígena ser privado de seus
meios de subsistência. Eles têm o direito a uma justa e equitativa compensação pelos bens de que
foram privados".
19 - “O direito a medidas estatais especiais para a melhoria imediata, efetiva e continua de suas
condições sociais e econômicas, com seu consentimento, que reflitam suas próprias prioridades".
Parte V
23 - “O direito coletivo à autonomia em questões relativas a seus próprios assuntos internos e locais,
incluindo a educação, informação, meios de divulgação, cultura, religião, saúde, moradia, bem-estar
social, atividades econômicas e administrativas de terras e recursos e o meio ambiente, assim como
gravames impositivos internos para financiar estas funções autônomas".
24 – “O direito de decidir sobre as estruturas de suas instituições autônomas, seleção dos membros
de tais instituições de acordo com seus próprios procedimentos, e determinar os membros dos
povos envolvidos para estes propósitos; os Estados têm o dever, onde assim o queiram os povos
envolvidos, de reconhecer tais instituições e seus membros, através dos sistemas legais e
instituições políticas do Estado".
27 “O direito de exigir que os Estados cumpram os tratados e outros acordos concluídos com os
povos indígenas, e de submeter qualquer disputa que possa surgir nesta matéria a instâncias
competentes, nacionais ou internacionais".
Parte VI
Parte VII
29 - “Estes direitos constituem as normas mínimas para a sobrevivência e o bem-estar dos povos
indígenas do mundo".
30 - “Nada desta Declaração pode ser interpretado no sentido de implicar para qualquer Estado,
grupo ou indivíduos, o direito de empreender qualquer atividade ou realizar qualquer ato destinado à
destruição de qualquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos".
DECRETO Nº 5.051, DE 19 DE ABRIL DE 2004. DOU 20/04/2004
Promulga a Convenção no 169 da Organização Internacional do
Trabalho - OIT sobre Povos Indígenas e Tribais.
Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por meio do Decreto Legislativo n o 143, de 20 de
junho de 2002, o texto da Convenção no 169 da Organização Internacional do Trabalho - OIT sobre
Povos Indígenas e Tribais, adotada em Genebra, em 27 de junho de 1989;
Considerando que o Governo brasileiro depositou o instrumento de ratificação junto ao Diretor
Executivo da OIT em 25 de julho de 2002;
Considerando que a Convenção entrou em vigor internacional, em 5 de setembro de 1991, e, para o
Brasil, em 25 de julho de 2003, nos termos de seu art. 38;
DECRETA:
Art. 1o A Convenção no 169 da Organização Internacional do Trabalho - OIT sobre Povos Indígenas
e Tribais, adotada em Genebra, em 27 de junho de 1989, apensa por cópia ao presente Decreto,
será executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém.
Art. 2o São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar em
revisão da referida Convenção ou que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
patrimônio nacional, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição Federal.
Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação
CONVENÇÃO No 169 DA OIT SOBRE POVOS INDÍGENAS E TRIBAIS
A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho,
Convocada em Genebra pelo Conselho Administrativo da Repartição Internacional do Trabalho e
tendo ali se reunido a 7 de junho de 1989, em sua septuagésima sexta sessão;
Observando as normas internacionais enunciadas na Convenção e na Recomendação sobre
populações indígenas e tribais, 1957;
Lembrando os termos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, do Pacto Internacional dos
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e dos
numerosos instrumentos internacionais sobre a prevenção da discriminação;
Considerando que a evolução do direito internacional desde 1957 e as mudanças sobrevindas na
situação dos povos indígenas e tribais em todas as regiões do mundo fazem com que seja
aconselhável adotar novas normas internacionais nesse assunto, a fim de se eliminar a orientação
para a assimilação das normas anteriores;
Reconhecendo as aspirações desses povos a assumir o controle de suas próprias instituições e
formas de vida e seu desenvolvimento econômico, e manter e fortalecer suas identidades, línguas e
religiões, dentro do âmbito dos Estados onde moram;
Observando que em diversas partes do mundo esses povos não podem gozar dos direitos humanos
fundamentais no mesmo grau que o restante da população dos Estados onde moram e que suas
leis, valores, costumes e perspectivas têm sofrido erosão freqüentemente;
Lembrando a particular contribuição dos povos indígenas e tribais à diversidade cultural, à harmonia
social e ecológica da humanidade e à cooperação e compreensão internacionais;
Observando que as disposições a seguir foram estabelecidas com a colaboração das Nações
Unidas, da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura e da Organização Mundial da Saúde, bem
como do Instituto Indigenista Interamericano, nos níveis apropriados e nas suas respectivas esferas,
e que existe o propósito de continuar essa colaboração a fim de promover e assegurar a aplicação
destas disposições;
Após ter decidido adotar diversas propostas sobre a revisão parcial da Convenção sobre populações
Indígenas e Tribais, 1957 (n.o 107) , o assunto que constitui o quarto item da agenda da sessão, e
Após ter decidido que essas propostas deveriam tomar a forma de uma Convenção Internacional
que revise a Convenção Sobre Populações Indígenas e Tribais, 1957, adota, neste vigésimo sétimo
dia de junho de mil novecentos e oitenta e nove, a seguinte Convenção, que será denominada
Convenção Sobre os Povos Indígenas e Tribais, 1989:
PARTE 1 - POLÍTICA GERAL
Artigo 1o
1. A presente convenção aplica-se:
a) aos povos tribais em países independentes, cujas condições sociais, culturais e econômicas os
distingam de outros setores da coletividade nacional, e que estejam regidos, total ou parcialmente,
por seus próprios costumes ou tradições ou por legislação especial;
b) aos povos em países independentes, considerados indígenas pelo fato de descenderem de
populações que habitavam o país ou uma região geográfica pertencente ao país na época da
conquista ou da colonização ou do estabelecimento das atuais fronteiras estatais e que, seja qual for
sua situação jurídica, conservam todas as suas próprias instituições sociais, econômicas, culturais e
políticas, ou parte delas.
2. A consciência de sua identidade indígena ou tribal deverá ser considerada como critério
fundamental para determinar os grupos aos que se aplicam as disposições da presente Convenção.
3. A utilização do termo "povos" na presente Convenção não deverá ser interpretada no sentido de
ter implicação alguma no que se refere aos direitos que possam ser conferidos a esse termo no
direito internacional.
Artigo 2o
1. Os governos deverão assumir a responsabilidade de desenvolver, com a participação dos povos
interessados, uma ação coordenada e sistemática com vistas a proteger os direitos desses povos e
a garantir o respeito pela sua integridade.
2. Essa ação deverá incluir medidas:
a) que assegurem aos membros desses povos o gozo, em condições de igualdade, dos direitos e
oportunidades que a legislação nacional outorga aos demais membros da população;
b) que promovam a plena efetividade dos direitos sociais, econômicos e culturais desses povos,
respeitando a sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, e as suas instituições;
c) que ajudem os membros dos povos interessados a eliminar as diferenças sócio - econômicas que
possam existir entre os membros indígenas e os demais membros da comunidade nacional, de
maneira compatível com suas aspirações e formas de vida.
Artigo 3o
1. Os povos indígenas e tribais deverão gozar plenamente dos direitos humanos e liberdades
fundamentais, sem obstáculos nem discriminação. As disposições desta Convenção serão aplicadas
sem discriminação aos homens e mulheres desses povos.
2. Não deverá ser empregada nenhuma forma de força ou de coerção que viole os direitos humanos
e as liberdades fundamentais dos povos interessados, inclusive os direitos contidos na presente
Convenção.
Artigo 4o
1. Deverão ser adotadas as medidas especiais que sejam necessárias para salvaguardar as
pessoas, as instituições, os bens, as culturas e o meio ambiente dos povos interessados.
2. Tais medidas especiais não deverão ser contrárias aos desejos expressos livremente pelos povos
interessados.
3. O gozo sem discriminação dos direitos gerais da cidadania não deverá sofrer nenhuma
deterioração como conseqüência dessas medidas especiais.
Artigo 5o
Ao se aplicar as disposições da presente Convenção:
a) deverão ser reconhecidos e protegidos os valores e práticas sociais, culturais religiosos e
espirituais próprios dos povos mencionados e dever-se-á levar na devida consideração a natureza
dos problemas que lhes sejam apresentados, tanto coletiva como individualmente;
b) deverá ser respeitada a integridade dos valores, práticas e instituições desses povos;
c) deverão ser adotadas, com a participação e cooperação dos povos interessados, medidas
voltadas a aliviar as dificuldades que esses povos experimentam ao enfrentarem novas condições
de vida e de trabalho.
Artigo 6o
1. Ao aplicar as disposições da presente Convenção, os governos deverão:
a) consultar os povos interessados, mediante procedimentos apropriados e, particularmente, através
de suas instituições representativas, cada vez que sejam previstas medidas legislativas ou
administrativas suscetíveis de afetá-los diretamente;
b) estabelecer os meios através dos quais os povos interessados possam participar livremente, pelo
menos na mesma medida que outros setores da população e em todos os níveis, na adoção de
decisões em instituições efetivas ou organismos administrativos e de outra natureza responsáveis
pelas políticas e programas que lhes sejam concernentes;
c) estabelecer os meios para o pleno desenvolvimento das instituições e iniciativas dos povos e, nos
casos apropriados, fornecer os recursos necessários para esse fim.
2. As consultas realizadas na aplicação desta Convenção deverão ser efetuadas com boa fé e de
maneira apropriada às circunstâncias, com o objetivo de se chegar a um acordo e conseguir o
consentimento acerca das medidas propostas.
Artigo 7o
1. Os povos interessados deverão ter o direito de escolher suas, próprias prioridades no que diz
respeito ao processo de desenvolvimento, na medida em que ele afete as suas vidas, crenças,
instituições e bem-estar espiritual, bem como as terras que ocupam ou utilizam de alguma forma, e
de controlar, na medida do possível, o seu próprio desenvolvimento econômico, social e
cultural. Além disso, esses povos deverão participar da formulação, aplicação e avaliação dos
planos e programas de desenvolvimento nacional e regional suscetíveis de afetá-los diretamente.
2. A melhoria das condições de vida e de trabalho e do nível de saúde e educação dos povos
interessados, com a sua participação e cooperação, deverá ser prioritária nos planos de
desenvolvimento econômico global das regiões onde eles moram. Os projetos especiais de
desenvolvimento para essas regiões também deverão ser elaborados de forma a promoverem essa
melhoria.
3. Os governos deverão zelar para que, sempre que for possível, sejam efetuados estudos junto aos
povos interessados com o objetivo de se avaliar a incidência social, espiritual e cultural e sobre o
meio ambiente que as atividades de desenvolvimento, previstas, possam ter sobre esses povos. Os
resultados desses estudos deverão ser considerados como critérios fundamentais para a execução
das atividades mencionadas.
4. Os governos deverão adotar medidas em cooperação com os povos interessados para proteger e
preservar o meio ambiente dos territórios que eles habitam.
Artigo 8o
1. Ao aplicar a legislação nacional aos povos interessados deverão ser levados na devida
consideração seus costumes ou seu direito consuetudinário.
2. Esses povos deverão ter o direito de conservar seus costumes e instituições próprias, desde que
eles não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais definidos pelo sistema jurídico nacional
nem com os direitos humanos internacionalmente reconhecidos. Sempre que for necessário,
deverão ser estabelecidos procedimentos para se solucionar os conflitos que possam surgir na
aplicação deste principio.
3. A aplicação dos parágrafos 1 e 2 deste Artigo não deverá impedir que os membros desses povos
exerçam os direitos reconhecidos para todos os cidadãos do país e assumam as obrigações
correspondentes.
Artigo 9o
1. Na medida em que isso for compatível com o sistema jurídico nacional e com os direitos humanos
internacionalmente reconhecidos, deverão ser respeitados os métodos aos quais os povos
interessados recorrem tradicionalmente para a repressão dos delitos cometidos pelos seus
membros.
2. As autoridades e os tribunais solicitados para se pronunciarem sobre questões penais deverão
levar em conta os costumes dos povos mencionados a respeito do assunto.
Artigo 10
1. Quando sanções penais sejam impostas pela legislação geral a membros dos povos
mencionados, deverão ser levadas em conta as suas características econômicas, sociais e culturais.
2. Dever-se-á dar preferência a tipos de punição outros que o encarceramento.
Artigo 11
A lei deverá proibir a imposição, a membros dos povo interessados, de serviços pessoais
obrigatórios de qualquer natureza, remunerados ou não, exceto nos casos previstos pela lei para
todos os cidadãos.
Artigo 12
Os povos interessados deverão ter proteção contra a violação de seus direitos, e poder iniciar
procedimentos legais, seja pessoalmente, seja mediante os seus organismos representativos, para
assegurar o respeito efetivo desses direitos. Deverão ser adotadas medidas para garantir que os
membros desses povos possam compreender e se fazer compreender em procedimentos legais,
facilitando para eles, se for necessário, intérpretes ou outros meios eficazes.
PARTE II - TERRAS
Artigo 13
1. Ao aplicarem as disposições desta parte da Convenção, os governos deverão respeitar a
importância especial que para as culturas e valores espirituais dos povos interessados possui a sua
relação com as terras ou territórios, ou com ambos, segundo os casos, que eles ocupam ou utilizam
de alguma maneira e, particularmente, os aspectos coletivos dessa relação.
2. A utilização do termo "terras" nos Artigos 15 e 16 deverá incluir o conceito de territórios, o que
abrange a totalidade do habitat das regiões que os povos interessados ocupam ou utilizam de
alguma outra forma.
Artigo 14
1. Dever-se-á reconhecer aos povos interessados os direitos de propriedade e de posse sobre as
terras que tradicionalmente ocupam. Além disso, nos casos apropriados, deverão ser adotadas
medidas para salvaguardar o direito dos povos interessados de utilizar terras que não estejam
exclusivamente ocupadas por eles, mas às quais, tradicionalmente, tenham tido acesso para suas
atividades tradicionais e de subsistência. Nesse particular, deverá ser dada especial atenção à
situação dos povos nômades e dos agricultores itinerantes.
2. Os governos deverão adotar as medidas que sejam necessárias para determinar as terras que os
povos interessados ocupam tradicionalmente e garantir a proteção efetiva dos seus direitos de
propriedade e posse.
3. Deverão ser instituídos procedimentos adequados no âmbito do sistema jurídico nacional para
solucionar as reivindicações de terras formuladas pelos povos interessados.
Artigo 15
1. Os direitos dos povos interessados aos recursos naturais existentes nas suas terras deverão ser
especialmente protegidos. Esses direitos abrangem o direito desses povos a participarem da
utilização, administração e conservação dos recursos mencionados.
2. Em caso de pertencer ao Estado a propriedade dos minérios ou dos recursos do subsolo, ou de
ter direitos sobre outros recursos, existentes na terras, os governos deverão estabelecer ou manter
procedimentos com vistas a consultar os povos interessados, a fim de se determinar se os
interesses desses povos seriam prejudicados, e em que medida, antes de se empreender ou
autorizar qualquer programa de prospecção ou exploração dos recursos existentes nas suas
terras. Os povos interessados deverão participar sempre que for possível dos benefícios que essas
atividades produzam, e receber indenização equitativa por qualquer dano que possam sofrer como
resultado dessas atividades.
Artigo 16
1. Com reserva do disposto nos parágrafos a seguir do presente Artigo, os povos interessados não
deverão ser transladados das terras que ocupam.
2. Quando, excepcionalmente, o translado e o reassentamento desses povos sejam considerados
necessários, só poderão ser efetuados com o consentimento dos mesmos, concedido livremente e
com pleno conhecimento de causa. Quando não for possível obter o seu consentimento, o translado
e o reassentamento só poderão ser realizados após a conclusão de procedimentos adequados
estabelecidos pela legislação nacional, inclusive enquetes públicas, quando for apropriado, nas
quais os povos interessados tenham a possibilidade de estar efetivamente representados.
3. Sempre que for possível, esses povos deverão ter o direito de voltar a suas terras tradicionais
assim que deixarem de existir as causas que motivaram seu translado e reassentamento.
4. Quando o retorno não for possível, conforme for determinado por acordo ou, na ausência de tais
acordos, mediante procedimento adequado, esses povos deverão receber, em todos os casos em
que for possível, terras cuja qualidade e cujo estatuto jurídico sejam pelo menos iguais aqueles das
terras que ocupavam anteriormente, e que lhes permitam cobrir suas necessidades e garantir seu
desenvolvimento futuro. Quando os povos interessados prefiram receber indenização em dinheiro ou
em bens, essa indenização deverá ser concedida com as garantias apropriadas.
5. Deverão ser indenizadas plenamente as pessoas transladadas e reassentadas por qualquer perda
ou dano que tenham sofrido como conseqüência do seu deslocamento.
Artigo 17
1. Deverão ser respeitadas as modalidades de transmissão dos direitos sobre a terra entre os
membros dos povos interessados estabelecidas por esses povos.
2. Os povos interessados deverão ser consultados sempre que for considerada sua capacidade para
alienarem suas terras ou transmitirem de outra forma os seus direitos sobre essas terras para fora
de sua comunidade.
3. Dever-se-á impedir que pessoas alheias a esses povos possam se aproveitar dos costumes dos
mesmos ou do desconhecimento das leis por parte dos seus membros para se arrogarem a
propriedade, a posse ou o uso das terras a eles pertencentes.
Artigo 18
A lei deverá prever sanções apropriadas contra toda intrusão não autorizada nas terras dos povos
interessados ou contra todo uso não autorizado das mesmas por pessoas alheias a eles, e os
governos deverão adotar medidas para impedirem tais infrações.
Artigo 19
Os programas agrários nacionais deverão garantir aos povos interessados condições equivalentes
às desfrutadas por outros setores da população, para fins de:
a) a alocação de terras para esses povos quando as terras das que dispunham sejam
insuficientes para lhes garantir os elementos de uma existência normal ou para enfrentarem o seu
possível crescimento numérico;
b) a concessão dos meios necessários para o desenvolvimento das terras que esses povos já
possuam.
PARTE III - CONTRATAÇÃO E CONDIÇÕES DE EMPREGO
Artigo 20
1. Os governos deverão adotar, no âmbito da legislação nacional e em cooperação com os povos
interessados, medidas especiais para garantir aos trabalhadores pertencentes a esses povos uma
proteção eficaz em matéria de contratação e condições de emprego, na medida em que não estejam
protegidas eficazmente pela legislação aplicável aos trabalhadores em geral.
2. Os governos deverão fazer o que estiver ao seu alcance para evitar qualquer discriminação entre
os trabalhadores pertencentes ao povos interessados e os demais trabalhadores, especialmente
quanto a:
a) acesso ao emprego, inclusive aos empregos qualificados e às medidas de promoção e ascensão;
b) remuneração igual por trabalho de igual valor;
c) assistência médica e social, segurança e higiene no trabalho, todos os benefícios da seguridade
social e demais benefícios derivados do emprego, bem como a habitação;
d) direito de associação, direito a se dedicar livremente a todas as atividades sindicais para fins
lícitos, e direito a celebrar convênios coletivos com empregadores ou com organizações patronais.
3. As medidas adotadas deverão garantir, particularmente, que:
a) os trabalhadores pertencentes aos povos interessados, inclusive os trabalhadores sazonais,
eventuais e migrantes empregados na agricultura ou em outras atividades, bem como os
empregados por empreiteiros de mão-de-obra, gozem da proteção conferida pela legislação e a
prática nacionais a outros trabalhadores dessas categorias nos mesmos setores, e sejam
plenamente informados dos seus direitos de acordo com a legislação trabalhista e dos recursos de
que dispõem;
b) os trabalhadores pertencentes a esses povos não estejam submetidos a condições de trabalho
perigosas para sua saúde, em particular como conseqüência de sua exposição a pesticidas ou a
outras substâncias tóxicas;
c) os trabalhadores pertencentes a esses povos não sejam submetidos a sistemas de contratação
coercitivos, incluindo-se todas as formas de servidão por dívidas;
d) os trabalhadores pertencentes a esses povos gozem da igualdade de oportunidade e de
tratamento para homens e mulheres no emprego e de proteção contra o acossamento sexual.
4. Dever-se-á dar especial atenção à criação de serviços adequados de inspeção do trabalho nas
regiões donde trabalhadores pertencentes aos povos interessados exerçam atividades assalariadas,
a fim de garantir o cumprimento das disposições desta parte da presente Convenção.
INDÚSTRIAS RURAIS
Artigo 21
Os membros dos povos interessados deverão poder dispor de meios de formação profissional pelo
menos iguais àqueles dos demais cidadãos.
Artigo 22
1. Deverão ser adotadas medidas para promover a participação voluntária de membros dos povos
interessados em programas de formação profissional de aplicação geral.
2. Quando os programas de formação profissional de aplicação geral existentes não atendam as
necessidades especiais dos povos interessados, os governos deverão assegurar, com a participação
desses povos, que sejam colocados à disposição dos mesmos programas e meios especiais de
formação.
3. Esses programas especiais de formação deverão estar baseado no entorno econômico, nas
condições sociais e culturais e nas necessidades concretas dos povos interessados. Todo
levantamento neste particular deverá ser realizado em cooperação com esses povos, os quais
deverão ser consultados sobre a organização e o funcionamento de tais programas. Quando for
possível, esses povos deverão assumir progressivamente a responsabilidade pela organização e o
funcionamento de tais programas especiais de formação, se assim decidirem.
Artigo 23
1. O artesanato, as indústrias rurais e comunitárias e as atividades tradicionais e relacionadas com a
economia de subsistência dos povos interessados, tais como a caça, a pesca com armadilhas e a
colheita, deverão ser reconhecidas como fatores importantes da manutenção de sua cultura e da
sua autosuficiência e desenvolvimento econômico. Com a participação desses povos, e sempre que
for adequado, os governos deverão zelar para que sejam fortalecidas e fomentadas essas
atividades.
2. A pedido dos povos interessados, deverá facilitar-se aos mesmos, quando for possível,
assistência técnica e financeira apropriada que leve em conta as técnicas tradicionais e as
características culturais desses povos e a importância do desenvolvimento sustentado e equitativo.
PARTE V - SEGURIDADE SOCIAL E SAÚDE
Artigo 24
Os regimes de seguridade social deverão ser estendidos progressivamente aos povos interessados
e aplicados aos mesmos sem discriminação alguma.
Artigo 25
1. Os governos deverão zelar para que sejam colocados à disposição dos povos interessados
serviços de saúde adequados ou proporcionar a esses povos os meios que lhes permitam organizar
e prestar tais serviços sob a sua própria responsabilidade e controle, a fim de que possam gozar do
nível máximo possível de saúde física e mental.
2. Os serviços de saúde deverão ser organizados, na medida do possível, em nível
comunitário. Esses serviços deverão ser planejados e administrados em cooperação com os povos
interessados e levar em conta as suas condições econômicas, geográficas, sociais e culturais, bem
como os seus métodos de prevenção, práticas curativas e medicamentos tradicionais.
3. O sistema de assistência sanitária deverá dar preferência à formação e ao emprego de pessoal
sanitário da comunidade local e se centrar no atendimento primário à saúde, mantendo ao mesmo
tempo estreitos vínculos com os demais níveis de assistência sanitária.
4. A prestação desses serviços de saúde deverá ser coordenada com as demais medidas
econômicas e culturais que sejam adotadas no país.
PARTE VI - EDUCAÇÃO E MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Artigo 26
Deverão ser adotadas medidas para garantir aos membros dos povos interessados a possibilidade
de adquirirem educação em todos o níveis, pelo menos em condições de igualdade com o restante
da comunidade nacional.
Artigo 27
1. Os programas e os serviços de educação destinados aos povos interessados deverão ser
desenvolvidos e aplicados em cooperação com eles a fim de responder às suas necessidades
particulares, e deverão abranger a sua história, seus conhecimentos e técnicas, seus sistemas de
valores e todas suas demais aspirações sociais, econômicas e culturais.
2. A autoridade competente deverá assegurar a formação de membros destes povos e a sua
participação na formulação e execução de programas de educação, com vistas a transferir
progressivamente para esses povos a responsabilidade de realização desses programas, quando for
adequado.
3. Além disso, os governos deverão reconhecer o direito desses povos de criarem suas próprias
instituições e meios de educação, desde que tais instituições satisfaçam as normas mínimas
estabelecidas pela autoridade competente em consulta com esses povos. Deverão ser facilitados
para eles recursos apropriados para essa finalidade.
Artigo 28
1. Sempre que for viável, dever-se-á ensinar às crianças dos povos interessados a ler e escrever na
sua própria língua indígena ou na língua mais comumente falada no grupo a que
pertençam. Quando isso não for viável, as autoridades competentes deverão efetuar consultas com
esses povos com vistas a se adotar medidas que permitam atingir esse objetivo.
2. Deverão ser adotadas medidas adequadas para assegurar que esses povos tenham a
oportunidade de chegarem a dominar a língua nacional ou uma das línguas oficiais do país.
3. Deverão ser adotadas disposições para se preservar as línguas indígenas dos povos interessados
e promover o desenvolvimento e prática das mesmas.
Artigo 29
Um objetivo da educação das crianças dos povos interessados deverá ser o de lhes ministrar
conhecimentos gerais e aptidões que lhes permitam participar plenamente e em condições de
igualdade na vida de sua própria comunidade e na da comunidade nacional.
Artigo 30
1. Os governos deverão adotar medidas de acordo com as tradições e culturas dos povos
interessados, a fim de lhes dar a conhecer seus direitos e obrigações especialmente no referente ao
trabalho e às possibilidades econômicas, às questões de educação e saúde, aos serviços sociais e
aos direitos derivados da presente Convenção.
2. Para esse fim, dever-se-á recorrer, se for necessário, a traduções escritas e à utilização dos
meios de comunicação de massa nas línguas desses povos.
Artigo 31
Deverão ser adotadas medidas de caráter educativo em todos os setores da comunidade nacional, e
especialmente naqueles que estejam em contato mais direto com os povos interessados, com o
objetivo de se eliminar os preconceitos que poderiam ter com relação a esses povos. Para esse fim,
deverão ser realizados esforços para assegurar que os livros de História e demais materiais
didáticos ofereçam uma descrição equitativa, exata e instrutiva das sociedades e culturas dos povos
interessados.
PARTE VII - CONTATOS E COOPERAÇÃO ATRAVÉS DAS FRONTEIRAS
Artigo 32
Os governos deverão adotar medidas apropriadas, inclusive mediante acordos internacionais, para
facilitar os contatos e a cooperação entre povos indígenas e tribais através das fronteiras, inclusive
as atividades nas áreas econômica, social, cultural, espiritual e do meio ambiente.
PARTE VIII – ADMINISTRAÇÃO
Artigo 33
1. A autoridade governamental responsável pelas questões que a presente Convenção abrange
deverá se assegurar de que existem instituições ou outros mecanismos apropriados para administrar
os programas que afetam os povos interessados, e de que tais instituições ou mecanismos dispõem
dos meios necessários para o pleno desempenho de suas funções.
2. Tais programas deverão incluir:
a) o planejamento, coordenação, execução e avaliação, em cooperação com os povos interessados,
das medidas previstas na presente Convenção;
b) a proposta de medidas legislativas e de outra natureza às autoridades competentes e o controle
da aplicação das medidas adotadas em cooperação com os povos interessados.
PARTE IX - DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 34
A natureza e o alcance das medidas que sejam adotadas para por em efeito a presente Convenção
deverão ser determinadas com flexibilidade, levando em conta as condições próprias de cada país.
Artigo 35
A aplicação das disposições da presente Convenção não deverá prejudicar os direitos e as
vantagens garantidos aos povos interessados em virtude de outras convenções e recomendações,
instrumentos internacionais, tratados, ou leis, laudos, costumes ou acordos nacionais.
PARTE X - DISPOSIÇÕES FINAIS
Artigo 36
Esta Convenção revisa a Convenção Sobre Populações Indígenas e Tribais, 1957.
Artigo 37
As ratificações formais da presente Convenção serão transmitidas ao Diretor-Geral da Repartição
Internacional do Trabalho e por ele registradas.
Artigo 38
1. A presente Convenção somente vinculará os Membros da Organização Internacional do Trabalho
cujas ratificações tenham sido registradas pelo Diretor-Geral.
2. Esta Convenção entrará em vigor doze meses após o registro das ratificações de dois Membros
por parte do Diretor-Geral.
3. Posteriormente, esta Convenção entrará em vigor, para cada Membro, doze meses após o
registro da sua ratificação.
Artigo 39
1. Todo Membro que tenha ratificado a presente Convenção poderá denunciá-la após a expiração de
um período de dez anos contados da entrada em vigor mediante ato comunicado ao Diretor-Geral da
Repartição Internacional do Trabalho e por ele registrado. A denúncia só surtirá efeito um ano após o
registro.
2. Todo Membro que tenha ratificado a presente Convenção e não fizer uso da faculdade de
denúncia prevista pelo parágrafo precedente dentro do prazo de um ano após a expiração do
período de dez anos previsto pelo presente Artigo, ficará obrigado por um novo período de dez anos
e, posteriormente, poderá denunciar a presente Convenção ao expirar cada período de dez anos,
nas condições previstas no presente Artigo.
Artigo 40
1. O Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho notificará a todos os Membros da
Organização Internacional do Trabalho o registro de todas as ratificações, declarações e denúncias
que lhe sejam comunicadas pelos Membros da Organização.
2. Ao notificar aos Membros da Organização o registro da segundo ratificação que lhe tenha sido
comunicada, o Diretor-Geral chamará atenção dos Membros da Organização para a data de entrada
em vigor da presente Convenção.
Artigo 41
O Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho comunicará ao Secretário - Geral das
Nações Unidas, para fins de registro, conforme o Artigo 102 da Carta das Nações Unidas, as
informações completas referentes a quaisquer ratificações, declarações e atos de denúncia que
tenha registrado de acordo com os Artigos anteriores.
Artigo 42
Sempre que julgar necessário, o Conselho de Administração da Repartição Internacional do
Trabalho deverá apresentar à Conferência Geral um relatório sobre a aplicação da presente
Convenção e decidirá sobre a oportunidade de inscrever na agenda da Conferência a questão de
sua revisão total ou parcial.
Artigo 43
1. Se a Conferência adotar uma nova Convenção que revise total ou parcialmente a presente
Convenção, e a menos que a nova Convenção disponha contrariamente:
a) a ratificação, por um Membro, da nova Convenção revista implicará de pleno direito, não obstante
o disposto pelo Artigo 39, supra, a denúncia imediata da presente Convenção, desde que a nova
Convenção revista tenha entrado em vigor;
b) a partir da entrada em vigor da Convenção revista, a presente Convenção deixará de estar aberta
à ratificação dos Membros.
2. A presente Convenção continuará em vigor, em qualquer caso em sua forma e teor atuais, para os
Membros que a tiverem ratificado e que não ratificarem a Convenção revista.
Artigo 44
As versões inglesa e francesa do texto da presente Convenção são igualmente autênticas.
CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
(Regulamento)
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei
federal, sem o que não poderão ser instaladas.
CAPÍTULO VIII
DOS ÍNDIOS
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter
permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos
recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e
cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
§ 4º - As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas,
imprescritíveis.
§ 5º - É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum" do
Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no
interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer
hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.
§ 6º - São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a
ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas
naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da
União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a
indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da
ocupação de boa fé.
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em
juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do
processo.
TÍTULO III - Da Organização do Estado
CAPÍTULO I - DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
CAPÍTULO II - DA UNIÃO
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem
mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou
dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as
ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto
aquelas áreas afetadas ao serviço público e a un. ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (R)
§ 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem
como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de
petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros
recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica
exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.
§ 2º - A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres,
designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e
sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito
Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços
públicos, por meio de fundo próprio; (Redação...)
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e
mediante aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos
para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; (Redação...)
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (Incluída ...)
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
do trabalho;
II - desapropriação;
V - serviço postal;
XI - trânsito e transporte;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o
patrimônio público;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do
bem-estar em âmbito nacional. (Redação...)
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
II - orçamento;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa
plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
que lhe for contrário.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências q ñ lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995)
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas
sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
§ 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras
desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembléia
Legislativa, na razão de, no máximo, 75% daquele estabelecido, em espécie, para os Deputados
Federais, observado o que dispõem os arts. 39, §4º, 57, §7º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I. (Redação)
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro anos,
realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro,
em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores, e a
posse ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subseqüente, observado, quanto ao mais, o disposto
no art. 77.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de1997)
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo
de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará,
atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os
seguintes preceitos:
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite máximo de: (Redação
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze mil) habitantes; (Redação...)
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até
30.000 (trinta mil) habitantes; (Redação...)
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até
50.000 (cinquenta mil) habitantes; (Redação...)
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de
até 80.000 (oitenta mil) habitantes; (Incluída...)
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes
e de até 160.000 (cento sessenta mil) habitantes; (Incluída ...)
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 160.000 (cento e sessenta mil)
habitantes e de até 300.000 (trezentos mil) habitantes; (Incluída...)
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e
de até 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída...)
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes
e de até 750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes; (Incluída...)
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes
e de até 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes; (Incluída...)
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta
mil) habitantes e de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes; (Incluída...)
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos
mil) habitantes e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída...)
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos
mil) habitantes e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; (Incluída...)
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais fixados por lei d iniciativa da
Câmara Municipal, observado o q dispõem os arts. 37 XI, 39 §4º, 150 II, 153 III, e 153 §2º, I; (Redaç)
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada
legislatura para a subseqüente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios
estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: (Redação...)
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a
vinte por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído)
b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído)
c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído)
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a cinqüenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído)
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante
de cinco por cento da receita do Município; (Incluído)
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato
e na circunscrição do Município; (Renumerado)
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único. (Renumerado)
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os subsídios dos
Vereadores e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais,
relativos ao somatório da receita tributária e das transferências previstas no § 5 o do art. 153 e nos
arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício anterior: (Incluído)
III - 5% para Municípios com população entre 300.001 e 500.000 habitantes; (Redação)
IV - 4,5% para Municípios com população entre 500.001 e 3.000.000 de habitantes; (Redação)
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha de
pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. (Incluído)
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem
prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante
controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
§ 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde
houver.
§ 2º - O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar, só deixará d prevalecer por decisão de 2/3 dos membros da Câmara Municipal.
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada
em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara
Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 4º - Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e
militar e do corpo de bombeiros militar.
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.
§ 1º - Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o
disposto no Capítulo IV deste Título.
CAPÍTULO VI - DA INTERVENÇÃO
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo
de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos
prazos estabelecidos em lei;
c) autonomia municipal;
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em
Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; (Redação...)
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de
princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de
decisão judicial.
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou
impedido, ou de requisição do STF, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
§ 3º - Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso
Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato
impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação...)
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação...)
III - o prazo de validade do concurso público será de até 2 anos, prorrogável 1 vez, por = período;
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (Redação.)
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de
deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser
superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem
acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação...)
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de
competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
neste último caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação...)
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras
específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma
integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei
ou convênio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes,
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
§ 2º - A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da
autoridade responsável, nos termos da lei.
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, q causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do
caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. (Incluído...)
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao
Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica,
como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça,
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos
Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. (Incluído...)
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo
de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública
direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)
III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII,
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de
admissão quando a natureza do cargo o exigir. (Redação...)
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer a
relação entre a maior e a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer
caso, o disposto no art. 37, XI. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os valores do subsídio
e da remuneração dos cargos e empregos públicos. (Redação...)
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação de
recursos orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em cada órgão,
autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e
produtividade, treinamento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do
serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. (Redação...)
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos
termos do § 4º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores
ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão
aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no
serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as
seguintes condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinqüenta e cinco anos
de idade e trinta de contribuição, se mulher; (Redação...)
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com
proventos proporcionais ao tempo de contribuição. ((Redação...)
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão
consideradas as remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes
de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. (Redação...)
II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual: (Redação.)
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo estabelecido
para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de
setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; ou (Incluído)
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade, inclusive
quando decorrentes da acumulação d cargos ou empregos públicos, bem como de outras atividades
sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência social, e ao montante resultante da adição
de proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Constituição,
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. (Incluído)
§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos titulares de
cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de
previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído por lei de
iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que
couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência complementar, de natureza pública,
que oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios somente na modalidade de
contribuição definida. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser
aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de
instituição do correspondente regime de previdência complementar. (Incluído)
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para aposentadoria
voluntária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono
de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as exigências
para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. (Incluído)
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social para os
servidores titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em
cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. (Incluído)
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de proventos
de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando o
beneficiário, na forma da lei, for portador de doença incapacitante. (Incluído)
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação...)
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; (Incluído)
Seção III - DOS SERVIDORES PÚBLICOS DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO
FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier
a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo
a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos
oficiais conferidas pelos respectivos governadores. (Redação...)
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o
que for fixado em lei específica do respectivo ente estatal. (Redação...)
Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo complexo
geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais.
II - a composição dos organismos regionais que executarão, na forma da lei, os planos regionais,
integrantes dos planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente
com estes.
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas físicas
ou jurídicas;
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de água
represadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas.
§ 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a recuperação de terras áridas e
cooperará com os pequenos e médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas glebas,
de fontes de água e de pequena irrigação.